quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 26; BH, 0801202011; Publicado: BH, 03101002012.

Vinde a mim ó mestres das letras
Das palavras magos sacerdotes
Papas dos vocábulos das expressões
Idiomáticas chaveiros dos portais
Dos mananciais das luzes da sabedoria
Vinde a mim ai pássaro sombrio bruxo
Que voas nas noites mais escuras o
Quê procuras em mim? vinde a mim
Meninos de rua mendigos de todas
As esquinas pobres que são proibido
De entrar nas igrejas vinde a mim
Ó deuses que não encontrais
Altares no meio da opulência
Da volúpia da luxúria vinde a
Mim todos os fiéis sem deuses
Santos sem milagres bacantes sem
Baco beberei do vinho da uva
Sagrada comerei da carne
Do carneiro mais nobre a parte
Mais tenra assada em fogo brando
Beberei do leite integral das ovelhas
Vinde a mim ó rebanhos atormentados
Guardarei no aprisco a melhor
Lã tosquiada dos melhores cordeiros
Silêncio não quero ouvir balidos
É madrugada de noite alta
Não quero ouvir latidos de cães
Caçadores a farejar as presas
Nas correntes de ar fechais as
Portas os portais os portões
Abrais as janelas dos casarões
Dos castelos das virgens castelãs
Pisais nos chãos com as solas dos
Vossos pés amparais as lamparinas
Adiante dos caminhos adiante
A jornada da peregrinação é longa

Patagônia, 927, 24; BH, 0801202011; Publicado: BH, 03101002012.

Um movimento de concerto de sinfonia
De orquestra filarmônica um toque de
Harpa um solo de violoncelo um verso
De poema épico dum clássico imortal
Um sopro jazzístico dum saxofone negro
Dum clube nova-iorquino um tropel de
Trompa numa cena dum filme de cinema
De quando o cinema era cinema o filme
Era filme a sinfonia a que foi trilha
Sonora do filme Morte em Veneza do
Livro de Tomás Mann Tomás Mann
Gerald Thomas Berthold Brecht a
Humanidade além do bem do mal o
Gozo o orgasmo a apoteose depois dum
Grande ato o meu país o Brasil uma
Democracia que poderia ser exemplo
Referência paradigma para todas as
Demais nações do mundo patina a arte
Inda quando a arte era arte nos museus
De Belas Artes seria hoje meu estado
De Minas Gerais totalmente livre dos
Nefastos políticos demotucanos suas
Políticas neoliberais a minha cidade de
Teófilo Otoni o meu Rio de Janeiro
Livres da violência que enfumaça a
Cidade Maravilhosa meu morro
Corcovado meu Cristo Redentor
Minha Amazônia que deveria ser
Intocável juntamente com seus índios
Sou rico bilionário tudo isso é meu;
Sou do universo o universo sou eu
Poeta inveterado não tomo jeito
Bardo bêbado com gesto de insano
Iluminado com vestígios de lucidez
História arte que minha avó contava
Ensinou era uma vez assim que começava

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Viradouro, 1992; BH, 02901002012.


O Sol brilhará,
Surge a estrela guia
E sobre a proteção da Lua (bis)
Canta Viradouro
Que a sorte é sua
Uma estrela brilhou, brilhou
Brilhou, brilhou, brilhou,
Tão cintilante
Que, os magos, iluminou.
Será, será o novo Sol do Amanhã? Do Amanhã.
O arco-íris da aliança
Que não se apagará.
Vem do Oriente com sua arte de criar,
Na palma da mão lê a sorte
Com a magia do seu olhar.
Chegando ao Velho continente
A marca da desilusão,
Castigo, degredo, açoite,
Por que tanta discriminação?

A cada passo, a poeira levanta do chão.
Ferreiro, feiticeiro, bandoleiro (bis)
A liberdade é sua religião.

E vem chegando o dono desse chão.
No berço a mão do menino
Abriu-se ao destino,
Eis a Nova Canaã.
Ê, ê cigano,
Bandeirante em busca de cristais,
Canta, dança, representa,
Dá vida a nossos laços culturais.
Cigano rei, mineiro iluminado
O mundo não vai esquecer,
Plantou no solo brasileiro
A realização do amanhecer.
É uma Nova Era, ô ô
A Magia da Sorte chegou.

O Sol brilhará,
Surge a estrela guia
E sobre a proteção da Lua (bis)
Canta Viradouro
Que a sorte é sua

Império Serrano, 1982; BH, 02901002012.


Bum, bum paticumbum prugurundum
O nosso samba minha gente é isso aí 
Contagiando a Marquês de Sapucaí
Enfeitei meu coração
De confete e serpentina
Minha mente se fez menina
Num mundo de recordação
Abracei a Coroa Imperial
Fiz meu Carnaval
Extravasando toda minha emoção

Oh! Praça Onze, tu és imortal
Teus braços embalaram o samba
A tua apoteose é triunfal

De uma barrica se fez uma cuíca
De outra barrica um surdo de marcação
Com reco-reco, pandeiro e tamborim
E lindas baianas
O samba ficou assim (bis)

E passo a passo no compasso
O samba cresceu
Na Candelária construiu seu apogeu
As burrinhas que imagem, para os olhos um prazer
Pedem passagem pros Moleques de Debret
"As Africanas", que quadro original
Yemanjá, Yemanjá enriquecendo o visual
(Vem meu amor...)

Vem meu amor
Manda a tristeza embora
É carnaval, é folia
Neste dia ninguém chora (bis)

Super Escolas de Samba S/A
Super-alegorias
Escondendo gente bamba
Que covardia!

Bum, bum paticumbum prugurundum
O nosso samba minha gente é isso aí
Contagiando a Maquês de Sapucaí

domingo, 28 de outubro de 2012

Portela, Contos de Areia; BH, 02801002012.



Bahia é um encanto a mais
Visão de aquarela
E no ABC dos Orixás
Oraniah é Paulo da Portela
Um mundo azul e branco
O deus negro fez nascer
Paulo Benjamim de Oliveira
Fez esse mundo crescer (okê-okê)

Okê-okê, Oxossi
Faz nossa gente sambar (bis)
Okê-okê, Natal
Portela é canto no ar

Jogo feito, banca forte
Qual foi o bicho que deu?
Deu águia, símbolo da sorte
Pois vintes vezes venceu

É cheiro de mato
É terra molhada (bis)
É Clara Guerreira
Lá vem trovoada

Epa hei, Iansã! Epa hei! (bis)

Na ginga do estandarte
Portela derrama arte
Neste enredo sem igual
Faz da vida poesia
E canta sua alegria
Em tempo de carnaval

(Ê Bahia...)

sábado, 27 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 23; BH, 0801202011; Publicado: BH, 02701002012.

