quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O meu jeito é de apelintrado; BH, 0110602000; Publicado: BH, 02701002011.

O meu jeito é de apelintrado
Tenho modos ares de pelintra
Zé Pelintra Zé Pretinho só Zé
Ninguém vai me perdoar pelo
Jeito da maneira que sou não
Sou apendiceado à vida a vida
Não tem apêndice em mim não
Consegui fazer a minha
Apendicectomia da morte nem
A extirpação mortal tal o apêndice
Ileo-cecal em mim a vida não é
Apenciciforme só a morte é que
É apendiculada terminada no
Meu prolongamento final a vida
Em mim não é essencial ao todo
A que pertenço não me encontro
Nonada sei juntar a não ser lixos
Ciscos pedras poeiras bolores
Limos lodos lamas nada sei
Acrescentar nada sei apensar
Apendicular à minha felicidade
Sou só este apendículo ridículo
De morte este pequeno apendix
Sem vida que navega cego em
Mar apenedado cujos muito
Penedos vão afundar a embarcação
Gostaria era de ser um poeta
Que fosse levado a sério que
Soubesse interferir na inteligência
Nacional modificar os rumos
Da nação porém sou só um
Pilantra um que ninguém dá
Ouvidos um que ninguém ouve
A voz os poetas de antigamente
Exerceram em muitas transformações

Só mesmo a natureza meu bem; BH, 0110602000; Publicado: BH, 02701002011.

Só mesmo a natureza meu bem
Para me aperar só mesmo a
Natureza meu anjo para jaezar
Meu ser adornar o meu saber o
Que é que nós só deixamos
Acontecer a não ser a destruição
O extermínio da natureza é
Necessário um apertão um grande
Aperto como de multidão
Comprimida ara que seja impedido
O ponto final de tudo sem ponto de
Interrogação sem ponto de
Exclamação simplesmente o fatal
Ponto final se fosse um cidadão
Aperado ajaezado no meu todo
Ajuizado encilhado com esmero
Um cavalo bem vestido para desfile
Não tivesse o medo aperaltado a
Covardia que me faz aperaltar a
Aparelhar a me ajonatar como o
Aperalvilhar dum burguês da elite
Um apéptico da plutocracia que
Sofre de apepsia incurável ai meu
Coração apenhascado abalançar
Sobre o penhasco ai, meu ser
Apeninsulado ilhado nas águas
Das lágrimas do meu choro ai
Meu grito apenhado que não
Encontra eco nos penedos nas
Penhas insensíveis do degredo

Já se foi há muito tempo; RJ, 060701981; Publicado: BH, 02701002011.

Já se foi há muito tempo
O tempo da escravidão
Hoje na era moderna
Não se pode existir
Coisa assim não
Trabalho desumano
Salário humilhante
De fome injusto
Na época de hoje
Não se é permitido
Coisas dessas maneiras
Tem que se encontrar
Uma solução para uma
Vida melhor um salário
Mais justo mais
Compensador não se
Pode mais permitir
Tanto desequilíbrio social
O rico sempre mais rico o
Pobre sempre mais pobre
Sem ter o que comer
Sem ter o que vestir
Onde morar cair morto
Tem que haver urgentemente
Uma maior distribuição de renda
Justa honesta igual para todos
Chega de escravidão
De exploração de fome
Chega de injustiça
O trabalhador merece respeito
Merece ser bem pago
Também valorizado o
Operário tem que participar
Dos juros das rendas gerados
Pois é a base de toda a
Estrutura socioeconômica do
Sistema escravista escravidão
É coisa do século passado

Meu apendoamento não é real; BH, 0110602000; Publicado: BH, 02701002011.

Meu apendoamento não é real
Não tenho o dom nem a ação
De apendoar meu ser guarnecer
De pendões minhas muralhas
Deitar o milho a cana no paiol
Do meu castelo de areia perdi
Desde tempos longínquos
A aperceptibilidade natural
Na qualidade de caráter;
Não sou aperceptível tal o poeta
E o que posso aperceber cego?
Não sei avistar nem as coisas
Mais simples, que a vida põe
Diante do meu nariz sei que não
Sou um ser completo, não me
Tornei perfeito nem sou aperfeiçoado
O quanto quero percebo que ne o
Meu amor me torna aperfeiçoador
Minha paz não é aperfeiçoável
Os únicos qualificativos que
Tenho são os dados às flores
Sem cálices sem corolas
Indisfarçável aperiantáceo
Indiscutível aperiantado só
Nada me é mais aperiente
Nem me abre o apetite bebo
Perdi o gosto do aperitivo
Viver se tornou aposítico
Tornou-se aperispérmico o viver
Na ausência do perispermo da botânica
No final o que me cabe?
É apessoar a arma engatilhar o
Revolver levantar o cão da espingarda
Acabar com tudo ao disparar na cabeça

Sinto-me realmente aperreado; BH, 0110602000; Publicado,: BH, 02701002011.

Sinto-me realmente aperreado
Oprimido pela burguesia vexado
Pela elite nervoso com a minha
Situação o meu aperreador é o
Governo o meu oprimente é o
Congresso tudo que me é
Amolante é toda a classe
Política quando vai me bastar
Todo este aperreamento chegar
De amolação todo vexame pessoal
Que passo não suporto mais a
Apertadela é este regime apertador
É este sistema arrochador quero
Fugir deste apertadouro deste lugar
Que me aperta tanto quero folgar
O cinto soltar a faixa o espartilho
Preciso me ver viver livre sei que
Não sou apessoado não tenho boa
Aparência não sou de boa estatura
Como requer a vaidade nada tenho
Para aperolar ou dar à semelhança
De pérola ao meu ser tenho só estas
Minhas fartas pálpebras destas fartas
Pestanas cílios que me fazem om ser
Sobrancelhudo apestanado ciliado
De pálpebras pesadas que só querem
Fechar os olhos para não enxergar o
Apertar da realidade o empestar da
Vida da qual morremos dela sem
A vida nunca nos ter como vivos

Penso muito em mim mesmo ; RJ,0210701981; Publicado: BH, 02701002011.

Penso muito em mim mesmo
Preocupo demais comigo
Mesmo com meus jeitos com
Meus gesto penso muito em
Meu físico meu corpo meu
Cabelo reocupo demais com
A minha barriga meu nariz
Minha pele minha barba
Bigode cabelos unhas em
Suma não quero nem saber
Sobre outras coisas anão ser
Sobre o meu ser esqueço o
Amor a paz e o íntimo
Esqueço as pessoas pai mãe
Irmãos irmãs primos primas
Amigos inimigos esqueço o
Mundo o universo inteiro

Ai quem me dera ser; Publicado: BH, 02701002011.

