quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tu poeta? BH, 0300402014; Publicado: BH, 0300402014.

Tu poeta?
O calango balança a cabeça afirmativamente de cima do muro
Tu poeta?
O beija-flor paira bailarino
Menino dançarino no ar
Com o bico a confirmar
Tu poeta?
A lagartixa desfila na passarela de areia
Tu poeta?
A borboleta voa magistral
Nos palmos adiante do meu nariz
Tu poeta?
A joaninha esnoba-me com toda a sua beleza
Tu poeta?
O céu azul despreza-me da sua infinita grandeza
Tu poeta?
O pássaro azul canta ao sol
A humilhar-me com a sua poesia
Tu poeta?
Zomba de mim
O ecoar das ondas dos mares
O furor isano dos iceanos
No fundo da concha
Tu poeta?
Até os peixes coloridos
Nadam distraídos
Pois contentes estão
Tu poeta?
Indaga-me o jardim
Repleto de girassóis
Rosas jasmins
Tu poeta?
Ri a criança
A querer dizer-me
O que sou?
Tu poeta?
Passa o amor distante
A levar pela mão a paz
Tu, poeta?
Foge a felicidade de diante dos meus olhos incrédulos
Tu poeta?
Contorce-se minha sombra
Como um pobre diabo cego
Acorrentado às trevas
Tu poeta?
A calar-me
Respondo em prantos
Não
Deus é poeta
É a única conclusão que posso chegar

terça-feira, 29 de abril de 2014

Teus textos são horríveis; BH, 0701202013; Publicado: BH, 0290402014.

Teus textos são horríveis
São?
São
Os textos de Bucowski
Baudelaire
Augusto dos Anjos
São bons?
Não sei
Nunca os li
Nunca os leste?
Não?
Não
Não
Os meus textos são horríveis?
São
São?
São
Já os leste?
Li alguns
Não lembro-me quando
Ah
Quero agradecer-te de coração
É a primeira vez em que ouço a verdade
Pois nunca deparei cara a cara
Com algum leitor de textos meus
Hoje estou aqui
Frente a frente contigo
Meu muito obrigado mesmo
Não queria ofender-te
Não ofendeste-me
Sentia a necessidade
De encontrar com algum leitor
Para ouvir a opinião dele
Mas
Nem todos os teus textos são tão ruins
Não?
Não
Alguns senti alguma coisa neles
Sentiste?
Senti
Faz tanto tempo
Mas senti algo deferente
Rapaz
Muito bom
Fico muito alegre
Estou contente de verdade
Tens escrito o que atualmente?
Continuo naquela velha ansiedade
A angústia de sempre
A agonia dum sobrevivente
Dum dia encontrar um texto
Que encante o mundo
Não desistas não
Não?
Não 
Falei o que pensava
É continuar a tentar sempre
Lógico
Não posso parar não
Se parar morro de novo
Um forte abraço muito obrigado irmão

Quando sabes que há algo de errado contigo; BH, 0701202013; Publicado:BH, 0290402014.

Quando sabes que há algo de errado contigo
Não consegues identificar a fonte do erro
É uma tortura
Rebola daqui
Rebola dali
Rebola acolá
Cá dá tudo errado
Procuras
Procuras
Não encontras
Onde o erro está escondido
Coças a cabeça
Coças a bunda
Coças o saco
Fazes regressões mentais das lembranças
Memórias recordações
Nada
Não acertas um alvo
Não acertas uma mosca sequer
Quebras a cara
Perguntas
Onde está este erro comigo?
Onde que estou a pisar errado?
Mais de mil uma perguntas depois
Continuas com as mesmas dúvidas
Ai se fosse isso
Ai se fosse aquilo
Ai se conseguisse
São tantos ais
Que viram lamentações de arrependimentos
Remorsos
O tempo passa e perdes o tempo
Nada para abrir o caminho
O destino parece chumbado
Ficas tão derrotado
Que chega a acreditar que são maldições
Que são pragas apocalípticas
Poderes das palavras;
Estigmas das letras
Mas se caíres na realidade
Darás de cara com as tuas
Incompetências mediocridades

Penso que seja passional; BH, 070801202013; Publicado: BH, 0290402014.

Penso que seja passional
Patético peripatético
Mas só na escrita
Abarrotada de sentimentalismo
Penso que seja muito sentimental
Apaixonado por tudo que escrevo
Ponho junto os meus sentimentos
O que deve ser o maior erro da minha vida
É que não sei usar a razão
O cálculo frio a lógica de gelo
Não sei usar a frieza
O raciocínio do pensamento pragmático
A ideia de resultado
Espero demais pelo que não vai acontecer
Espero pelo sonho que não será realizado
Não tenho sabedoria de fazer a hora acontecer
Estas minhas letras sagradas ou profanas
Estas minhas palavras consagradas ou pagãs
Estas escritas santificadas ou malditas
Estarão aqui
Evaporarei ao sabor dum minuano bendito
Não importa-me a origem
Jamais me importará o destino
Serei bem-vindo
Não serei bem-vindo
Não serei bem-aventurado
Ou serei bem-aventurado
Descobrirei o que irá acontecer
Ou não descobrirei o que irá acontecer
Estas letras são mágicas para mim
Estas palavras são senhas
São até abençoadas
Proferidas por minha boca
Ao som da minha voz
Gravadas com o meu sangue
Nestas páginas de pedras lapidadas
Pelo labor do tempo

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mestre mestre; BH, 0801202013; Publicado: BH, 0280402014.

Mestre mestre
Sim meu jovem ancião?
Podes ler este poema que acabei de escrever?
É um poema que sonhei que escrevia
Quando acordei
Vi que um pesadelo vivia
Não um sonho
Maravilhado meu jovem ancião
Lerei o poema
Com a maior atenção
Com o maior afinco
Esmera dedicação
Sabes que gosto de ler poemas
Odes outros fados
Na certa o teu poema
Será mais um agrado
Então mestre
O que me dizes do poema
Que dei-te para ler?
Viste algum lirismo?
Sentiste alguma verve?
Sentiste alguma alma da poesia?
Percebeste o néctar da musa inspiradora?
Meu jovem ancião
Não turves o teu coração
Se o que me deste para ler é poesia
Mestre não sou não
Nem teu irmão
Não embaraces as vistas
Não magoes o peito
Se o que me deste para ler é poema
De mestre não levo jeito
Mas inda és um jovem ancião
Não um velho ancião
Antes da tua morte
Uma obra-prima pousará em tua mão
Uma obra de arte poderá surgir
Da tua inspiração
Num último desejo
Até me darás completa razão

A situação está precária; BH, 02101202013; Publicado: BH, 0280402014.