Um tiro calou-me pela culatra
Pensei que era uma mulata
Era uma travesti ingrata um
Solo de piano acordou-me fez-me
Levitar levou-me nas ondas dos ventos
Serenos orvalhados como as águas
Mais profundas do fundo do oceano
Veio do mar para mim uma
Miragem chegou junto com os
Fantasmas da noite os ectoplasmas
Da madrugada um grito fez-me
Ecoar pelas pradarias bati de
Rocha em rocha a pensar que
Era uma porta nas falésias
Gestei faunos entes mitológicos
Habitantes espirituais de florestas
Africanas no entorno de mim
Johann Sebastian Bach Ludwig
Van Beethoven um Heitor Villa-
Lobo, heio de Bachianas Brasileiras,
Bacanas a rodear-me com as baianas
Das Escolas de Samba dos acarajés axé
Meu pai Preto Velho meus tios mortos
Anônimos Antônios minha missão é
Dar-lhes nomes em todos os nomes com
Sobrenomes o universo minhas avós
Indígenas de tribos extintas em
Nome do progresso da civilização até
Da religião que pecado sem tamanho?
Meu John Lennon neste dia sagrado
Ao ser assassinado por um robô
Humano da CIA do FBI quero
Reverenciar a ti os USA não têm
Homens bombas mas têm robôs
Humanos a matar seus não
Simpatizantes em qualquer
Parte do mundo

domingo, 21 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 22; BH, 02101002012; Publicado: BH, 02101002012.

Fenômeno da escrita? mas o que
Posso fazer não nasci para fenômeno
Sim gosto de escrever gosto de
Pensar escrever de pensar que escrevo
Poeta bardo trovador escritor?
Fenômeno não jogador no banco de
Reservas na regra três goleador
Bissexto só de vez em quando marco
Um golzinho qualquer pensamento
Satisfaz-me mata o meu desejo
Aplaca a minha fome pena não
Poder ser artilheiro vibrar a dar
Socos no ar ou correr a mandar
Beijinhos acenos gestos para a
Torcida a torcida dos amantes da
Escrita é pequena discreta fria
Comportada não faz alarido brigas
Rivalidades rixas violências
Mortes paixões o time dos amantes
Das escritas perderá sempre por
Amplos placares com derrotas vergonhosas
Aonde andam os ventos meus amigos
Companheiros que inda não vieram
Dar-me as boas-vindas? onde se escondem
Todos? por qual brecha escaparam?
Foram às estrelas? dispersaram-se pelo
Universo? aonde correram esses vagabundos
Das noites das madrugadas? esses
Notívagos boêmios cantantes gementes?
Assobiadores uivadores imitadores de
Legião? em que canil vão esses cães
Esses cachorros que não latem mais?
Esses galos de briga valentes cacarejadores
Cantadores dominadores de terreiros terrenos
Territórios? quem aprisiona esses
Gladiadores fenomenais?

Patagônia, 927, 20; BH, 02101002012; Publicado: BH, 02101002012.

Algumas linhas perpendiculares retas
Tangentes sinuosas circulares paralelas
Preciso emaranhar-me nelas prender-me
Confundir-me ou esclarecer-me no raio
Preciso dalgumas linhas contínuas cordas
Intercaladas inclinadas pois as letras
Perseguem-me as palavras arrebatam-me
Frases sentenças orações períodos
Abduzem-me preciso de figuras objetos
Coisas formar uma polêmica uma boa
Intriga ou uma confusão não existo sem
As obras literais arteriais mananciais
Lineares reais não tenho mais como
Postergar procrastinar tenho que
Prender-me nestas barras para poder
Libertar-me não a mim mas ao meu ser
Ao meu ente meu espírito alma
Preciso me prender para libertar todos
Que ocupam as moradas dentro de mim
Letras me inquietam palavras me
Transtornam tormentos atrás de
Tormentos tempestades após
Tempestades ventanias através de
Ventanias passo a estes papéis
Lapidares estas pedras tubulares
Os pensamentos preciosos os
Semi preciosos amarrados nas linhas
Do meu interior notícias fatos boatos
Livros poemas poesias odes elegias
Compõem-me nas minhas estruturas
Subterrâneas querem vir à tona
Depois de milênios de gestação no
Infinito do carvão atômico que me
Sustenta mais raros caros do que
Petróleo diamante platina ouro
Urânio enriquecido dou-vos
Com prazer, estes meus tesouros

Babilack Bah, TrânsitodasCabeças; BH, 021001002012.

Asovelhascabeçascabeçascabeçascabeçascabeças
trEstãoatarantadasatarantadasatarantadasatarantada
tranacabeçascabeçascabeçascabeçascabeçabeçasca
tremMesmaatarantadasatarantadasatarantadasataran
tramaEstradacabeçascabeçascabeçascabeçascabeça
transeAtarantadasatarantadasatarantadasatarantadas
trânsitoPorémcabeçascabeçascabeçascabeçascabeç
íransiçãoNãoatarantadasatarantadasatarantadasatar
transitorEstãocabeçascabeçascabeçascabecabeçasca
transexistoNaatarantadasatarantadasatarantadasatara
transposiçãoMesmacabeçascabeçascabeçascabeças
transgressãoViagematarantadasatarantadasatarantada
transmutaçãoAcaminhodomarcabeçascabeçascabeças
                     (Emmemóriadaságuas).

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, Que lindos olhos; BH, 02101002012.

Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito agiota!
Santo Deus, que entroncamento esta vida!

Tive sempre, feliz ou infelizmente, a sensibilidade humanizada,
E toda a morte me doeu sempre pessoalmente,
Sim, não só pelo mistério de ficar inexpressivo o orgânico,
Mas de maneira direta, cá do coração.

Como o sol doura as casas dos réprobos!
Poderei odiá-los em desfazer no sol?

Afinal que coisa a pensar com o sentimento distraído
Por causa dos olhos de criança de uma criança...

Tomás Antônio Gonzaga, Lira XXVII; BH, 02101002012.

O destro Cupido um dia
Extraiu mimosas cores
De frescos lírios e rosas,
De jasmins, e de outras flores.

Com as mais delgadas penas
Usa de uma, e de outra tinta,
E nos ângulos do cobre
A quatro belezas pinta.

Por fazer pensar a todos
No seu liso centro escreve
Um letreiro, que pergunta:
"Este espaço a quem se deve?"

Vênus, que viu a pintura,
E leu a letra engenhosa,
Pôs por baixo "Eu dele cedo;
"Dê-se a Marília formosa".

Tito Júlio Fedro, A mulher parturiente; BH, 02101002012.

Ninguém retorna de bom grado para o lugar onde se feriu.
Uma mulher, vencidos que foram os meses, prestes a
Dar à luz, sofria, estirada no chão.
Seu marido insistia para que
Retornasse ao leito e (ali) findasse o trabalho de parto.
"Não", respondeu ela, "onde o sofrimento começou
Não confio que (ali) possa terminar."

Pierre de Ronsard, O ramo que vos dou; BH, 02101002012.

O ramo que vos dou a minha mão
Entrelaçou com as flores mais garridas.
Se não fossem ao pôr-do-sol colhidas,
Amanhã jazeriam pelo chão.

Que este exemplo vos sirva de lição:
As nossas seduções, hoje floridas,
Muito em breve estarão emurchecidas
E, iguais à flor, em breve morrerão.

Foge o tempo, Senhora, não perdura.
Meu Deus! O tempo não, mas nós mortais,
Que vamos logo estar na prefeitura.

E desse amor que, agora, em nós palpita,
Ao morrermos, ninguém se lembra mais:
Amai-me, pois, enquanto sois bonita.

Mário Quintana, A Canção; BH, 02101002012.

Era a flor da morte
E era uma canção...

Tão linda que só poderia ler dançando

E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que
[Estavam mergulhadas as suas raízes...

Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do
[Silêncio

Onde a morta jazia com os seus cabelos esparsos
Com os seus dedos sem aneis
Com os seus lábios imóveis imóveis

E que talvez houvessem desaprendido para sempre
Até as sílabas com que outrora pronunciavam
[Meu nome...
Onde a morta jazia, na sua misteriosa ingratidão!

Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia...

Nietzsche, Há um instinto; BH, 02101002012.

Há um instinto pela categoria que,
Mais que qualquer outra coisa, já
É o indício de uma classe superior;
Há um prazer pelas gradações de
Respeito que permitem adivinhar
A origem e os hábitos nobres.
A delicadeza, o valor e elevação
De uma alma se encontram submetidas
A dura prova quando passa, diante
Dessa alma, alguma coisa que é de
Primeira ordem, mas que não é ainda
Preservada dos ataques importunos e
Grosseiros pelo medo que a autoridade
Inspira; alguma coisa que segue seu
Caminho, que não leva ainda selo,
Alguma coisa de inexplorado, de sedutor,
Talvez velado e disfarçado voluntariamente,
Como se fosse uma viva pedra de toque.
Aquele que tem o dever e o costume de
Sondar as almas se servirá das formas
Múltiplas dessa arte para determinar o
Valor definitivo de uma alma, sua posição
Hierárquica inata e inabitável; ele a
Submeterá à prova para determinar seu
Instinto de respeito.
Diferença gera ódio: a vulgaridade de
Certas naturezas irrompe à luz como a
Água suja quando um cálice surrado,
Uma joia preciosa saída do mistério de
Um escrínio ou um livro marcado com
O selo de um grande destino passam à
Luz do dia; e, por outro lado, há um
Silêncio involuntário, uma hesitação no
Olhar, uma imobilidade nos gestos que
Demonstram que uma alma sente a
Aproximação de algo digno de veneração.
O modo pelo qual o respeito pela Bíblia
Foi geralmente mantido até o presente na
Europa é talvez o melhor elemento de
Disciplina e de refinamento dos costumes
Que a Europa deve ao cristianismo.
Livros de tal profundidade e de uma
Importância tão suprema têm necessidade
Da tirania de uma autoridade que vem de
Fora para chegar assim a essa duração de
Milhares de anos, indispensável para
Tomá-las e compreendê-los inteiramente.
Foi dado um grande passo quando se
Decidiu inculcar às grandes massas (aos
Espíritos superficiais que têm digestão
Rápida) esse sentimento de que é proibido
Tocar em tudo, que há eventos sagrados
Em que elas não têm acesso a não ser
Tirando seus calçados e aos quais não é
Permitido tocar com mãos impuras - é
Talvez o ponto mais elevado de humanidade
Que possam atingir.
Pelo contrário, nada é tão repugnante nos
Seres chamados instruídos, nos seguidores
Das "ideias modernas", que sua falta de
Pudor, sua insolência familiar do olho e da
Mão que os leva a tocar tudo, a provar de
Tudo e a segurar tudo: talvez hoje no povo,
Sobretudo nos camponeses, haja mais
Nobreza relacionada ao gosto, mais
Sentimento de respeito do que nesse meio
Mundo de espíritos que lêem os jornais,
Nas pessoas instruídas.

Mario Quintana, Pequeno Poema de Após chuva; BH, 02101002012.

Frescor agradecido de capim molhado
Como alguém que chorou
E depois sentiu uma grande, uma quase envergonhada alegria
Por ter a vida
Continuado...

Mario Quintana, Noturno III;
Publicado: BH, 02101002012.

Um cartaz luminoso ri no ar
E mais outro... e mais!...
Ó Noite, ó minha nega
Toda acesa
De letreiros,
Já pensaste como ainda serias linda
Muito mais
Se nós, os poetas, não soubéssemos ler?

Casimiro de Abreu, Juramento; BH, 02101002012.

Tu dizes, ó Mariquinhas,
Que não crês nas juras minhas,
Que nunca cumpridas são!
Mas se eu não te jurei nada,
Como hás-de tu, estouvada,
Saber se eu as cumpro ou não?

Tu dizes que eu sempre minto,
Que protesto o que não sinto,
Que todo o poeta é vário.
Que é borboleta inconstante;
Mas agora, neste instante,
Eu vou provar-te o contrário.

Vem cá! - Sentada a meu lado,
Com esse rosto adorado,
Brilhante de sentimento,
Ao colo o braço cingido,
Olhar no meu embebido,
Escuta o meu juramento.

Espera: - inclina essa fronte...
Assim!... - Pareces no monte
Alvo lírio debruçado!
 - Agora, se em mim te fias,
Fica séria, não te rias,
O juramento é sagrado.

"- Eu juro sobre estas tranças
"E pelas chamas que lanças
"Desses teus olhos divinos,
"Eu juro, minha inocente,
"Embalar-te docemente
"Ao som dos mais ternos hinos!

"Pelas ondas, pelas flores,
"Que se estremecem de amores
"Dá brisa ao sopro lascivo;
"Eu juro, por minha vida,
"Deitar-me a teus pés, querida,
"Humilde como um cativo!

"Pelos lírios, pelas rosas,
"Pelas estrelas formosas,
"Pelo sol que brilha agora,
"Eu juro dar-te, Maria,
"Quarenta beijos por dia
"E dez abraços por hora!"

O juramento está feito,
Foi dito co'a mão no peito
Apontando ao coração:
E agora - por vida minha,
Tu verás, ó moreninha,
Tu verás se cumpro ou não!...

Manuel Bandeira, Tu que me deste o teu cuidado... BH, 02101002012.

Tu que me deste o teu carinho
E que me deste o teu cuidado,
Acolhe ao peito, como o ninho
Acolhe o pássaro cansado,
O meu desejo incontentado.

Há longos anos ele arqueja
Em aflitiva escuridão.
Sê compassiva e benfazeja.
Dá-lhe o melhor que ele deseja:
 - Teu grave e meigo coração.

Sê compassiva. Se algum dia
Te vier do pobre agravo e mágoa,
Atende à sua dor sombria:
Perdoa o mau que desvaria
E traz os olhos rasos de água.

Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda a minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.

E foi melhor nunca a ter dado:
Em te pungindo algum espinho,
Cinge-a o teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho.
E sentirás o meu cuidado.

Llewellyn Medina, A última sessão do Estação Paissandu, O GLOBO, 24.08.08; BH, 02101002012.

Meninos, estive lá, em priscas eras
Eram aquelas em que sentávamos no chão
(Não havia suficientes poltronas)
E tome Godard
E tome Truffaut
E tome Buñuel...
(Havia uma cena em que o rebanho de carneiro
Atravessava a praça vazia...)
Meu Deus!
O que pode fazer um rebanho de carneiros
Ao atravessar uma praça vazia?

Conversas sem fim
Sem pé nem cabeça
(Ah! esse delírio intelectual-carioca!)
Como é possível tantos sábios e filósofos
Em tão exíguo espaço?

E não se esqueça dos poetas
Todos (ou quase) eram poetas
"Faz escuro mas eu canto
Porque outra manhã vai nascer".

Cada um tinha seu Neruda
Seu Garcia Lorca
Mas quem reinava soberano era Drummond.
"Estou atrasadíssimo nos gregos
Não conheço os anais de Assurbanipal..."

Sim
Era o cinema Paissandu
Que a cada dia
Inaugurava uma noite imemorial
Pois - meus amigo - "believe or not" -
Ali pertinho tinha o Lamas
O chope do Lamas
O filé do Lamas
(A entrada parecia disfarçada por bancada de frutas...)
Dá pra entender?
Você vai ao Lamas
Mas parece que entra na Cobal!