Ai quem me dera ser
Um ser apiforme
Que tem a forma a
Utilidade duma
Pequena abelha sem
Precisar sofrer de
Apifobia nem
Conhecer a fobia às
Abelhas com todo
O ânimo dum apídeo
Todo o trabalho relativo
Aos Apídeos toda a
Sociedade da espécime da
Família de Himenópteros
Que têm como tipo a útil
Abelha que foge do brejo
D'água salgada o apicum
À borda do mar quando
Pousa num apículo numa
Ponta aguda de polém
Uma curta pouco
Consistente camada de
Néctar apiculado mas
Não a apícula apicida
Que produz a morte das
Abelhas impede o
Fabrico do mel; ai quem
Dera-me se o
Apetecedor criador que
Apetece deseja proteger
As abelhas rainhas legar
O apetecível ao máximo
Que puder ao corrigir as
Flores sem apétalo sem
Pétalas sem perianto
A todo que tenha apetite
Matar a fome com leite
Mel a todo apetitente dar
De comer ai quem me
Dera de mim chegar vivo
Ao meu fim levar a vida
No doce levar o doce do mel
Eelevar os corações ao céu

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Com um aperitório da lâmina; BH, 0110602000; Publicado: BH, 02601002011.

Com um aperitório da lâmina
Com que os fabricantes de
Alfinetes igualam os arames
Usei para igualar na minha
Vida minh'alma com meu
Espírito com apero de prata
Aperos de ouros farei os
Preparos necessários para
Encilar um cavalo puro sangue
De arreios de jaez de pérolas
Os caules que têm flores sem
Corolas o apetalifloro esmagado
Pelas patas do cavalo apichelado
De feição de pichel que ao
Apichelar na apicadura não
Detonará o ponto de união de
Dois volantes nos trabalhos de
Armador para os que têm flores
Terminais apicifloros colossais
Então o apiciforme mais elevado
O ápice apiciliar que está inserido
No espelho quebrado doutro que
Tem em cada ponta de pedaço
Que termina em cada ponta com
Imagem de cadáver indicado
Um vulto vulgar apontado notado
Em cada lado do dilacerado
Quebra-cabeça infinito que jamais
Poderá ser montado todos os
Reflexos se perderão todos os
Sonhos possíveis descerão sobre
Nossas almas silhuetas desesperadas
Cruas manchas de espíritos volúveis
De falhas faltas eternas que outras
Vidas não completarão

Nunca fui aplausível nada fiz de digno; BH, 0130602000; Publicado: BH, 02601002011.

Nunca fui aplausível nada fiz de digno
De aplauso verdadeiro ou de plausível
Para a liberdade penso que nunca fui
Admissível pela sociedade aprovável
Pela burguesia  pela elite sinto uma
Aplestia extrema um apetite insaciável
De poesia fome canina por um poema
Que me faça provar a mim mesmo que
Não vou apodentrar vivo que não vou
Deixar-me apodrecer que um dia ainda
Vou aprender a escrever então bastar o
Meu estado apodrido barrar tudo em
Mim que comece a apodrecer colocarei
Por terra meu apodador árvore nortearei
Aquele que me apodar vencerei ao
Motejador desprezarei ao meu escarnecedor
O zombador não encontrará mais em
Mim motivo de zombaria vai só me
Respeitar tanto como um aponogetonáceo
Da espécime das famílias das aponogetonácea
Pequena família de plantas monocotiledôneas
Assim poderei evoluir mais
Sentir todas as emoções
Perceber todos os sentidos
Abraçar a glória da vida
Em vida sem ter o aplauso
Negado uma palma sequer
Rodas abertas num tapa
Ou uma palmada
Nada terei que temer
Nada terei que provar
Sanção nenhuma terei que sofrer
Sansão nenhum terei a me derrotar

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Preciso me reapaixonar por ti; RJ, 0200701981; Publicado: BH, 02501002011.

Preciso me reapaixonar por ti
Novamente preciso me
Reaproximar de ti novamente
Estás muito distante estou
Muito distante precisamos nos
Desejar mais nos abraçar mais
Precisamos nos amar mais
Fazer amor todo dia fazer
Amor toda hora para poder
Nos conhecer melhor nos
Descobrir nos entender
Melhor temos que nos usar
Chegar cada um bem mais
Para perto doutro preciso
Mais de ti necessito do teu
Sexo sabor preciso do teu
Suor do teu cheiro do teu
Sal não me fazes mal não
Posso distanciar-me assim
Tanto de ti tenho que te
Reencontrar reacostumar-me
Contigo não posso te perder
Venhas para dentro de mim
Deixas que te possua para
Possuir-te até a alma mão
Chames o exorcista deixas
Que fique em ti eternamente

Sempre fui aplaudidor; BH, 0130602000; Publicado: BH, 02501002011.

Sempre fui aplaudidor
Dos talentos alheios dos dons doutros
Sempre fui aquele que aplaude o
Aplanético sistema ótico que dá imagem
Plana dum pequeno objeto sem total
Aberração de esfericidade tudo capaz de
Impedir o desenvolvimento incompleto ou
Deficiente de qualquer órgão do corpo na
Aplasia aplástica indevida que não tem
Plasticidade aplicante nem aplicativo que 
Explica o aplicável da teoria na prática
Nem aplica a tese do aplo hapleas a
Significar simples aplócero no que possui
Antenas ou cornos simples abertura ou
Boca de aplóstomo? incisão de aplotomia a
Pausa a suspensão temporária da respiração na
Apneia que no sono do apnéico é inesperada
Indesejável todo o designativo de distância a
Eterna separação privação oposição de derivação
Consecutiva apogeu dos anjos apofonia do canto
O perdido apógrafo do fragmento apócrifo na
Apócope o apóstrofo apomorfina a apostasia
Transforma-se em forma por abrandamento afélio
Cria do aforismo de aferese que quando a palavra
Que se lhe segue começa por vogal asferada a
Pequena constelação Austral após a antiga ave
Do paraíso pousar na haste de madeira sagrada
Que se prendem as principais peças do arado

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Experimentar de tudo; RJ, 0200701981; Publicado: BH, 02401002011.