A situação está precária
Há quem a deteriore mais
Há quem prefira piorá-la
A situação está caótica
Periclitante mesmo
Há quem prefere não ajudar
Para melhorá-la
Há quem prefere detonar
Bombardear para acabar de ruir
Para colocar em escombros
Em entulhos
Em monturos
O que está em cacos
Não há mais como melhorar
Daqui para a frente
É piorar cada vez mais
Cada vez mais intrigas
Difamações
Cada vez mais injúrias
Parece que há quem encontre
Satisfação no esfacelamento
Parece que há quem tenha prazer
Ou é doença
Numa falta de harmonia
Acabou-se a irmandade
Todos dizemos que somos racionais
Pensantes só os outros que não
Acabou-se o que era doce
Já estava azedo há muito tempo
A tendência é piorar
Não há mais tempo para coloca
As coisas nos lugares
Mais alguns anos adeus
Todos ao pó
Ou ao léu
Ou ao limbo
Ou ao beleleu
Há os que pensam que virarão santos
É um direito
Há os que pensam que não virarão
O que também é um direito
Mas a situação está fora de controle
Nada mais se pode fazer

Limão; BH, 02101202013; Publicado: BH, 0280402014.

Limão
Limão é o segredo
Muito limão
Muito suco de limão puro
Rejuvenesce
Deixa a pele saudável
Faz mijar bem
Quando não bebo com amor limão
Suco de limão puro
Maciço aplicado
Não agrado ao meu coração
Meu organismo ama limão
Minhas entranhas
Meus intestinos
Todos pedem muito limão
Muito suco de limão sem mistura
Limão é uma lisura
Faz um bem danado
Combate a gastura
Cura tudo que se pode curar
É só amar limão
De manhã de tarde de noite
Deixar quem não gosta falar
Para lá
Não faz mal
Faz mal não
O que faz mal
É não beber com amor o suco de limão
No inverno ou no verão
No calor
Limão sem açúcar e sem água
Não precisa de mais nada,
D'água a boca já está cheia
Para que mais?
Só se for para afogar as tristezas
Mas o limão não deixa ficar triste
Quem quiser pode comer as cascas
As sementes
É tudo remédio
Quando se diz relativo ao limão
É tudo saúde
Energia de satisfação
Não há mais nada a acrescentar
Limão
Muito amor com limão
Pode até exagerar
Quem quiser se desintoxicar

domingo, 27 de abril de 2014

Chora ao desviar do carril; BH, 0160402001; Publicado: BH, 0270402014.

Chora ao desviar do carril
É triste sair do bom caminho
Sofre ao perder o tino
É ruim ter que disparatar
Portar-se mal
Sofrer a ação de descarregar o negativo
Ser o local comum fora do local comum
Ser o local nos rios onde pela dificuldade de navegação
Devem ser aliviadas as embarcações de carga
É sombrio o descarreto
O esvaziar-se do sangue arterial
Sem evacuar o venoso
Confessar sem ter pecado
Desobrigar-se da penitência
Aliviar ao desoprimir
Como quem vive de salário mínimo
Apresentar o disparar de arma de fogo
Livrar em nome da liberdade
Desembaraçar pela verdade
Tirar o peso de cima da consciência
A carga de dentro do peito
Rezar o rosário pelo fim da violência
Contar minuciosamente segundo a segundo
O caminho que leva à paz
Tirar o caroço do pescoço a cantar a
Descaroçar a voz na hora de ser feliz
A máquina que descaroça é o tempo
O descaroçador que sabe separar emagrecer
Sabe escavar a cortar as carnes a
Fazer o despregar dos ossos dos nervos a
Descanar a desencarnar antes da chegada dos vermes
Quero ser muito magro com poucas carnes
Bem descarnado para não deixar nada a vermes
Só abrir os olhos na recomposição da eletricidade
Sentir sede na quantidade d'água
Que se escoa num determinado tempo
Nunca mais ouvir tiro ou conjunto de tiros
Disparados simultaneamente
Que beleza que alegria
Livre com desobrigação de dívida
Que alívio que felicidade
É a baixa da borboleta azul
É a descarga de raios solares
Na primeira hora da manhã da primavera
É a luz que ofusca o desaforo
Inibe a falta de vergonha
O atrevimento o estado daquele
Daquilo que é descarado
Que faz do descaramento o normal
Pensa que o impudente é o certo
Ufana-se de ser desavergonhado atrevido
Quando percebe que começou a descaraterizar-se
Perder o caráter o caractere o característico
Quando descobre que já está a vulgarizar-se
Igual ao descaracterizado sem a feição própria
Não é mais o objeto sobre o qual outro assenta ou apoia
Não é mais paz morada habitação
Não é mais apoio
Só pausa de lentidão
Vive longe da tranquilidade
Não tem folga é só fadiga 

sábado, 26 de abril de 2014

Se o ser humano resolve ousar; BH, 0701202013; Publicado: BH, 0260402014.

Se o ser humano resolve ousar,
Se a raça humana resolve ter audácia
A humanidade tentar acreditar
Com certeza sairá dali um Miles Davis
Um gênio experimentador sem medo
Consciente técnico profissional
A música do gênio Miles Davis
É para se ouvir de olhos fechados
De olhos abertos alta baixa
De noite de dia a dançar
A chorar a tornar a dançar
A tornar a chorar a arrepiar
Parece que nunca se ouviu
Nada igual à música de Miles Davis
Se o ser humano resolve ser
Revolucionário eterno imortal
Mira um Miles Davis é a maneira
Mais certa para a posteridade
Soprar um pistom afinadamente
Como se estivesse incorporado
Por todos os espíritos da música
Não é para qualquer um mortal
Comum não é para quem tem
Nome endereço certos os
Deuses da música os fantasmas
Os bruxos as assombrações da
Música só procuram os predestinados
Os que são escolhidos para reencarnações
Miles Davis foi escolhido para
Daqui a cem duzentos trezentos
Anos as músicas dele causarem as
Maiores impressões a quem as
Ouvir na época as músicas de
Miles Davis superarão ao tempo

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Mais do que Pelé jogou futebol; BH, 014012020113; Publicado: BH, 0250402014.

Mais do que Pelé jogou futebol
Minha mãe pelejou comigo
Mais do que Jânio Quadros governou o
Brasil minha mãe quis que
Governasse alguma coisa
Mas não houve jeito matemática
Religião pimenta que dessem certo comigo
Não houve aritmética português língua
Pátria moral cívica que me endireitassem
A professora de canto a ensinar-me o
Hino Nacional? Nossa Senhora coitada
Da professora de canto a me fazer cantar
No ritmo certo a aula de leitura em voz
Alta? na hora de declamar uma poesia
Decorada para a festa? a tabuada? a
Régua? os beliscões? os puxões de
Orelhas de cabelos? os castigos?
Nada desistiram todos que tentaram
Imagino o que deve ter chegado
Aos ouvidos da minha mãe
Era ministrado Gammar
Era ministrado Memoriol
Aulas mais aulas particulares
Mais aulas de reforços não havia santo
Que salvasse o escriba por mais que
Os apelos iam aos céus os céus não
Respondiam apesar de muito trabalho
Ter aprendido a ler numa Bíblia ao
Decorar o João III / XVI dos céus para
Uma ajuda ao filho da minha mãe não veio
Nenhum milagre nenhum ensinamento especial

O convívio entre as pessoas é o pior possível; BH, 0200902013; Publicado: BH, 0250402014.