E lá dentro a sessão Paissandu continua
Quantas utopias foram construídas?
Quantas batalhas ganhas?
Quantos sonhos quixotescamente sonhados?
(Como é propício aos jovens...)

Ah! tinha o Otto Maria Capeaux
Tinha o Correio da Manhã
Tinha o JB
E a ditadura rosnava em volta...

Mas quem a temia, exceto todos?
Quem seria capaz de derrotar
Aquele exército de brancaleones?

Um dia passou "Belle de Jour"...
Por que a natureza inventou Catherine Deneuve?
Por que Morais Moreira foi descobrir a "Belle de Jour"
Na praia de Boa Viagem?
A primazia era do Paissandu
Pois foi no Paissandu a descoberta

Dali é que "Belle de Jour" ganhou o mundo
Por isso consinto em que Morais Moreira
Tenha visto passear por aquelas distantes praias
(Todas as praias longe de Ipanema são distantes)
Aquela deidade que o Paissandu nos revelou
(Naquele dia houve porres homéricos no Lamas).

Hoje
Leio o aviso fúnebre:
O Paissandu morreu.
Quiseram celebrar missa de sétimo dia
A um real por cabeça
Mas equivocam-se aqueles que querem se despedir
Os sonhos não morrem
São eles que guardam o elixir da juventude
São eles que me fazem evocar nesta crônica
A última sessão de cinema
Do Cinema Paissandu.

Nietzsche, Ciúme dos Solitários; BH, 02101002012.

Entre as naturezas sociáveis e as naturezas solitárias,
Há esta diferença (admitindo que ambas tenham espírito):
As primeiras ficam satisfeitas ou quase com uma coisa,
Qualquer que seja,
A partir do momento em que descobriram em seu espírito
Uma nuance feliz e comunicável a respeito -
Isso as reconcilia com o próprio diabo!
As naturezas solitárias,
Pelo contrário,
Encontram em qualquer coisa um prazer silencioso ou
Ela lhes causa uma dor silenciosa,
Detestam a exposição espiritual e brilhante de seus
Problemas íntimos, bem como detestam para sua
Bem-amada uma maquiagem muito rebuscada:
Olham-na então de maneira melancólica como se
Suspeitassem que quisesse agradar a outros!
Esse é o ciúme que todos os pensadores solitários,
Que todos os sonhadores apaixonados,
Conservam perante o espírito.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Empresarial Nicolau Jeha, 5; BH, 01001002012; Publicado: BH, 01501002012.

Gratidão? o povo não tem gratidão? ou é
Ingrato por natureza? o povo preferiu
Barrabás preteriu Jesus Cristo não é
Qualquer um que agrada ao povo o povo é
Difícil até se deixa manipular pelas forças
Nefastas pelos membros pernósticos
Pronósticos prognósticos do PIG do
Partido da Imprensa Golpista se se pode
Chamar a mídia no Brasil de imprensa o
Povo acompanha os energúmenos arautos
Mentecaptos que servem ao PIG a seus
Componentes operadores os calunistas
Dos jornalões os colonistas das revistonas
Que imaginam-se imprensa repito são nefastos
Pernósticos nocivos imperialistas profetas do
Caos porta-vozes destiladores de preconceitos
Intolerâncias raivas ódios o PIG está cheio desses
Muito bem pagos através de Miriam Leitão
Ou Miriam Pigão segundo PHA o Augusto
Sancho Pança do PIG Nunes Ricardo Chucky
Brinquedo Assassino Noblat Arnaldo Jabor
Reinaldo Azevedo Merval Pereira Elio
Múltiplos Chapéus Gaspari segundo PHA
Dora Kramer Ali Kamel não somos racistas
Segundo PHA alguns blogueiros limpinhos
Âncoras amestradas da REDE GLOBO
DELENDA ESSA PORRA DE GLOBO o
Papel desses serventuários é proteger
Demotucanos acobertar seus crimes não
Cobrar nada deles divulgar com todo
Sensacionalismo os erros do PT do
Partido dos Trabalhadores desmoralizar
Seus líderes ignorar completamente os
Deslizes dos líderes demotucanos com
Suas Privataria Tucana Lista de Furnas
Compra de votos na reeleição do pior
Presidente do Brasil FHC vulgo Fernando
Henrique Cardoso o STF o Supremo
Tribunal Federal tão complacente co
Daniel Dantas Abdelmassif Cacciola
Muitos outros porém implacável na
Condenação dos líderes do PT sem
Provas o povo é ingrato? mas a justiça
Um dia será feita no Brasil de modo
Imparcial o povo saberá reconhecer
Quem é que está do seu lado na luta
Pelo futuro de liberdade

sábado, 13 de outubro de 2012

Empresarial Nicolau Jeha, 8; BH, 01201002012; Publicado: BH, 01301002012.

Quando meu corpo baixar à sepultura meu
Espírito pairar sobre as águas minh'alma a
Vagar pela terra levada pelo vento como um
Pedaço de molambo um farrapo esfiapado
De fato velho ou já for um fado entristecido
Nalgum rincão do além vós letras reais vós
Palavras d'ouro vós filhos filhas da minha
Voz muda ficareis por aqui a recontar esta
Saga maldita a terra que envolverá meu
Corpo cadáver não será terra de lavoura
Fértil substanciosa será uma terra tórrida
Tostada sem seivas que asfixia as raízes as
Sementes não vingam secam ante de brotar
O ser passará a ser o que antes não era ser
As poesias esquecidas nas catacumbas os
Poemas aprisionados nas masmorras as
Elegias as que cada cemitério esconde em
Suas reentrâncias em vida não cantei uma
Ode com potência de tenor com singeleza
De aedo em vida não celebrei a alegria não
Fui uma nau triunfal um castelo no pícaro
Duma encosta a certeza que habitava meu
Coração era a de ter a tristeza por companhia
Porém tenho uma carta na manga sou um
Jogador facínora trapaceiro escondo cartas
Nas mangas desleal desonesto para ganhar
O jogo da vida quando pensam que bateram
Dou um sorriso de bandido olho de soslaio
Puxo uma de vós de preferência d'ouro
Quando notam que usei de deslealdade
Para ganhar o salão virá uma escória só
Não sabiam que sois o meu trunfo a
Resgatar a registar a minha história

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tereza Mota Valadares, 190, 8; BH, 02201102011; Publicado: BH, 01101002012.

Minha mente hoje não quer nada
É uma mente biográfica num
Cérebro esquizofrênico por mais
Que faça-a querer alguma coisa
Reluta de volta não quer jogar
Não querer coisa alguma a
Esquizofrenia não a deixa a
Querer uma obra-prima
Teima então na obra morta
Fica feliz ao embriagar-se de
Vinho fica contente ao ficar
Bêbada de cerveja depois
Eufórica ao encharcar-se de álcool
No dia seguinte esperneia-se
De depressão quer se matar
Não quer se matar nem
Sabe o que quer é uma peneira
Vaza tudo por todos os lados
Afunda nos rios mais rasos
Fica presa no lodo do fundo
Dos lagos na lama dos pantanais
Minha mente hoje está demente
Tumultuada comeu não sei
O que que lhe causou má digestão
A azia ataca o seu organismo
Só o cansaço resiste em não
Abandoná-la faz-lhe companhia
À preguiça que a paralisa
Parece querer dormir mas não
Há lugar para repousar a cabeça
Não há lugar para mente na
Minha mente a doença a degenera
Fica sem opção de existir
Cochila dorme vive na letargia
É uma aliá presa pelo minotauro
Dos labirintos cerebrais

Tereza Mota Valadares, 190, 7; BH, 02201102011; Publicado: BH, 01101002012.