Experimentar de tudo
O todo
O nada
Experimentar o início
O meio
O fim
Experimentar a meta
A reta
A seta
Experimentar o culto
O oculto
O obscuro
O escuro
O abstrato
O trato
O extrato
Experimentar o fato
O desconhecido
Experimentar a gota
A grota
A gruta
Abruta
A força bruta
Experimentar o inteiro
O mundo
O universo
O feio
O belo
O homem
A mulher
Experimentar o amor
A paz
A harmonia
A irmandade
O sabor
Experimentar a experiência
Toda a ciência
De sã consciência
Experimentar a dor
O sofrimento
O sentimento
A ilusão
A mentira
A realidade crua
A sinceridade nua
Experimentar
É valido
A experiência é útil
Fortalece o ser

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Patagônia, 927; Mendigo de Luz; BH, 01901002011; Publicado: BH, 02101002011.

Bato à tua porta a pedir uma esmola pelo amor de Deus
O que tens a me oferecer ouro mirra incenso pão
Centeio vinho azeite carneiro assado araque arenque mas
Não entendes o mendigo à tua porta o porte andrajoso
Enche-te de piedade abres a tua porta ofereces a mesa
A cama os banhos os rebanhos pões a mulher à
Disposição ofereces a filha mas o essencial não tens
À sobrevivência do mendigo que recusa tudo que tens
Não aceita teus bens tuas migalhas até percebe que és
Mais pobre do que o mendigo que bateu em porta errada
Insistes em agradar a este pobre demônio fazes rezas
Orações oblações cantas os cânticos sagrados os
Hinos de louvores as cantigas de louvações queres
Lavar as feridas do ralado com tuas lágrimas ungir-lhe
A cabeça com óleo transbordar-lhe o cálice teimas
Obstinado que fazes de conforme com as leis divinas
A religião mas o mendigo na primeira mentira da
Religião pulou fora desceu do altar quebrou o
Santuário vem a noite com os ventos uivantes frios
O mendigo recebe açoites de rajadas pelos restos de
Andrajos trazes um prato com manjares pões diante
Mas, o mendigo implora pela esmola que precisa
Pelo amor de Deus ao não recebê-la levanta junto com
O semblante fita-te os olhos embaçados a voz é mansa
Balido de ovelha de suave sereno de carinhoso orvalho
Fica então com as tuas trevas continuarei a mendigar
Pelo mundo a luz de que tanto preciso para não morrer
Não mendigo o que tens mendigo a luz que pensei que
Tivesses para ser a lâmpada dos meus pés nos caminhos

Marcel Proust; NL, 0220502008; Publicado: BH, 02101002011.

Se tivesse o dom de pensar pudesse
Pensar igual Marcel Proust pensou falou
Para sua governanta que todo o mundo
Leria a literatura dele se tivesse o dom de
Escrever igual Marcel Proust escreveu
Mesmo doente debilitado trancado no quarto
Para legar à humanidade obras literárias
De raras belezas porém gênio não se faz gênio
Nasce nasceu gênio nasci este estúpido
Garrancheador sei que não terei como
Leitor de minhas obras nem mesmo eu quanto
Mais o mundo inteiro igual Marcel Proust tem
Por causa dos seus livros geniais quem sou o que
Para sonhar tão alto para tecer com letras
Palavras verbos substantivos textos com o gabarito
Que teve para tecer vejo-o como um tecelão da
Cultura nós da humanidade que amamos a
Literatura universal o devemos muito erro peco
Nos meus escritos baixo o nível fico com raiva
Com ódio escrevo com difamação não aperfeiçoei
Um estilo nem criei um diferencial que pudesse
Chamar a atenção ou adequar-me ao jaez
Dalgum escritor vejo-o manufaturador da letra
Pegava letra por letra com esmero tricotava
Palavra por palavra costurava retalho por retalho
Sem pressa sem perder tempo ia buscar o tempo
Perdido ia caminhar pelos caminhos de Shwan
Enamorar pelas raparigas em flor pelas suas sombras
Detalhes silhuetas se fosse para escrever para ficar
Rico com a escrita para agradar a gregos a
Troianos na certa seria um escritor medíocre
Mediano mas escreveu tal qual Deus fez o
Mundo sem ninguém por perto para perturbar para
Perguntar o que estava a ser feito ou para o estressar
Escreveu com ser alma espírito, é assim
Com a licença que peço que tento aprender
É assim que também quero que me vejam não
O mundo inteiro mas pelo menos eu os meus eus
Se um dia for merecedo  para entrar para essa
Nobre galeria que tenha o Marcel por guia que
Se reencarne em mim me passe seus segredos mistérios

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Prefiro morrer a dizer que; BH, 0130602000; Publicado: BH, 02001002011.

Prefiro morrer a dizer que
Prefiro ser um apolítico com
Todo combate aos políticos
Não sou um não político um
Que não trata de política muito
Pelo contrário não estou alheio 
À política mas mais ética à
Política da razão da moral do
Comportamento com decoro
Como uma parte final da missa
Grega numa apólis solene que
Evite o apolentar dos políticos
Do congresso o engordar com
A polenta das cifras os bolsos
As contas nos paraísos fiscais
Vem é do povo o cacife
Apolentador vem é do povo os
Impostos os pagamentos é
Necessário apolegar os maus
Políticos machucar com os
Dedos os dedos deles dados
Principalmente na quebra dos
Polegares para que  se tornem
Apoldrados tal a égua que dá
Cria a um poldro apolainado
Em forma de flácidas polainas
Torná-los umas apojitaguaras
Árvores da família das Rutáceas
Mas que são mais úteis bem mais
Necessárias que os maus políticos
Que não possuem nenhuma apojatura
O ornamento melódico representado
Por uma pequena nota sem corte
Oblíquo ou haste a preceder a
Nota essencial a qual subtrai-se o
Próprio valor da acentuação mas
Quando é que poderemos ornar ou
Valorizar um político nos dias de hoje

Tem sempre alguém; RJ, 0170701981; Publicado: BH, 02001002011.

Tem sempre alguém
A querer paquerar
É só saberes entender
Saberes ver
Saberes olhar
Tem sempre alguém
A querer se entregar
Transar amar
Papear e conversar
Basta ficares na tua
Não deixares escapulir
A oportunidade que surgir
Tem sempre alguém a fim
Com um sorriso assim
Um olhar languido
Um gesto intuitivo
Uma expressão loquaz
A dar a entender
Que quer conhecer
Que quer fazer
Trocar beijos carícias
Abraços carinhos
Tem sempre alguém
Disposto à disposição
É só estenderes a mão
Levares um papo bom
Cheio de descontração
É só abrires a mente
A boca e o coração
Namorar amar
Transar sanar
Fazeres o que quiseres
Tem sempre alguém
Para ti também

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Estou a secar feio feito leito de rio; BH, 0130602000; Publicado: BH, 01701002011.