O convívio entre as pessoas é o pior possível
O tempo que cada uma atura uma à outra
É o mínimo que se pode imaginar
Há moradores que moram
Há anos no mesmo lugar
Nunca trocaram um bom-dia
Uma boa-tarde uma boa-noite
Não se fala não se troca opinião
Não se comunica mais
Até o ato sexual é na velocidade da luz
Na era moderna mata-se mais
Desrespeita-se muito mais
Faz-se tudo demais
Menos amar-se
Falou-se em amor
Acabou-se o papo
O papo é o mais furado vazio
Pois as informações são fictícias
As notícias são falsas
As propagandas enganosas
Ainda vivemos com o espírito na era medieval
Inda adoramos imagens de santos
Acreditamos que homens viram santos
Que mulheres viram santas
Temos no corpo alma feudal
É impossível um convívio saudável
Imperam-se a esquizofrenia a psicopatia
Todo mundo neurótico nervoso com todo mundo
Até o canibalismo voltou
Há gosto para tudo
Para quem quer devorar
Para quem quer ser devorado
Por mais guerra que se faça
Não se fica satisfeito
Mal acabou-se uma guerra ali
Dá-se um jeito de iniciar-se outra aqui
Mesmo que seja uma guerra particular

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A poesia que não empolga é poesia? BH, 0901202013; Publicado: BH, 0230402014.

A poesia que não empolga é poesia?
A poesia que empolga é poesia?
Ou a poesia perdeu o poder de empolgar?
É a poesia perdeu o poder de empolgar
Não é mais poesia
Não é mais lírica
Erudita clássica
A poesia perdeu a postura
Não é mais cultura
Nem é mais literatura
Não há mais definição para a poesia
Não há mais estilo característica
Agora é poesia sem espécie
De poema sem espécime
Passou-se o tempo da evolução
Da consagração da sagração
A poesia não é mais santuário
A poesia não é mais constatação
Em meio nenhum
O meio acadêmico só faz poesia
Para o meio acadêmico não aceita
Quem faz poesia não é do meio acadêmico
A poesia virou moradora de rua
Da periferia do subúrbio
De aglomerado de favela
A poesia virou sem terra
Sem teto quilombola sem quilombo
Índio sem aldeia sem taba sem tacape a
Poesia não é mais o sangue que corre nas veias
O suor que desce doce do rosto
A lágrima que desce quente do pranto
A poesia não é mais canto
Maravilha alegria
É o mendigo que não empolga mais
É expulso das calçadas
De debaixo das marquises
Dos viadutos
A poesia

terça-feira, 22 de abril de 2014

O ser petista; BH, 0220402014; Publicado: BH, 0220402014.

O ser petista é filiado ou é simpatizante do PT o
Partido dos Trabalhadores óbvio animal
Político incorrigível vive política vinte quatro
Horas por dia ama o Brasil o povo trabalhador
Brasileiro indígena quilombola sem terra sem
Teto o ser petista causa raiva rancor à
Burguesia à elite causa desprezo inveja à
Direita é solidário aos negros aos homossexuais
Aos injustiçados protege o meio ambiente
Defende a educação a saúde a cultura a
Distribuição de renda demonstra segurança
Confiança garantia se erra corrige-se não
Permanece no erro não é conivente com a
Corrupção corruptos corruptores como a
Maioria dos seus opositores é perseguido pelos
Meios de comunicação difamado caluniado na
Imprensa prestadora de serviços aos partidos
Adversários da nação brasileira solidário com as
Nações irmãs é consciente revolucionário é
Chamado de comunista de socialista não se
Abate diante dos desafios tem em Luiz Inácio Lula
Da Silva seu maior líder referência mundial em
Combate à fome à pobreza ao analfabetismo às
Desigualdades sociais de modo geral tem na
Presidenta Dilma Vana Rousseff a esperança da
Continuidade da mudança para um país melhor
Mais justo o ser petista respeita é respeitado não
Comete crimes contra as mulheres as crianças ser
Petista é ser personagem principal do novo cenário
Nacional que nos alavancou ao progresso depois de
Mais de quinhentos anos à deriva da ordem mundial

segunda-feira, 21 de abril de 2014

À procura dum espectro dum fausto dum fauno; BH, 0901202013; Publicado: BH, 0210402014.

À procura dum espectro dum fausto dum fauno
A imortalizarem-me à procura dum fantasma duma
Assombração duma criança póstuma ou dum
Espírito qualquer a eternizarem-me não sei o que
Quero viver sei que não é à procura duma
Entidade a fechar-me o corpo a abrir-me a
Alma à procura dum ente a levar à posteridade o
Meu ente não sei o que quero não sei o que sou
Nem sei aonde vou à procura dum zumbi a
Guiar-me não quero voltar às tumbas quero é
Desprezar a sepultura ignorar o cemitério quero
Um médium a psicografar as minhas memórias
Póstumas as minhas lembranças fúnebres as
Minhas recordações funestas à procura duma
Celebridade duma estrela decadente dum poeta
Demente a passar ao papel carbono em tintas
Negras as loucuras da minha mente à procura
Dum pretexto qualquer enganação serve à
Procura dum subterfúgio dum fingimento que não
Sejam notados fingir de corajoso aos olhos
Abertos dum fingir que não é covarde às línguas
Ferinas à procura duma surdina dum murmúrio
Dum sussurro à procura dum marulho que vão
Confundir os ouvidos moucos ao ouvirem-me chorar

Agora está na hora; BH, 0901202013; Publicado: BH, 0210402014.

Agora está na hora
De correr atrás da compensação
Há mal que vem para o bem
Há bem que vem par ao mal
Há mal que vem para o mal mesmo
Há bem que vem para o bem mesmo
Agora é encontrar
A saída do labirinto
A hora passou da hora
O tempo estourou
Se existisse cabeça poderia colocá-la
Para pensar mas pensar quem
Sabe quem quer pensar?
É necessário à própria sobrevivência
A corcunda já pesa nas costas
A corcova já é maior do que
A do dromedário da
Corcunda da corcova daqui
A pouco tem-se um camelo se
O amanhã não acordar? se
O sol não nascer amanhã?
Se a luz não brilhar nunca mais?
Não terá valido a pena a
Existência em cima da terra
Talvez nem embaixo da terra
Se chegar à conclusão de
Que a única conclusão é
Perder o bonde da história?
É hora de emergir livrar da
Mão que segura o calcanhar
É hora de costurar a ruptura
Remendar o rasgão por onde
Se esvai o sangue arterial o sangue  
Venoso não é doce para a vida

Que estado de letargia de inércia; BH, 0601202013; Publicado: BH, 0210402014.