Obtusamente de olhar oblíquo pensamento obsoleto
Tenta sobreviver mas é a semente que o semeador
Lançou nas pedras nos espinheiros nos áridos
Areais regado por chuva ácida tem a pele
Arrancada a carne viva exposta é escalpelado o
Corpo arrebatado para alimentar a matilha debate
Por modernidade luta por evolução o conturbado
Espírito a alma penada o ser indignado a sombra
Na treva o ente acorrentado não deixam o
Ressequido pensamento navegar em águas de
Serenidade afoga-se nas lágrimas sulfurosas
Perde os músculos os nervos as fibras o
Filamentos nos escuros escolhos dos recifes
Cortantes ao luar emanado da face da lua o
Esqueleto de marfim como se fosse escultura
Esculpida em mármore de linha nobre surfa entre
Tubos tubulações das ondas dos mares
Encapelados rejeitado por todas as mentes sem ser
Adotado por qualquer outro pensamento é o filho
Bastardo pródigo o defeito que todos querem
Esconder o aleijão que não há disfarce que encubra
Como grave moléstia monstruosa deformidade
Abre cavidades no intuito dum dia encontrar
Abrigo a caverna a gruta o útero de gestação não
Há nada nele que se pode crer não há letras
Palavras nem som nem o mais cristalino espelho
O reflete o mais sensível equipamento capta
Alguma vibração deste bizarro pensamento
Embrenhado nos meandros da imaginação

Tereza Mota Valadares, 190, 6; BH, 030902011; Publicado: BH, 01101002012.

Se acaso alguém me perguntasse
O que mais gosto de fazer na
Vida responderia sem pensar
De pensar de ser cognitivo
Livremente de pensar como um
Livre pensador com conhecimento
De causa sem duvidar acreditar
Naquilo em que meu pensamento
For completo não existe nada
Melhor do que refletir fazer da
Reflexão o pão de cada dia
Gosto de imaginar meditar
Deixar a imaginação me levar
Por mundos nunca dantes
Conhecidos por outras imaginações
Gosto sim de pensar como a luz
Dispersa em todas as direções
Sentidos gosto de reverberar da
Mesma maneira do som é por isso
Que sou atraído pelas madrugadas
Nas madrugadas os pensamentos
Vicejam florescem não murcham
Nem secam à tarde eternizam-se
Pelas noites universais imortalizam-se
Pela eternidade infinita da posteridade
Fazem da fonte geradora deles uma
Usina nuclear que gera sóis artificiais
Porém com os mesmos poderes dos
Sóis reais não posso parar de pensar
Nem depois de morto haja cemitério
Para enterrar todos os meus pensamentos
Hajam lápides de lajedos para que
Latejem por conta própria como se
Estivessem inda possuídos por mim

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Empresarial Nicolau Jeha, 4; BH, 01001002012; Publicado: BH, 01001002012.

O PIG o Partido da Imprensa Golpista é nefasto
Junto com o STF o Supremo Tribunal Federal
Promovem o maior espetáculo de injustiça
Da História do Brasil condenam sem provas
Abusam do Domínio do Fato abolem a real
Presunção de inocência atropelam o apelo do
Indubio pro reo vi vários tipos de homens no
Brasil um depois de perseguido pela ditadura
Exilado no retorno ao país anistiado tentou
Refundar o PTB o Partido Trabalhista Brasileiro
Esta mesma justiça o impediu de comandar o
Partido falo de Leonel de Moura Brizola que
Chorou ao perder a sigla rasgou simbolicamente
Uma tira de papel com o nome dela vi um homem
Que fez com que todas as forças reacionárias de
Direita banqueiras empresariais comunicações
Políticas se unirem contra ele mudaram leis
Comportamentos burocracias portarias fizeram
O diabo na tentativa de matar politicamente o nome
De Luiz Inácio Lula da Silva vi um homem que
Jovem ainda estudante lutou contra os militares
Foi preso trocado por embaixador sequestrado
Exilado voltou clandestino à terra mudou de face para não
Ser morto continuou a luta pela liberdade do
Brasil hoje continua a ser perseguido, pelos
Serviços prestados à nação José Dirceu de
Oliveira e Silva vi homens que se venderam ao
PIG entreguistas entregaram o país às garras
Neoliberais por despeita mentem enganam
Fingem distorcem as notícias negam os fatos
Espalham os boatos fazem mal ao povo à
Nação não merecem nem respeito nem
Consideração os nomes não serão citados aqui
Para não estragar a lisura deste texto

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Tereza Mota Valadares, 190, 5; BH, 030902011; Publicado: BH, 0901002012.

De olho no monitor a monitorar os universos
Que se localizam fora deste universo
Donde vem a luz de qual energia
É formada são os segredos
Desses universos paralelos insondáveis
Muitos especulam sobre a vida a
Morte são teorias são teses são
Ensaios bibliotecas mais bibliotecas
Repletas de exemplares de conjecturas
Receitas fórmulas sistemas equações
Somente com as resoluções que são finitas
As soluções que são perecíveis com os
Resultados que são minguados
Perante a imensidão que engloba
A imensidão incansavelmente
Perscruto cada palmo desses universos
Encantados os registrados ou não
Não encontro uma poesia imortal
Um poema real que me tirem deste
Momento terminal que sejam o
Antídoto deste veneno letal que
Destilo nas veias que me compõem
Amanhã acordarei o mesmo cotidiano
Continuarei a ver assombrações nos
Meus pesadelos continuarei a ser sedento
A ter sede incontrolável como um vampiro a
Beber todo o sangue das cidades dos continentes
Dos universos de olho no monitor a monitorar
Os números do tempo que correm à minha
Frente embalados desembestados sem
Controle do tempo são desses universos
Sem luz que vêm as maiores sombras
As mais destemidas assombridades tão
Pesadas que quando pousam a mão
Em nosso ombro sentimos o frio da morte

Tereza Mota Valadares, 190, 4; BH, 030902011; Publicado: BH, 0901002012.

Nunca tive um pseudônimo por
Ser milhares nunca ter como dar
Nome a todos que me formam é o
Que acontece ao tentar dar voz
A todas as vozes que gritam dentro
De mim quando gritam pois umas
Urram outras uivam trovoam
Chiam ecoam ressoam verdadeiras
Tempestades vendavais vulcões
Terremotos tufões como apaziguar
A confusão dentro do ser? serenar
Os mares revoltos os oceanos que
Dão pavor as ondas incontroladas
De tsunamis de epicentros de abalos
Sísmicos deslocamentos de placas
Tectônicas choques de continentes
As feras que habitam as cavernas
As locas as grutas os buracos
Como nominá-las todas? são terríveis
Incontáveis cada uma a querer a se
Manifestar mais do que a outra
Pedem-me nomes sobrenomes
Apelidos pseudônimos títulos
Já usei todos os nomes conhecidos
Desconhecidos do universo todos
Os sons silêncios idem haja
Fogo para escrever nas pedras as
Parábolas os mandamentos os
Desmandamentos da humanidade
Que acondiciono dentro de meu
Ente nunca tive um pseudônimo não
Pude não poderia ser se sou mesmo
Nunca sei a hora que sou o que
Sei dalguma coisa sempre sei que
É algum de mim que quer ser o que sou

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Tereza Mota Valadares, 190, 3; BH, 0290902011; Publicado: BH, 0501002012.