Estou a secar feio feito leito de rio
Estou a virar deserto certo por falta de
Apojamento não me encontro apojado
De orvalho entumecido com algum
Líquido não estou cheio de sereno
Molhado de garoa tudo que faço é
Apográfico uma reprodução sem
Caráter vazia sem teor apogístico
Minha frase anda como um apogáster
Minhas palavras como apogástreo
Meu pensamento um apogastro de
Moluscos cujos ventres são
Desprovidos de pés pois em mim
Nada parece andar tudo parece não
Andar até mesmo na alteração do
Valor fonético da vogal dum radical
Sem ser por influência da vogal final
Na apofonia de coro para coros
De devo para deves esse desvio de
Som ou alternância vocática é
Herança indo-européia explica
Por exemplo a diferença entre
Um vocábulo latino grego cognato
Correspondente ped raiz latina
Oriunda de pés pedis pé pod raiz grega
Oriunda de pous podo pé daí os
Sufixos pede latino poda ou pode
Grego que entram na composição
De vocábulos portugueses bípede
Que sou antípode que pareço miriápode
Que explica também variantes
De raiz em vocábulos portugueses
Originários do latim ao repudiar
Faço tudo bem feito para existir
Faço fiz para viver feci feliz
O coração saariano não fez o fecit
Que me conservou tão seco

Sei que a minha vida; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01701002011.

Sei que a minha vida
É como um apofisiário duro
Um apofisário calcinado
Difícil de roer; e sei que a
Minha vida não é firme como
Uma apófige como o anel
Que circunda o fuste da coluna
Logo acima da base ou perto
Do capitel nada sustenta minha
Vida um suspiro não chego à
Apódose a segunda parte do
Meu período mesmo que seja
Gramatical em relação à primeira
Partea a prótase cujo sentido é
Complemento na retórica sou a
Figura que pelo absurdo do
Argumento é repelida na
Apodioxe não sou um ser
Evidente um homem
Convincente não permito em
Mim a demonstração da verdade
Nego todo apodietico em mim
Falta tudo de apodítico em mim
Devido a apodia devido a falta
De pés não posso andar na linha
Do horizonte não posso andar na
Corda bamba entre as paralelas
Do infinito já não sei andar nem
Muletas me servem mais não quero
Cadeiras de rodas perdi o faro
Apodengado perdi a audição de
Podengo não sou mais aquele cão
Útil para a caça de coelhos nem as
Pulgas me querem mais sou só agora 
Sempre fruto de toda apodadura humana

Quero tanto; RJ, 0170701981; Publicado: BH, 01701002011.

Quero tanto
Que me beijes na boca
Lambuzes-me sujes-me
Abuses de mim amor
Que faças o óbvio
Que faças o absurdo
Ou me ponhas como Drácula
Numa história de terror
Quero tanto
Que me pegues
Laves-me com saliva
Que me laves com suor
Sugues o meu sangue
Despedaces minha carne
Dilaceres minha garganta
Com unhas de pavor
Decepes minha mão
Agarrada na tua
Ponhas-me em órbita
Ou me leves para a lua
Santa nua
Deusa pelada
Manchada pura
Obscura límpida
Deites em meu leito
De prazeres pragas
Mates tua fome
Destruas meu ser
Ao avivar o teu
Apagues minha chama
Ao alimentar a tua
Pois quero tanto
Que faças comigo
Tudo que és capaz de fazer

Sou mineiro apocópico; BH,0220602000; Publicado: BH, 01701002011.

Sou mineiro apocópico
Não sei parar de apocopar
Não consigo falar direito
Sem diminuir sílaba letra
No fim de cada palavra
Pronunciada cada vez
Mais vou falar com o
Proceder à apócope sou
Mineiro apocopado todas
As minhas frases sofreram
São apocopadas que posso
Fazer? se fosse um
Apocináceo se fosse um
Apocíneo espécime dos
Apocináceos ou Apocíneas
Família de plantas
Dicotiledôneas monopétalas 
Hipóginas à qual pertence a
Espinadeira jamais precisaria
Falar ou escrever o que quer
Que fosse nem sofreria a
Revolução periódica como
Apocatástase dum astro
Nem seguiria na teologia
Doutrina herética segundo a
Qual no fim dos tempos serão
Admitidas ao Paraíso todas as
Almas todos os espíritos com
Total restabelecimento de saúde
O gineceu composto de dois ou
Mais capelos distintos entre si o
Apocáspico sem desespero causa
Que não morre de apoplexia
Nem afecção cerebral causada
Por acidente vascular que de
Manifesta por privação dos sentidos
Do movimento da apoquentação
Sufoco afogamento sem morte
Súbita precipitada só a vida
Ávida esperada só o amor para
Nos socorrer

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Só quero aprender a agradar; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01401002011.

Só quero aprender a agradar
Ser agradável com todo mundo
Com todas as mulheres
Com todos os homens
Causar prazer contentar-me
Contentar as pessoas deliciar-me
Ter mais frequentemente
Empregado em todas as pessoas
O prazer mesmo que embora não
Tenha conjugação completa
Usar corretamente aprazer-me
A tudo que me apraz a felicidade
Que aprazar-se à humanidade
Sem aprazamento de tempo
O aprazador hipócrita que só
Usa a esperança para não realizar
Tal a incapacidade de executar
Os movimentos apropriados a
Um determinado fim se bem
Que não exista paralisia
Como na apraxia o desacordo
Entre o movimento a intensão
Da intenção para vedar a perda
Da compreensão do uso
De objetos usuais não lhes
Reconhecer nem mesmo a forma
Devido ao cozimento do cérebro
A que se juntam outras substâncias
Que não o adoçam nem o classificam
A apozema medicinal não cura
Só aumenta o apoucamento
A falta de energia que faz apoucar
Num rebaixamento de humilhação
Como causa do apoucador amesquinhador
Que gera mal provido
Pouco desenvolvido tímido imbecil
Mesquinho acanhado
Apoucado na esquizofrenia mórbida

A hora é esta minha gente; RJ, 0150701981; Publicado,: BH, 01401002011.