Que estado de letargia de inércia
Que imobilidade como fazer para
Sair dum estado assim de
Repouso eterno? que situação
Desagradável uma vida de
Pária uma vida de parasita
O dia todo sem mover uma
Palha sem espanar um pó
Sem limpar uma poeira
Que estado de rigidez
Cadavérica congelamento
Total nem o vento joga mais
Dum lado para outro é tempo
De verdadeira calmaria de
Não sair do lugar para nada
Não se ganha um dinheiro
Nem para beber umas cervejas
O calor não deixa viver qualquer
Movimento parece que vai
Derreter o mais difícil é que
Não há nem a quem se fazer
Uma pergunta não há a quem
Se endereçar a palavra ou
Dirigir um cumprimento ou
Uma cortesia fazer uma gentileza
Uma mesura um galanteio
Que tempos são estes atuais
Que parecem tão
Medievais feudais bárbaros,
Ásperos? tempos realmente
Difíceis não se ouve mais falar
Em diálogo conversação
Ética dialética razão não se
Ouve mais falar em raciocínio
Lógica evolução pensamento;
Que estado é este coma induzido
Até para pensar é um aprisionamento?

domingo, 20 de abril de 2014

Alguém bem sensato aí dum ser; BH, 0701202013; Publicado: BH, 0200402014.

Alguém bem sensato aí dum ser
Cordado poderia olhar para mim
A dizer para com essa tua mania de
Querer correr atrás de obras-primas
De obras de arte vai ler um livro um
Jornal uma revista vai assistir um
Filme ver televisão lutas novelas
Seriados programas de auditórios
Que mania feia é essa de passares a
Vida a escrever dia noite sem parar
Mas é verdade alguém com razão
Com bastante discernimento lucidez
Deveria me mandar correr atrás do
Vento fazer algo de útil ou procurar
Um emprego fazer um curso de
Especialização ou profissionalizante
Chega de vagabundagem chega de
Vadiagem tomara que quando
Fores à rua a polícia te dê uma dura
Com pernas abertas de costas cara
No muro braços para o alto
Apalpadelas na bunda inda te
Faça um forjado de flagrante de
Drogas ou de armas para veres o
Que é bom vai arrumar uma
Carteira assinada um trampo um
Demonstrativo de pagamento uma
Cesta básica vale transporte vale
Alimentação ajuda de custo
Abrir conta corrente num banco
É assim que age um pacato cidadão

Nada nada nada procurei; BH, 0250902013; Publicado: BH, 0200402014.

Nada nada nad procurei
Passeei as vistas pelas paredes
Nada nada nada encontrei
Volteei o papel cheio de ansiedade
Uma angústia voraz nada nada
Nada todos os silêncios da
Madrugada gritam ao mesmo
Tempo aos meus ouvidos ouço
Pingos na pia da cozinha do
Chuveiro no box do banheiro voos
Rasantes de pernilongos cubro a
Cabeça com a toalha de banho
Espero nada nada nada
Se ainda tivesse tesão iria
Bater uma punheta fazer uma
Masturbação criar um calo
Na mão de tanto onanizar
Mas nada nada nada se
Pelo menos morresse de vez
Em quando para fazer alguém
Chorar se ninguém não
Chorasse quando eu morresse?
Será que ficaria muito envergonhado?
Morrer descobrir de repente
Que nenhum choro nenhuma
Lágrima foram derramados
Se inda tivesse alguma puta
Do meu lado era só pagar um
Dinheiro pedir para chorar
Mas até as putas me abandonaram
Não tenho nenhuma mais à minha
Disposição nem aquelas baratinhas
Das beiras das estradas, das praças
Escuras dos bares dos becos dos
Arredores das rodoviárias meu
Olhar voltou a mim meus pensamentos
Voltaram a mim minhas pálpebras
Piscam irritadas por cílios pestanas
Bocejo nada nada nada nada nada

sábado, 19 de abril de 2014

O que o PSDB o Partido da Social Democracia Brasileira tem a apresentar? BH, 0190402014; Publicado: BH, 0190402014.

O que o PSDB o Partido da Social Democracia Brasileira tem a apresentar?
Dos seus oito anos que governou o país
Tem o que a apresentar de positivo ao povo
Trabalhador brasileiro? se compararmos
Honestamente os índices da era FHC vulgo Fernando
Henrique Cardoso com as eras Lula Luiz Inácio
Lula da Silva Dilma Presidenta Dilma Vana
Rousseff veremos que os números não mentem
São favoráveis à dupla Lula/Dilma com
Recordes em cima de recordes são os benefícios
Ao povo trabalhador do Brasil tantas vezes
Desprezado quando o país estava nas mãos dos
PSDB/FHC/DEM aliados os tucanos não sabem
Governar enganam fingem as experiências
Deles em São Paulo Minas Gerais Paraná só
Causam dissabores ao povo contam sim, com
Apoios nas mídias O GLOBO REDE GLOBO
De televisão Folha de São Paulo O Estado de
São Paulo Correio Braziliense Veja Época que
São vendidas sustentadas a peso de ouro que
Escondem os malfeitos dos tucanos para tentar
Vencer as eleições terão que apresentar fora dos
Meios coniventes os resultados que por acaso
Tiverem que os eleitores saberão comparar
Mesmos os que não são simpáticos ao jeito do
PT Partido dos Trabalhadores governar os
Tucanos do PSDB terão que mentir como sempre
Fazem pois sabem que não têm como falar a verdade

Engraçado; BH, 0250902013; Publicado: BH, 0190402014.

Engraçado
Veio esta palavra à minha cabeça
Estou sério
Sentado numa cadeira
À cabeceira duma mesa
Não sei o que de engraçado que enxerguei nalgum lugar
Penso que o certo na vida
É que nada é tão engraçado
Tantos são os tormentos
Tantas são as mazelas
Que se conseguirmos rir
É por pura insensatez
Se conseguirmos achar graça dalguma coisa
É por pura incoerência
Falta de ética ou é desequilíbrio mental
Até gosto de sorrir
Já sou bobo por natureza
Rio por qualquer bobagem
Gargalho por qualquer besteira
Penso que até seja um dos comparsas
Um dos cúmplices
Um dos aliados da mídia bandida na imbecilização do povo
Engraçado
De novo percebo o povo ser feito de palhaço
Fico no âmbar dos meus intestinos
A pensar que é engraçado o processo de tal idiotização do povo
Sou cúmplice
Sou comparsa
Sou parceiro
Sou bandido também
Sócio de bancos
Telespectador assistente
Assinante dos jornalões das revistonas
Compactuo com a falsidade
Com a superfluidade da sociedade
Finjo não saber da espionagem
Não fico nem um pouco indignado
Até louvo as ações dos espiões norte-americanos,
Sou o que pela ordem
Deveria dar a todo ianque
Vinte quatro horas
Para abandonar o solo do meu país
Engraçado
Não faço nada
Peço até uma coca-cola
Para misturar com cachaça
Faço um samba falso
Nada engraçado

Não há a favor de que se mover uma palha; BH, 0210902013; Publicado: BH, 0190402014.