Deixais a minha literatura em paz não
É literatura para vós para mim é
Literatura sim a considero de
Grande profundidade ou de alta
Elevação de acordo com o que
Passa a transmitir a quem a
Procura por um espaço de tempo
Longe de si mesmo podeis não
Gostar mas a defenderei com
Unhas dentes cérebro bulbo
Cerebelo é minha literatura
Peço-vos que a deixais sossegada no
Canto dela junto com as reminiscências
Que carrega desde o túmulo
Até às incubadoras de constelações
De estrelas ajuntamentos de galáxias
Nascedouros de sistemas solares de
Planetas pouca coisa tendes para oferecer
Porém ela tem o universo a vos oferecer
Podeis estuprá-la como uns desvairados
Uns priapos com desejos incontidos
A muitas noites sem saciá-los
Esta é a minha literatura concebida
Sem ansiedade num parto normal
Sem traumas ou estresses onde as
Madrugadas servem para vigílias
Serenatas serestas enamorados
A beijar-se apaixonados como
Adolescentes que descobriram o amor
Se por ventura algum dia ou noite
Sozinhos convosco mesmos encontrareis
Nela os vossos tormentos queirais assim
Exilá-los de vós transformai-os nesta
Minha literatura livrai-os de vós
Ao deixá-los de heranças a mim

Tereza Mota Valadares, 190, 2; BH, 0290902011; Publicado: BH, 0501002012.

Minha sombra assusta-me por
Agigantar-se monstruosamente
Diante de mim ao deixar-me
Cada vez mais pequeno atrás
De si por mais que queira crescer
Para confrontá-la não passo
Dum anãozinho a vejo a
Querer engolir-me como se fosse
Um dragão da maldade um
Bicho papão mas é apenas a
Minha sombra refletida na
Escuridão toda vez que tiver
Que fazer um combate com ela
Lamentarei por não ser um bom
Embate para mim pois amarrou-me
De tal maneira que por mais
Que me debata não me livro
Das amarras enquanto
Vaga livre pelas névoas da noite
Tento seguir seus calcanhares
Alados infrutiferamente com
A noite toda pela frente afobo-me
Foba como um canário foba como
Um galo pé duro de rinha começo a
Chiar de desespero a sombra caminha
Sobre as águas afogo-me
Voa mais do que Ícaro
Despenco-me das alturas caio
Espatifo-me no pátio da plataforma
Minha sombra é Lázaro volta
Da morte mesmo surda por
Não ouvir os gritos de levanta
Anda continuo morto um
Zumbi a vagar pela madrugada
De bar em bar a implorar uma bebida,
Para aplacar a minha sede de vida

Tereza Mota Valadares, 190, 1; BH, 0290902011; Publicado: BH, 0501002012.

Agora a me preparar para receber através
Das minhas ondas mentais meus pensamentos
Outros que não são meus pensamentos mais
Muito tempo terei pela frente até
A madrugada chegar o dia raiar
Então muito sereno terá caído
Muito orvalho a molhar as relvas
Penso que terei palavras com o que
Dizer formadas por letras com o
Que falar não precisarei lavar as
Roupas sujas nem enxaguar as
Roupas já esfregadas é estendê-las nos
Varais ao sabor dos ventos
Para que possam secar-se com a ajuda
Do sol não sinto falta de nada
Sem opressão deixo-me livre
Desimpedido para que o universo
Apodere-se de mim deixo-me a
Ficar como um médium a receber
Seus espíritos estou a receber meu
Quinhão de imaginações de fantasmas
De seres fluídos das nuvens das
Aragens que sopram através de mim
As poesias são velozes cavalgam cavalos
Poemas que galopam à velocidade da
Luz sou mísero imploro aos deuses dos dons
Um único para captar essas pérolas
Selvagens indomáveis que a poucos
Deixam-se adestrar quero domá-las
Como o domador de feras no picadeiro
Quero encantá-las como o encantador faz
Com as serpentes prestidigitador
Ilusionista levitador qualquer habilidade
Que me serviria para que soubesse
Registrar tudo que escapar à percepção comum

Patagônia, 927, 19; BH, 070902011; Publicado: BH, 0501002012.

Sou do subterrâneo ando de cabeça
Para baixo nos tetos dos subsolos as
Solas dos meus pés pisam debaixo
Das solas dos pés doutros a força de
Gravidade age em mim ao contrário
A me empurrar de baixo para cima
Numa repulsão não numa atração
Sou das cavernas das grutas locas
Subterrâneas durmo igual ao morcego
Dorme de cabeça para baixo no meu
Mundo não tem céu nem estrelas nem
Sol meu mundo não tem planetas o que
Mais se aproxima de mim é a inexistência
A antimatéria meus vulcões jorram todos
Para o lado de dentro do manto na lava
Incandescente do meu pranto lá um dia
Não discursa a outro dia nem uma noite
Revela conhecimento a outra noite não
Há linguagem nem palavras nem letras
O eco que o som produz é o inverso do
Inverso do inverso da poesia sem verso
Interpretação o poema não soluça a
Querer um pai nem choraminga a
Querer uma mãe para matar a fome de
Luz o sangue é frio venoso escuro
Não há circulação o ar é de chumbo
Contaminado rarefeito não há respiração
A pele que encobre a carne não tem poros
O nada é a única perceptível perfeição

Patagônia, 927, 18; BH, 070902011; Publicado: BH, 0501002012.

Minha mente vive nas trevas
A latejar num universo de lajedos
Negros na escuridão de rochas
Que formam planetas que não
São iluminados por nenhum
Sol minha mente de ébano
Da abissínia da parte negra
Da penumbra da sombra escura
Da noite de lua nova na
Obscuridade dos eclipses minha
Mente escrava dos escravos
Amarrada nos pelourinhos
Da escravidão luz negra da
História minha mente
Afundada em mar de fundo
Turvo de oceano morto a gerar
Pensamentos mórbidos insanos
Habitados por moradores bizarros
Minha mente de carvão vegetal
Mineral de hulha, de piche
Para calefação de borra de café
De pixé de petróleo desenho
De grafite nanquim em papéis
Carbonos minha mente saci-pererê
Negrinho do Pastoreio São
Benedito minha mente subterrânea
Fantasmagórica sem nenhum corpo
Sem cabeça postada no cepo
Espera o braço do carrasco a
Primeira bicada do abutre que
Observa do alto do penedo a
Hora do sobrevoo para reconhecer
A carne no jardim do Éden depois
Da expulsão de Adão Eva minha
Mente daninha rumina sozinha

Patagônia, 927, 17; BH, 070902011; Publicado: BH, 0501002012.

Algo dentro de mim tem que
Ser quebrado os pendões do
Meu coração ou um elo perdido
Que se encontra em local
Desconhecido mas dentro
De mim algo precisa ser partido
Penso noite dia dia noite
Sem parar não me vejo
Encontrar o que tenho
Que encontrar porém, é com
Urgência, ou do contrário
Vai me matar; alguma
Coisa dentro de mim
Precisa ser rompida; um
Hímen deflorado, um cordão
Desamarrado um nó desfeito
Pois não é possível tem que
Acontecer já estou no declínio
No ocaso da ladeira na descida
Do morro da vida nada tenho
Feito inda ouço o retinir do
Timbre da voz de minha mãe nos
Meus ouvidos desperta para uma
Vida melhor estupidamente
Continuo a dormir meu poeta
Alguma coisa também acontece
No meu coração mas não traduzo
Em obra em canção meu poeta
Não cruzo avenidas não enalteço
Esquinas não tenho inspiração
Meu poeta das Pan-Américas de
Áfricas utópicas mais que possível
Quilombo de Zumbi meu poeta
Ensinas me também a curtir

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 16; BH, 070902011; Publicado,: BH, 0301002012.