A hora é esta minha gente
Vamos levantar a voz
Precisamos estar preparados
Para matar ou morrer
O momento é este
Temos que entrar em ação
Vamos nos levantar
Vamos nos revoltar
Entrar em manifestação
Protestar lutar
A hora é de libertação
O sangue tem que ferver
O sangue tem que correr
Não podemos morrer
Amarrados nas correntes
Presos nos grilhões
Nas algemas do poder
Vamos parar o poderio militar
Vamos expulsar os generais
Os estrangeiros as multinacionais
Chega de exploração
Chega de opressão
Temos que sair do chão
Esta vida de cachorro
De bicho do mato
Tem que acabar
Não podemos continuar
Sem participar
Sem opinar falar
Temos que estar presentes
Temos que ter presença
Acabar com a burguesia
Com a minoria privilegiada
Com a elite abusada
Vamos impor direitos iguais
Nós somos nossa gente
Nós somos o povo
Quem decide
É o poder do povo
O poder do povo
É poder ilimitado

Entre um apótomo; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01401102011.

Entre um apótomo
O intervalo entre dois tons
Na matemática a diferença
Entre duas quantidades
Imponderáveis a posição que
Se deve dar a um membro
Fraturado depois de ligada a
Fratura na apótese se fosse
Um gênio obstinado criaria
Um apotegma imortal como
Um dito sentencioso feito por
Pessoa célebre sobrenatural
Um aforismo clássico abissal
Um provérbio sábio de
Profundidade assim a
Apoteosar a poesia eterna
Fazer a apoteose do poema
Infinito glorificar minha escrita
Com discernimento enriquecer
Com apotegmatismo minhas
Linhas internas com pensamento
Apotegmático postura de poeta
Iluminado como as peças das
Balizas o madeiramento de lei
Que formam a apostura do costado
Do navio acima da cinta
Não perder no meio dos porcos
A apostolicidade adquirida do
Caráter apostólico conformidade
De doutrina com os apóstolos
No meio dos abutres se mostrar
Apostolical mesmo que as carnes
Sejam rasgadas devoradas não sair
Do semblante apostólico na apostilha
Dos pontos  matérias estudar as aulas
Publicadas em avulsos para uso de
Alunos para que entre uma apostila
Outra aprender o valor da vida

Gostaria de ser pelas ruas; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01401002011.

Gostaria de ser pelas ruas
Como um ser que pudesse ser apontado
Como o poeta apontável reconhecido
Apontado seguro com pontos largos longe
Do conjunto de coisas desconexas que
Sabe segurar um poema encher com
Pontos os vazios citar a ponto a poesia
A proposito de toda natureza
Apontoar a beleza cerebral
Corrigir o torturado moralmente
O importunado pelas dores,
Apoquentado e o aflito de alma
E tudo que incomoda a paz,
Que importuna a felicidade,
Que apoquenta o amor
Todo defeito negativo do apoquentador
Numa extravasação do sangue deixar fluir
Num aporismo numa hemorragia de venoso
A deixar só o arterial que oxigena cristalina
Que purifica redime desintoxica permite
Que a vida continue ainda livre como um
Apopétalo da corola cujas pétalas são livres
Umas doutras como o dialiopétalo do aporema
Silogismo pelo qual se demonstra valor igual
De duas ou mais proposições contraditórias
Livre da hesitação da dúvida que o orador
Simula ter no meio dum discurso por 
Aporismar o vernáculo
Na indecisão da aporia existencial

Quem aceita um não; RJ, 0150701981; Publicado,: BH, 01401002011.

Quem aceita um não
Cai no chão fica
Estendido sem se
Levantar quem leva
Um não não procura
Saber qual a causa
Da negação tem mais
É que se enterrar no
Fundo dum caixão
Quem espera um não
Não procura o sim já
Chega ao fim da carreira
Da vida não curou a
Ferida da mente do
Corpo não aceito um
Não sem uma
Explicação sem um
Porque todo não
Tem sua razão se a
Razão se o por que
Não me convencem
Não adianta que não
Quero saber que não
Vou aceitar o dito não
Não é qualquer não
Que me faz desistir
O não para me fazer
Parar tem que ser um
Não que pare meu
Coração pois não
Perdoo a negação
Só aceito um não,
Com a promessa
Depois dum grande sim

Problema difícil de resolver; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01401002011.

Problema difícil de resolver
Assim que me sinto na vida
Um inseto himenóptero áporo
Que tem guelras pouco desenvolvidas
O aporobrânquio articulado
Da classe dos Aracnídeos moluscos
Cefalópodes uma aporrinose escandalosa
Fluxo de catarro nasal constante
Assim que me sinto na vida
Uma canoa que não pode ser aportada
Um navio sem aportamento
Um barco que não conhece
A ação de aportar em coração
Seguro espirituoso
Todo caminho aportelado
Toda estrada que tem portela
Transpor aportilhar
Para abrir portilhas ou portilhões
Nos muros ou nas muralhas
Nos costados dos navios piratas
Colocá-los a pique
O navio negreiro aportuguesado
O escravo africano aportuguesável
À força jamais poderemos esquecer
Fazer a aposentação da história
Numa espécie de aposentadoria
De esquecimento de tudo
Que sofreram os negros os índios
Não quero ser um aposentador do passado
Criar no meu aposentamento
Um pensamento distante da história
Uma interrupção intencional
No meio duma frase de vida
Como a aposiopese ou a reticência
Ao que faz cerrar a apetite do saber
O aposítico do conhecimento
Combater com a avidez do aperiente

Adequado a tudo aposto; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01401002011.

Adequado a tudo aposto
Acomodado por desanimo
O mundo tem razão a meu
Respeito não existe um
Remédio externo uma
Ligadura interna um emplastro
Que aplaque minha dor um
Apósito de preguiça quer
Apossear-se de mim ou
Apossar-se de todo o meu ser
Ao lançar-me aposselênio pelo
Espaço apolúnio pois não estou
Decidido a viver deliberado a
Amar nem num fito propositado
A fazer o bem não encontro-me
Empenhado concertado em
Harmonia preparado para a vida
Aparelhado com a humanidade
Não sou um apostado admirado
Sim esta formação de abscesso
Esta acumulação de pus uma
Apóstase longe da inflamação
Sou a inflamação falta-me uma
Orquídea mesmo a do gênero
Apostásia falta-me a flor sublime
Que supera meu teor apostemático
Falta-me o caule apostemeiro para
Servir de lanceta a abrir minha
Apostemeira crônica como morro
Por ser apostemoso se fosse
Um apostilador se soubesse
Apostilar anotar às margens
Emendar não sofreria tanto pois
Todos conheceriam o apor
Das minhas anotações

Comigo é diferente; RJ, 0150701981; Publicado: BH, 01401002011.