Não há a favor de que se mover uma palha
Tudo que se move é pela ambição pela
Vaidade se no movimento não houver
Ambição explícita ou vaidade evidente
Não vale a pena se mover a alma é
Pequena demais grande é o egoísmo
É imenso o orgulho as pessoas fazem
Tanta questão de apequenar-se que não
Há cérebro por mais genial que seja capaz
De entender a absurdidade da era moderna
A brutalidade de comportamento a
Grosseria geral a falta de educação em
Qualquer ocasião não se respeita-se mais
Nada o normal é ser anormal é na força
Bruta que se ganha os argumentos ficam no
Passado a obtusidade individual é a fruta
Da ignorância ou da estupidez é uma pena
Esse comportamento dos elementos é uma
Pena o apego à matéria ao material vencido
Antes do tempo o produto descartável pelo
Céu ou pelo inferno todos os trabalhos
Dos mártires dos gênios que pensaram o
Mundo o estado a sociedade jogados nas
Sarjetas todas as teorias teses conceitos
Perdidos quando deparamos para onde
Caminha esta humanidade totalmente
Contrária a si mesma à raça humana

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Metáforas não as escrevo pois não as sei; BH, 0250902013; Publicado: BH, 0180402014.

Metáforas não as escrevo pois não as sei
Pablo Neruda sabia tantas que até as ensinava
Não sei usar as metáforas aqueles
Discursos das academias aquelas
Linguagens rebuscadas aqueles
Vernáculos valorizados nada não
Uso nada disso não tenho cátedra
Escrevo como fala o caipira o
Matuto da roça só não penso
Igual ao que sabe pensar
Raciocinar muito bem ninguém
Consegue enrolar um caipira na
Ponta da língua dele não parece
Mas moram várias respostas uma
Cuspida de lado o matuto dá uma
Tirada que acaba por derrubar
Quem queria derrubá-lo espirituoso
Esse povo da roça é de muita
Admiração da minha parte pela
Sabedoria pela filosofia desses
Filósofos sem academias sabem
De tudo de sol chuva terra ar
Fogo água lua estrelas raízes
Sementes folhas flores árvores
Paus madeiras pedras picos
Caminhos atalhos sendas veredas
Esses pensadores livres sem
Papas na língua amigos dos bichos
Dos pássaros das aves das
Borboletas, dos passarinhos, dos
Lagartos, calangos, besouros e as
Garças que moram perto dos
Casebres deles é só para
Enfeitá-los as garças majestosas
Veem nos casebres os palácios
Para onde são levadas às forças
Pelos ricaços que visitam as terras
Dos caipiras as terras das
Garças imperiais verdadeiras graças

Mas que bobo que sou que tolo; BH, 01º01002013; Publicado BH, 0180402014.

Mas que bobo que sou que tolo
Tão pueril tão infantil ficar a
Perder noites de sono ficar com
Insônia por atos de seres humanos
Que juvenil imbecil que sou
Ficar surpreso com esta raça humana
Espera aí nada mas nada mesmo
Que apareça destes seres humanos
Deverá surpreender-me
Só mesmo sou a ruminar com
Atitudes tão pequenas
Com ações tão menores
Quanto quem as praticam
Que só os tornam anões
Mais pequenos do que já são
Não pensarei mais nesse tipo de gente
Não adoecerei mais
Ou terei pesadelos
Ou ficarei sem dormir
Cada um que carregue a própria cruz
Já tenho as minhas
Só arrependo-me pelas noite
De sonos perdidas
De sonhos não sonhados
Pela raiva sem motivos
Ora bolas carolas parei por aqui
Tenho é que ser carregado de
Meus maus de piores pensamentos
Do que os deles
Tenho é que demonstrar instintos
Primitivos mais baixos do que
Os que apresentam
Não os deixarei superar-me nas abominações
Darei o troco com moedas grandes
O mau que está intrinsecado
O mau que está engendrado
Nas raízes dentro de mim
Superará a todos
Será maior do que todos os deles reunidos

Pasta de cocaína em Belo Horizonte; BH, 0201202013; Publicado: BH, 0180402014.

Pasta de cocaína em Belo Horizonte
Minas Gerais quem diria hein em
Dois de Dezembro de 2013 silêncio
Total não se pode fazer nenhum
Alarde Polícia Federal apreende
Um helicóptero dum deputado
Estadual filho dum senador
Com 450 kg de cocaína melhor
Pasta de cocaína a nossa
Aguerrida imprensa a nossa
Combativa investigativa imprensa
De bico fechado nenhuma cobrança
Nenhuma chamada para escândalo
Tudo como se fosse normal
Que nada de mal tivesse acontecido
Um pacto em nome sabe-se lá de
Que meia tonelada de pasta de
Cocaína pura ninguém pergunta
Quem é o dono o combustível
Da aeronave é pago com o
Dinheiro do povo mineiro através
Da assembleia legislativa de minas
Gerais é para esse outros crimes
Que servem as assembleias legislativas
Faltou o povo invadir aquilo ali
Fechar na marra essa casa inútil
Cara que não respeita o povo é
Necessário aparecer o dono dessa
Cocaína esclarecer o mistério
Com a informação que é de direito
Quem é o dono da droga? o
Que será feito do deputado do
Pai senador donos do helicóptero
O que se fará com a assembleia
Que joga fora verbas da educação
Saúde cultura em combustível de
Helicóptero do tráfico de drogas

Se tivesse alguma coisa; BH, 01º01202013; Publicado: BH, 0180402014.