Se um dia for lamentar
À sombra do Muro das Lamentações
Será apenas pelas almas das crianças
Palestinas despedaçadas pelas
Bombas do poderoso exército de
Israel Jerusaquém para Israel
Jerusalém para Palestina que os
Colonos judeus tirem os
Pés as mãos das terras sagradas
Dos palestinos se não querem
A paz que saiam fora de Gaza
Da Cisjordânia se querem
Sangue que derramem o próprio
Não o das crianças das mulheres
Dos homens da Palestina
Israel agora quer dar uma de
Golias uma de Alemanha de
Hitler em cima do povo
Palestino como foi feito por
Hitler contra o povo judeu
Mas a vingança não é uma
Boa coisa não é sadia a
Vingança não faz bem a
Ninguém inda mais em cima de
Povo desarmado oprimido
Que enfrenta o Golias moderno
Com pedras nas mãos dum
Lado o Muro das Lamentações
Doutro o Muro da Vergonha
Colinas de Golan deserto de Neguev
Jerusalém tudo poderia ser
Pacificado desfrutado em comum
Mas a bota poderosa quer esmagar
O pé descalço as pedras procuram
Acertar justamente onde o capacete
Não protege o Golias vingador

Patagônia, 927, 14; BH, 070902011; Publicado: BH, 0301002012.

Nesta madrugada de Sete de
Setembro quero gritar viva
A Independência do Brasil
Quero gritar Independência
Ou Morte o Brasil é um país
Independente soberano o
Povo brasileiro é cidadão
Sabe disto o Brasil é um
País livre senhor de si
Nada deixa a desejar perante
Outras nações somos sim
Referência exemplo para o
Mundo a nossa Liberdade
É de causar inveja até aos que
Se dizem donos da liberdade
A nossa Liberdade não é só
Uma estátua não é virtual
A nossa Liberdade é real
Não nos deixa temerosos
Nesta bela madrugada de
Sete de Setembro quero
Homenagear eternizar
Passar à posteridade a brava
Gente do povo brasileiro a
Liberdade já raiou no horizonte
Do Brasil e não mais se apagará
A Pátria livre brasileira
Merece o nosso amor a nossa
Morte se algum dia for
Ultrajada nesta quente
Madrugada deste meu
Sangue de Sete de Setembro
Encho-me de ufano de
Ter nascido em País tão nobre
Com povo tão livre tão gentil

Patagônia, 927, 13; BH, 070902011; Publicado: BH, 0301002012.

Gosto da noite porque me dá
Tempo de pensar no que não
Pude pensar durante o dia então
Aproveito a generosidade da noite
Para reciclar os meus pensamentos
Os maus os bons os que tive os
Que não tive a noite não foi feita
Para dormir a noite foi feita para
Pensar acordado pensar vivo nos
Milagres da sabedoria da filosofia
Gosto da noite para viver sonhar
Na solidão reencontrar-me vivo
Nas sombras com os meus fantasmas
Ocultos ou expostos o que mais
Quem vive nas trevas da noite tem
São fantasmas suas súbitas mãos
Todas querem agarrar alguma parte
Como mãos de ladrões que roubam
Rápidos nos nossos descuidos a
Noite me revela muitas reentrâncias
Saliências filigranas fotografias
Em preto branco ou escritas pela
Luz prateada do luar gosto da noite
Para ruminar letras mastigar palavras
Digerir frases sentenças pensamentos
Afins faço orações intermináveis
Como um ruminante num pasto afastado
Do rebanho à sombra duma frondosa
Árvore à beira dum sereno regato
Mas às vezes sou cascatas de cachoeiras
De pedras cataratas de rochas penedos
Soltos nas encostas das cordilheiras sim
A noite também me deixa tenebroso

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 12; BH, 01º0902011; Publicado: BH, 01º01002012.

O poeta possui bens infinitos o poeta
Possui riquezas são letras palavras
Universos quem tem mais do que
O poeta? só o vento tem mais força
Presença atitude postura o vento
Vence o poeta tem mais destreza
Faz coisas que o poeta não faz
O vento não é ansioso não tem
Angústia nem agonia o vento
Não comete bizarrice morbidez
Imprudência o poeta é o único
Rico na vida de madrugada o
Vento vem com o que o poeta
Pede leva a solidão para longe
Deixa a saudade junto do poeta
Precisa de chorar é um poeta
Chorão chora à toa à toa
Lágrimas tem demais o vento
As aproveita para regar outros
Jardins o vento faz bem ao
Poeta o embalará na hora da
Morte levará as cinzas os restos
Mortais do poeta para abraçar o
Universo fará do poeta ainda
Um ser maior cada partícula
Do poeta será um infinito vês
Como o vento é bom espalha as
Cinzas do poeta pelos céus as
Empoeira nos castelos de nuvens
De algodão doce os deuses não
Espanarão nunca mais as prateleiras
Empoeiradas desses castelos vento
Fazes o favor de dizer o quanto
Aumentas este poeta postado
À espera que cantes para as
Morenas nas janelas

Patagônia, 927, 11; BH, 0310802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Na Patagônia locomotivas passam
Desgovernadas trens de ferros Marias
fumaças vagões pranchas Todos sem
Destino são apitos de trens atrasados
Que vêm em marchas aceleradas
Cansados já das estradas de ferros
São comboios de máquinas mais
Máquinas de caldeiras elétricas a
Óleos são bondes mais bondes em
Seus trilhos a beirarem os abismos
Os ventos dão mil voltas em volta
Da terra nos trazem mais novidades
São ares renovados carregados de
Almas de espíritos de seres que são
Leves voam como névoa voa no ar
Todos dormem nos apartamentos nos
Departamentos a Patagônia está um
Pouco em silêncios só os ventos
Dialogam com a noite com as
Penumbras as sombras das quebradas
Das esquinas almas vivas almas
Mortas não importam são almas que
Visitam-se periodicamente como se
Saíssem dos cemitérios indigentes
Param os carros escuros nos escuros
Indiferentes não ouvem os gemidos
Carregados pelos ventos só o poeta
È o que tem o vento para lhe trazer
As canções preferidas as odes mais
Clássicas na Patagônia agora percebo
Que os ventos foram dormir

Patagônia, 927, 10; BH, 0310802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Os ventos trazem das noites tantas cenas
De cinema que fico a assisti-los
Quando as passam para mim
Hora são homens elegantes de
Fraques cartolas outras vezes
Gigantes silenciosos que puxam
Sacos atrás de si figuras que
Param diante de mim ficam
A olhar-me como se nunca
Tivessem me visto são tantas
Cenas de cinema que vislumbro
Que maravilho ciclopes com seus
Carneiros guerreiros da Odisseia
Em suas batalhas sangrentas as
Viagens das Ilíadas com seus navios
De guerras seus marinheiros
Destemidos Penélope passa na
Névoa Argos passeia nos gramados
Dos jardins Telêmaco desdenha
Dos pretendentes que tentam sem
Sucesso disparar a flecha no arco
Só o mendigo é o que consegue
Dispara o arco de Ulisses Penélope
Tece desfaz o manto depois
De chorar atrás das sombras nos
Banquetes são devorados os porcos
Abatidos após são abatidos os
Pretendentes com todos passados
Aos fios das espadas por pai filho
Argos morto ali de alegria ao
Reconhecer dono que volta da
Odisseia ao lar depois de pelejas
Incontáveis os ventos são livros de
Histórias são salas de cinemas são
Teatros arenas de gladiadores são
Orquestras de concertos de câmaras
São trilhas sonoras de músicas clássicas
Sacras de músicas profana os ventos são