Comigo é diferente 
A maré é outra coisa
O buraco é mais embaixo
Reclamo
Protesto
Manifesto-me
Revolto-me
Não fico calado
Não fico quieto
Falo grito
Brigo luto
Sou rebelde
Se não aceito
Não aceito
Se não quero
Não quero
Sou radical
Manifestante
Revoltado
Sou obstinado
Intransigente chato
Sou teimoso
Tinhoso persistente
Sou insistente
Não desanimo
Nem entrego os pontos
Comigo não
Comigo couro come
O pau é duro
De Peroba
A luta é brava
A guerra é suja
Não perco a fé
Nem a esperança
Não perco a calma
Nem a bonança
Conheço meus direitos
Conheço meus deveres
Não apanho sem revidar
Comigo tem que rebolar

Superar a dor é a maior admiração; BH, 0220602000; Publicado,: BH, 01401002011.

Superar a dor é a maior admiração
Que poderemos causar àqueles que
A desaprovação é o sentimento do
Coração fraco que não suporta a
Verdade que grita apre na mentira 
O avaliador do caráter do ser
Aquele que apreça o verdadeiro
Valor o apreçador real é
Justamente o que evita o
Apreçamento evita dizer que
Vale mais do que qualquer ente
Normal deixo à disposição do
Apreendedor todo o conteúdo
Do meu íntimo demonstro a
Minha apreensibilidade no meu
Erro apreensível na faculdade
De apreender o erro o apreensor
Da falha fatal que faz aprefixar
Às boas palavras juntar os
Prefixos às qualidades prefixar
Como se já houvesse apregoado
Tal o pregão num leilão que
Apregoou a venda da riqueza
Feito constar fora da realidade o
Entregador notório quer apresar
De todas as denúncias de
Irregularidade todos proclamos
Das entregações não deu ouvidos
Aos clamores continuou o total
Apregoador bobo alegre que
Patenteia o solo da pátria pregoeiro
Traiçoeiro da nação amarrado ao
Apresador estrangeiro que com a
Ciranda do capital financeiro
Apresa o nosso destino futuro
À miséria à pobreza à desgraça

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Friedrich von Schiller, Ode à Alegria; BH, 01201002011.

Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais agradável
E cheio de alegria!
          Alegria, mais belo fulgor divino,
Filha de Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Teus encantos unem novamente
O que o rigor da moda separou.
Todos os homens se irmanam
Onde pairar teu vôo suave.
A quem a boa sorte tenha favorecido
De ser amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma doce companheira
Rejubile-se conosco!
Sim, também aquele que apenas uma alma,
Possa chamar de sua sobre a Terra.
Mas quem nunca o tenha podido
Livre de seu pranto esta Aliança!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos dá beijos e as vinhas
Um amigo provado até a morte;
A volúpia foi concedida ao verme
E o Querubim está diante de Deus
Alegres, como voam seus sóis
Através da esplêndida abóboda celeste
Sigam irmãos sua rota
Gozosos como o herói para a vitória.
Abracem-se milhões de seres!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos!  Sobre a abóboda estrelada
Deve morar o Pai Amado.
Vos prosternais, Multidões?
Mundo, pressentes ao Criador?
Buscais além da abóboda estrelada!
Sobre as estrelas Ele deve morar.

Não vou apresbiterar-me; BH, 0220602000; Publicado,: BH, 01201002011.

Não vou apresbiterar-me
Tomar ordem de presbítero nenhum
Nenhuma o que querem é só cifras
Pessoa portadora de letra de câmbio
Apresentador dalgum valor
Apresentante dalguma bolsa de dízimo
Não estou aí para ser apresentável
Não sou digno de me apresentar
Não tenho boa apresentação
Para essa ocasião de pedir cifrão
Ao me guarnecer me prender com presilhas
Ao apresilhar-me na minha timidez
Não me sinto pronto para enfrentar
O destino no meu lugar
Não vivo apressado em viver
Como o que tem pressa em respirar o ar
O acelerador imprudente sem educação
Almejo mais a ser um diligente na calma
Açodado na serenidade da tranquilidade
Urgente em não fazer nada
Precipitado em ficar parado
Dar lugar à morte ao apressador
Que vive com apresso na angústia
Aperto indevido na alma
Pressa para se chegar ao buraco
Apressurado para ser cremado o
Que se apressa para se desintegrar na
Precipitação para virar pó
Diligência para apodrecer rápido
Celeridade para reunir no nada
Prontidão para ficar em linha reta
No apressuramento que poderia
Ser evitado numa tarde serena
O aprestador do trauma apresto
Que apresta a morte pelo trauma
Apercebimento da esquizofrenia é o
Aprestamento incurável onde
Que só a morte é palpável

Não quero ser herói; RJ, 080602000; Publicado: BH, 01201002011.

Não quero ser herói
Nem vivo
Nem morto
Não quero medalhas
Nem migalhas
Nem quero condecoração
Quero apenas ter no peito
O meu próprio coração
Não quero ser soldado
Nem guarda
Nem polícia
Não quero ser militar
Quero ser um pacifista
Quero a paz
Não quero monumentos
Nem quero estátuas
Não quero o meu busto
Em praça pública
Não quero o meu nome
Em nome de rua
Não quero homenagens
De espécies algumas
O que quero mesmo
É o amor
É ver todo mundo a amar
A viver a vida em paz
Sem dever nada a ninguém
Sem ser preso a nada
Sem problema algum
Não quero ser santo
Não quero ser beatificado
Nem canonizado
Nem venerado
Não quero ser velado
Nem quero religião
Quero a realidade
O sol o dia a noite
Quero o ar a brisa
A lua as estrelas
Quero a natureza
O bem o amor
Quero o que é real

Meu sonho aprimorado; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Meu sonho aprimorado
Tornou-se num pesadelo
Todo feito sem primor
Apodreci com suma elegância
Pequei com tamanha perfeição
Que a mentira se tornou verdade
O erro totalmente perfeito
O crime ficou completo
Até hoje me acho prisioneiro
Aprisionado ao negror do passado
Encarcerado nas masmorras das sombras
Submisso ao medo à covardia
Cativo de mim mesmo
Meu aprisionador o que
Aprisiona-me ao aproamento
Contra os rochedos tenebrosos
Se fosse de abril próprio
Mesmo abrilino ou o ar aprilino
Sobreviveria a mim?
Ou continuaria no meu aproche?
No entrincheiramento para facilitar
A chegada às praças sitiadas
Investidas para me fuzilar?
Quero mais é aproejar longe do mal
Aproar no aprontamento da luta no
Preparativo para a batalha final
A prova com que termina a fase
Do exercício dum parelheiro
O exercício final para verificação
Das condições técnicas dum indivíduo
Ou dum grupo para continuar
No apronto para a defrontação
Que caiam por terra exaustos
Todos os meus membros decepados
Então me lançarei aos cães

Faças uma apropinquação de mim; BH, 022002000; Publicado: BH, 01201002011.