Se tivesse alguma coisa
A dar por uma poesia
Por um poema
A daria
Igual ao cara que dava o seu reino
Por um cavalo
Inda tinha um reino para dar
Não tenho nada
Se tivesse uma vontade
Um ânimo
Já valeria a pena
Uns diriam
Tem uma chama
Ali tem um poder
Uma potência
Outros inda
Tem uma consciência
Estudou fez ciência
Vamos ter paciência
Quem sabe não sai uma obra de arte dali?
Vamos ter calma parcimônia
Quem sabe um dia nos brinda com uma obra-prima?
O que que posso trocar por um texto?
Minh'alma?
Quem quererá?
Meu espírito?
A quem servirá?
Se tivesse algumas moedas
Faria igual a muitos
Contrataria um ghost-writer
Um médium psicografador
Poderia ordená-los
Agora as vossas obrigações são destinar-me poesias
Criar-me poemas
Que enfim chamem a atenção para mim
São vossos esses centavos
Não os tenho mais
Se tivesse alguma coisa para trocar por uma poesia
O sangue é ralo o corpo é ralado
A luz é desse toco de vela
Que roubei num despacho
Duma encruzilhada

Uma frase não pode ser dita; BH, 02101102013; Publicado: BH, 0180402014.

Uma frase não pode ser dita
Uma sentença proferida
Se acontecer
Há de se ter o maior cuidado
Para não ofender os ouvidos olvidos
Dos despreparados
Os ouvidos não sabem mais ouvir
Os que ouvem não entendem
Ou fingem que não entendem
Passam adiante a mensagem
Totalmente modificada
Ou violentada
Aumentada ou diminuída
Mas nunca a mesma mensagem
Um fato gera uma sucessão de fatos de fatores
Que nada mais têm de original do fato inicial
Ou do fator inicial
Não importa mais a originalidade
A referência mudam-se as coisas
Ao interesse de quem fala
Até mesmo de quem escuta
Nunca mais se falou o que deveria ser dito
Fala-se o que o ouvinte quer ouvir
Desde que não seja a verdade
Se for a verdade
Perde-se a amizade
Pode transformar-se em caso de morte
Por falar-se menos a cada época
No futuro
Já não teremos mais fala
Teremos língua cordas vocais atrofiadas
Para a prática das palavras
Iisso poderá ter o seu lado bom
De repente deixaremos de ouvir tantas mentiras
Proferidas para nos agradar

Vejo-te a chorar estou aqui; BH,02301102013; Publicado: BH, 0180402014.

Vejo-te a chorar estou aqui
Vejo-te a chorar
Não compreendo o teu choro
Queres dizer algo não tens voz
Queres existir ser alguém
Mas percebes
Que ninguém percebe
Que percebes
Choras a procurar uma resposta
Os que te cercamos somos estúpidos
Mais estúpidos do que és
Somos mais ignorantes
Imbecis superados
Sentes-te sozinho
Chamas a atenção com teus gritos
Mas o teu mundo é surdo
O mundo é surdo
Nada te ouve gritar
Somos passageiros desta agonia
Tripulantes desta nau dos insensatos
Portadores desta ânsia que tens
Desta angústia que forma nossas corcovas
Procuro uma sabedoria que console o teu pranto
Não a encontro
Procuro uma percepção
Não sei para aonde fugiu
Tuas lágrimas inda umedecem meus dedos
Nada acontecerá
Estarei contigo
Fingirei que te compreendo
Que te amo
Fingirei te mentirei
Para que pares de chorar
Está tudo bem
Não há razão para chorar assim
Como se sou o que soubesse dalguma coisa
Não sei de nada
Nem ser feliz sei
Teu choro inda afunda-me mais no lodo
Percebes como é dia
Está nublado
Porém
É dia
Hoje é sábado
Amanhã é domingo
Nosso sofrimento mal começou

terça-feira, 15 de abril de 2014

Maravilhado realmente maravilhado; BH, 02101102013; Publicado: BH, 0150402014.

Maravilhado realmente maravilhado
Na última fronteira do universo
Meu coração pulsa num pêndulo
Equilibrado depois de viajar tanto
Tempo desesperado viu de perto o
Azul do infinito ouviu o rame-rame
Dos universos que nasciam
Contou gota por gota do conta-gotas
Donde pingavam os astros que formavam
Encubadoras mais encubadoras de
Estrelas bebês recém-nascidas
Navegou por todos os sistemas nunca
Dantes navegados mares mais mares
Cósmicos ondas nuvens tempestades
Furacões tufões mais tufões
Turbilhões de corações maravilhosos
Inda bem que o meu é testemunha viu
Comprovou relatou quasar por
Quasar cometa por cometa que se
Escondiam atrás das dunas espaciais
Do vácuo grávido de cordilheiras
Cadeias mais cadeias de oceanos de
Matérias incandescentes vivas
Luz luzes que atravessavam opacos
Luzes que não permitiam sombras
Penumbras escuros
Luzes que atravessavam pálpebras que
Expunham entranhas das cavidades cardíacas;
Enfim não se permitiu mais que os corações
Morressem todo coração agora é
Transformado num raio de luz

Quando se pensa que já se viu de tudo na vida; BH, 0401202013; Publicado: BH, 0150402014.

Quando se pensa que já se viu de tudo na vida
Que se vai morrer nada irá surpreender
Ledo engano inda há muita água para
Passar debaixo da ponte dentro do cano
Ainda há muitas voltas para ser dadas neste
Planeta outras tantas em volta de si mesmo
Como em volta do sol o sol no universo
Só uma coisa não causa espanto
O coração velho do homem velho
Ali nada assusta quem mais assunta 
O coração do homem fechou-se com o conservadorismo
Abraçou o mercado do neoliberalismo
O consumismo desenfreado
O clamor do homem continua
Deixa-me no ódio
Deixa-me sentir sede de raiva
Deixa-me no desamor
Segue o próprio coração
Deixa-me na maldade
No mar da ruindade
Mesmo a notícia
De que foi descoberto um esqueleto
De mais de quatrocentos mil anos
Causou frenesi ao coração do homem
É a prova de que o homem pode ficar tranquilo
Pelos próximos quatrocentos mil anos
Se não desistir das malvadezas
Terá muito tempo de sobra para fazê-lo
A decisão está com o coração do homem
Aos alarmistas
Que falam que o planeta
Está para acabar-se
De fato inda não viram nada
Esperem sentados

A nau foi a pique; BH, 0301102013; Publicado: BH, 0150402014.

A nau foi a pique
Nenhum marinheiro sobreviveu ao naufrágio
Dos grandes navegadores
Suas grandes descobertas
Esses marinheiros não fizeram parte
O que resta agora no fundo do oceano
São os escombros da nau que afundou
Os fantasmas os espíritos
As almas dos marinheiros que a acompanharam
Algumas teimosas pegam caronas nas ondas
Batem nas praias
Agarram-se aos escolhos
Confundem-se com o horizonte
Com o azul das águas dos mares
Outros trabalham querem traze
Dos fundos do mar
O que restou da embarcação
Fazem rituais
Cultos aos deuses dos oceanos
Ofertas às rainhas das águas
Celebrações sacrifícios às deusas dos mares
Mas a nave não vem à tona
O que vem é irreconhecível
Nada tem do audacioso marinheiro
Nada é do ousado navegador
Quem pousa o olhar em cima dum
Foge desesperado
Até as namorada as amantes que deixaram
Nos antigos portos comprometidas
Com a promessa de voltar depois
De resgatar a nau do fundo do mar

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Quando pensei que enxergava; BH, 0401202013; Publicado BH, 0140402014.