Patagônia, 927, 9; BH, 0310802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Agosto está a ir embora lentamente
Os ventos se despedem agosto
Alegremente uns gostam doutro
Parecem dois irmãos Cosme Damião
Agosto é cheio de ventos de todas as
Gerações são ventos que caem das
Montanhas dos céus são ventos que
Vêm dos organismos da terra
Trazem em seus seios silêncios
Em suas labaredas odes cósmicas
São ventos que caem das estrelas
Caem dos sóis guardam seus calores
Parou os ventos foram embora
Levam Agosto nas faldas Agosto
Passa deixa de ser um gosto
Os ventos batem em retirada
Mas não são fugitivos vão fazer
Continências noutros quartéis
Adeus Agosto saudoso até o ano
Que vem se estiver vivo
Ouvirei teus cantares cantarei
Tuas composições teus concertos
Para trompas tubas Agosto está
A ir embora deixa lá fora
Essas figuras que somos obrigados
A enxergar homens de ternos como
Se fossem maestros mulheres vestidas
De longos com vestidos estendidos
Aos ventos em nossas pálpebras
Morfeu brinca de esconde-esconde
Cerra as portas das lojas fecha as
Janelas nem pelo retrovisor
Distinguimos Agosto a sumir-se
Nas dobras dos caminhos
Nos meandros dos tempos nas escadas

Patagônia, 927, 8; BH, 0310802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Quantas vozes tem este coral aqui
No meu ouvido? é um coral
Formado pelo coro de todos os
Ventos que sopram no universo
Se misturam aqui a fazer
Tinir os vidros da guarita do
Edifício Avant Garde sito na
Rua Patagônia 927 Sion é noite
Os ventos não dormem querem
Cantar melodias canções hinos
Cantigas louvores consagrações
Uns são ventos consagrados uivam
Vindos dos tempos das torres dos
Templos dos arredores das catedrais
Outros são profanos batem pandeiros
Tocam tambores fazem carnavais
Arrepiam os pelos do poeta enche-lhe
Os ouvidos de todo tipo de cantorias
Amo estes ventos revoltos que rolam
Pedras montanhas acima que
Galopam cavalos selvagens pelos
Campos que boiadas estouradas
Manadas em carreiras lembram
Pororocas devastadoras nos matos
Das encostas nos capins que vestem
Os morros onde vivi são ventos
Que não envelhecem nunca
Eternos jovens adolescentes
Que à toda madrugada renovam-se
Afoitos a revoar nos restos da noite
Que inda reverberam antes do dia
Quantas composições têm estas odes?
Quantas locações estes ventos trazem
Distintas nestas telas em rabiscos de tintas?

Patagônia, 927, 7; BH, 0310802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Que noite de ventos uivantes nossa
Chegam a causar-me calafrios que
Ventos cantantes batem nos vidros
Querem me fazer vibrar os vidros tinem
Com as pancadas vindas de todas os
Lados assombram-me estes ventos
Uivantes vindos das gargantas do universo
Das entranhas da terra das cavernas
Das grutas milenares são ventos que
Abrem rochas tocam violinos tocam
Violoncelos fazem sonatas serenatas
Cantatas fanfarras hora são mil
Trombetas depois clarins clarinetas
Pistons saxofones que noite de ventos
Uivantes não me deixam dormir querem-me
Por companheiro amigo estar ao meu
Lado querem ficar comigo
Sacodem tudo de todas as
Direções sinto pena então dos
Mortos não percebem estes ventos
Acelerados que querem conversar
Imitar coiotes uivar feito lobos
Loucos que pena de quem não é
Poeta dos que não captam estas poesias
Celeradas estes poemas que até
Parecem vozes de gente sinos de
Igrejas gemidos de mulheres no ato
De amar balido de carneirinhos
Presos em moitas de espinhos que
Coisa de doido estes ventos uivantes
Estão aqui meliantes marginais
Doutras falésias de distantes
Pradarias de altos chapadões infindáveis
Câniones torrões de desfiladeiros por onde
Escoam as almas de nossos ancestrais

Street Shopping Planalto, 5; BH, 0200802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Ouviste os sons dos caramujos ouças para
Sentires os teus próprios sons as lesmas
Fazem ruídos as células cantam
Em serenatas todos os seres pulsam
Reverberam-se em sintonias
Inexplicáveis em poderes em
Harmonias com outros mas se não
Quiseres ouvir ouças os teus sussurros
Os teus murmúrios de fonte de
Encosta de regato que desce da
Vereda de cachoeira que dorme
Faz sonhar quem a admira
Em minha vida teve um riacho
Teve gameleira cajueiro imbuzeiro
Jaqueira teve tantas riquezas em minha
Vida que se as contasse contaria
Contaria jamais chegaria ao fim
Mata? também teve mata esta
Vida de mateiro matuto vida besta
De quem gosta de quem sabe de
Quem quer a natureza que cerca
O universo ouviste os sons do amanhecer?
São tantos silêncios tantos ecos de reais
Equalizações que não querem ter fim
Ouviste as orações das almas escravas
Dos espíritos cativos? todos oram
Em silêncio em comunhão com
Os deuses que descem dos
Montes para os escutar é um
Coro só a dar graças a dar
Glórias a abrir barreiras clareiras
À luz do dia com todos os seus
Sinais de vida todas as suas resistências
Para não serem decepadas nos paredões
Das chapadas das terras santas

Street Shopping Planalto, 4; BH, 0200802011; Publicado: BH, 01º01002012.

Jogaste errado foste goleado pensaste errado
Foste derrotado raciocinaste errado foste
Enterrado as regras são claras quebrá-las
Ou desrespeitá-las ou ignorá-las são
Fundamentalismos que nos causam
Catástrofes irreversíveis ao entrar
Em campo toda atenção um desvio
Nunca mais a luz do sol aquecerá
A pele fria, a carne fraca pensaste
Errado adeus resultado certo é derrota certa
Para os adversários que querem acumular
Vitórias mais vitórias troféus mais
Troféus como se fossem tesouros como
Se fossem colecionadores de hobbies a
Fazer lobbies para nos derrotar todos
Os dias os dias passam como se fossem
Nossos como se os controlássemos jogaste
Fora a vida agora choras ao
Lembrares os dias ensolarados antes de
Mergulhares no lodaçal antes de
Sobreviveres das migalhas caídas aos teus pés
Jogaste a bola na cesta a bola não caiu
Meu amigo caíste tu de decúbito dorsal
Nunca mais levantaste ficaste a
Espera dum guindaste que não te
Alcançou o resultado todos sabemos;
Mais um mendigo a correr atrás da
Caridade pública mais uma vítima
Para os mercadores da fé depenar
As últimas ofertas estão ávidos
São aves de rapina vendilhões mil
Vezes expulsos sempre voltam aos
Templos com escrituras registradas
Em cartórios gordas contas bancárias
Alimentadoras do sistema financeiro