Faças uma apropinquação de mim
Numa aproximação física espiritual
Venhas apropinquar do meu corpo
Num aproximar de minh'alma
Que é o apropínquo da tua
Apropinquei-me apropositado de ti
Então apropinques ao vir de propósito
Que este verbo é mais usado
Na forma pronominal oportuno
Conveniente discreto
Justo por ocasião da noite
Nos fazer apropositar no amor
Acomodar nos suores nos odores
Adaptar aos cheiros aos sabores
Apropriar sem tornar-nos sisudos
Apropriados a nós dois
Útil a mim a ti
Acomodados nos braços dum doutro
Congruente proporcionado
Só Deus ser o apropriador
O que se apropria de nós
Ao mundo manteremos
A impossibilidade de fixarmos
A atenção ao mundo
A herança será a aprosexia
Sancionado só sou em ti
Admitida só tu em mim
Com louvor só a Deus a nós
Beneplácito só o recíproco
Depois de julgado bom
Habilitado aprovado
Passado repassado pelo
Crivo do aprovador com o
Visto de aprovável digno
De aprovação aproveitante
Por ser totalmente aproveitado
Utilizado de todas as maneiras
Sem ser econômico para viver
Sem ser poupado ser só proveitoso

Não sou senhor; RJ, 080601981; Publicado: BH, 01201002011.

Não sou senhor
Senhor é Deus
Está no céu
Não sou santo
Santo é Jesus
Subiu
Nunca mais desceu
Deixou este mundo
Entregue ao léu
Não quis mais saber
O que ia acontecer
Com as coisas aqui
Pobreza fome
Exploração desamor
Não sou profeta,
Não sou apóstolo
Não sou discípulo
Para predizer
O que vai acontecer
Mas se continuar assim
Não precisa ser profeta,
Não precisa ser apóstolo
Não precisa ser discípulo
Para adivinhar
Só não ver
Quem é cego
Pois o que vai acontecer
Vai estarrecer
O mais forte coração
É bom logo
Que todo mundo
Converta-se ao amor
Alimente-se de paz
Pois o amanhã
Pode não acontecer
A cada dia
Vai ficar mais feio
Este mundo imundo
Esta humanidade porca
Esta sociedade podre
Não sou senhor
Senhor é Jesus
Que foi não voltou

Dói meu coração apuado; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Dói meu coração apuado
Que tem puas trespassadas
Objetos pontiagudos o perfuraram
Está cravado de puas
Não tenho aptitude de vida
Aptidão para ser feliz
O medo que me assalta
Sobressai meu aptialismo
Na ausência de saliva na boca
Caio por ser aptério de areia
Um edifício sem colunas áptero
Inseto sem metamorfose
Desprovido de asas
Sofro por não poder voar
Por ser um aperigoto solitário
Não ando sequer aprumado
Não fico posto a prumo nem
Perfeitamente na vertical
Pareço um lagarto a rastejar
Não sou correto altivo
Homem teso decidido
Não sou o aprovisionador
Morro de fome de frio
Por não ser aquele que aprovisiona
Que come guarda
Para servir duas vezes
Não sou prevenido
Não valho por um
Quanto mais por dois
Dói meu coração chagado
Ferido em carne viva
Sangra meu coração na escada
Cercado de arame farpado
Encurralado por cardos no espinheiro
Dói meu coração dói
Quando quiser para
Que vou morrer

Não tenho ganhado para viver; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Não tenho ganhado para viver
Adquirido pelo menos para comer
Não aquisto nem para sobreviver
Como gostaria dum dia
Adquirir por minha própria conta
Ganhar por meu próprio suor
Granjear sem precisar de ninguém
Aquistar sem ajuda alheia
Minha profissão é própria
Para a aquisição de nada
Não tenho poder aquisitivo
Nem o direito do desejo aquiritivo
O desejo de aquirir alguma coisa
Adquirir algo para meus filhos
As letras que deixo
As linhas que ficam por herança
Não têm poder aquiridor
Não se adquire nada com elas
Não têm efeito adquiridor
Tudo que deixo
Para aquinhoamento
Tudo que tenho para aquinhoar
Para repartição distribuição em
Quinhões são as palavras que levo
Marcadas aqui neste papel
Nego sortes nego partilhas
Tudo de aquinhoador todos sabem
Não serve para ser aquinhoado
Partilhado por quinhão
Gratificado pago em poesia
Desde os tempos de Balzac
Toda a sociedade já corria
Dos poemas das poesias
Quanto mais provinciano aquilonal
Mais a sociedade queria aquilonar
Cada vez mais ao poeta mendigo de luz

A burguesia explora o povo; RJ, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

A burguesia explora o povo
Que paga tudo que a burguesia
Precisa os militares reprimem
O povo com as armas que
Foram compradas com o
Dinheiro do povo a elite com
Os políticos enganam o povo
Mentem iludem passam o povo
Para atrás o governo despreza
O povo que paga suas mordomias
Suas viagens orgias suas festas
Banquetes bacanais a sociedade
Discrimina o povo a minoria
Privilegiada tem tudo de bom
Do melhor que o povo não tem
Ninguém quer saber do povo
Massacram exploram exterminam
Torturam prendem assassinam
Expulsam banem exilam
Cassam matam isolam
Os verdadeiros reais
Representantes dos interesses
Do povo são degredados
São suicidados os defensores
Do povo são fuzilados às
Escondidas o povo é
Desrespeitado humilhado
Pisado passam por cima do
Povo como se passassem
Sobre um cadáver podre
Ou em decomposição mas o
Povo não está morto quando
Chegar a hora do povo exigir
Tudo que tem direito quero
Ver a cara da burguesia dos
Militares dos políticos
Do governo dos governadores
Quero ver a cara dos exploradores
Capachos das multinacionais