Quando pensei que enxergava
Empedraram-me as vistas
Emparedaram-me as paisagens
Quando pensei que pensava
Chumbaram-me os pensamentos
Concretaram-me a mente
Nunca mais sonhei
Nunca mais orei
Deitado no sofá
De barriga para cima
Em comunhão celestial
Nunca mais fui à igreja
Que virou fonte de arrecadação do capitalismo
Nem sei mais o que foi feito da Bíblia Sagrada
São tantos evangelhos selvagens
Tantas igrejas financistas
Tantos pastores predadores
Que cada um cria uma religião mais promissora que a outra
Cada um promete um sucesso maior
Desde que o fiel tenha grana para pagar
Só não pode ser fiado
Perseguem homossexuais
Como se amanhã não serão
Pais ou avôs duns
Perseguem povos africanos
Doutras religiões
Esquecem-se do Evangelho
Espalham o ódio
Desistem do amor
Do Jesus Cristo
Da paz
O negócio é vender
É ter bancos com contas correntes especiais
É luxo só lixo
Riqueza megalomaníaca
Todo um comércio
Que não tem nada a ver
Com as palavras de Jesus Cristo
Quando que um cara desse vai me convencer
Converter-me ao deus mercado dele
A ser cliente VIP
Com cartão especial?
Espero que nunca
Nem noutra encarnação

O povo trabalhador brasileiro não pode se desmobilizar; BH, 0140402014; Publicado: BH, 0140402014.

O povo trabalhador brasileiro não pode se desmobilizar
Apesar do governo da Presidenta Dilma Vana Rousseff do
PT Partido dos Trabalhadores está refém das forças
Conservadoras atrasadas neoliberais
globalizadas que
Querem de volta o Fundo Monetário Internacional o
FMI a nação trabalhadora brasileira não pode se desmobilizar
Uniram-se num estratagema contra o governo da
Presidenta Dilma Vana Rousseff o PIG o Partido da
Imprensa Golpista Polícia Federal redes sociais de
Televisão jornais revistas grandes empresas tudo num
Esquema combinado de desmoralização o único
Alicerce que nos resta é o povo trabalhador brasileiro
Qualquer agenda positiva é descaracterizada pela
Imprensa serventuária dos inimigos da nação as
Notícias chegam ao povo distorcidas numa atitude
Covarde de causar pânico tudo que a Polícia Federal
Apreende sob sigilo de maneira confidencial vaza de
Forma leviana aos noticiários jornalões, revistonas dos
Contrários à nação trabalhadora brasileira se nos
Desmobilizarmos entregaremos de mãos beijadas as
Nossas conquistas são muitas são conquistas que
Levamos mais de quinhentos anos para conseguir é
Preciso muito cuidado meu povo trabalhador brasileiro
Minha nação trabalhadora brasileira
Estudantes bolsistas das faculdades das universidades
Dos cursos técnicos é preciso muito cuidado alunos das
Cotas raciais beneficiados do Bolsa Família do Minha
Casa Minha Vida Mais Médicos corremos sérios
Riscos só podemos contar conosco mesmos precisamos
Estar unidos a apreensão é grande os nossos
Antagonistas são poderosos pensam que podem tudo
Mas nada podem contra a força do povo trabalhador brasileiro
Nada podem contra a força da nação trabalhadora brasileira

Como que se consegue viver num lugar; BH, 02301102013; Publicado: BH, 0140402014.

Como que se consegue viver num lugar
Sem uma roda de samba
Sem um batuque dum tantã dum pandeiro?
Como que se consegue sobreviver num lugar
Sem uma batucada um repique
Um samba de partido alto
Um samba de mesa batido na palma da mão?
Não há um candongueiro
Um batuqueiro sequer
Não há um pagode
Uma mulata requebradora
Um passista que fale no pé
É difícil suportar tanta solidão nos ouvidos
Tanta ausência de bambas
Mestres-salas porta-bandeiras
É impossível suportar a falta duma roda de malandros
Pelo jeito vou morrer sem reencontrar esses tesouros
Pelo jeito vou morrer na inanição sem encantos
Sem samba no coração
Era tão bonito: -
"Trago o samba no sangue não posso ficar
Meu amor não se zangue que amanhã vou voltar"
Nossa era bonito demais
"E trarei uma flor uma canção
Pois o samba é minha oração
Quando o sol clarear
Não tardo a chegar
Pois o samba me pega me leva a teus braços
Tão cheios de amor de paz"
Nossa Candeia
Quando voltas
Em quem reencarnarás a tua genialidade?
Quem será o escolhido
Para ser o depositário fiel
Das pérolas que deixaste de compor
Quando partiste?
Quem será o teu porta-voz?

domingo, 13 de abril de 2014

Não confieis em tudo que escrevo; BH, 0501002013; Publicado: BH, 0130402014.

Não confieis em tudo que escrevo
Para tamanha empreitada
Tereis que ser mais loucos do que sou
Louco a tal ponto assim
Penso que ainda não nasceu
Talvez nem noutra vida
Ou noutra encarnação,
Ou noutra geração
Encontrareis ser tão louco quanto sou
O universo é dos loucos
O infinito é dos loucos
O eterno da eternidade
A posteridade todas as idades são dos loucos
Como os loucos são poucos
Sou todos os loucos
Os hospícios onde fico preso
São os do firmamento
As grades do azul do céu
Não prego evangelho a nenhuma criatura
Não indico filosofia a nenhum indivíduo
Não passo doutrina a nenhum doutor
Ou conduta a condutor
Ou dogma a algum senhor dogmático
Nada
Só o bem da loucura que convém a quem a tem
Quem não tem fuma um baseado
Cheira uma cocaína pura
Bebe um copo cheio duma boa pinga forte
Beija a boca mais gostosa da mulher mais gostosa
Pula da mais alta montanha
No fundo do mais encapelado mar
Oh atribulado coração
Oh hora solene de amor
Oh paz de olhar de cego
Oh madrugada sem um bar
Aqui a coçar-me
A entediar-me
Oh alguma coisa que não sei o que me falta

O mundo é dos bonitos não aprendemos; BH, 02501002013; Publicado: BH, 0130402014.

O mundo é dos bonitos não aprendemos
Desde da infância que sabemos que,
Só quem é bonito
Ou quem faz bonito chegam lá
A sociedade é dos bonitos
Não há um lugar para os feios na sociedade
O feio não tem nem família
Amigos amores
Todos só querem aparecer ao lado dos bonitos
Que são os escolhidos
Os convidados aceitos em tudo
Quando um feio se destaca
Faz de tudo para se descaracterizar
Se parecer com algum do meio dos bonitos
Gasta dinheiro se tiver
Compra de tudo que pode mudá-lo
Deixá-lo bem diferente da maneira que foi concebido
Penso que deveria haver um mundo dos feios
Uma sociedade dos feios
Sem a obrigação de ninguém querer
Ser outra coisa
A não ser querer ser a si mesmo
É uma ditadura brutal
Uma falta de liberdade que beira a estupidez
É uma imposição
Uma polarização miserável
Ai daquele que não enquadrar-se
Não encontrará espaço em lugar nenhum
Nem nas igrejas há mais lugar para os feios
Só vão aos céus os bonitos
Os que fazem bonito
Aos feios as ermitas os albergues
Os asilos os mosteiros
As celas solitárias
Menos as luzes dos holofotes das ribaltas
Donde brilham os bonitos

sábado, 12 de abril de 2014

De que somos formados; BH, 02601002013; Publicado: BH, 0120402014.

De que somos formados
Ou inda estamos em modelagem
Em massa para ser colocada na forma?
Já somos completos
Ou falta alguma coisa a nos completar?
A peça final já foi fabricada no torno pelo torneiro?
Ou continuaremos sem essa peça de engrenagem?
Essa peça que nos levará à modernidade
À vida avançada
Ao mundo evoluído
Será que já foi moldada?
É a parte do nosso quebra-cabeça
Do nosso lego
Do jogo que teremos que vencer
Falta-nos um calço para deixarmos de capengar
Somos todos aleijados por dentro
Falta-nos uma muleta
Uma bengala
Um andador
Uma prótese para disfarçar nosso aleijão
Mancamos indisfarçavelmente coxos
Pernetas manetas até ceguetas
Alguém precisa fazer uma réplica
Dum barro mais nobre
Duma argila mais depurada
Chamar aí um mestre Vitalino
Desses que fazem bonecos
Um artista para criar um novo tipo de criatura
Mais parecida com um ser humano
Mais integralizada com a humanidade
Só assim saberemos de que somos feitos
Deixaremos de ser aleijados
Saberemos aonde ir donde vimos
Conheceremos nosso destino
O que somos o não sabemos o que somos
Poderão ser então desintegrados
Pulverizados nem as cinzas serão aproveitadas
Para adubar as terras infrutíferas

É preciso contar com a sorte para sobreviver; BH, 02501202013; Publicado: BH, 0120402014.

É preciso contar com a sorte para sobreviver
Sair ao acaso durante o dia ou durante a noite
Voltar incólume é preciso contar com a sorte
O azar já nos acompanha desde o dia em que
Nascemos é do azar que devemos fugir
Quando saímos de casa durante o dia ou
Durante a noite é o azar que devemos evitar
Se quisermos sobreviver pous o azar nos
Persegue dentro de casa no trabalho em toda
A nossa vida cotidiana o azar como um deus
Está ali a nos azarar a nos agourar a lembrar à
Toda hora dos augúrios que a qualquer hora
Pode ser a nossa hora a sorte como uma lebre
Serelepe saltitante à nossa frente cada vez mais
Distante cada vez mais longe mais rápida
De modo que não conseguimos alcançá-la
A nossa sorte é tudo é a sobrevivência é a saúde
Não precisar de plano ou do SUS não precisar
De judiciário não precisar do legislativo não
Precisa do executivo a ignorar esses podres
Poderes que são os verdadeiros azares do povo
Trabalhador brasileiro da nação trabalhadora 
Brasileira a nossa sorte não é a das loterias
É a sorte de ter alguém que nos respeite
É a sorte de ter alguém que nos ame que chore
Por nós que ore por nós que um dia possa até a
Vir a nos velar no dia da nossa maior solidão
É também a nossa sorte de nossa última hora
Ter alguém que com um gesto de carinho de
Amor um gesto de afeto de ternura feche as
Nossas pálpebras para todo o sempre a sorte
Maior de quem encontra a sorte na hora da morte

sexta-feira, 11 de abril de 2014

As coisas por aqui andam como andam as coisas por aqui; BH, 02501202013; Publicado: BH, 0110402014.

As coisas por aqui andam como andam as coisas por aqui
Se ventou
Tudo se movimentou
Se serenou
Tudo ficou molhado
Se orvalhou
Tudo ficou coberto de orvalho
São as coisas da natureza
Que fazem as coisas daqui andar
De acordo com o gosto da natureza
Se choveu choveu muito
Como sempre acontece todo ano
Os morros derretem
Matam os moradores das encostas
Matam as famílias das colinas
Derrubam as casas das veredas
É a mesma história de sofrimento
Chororô de lamentação
Para tudo se repetir no próximo ano
Espírito natalino depois da festa é dor de cabeça
Ressaca de muito vinho
Dor de barriga depois de muita comida
Como se nada tivesse acontecido
As mortes nas estradas
As brigas nas famílias que acabam com as confraternizações
Muitas vezes também dão em mortes
De natal mesmo pouco se fala
De natal mesmo pouco se ganha
Mesmo aquele que pensa que ganhou tudo
Depois de toda essa farra inútil em vão
Dia 31 é a passagem de 2013 para 2014
Mais bebidas
Mais comidas,
Mais mortes nas estrada
Mais confusões
Que o povo não fica nunca satisfeito
Repete tudo todo ano
Infelizmente não é pessimismo
É falta de consciência
Falta de aprendizado das coisas acontecerem
Todos os anos da mesma forma
Não adquirirmos experiência
Viver é um aprendizado
É um crescimento
Uma evolução
Passa pela nossa cabeça a ideia de que
Não queremos viver
Não queremos aprender
Nem queremos evoluir
É o que deixamos transparecer
Com o nosso barbarismo

Llewellyn Medina, Felatio.

Felatio

Descobrir o segredo que teus lábios escondem
sentir o corcovear de tua língua
molhada tal a enguia
que se esgueira em água tépida e macia
deixar que teu sopro gutural
provoque em mim languidez tal
que os sentidos embote
exceto aqueles que nem a senectude
esmaeça adormeça ou derrote
haurir de tua fonte inesgotável
o último halo o aroma o mel

E quando meu corpo estiver retesado
arco dionisíaco que arremete
a flecha sibilante o dardo
penetrar por tua gruta o prêmio
que dividiremos irmãmente
adão e eva viscerais
amantes divinos seres mortais

Tocar  então céu infinito de teu palato
o zênite a linha a chegada
o homem amante a mulher amada
a travar no recôndito desse universo
uma luta sem quartel luta ansiada

E então o líquido da vida fluirá
de mim para ti mel manjar dadivoso
golfadas impetuosas incessantes
até a quietude dos aventurados
tomar nossos corpos cansados animais
corpos satisfeitos amantes mortais.