Foi o branco que só soube o que fazer; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Foi o branco que só soube o que fazer
Para aquilombar-se o negro reunir em
Quilombo os escravos fugitivos da
Escravidão vergonhosa a história nos
Passa que o nosso herói foi Domingos
Jorge Velho quando na verdade o nosso
Herói foi é será o Zumbi dos Palmares
O aquilombado não estava preparado
Para lutar contra aqueles que o tornavam
Um refugiado até hoje a história do negro
Continua a mesma coisa em quase todo o
Mundo inteiro não mudou muita coisa a
Situação na África toda criança sofre de
Aquilia de falta dum sabor de comida nos
Lábios sofre de ausência de deficiência de
Quilo de gástrica também com a ineficiência
Do suco gástrico por inexistência de ácido
Clorídrico pois não tem o que comer o
Estômago não tem utilidade não existe
Comida para enchê-lo os lábios também
São inúteis não servem para beijar nem
Para serem beijados pois não existe
Amor entre os povos a criança africana
Não serve nem para levar a vida duma
Aquilégia a planta ornamental da família
Das Ranunculáceas que pelo menos
Servem para ornamentar as crianças
Africanas só servem para morrer sofrer
Violências? até quando meu Deus? o único
Aquilatador da África Nelson Madiba
Mandela que é aquele que aquilata que
Realmente valoriza o povo africano passou
Parte da vida na prisão injustamente só por
Lutar pelo povo africano para que não fosse
Mais o vegetal aquifoliáceo da aquifoliácea
Espécime da família de plantas dicotiledôneas
Dialiopétalas a que pertence o mate para ser
Então o mais importantes da africana nação

Sei que sou um ser aquietador; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Sei que sou um ser aquietador
Pelo menos superficialmente aquieto
Minh'alma pacifica meu ser
Meu espírito tranquiliza minha mente
Pelo menos superficialmente
Parece que tudo aquieta-se em mim
Corro atrás duma aquietação
Um apaziguamento que me faça
Aquietar-me em mim
Uma pacificação profunda
Aquiescente de íntima
Que aquiesça no meu ego
Ao impedir o grito de socorro
Aqui-del-rei do meu trauma
Correspondido pela polícia
Acudam aqui os guardas del-rei
Que a violência o medo
A covardia a traição
Assomaram em cada coração
Para fugir disso vou sair da terra
Criar multiplicar animais
Plantas aquáticas numa aquicultura
Num novo planeta onde serei um
Aquícola um ser que vive na água
Aqui do latim aqua o elemento de
Composição o mesmo que aquo
Mas no meu leito o Aqueronte
Barqueiro do rio do Inferno
Não navegará sua barca
O rio dele é de lava de enxofre
O meu será de água cristalina
Pura de manancial preciso
Acostumar-me como o animal
Desse determinado lugar que não é
O de seu pouso habitual ou de seu
Nascimento ou a determinada
Campanha vou habituar-me a esse
Certo lugar a viver com outrem
Aquerenciar-me para melhorar minha vida

As multinacionais dominam; RJ, 080601981; Publicado: BH, 01201002011.

As multinacionais dominam
Controlam este país
De cabo a rabo
As multinacionais mandam
Desmandam usam
Abusam exploram
Poluem fazem o que
Querem pintam o sete
Borrocam o oito
Nas presidências
Desses monstros estrangeiros
Existem os entreguistas
Os testas de ferro,
As eminências pardas
Os chamados brasileiros
Que nasceram no Brasil
Mas não amam
A terra onde nasceram
Os generais sedentos
De dinheiro de poder
Que vendem a própria alma
Os vendilhões traiçoeiros
Que entregam o país
Suas reservas de riquezas
Às multinacionais
Aos estrangeiros
Que pagarem mais
Fora com esses falsos brasileiros
Esses terroristas conscientes
Esses generais decadentes
Sem guerras batalhas vitórias
Em fim de carreira
Fora com as multinacionais
Com as fábricas poluentes
Com a exploração do operariado
Temos que lutar
Pela nacionalização
Pela conservação
Das nossas riquezas reservas
Temos que lutar
Contra esses monstros
Por nossa liberdade de emancipação
Abaixo os entreguistas
Os testas de ferro
Abaixo as multinacionais
Suas eminências pardas
Quintas colunas

Aquerencio porque sou não nego; BH, 0220602000; Publicado: BH, 01201002011.

Aquerencio por que sou não nego
Um aquerenciador quero que
Também aquerencies a tua vida
Sejas um aquerenciado o animal
Acostumado que aquerencia a
Um lugar ou a viver com outros
Animais como uma égua madrinha
Com a qual se acolhera outro animal
Para ser aquerenciado por ela que
É a aquerenciadeira cautelosa
Num terreno aquoso
Muito abundante em áqueo
Um simples aquentamento
Uma pequena ação de aquentar
O aquence da cidade de Aix
Natural habitante de França
No período geológico proposto
Por Drumond no terreno de areias
Brancas o fruto das compostas
Fruto seco simples apócarpico
Aquênio indeiscente cujo pericarpo
Adere à semente num só ponto
Comportas até arranjar uma flor
Fazer um botão desabrochar
Atinar com a luz nas pétalas
Aquelar com os raios do Sol
Ao chegar a tarde aquedar
Tornar quedo sossegado
Nos braços da mulher amada
Quedar no corpo dela
Aquietar-se com seus beijos
Acomodar-se com suas carícias
Ver o que se pode aquecer
Com o fluxo do sangue venoso
Que flui do seu coração
Ter o peito aquecível
Do amor não abrir mão
Aquartelado no seio da prisão
Alojado como em quartéis
Dividido em mil amantes
Numa noite só

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Paulo Mendes Campos, Litogravura; BH, 01001002011.

Eu voltava cansado como um rio.
No Sumaré altíssimo pulsava
A torre da tevê, tristonha, flava.
Não: voltava humilhado como um tio
Bêbado chega à casa de um sobrinho.
Pela ravina, lento, lentamente,
Feria-se o luar, num desalinho
De prata sobre a Gávea de meus dias.
Os cães quedaram quietos bruscamente.
Foi no tempo dos bondes: vi um deles
Raiar pelo Bar Vinte, borboleta
Flamante, touro rútilo, cometa
Que se atrasa no cosmo e desespera:
Negra, na jaula em fuga, uma pantera.
Passei a mão nos olhos: suntuosa,
Negra, na jaula em fuga, ia uma rosa.