Perscrutei na perspectiva de ampliar o raio
Que descia do céu diretamente sobre a cabeça
Que trazia em cima dos ombros presa no pescoço
Era até uma cabeça prezada com duas orelhas um
Nariz dois olhos míopes uma testa com têmpera duas
Sobrancelhas uma vasta carequeira que ia até depois
Da curva traseira do crânio alguns fios ralos raros de
Cabelos nas laterais um queixo barbado um bigode
Debaixo do grande achatado nariz em cima de dois
Lábios grossos grandes de sola dentro desta caixa
Que às vezes quer comandar os destinos só encontrei
A limitação da verborrágica do vernáculo nos léxicos
Consultados não encontrei sinônimos só antônimos
Antagônicos fora do ângulo da dialética cismei que
No discurso prevalecido sobreviveriam a ética a razão
A noção da metafísica já abandonadas por falta de teor
Filosófico na sabedoria atual porém as forças contrárias
Ocultas que impedem a formação da inspiração da
Criatividade são justamente os percalços que barram a
Entrada do raio luminoso na treva abissal que envolve
A fonte do pensamento ao chegar a mim a informação
Que o filho do Caetano Veloso Moreno Veloso não ler
Nem livros nem revistas cheguei à conclusão que
É afirmativamente essa a resposta que a burguesia
Quer ouvir das bocas profanas é justamente essa
A solução esperada pela elite alguém a falar para a
Mídia o que o povo tem que fazer se comportar
Ai dos livros que já são tão esquecidos tão solitários
Tão abandonados abominados pelos que não têm
Opiniões pelos que não têm oportunidades de
Tê-los nas mãos ainda surgem os que têm
Opiniões as têm veiculadas na mídia para
Fazer apologia descaso à falta de leitura
Aos livros que noutros tempos mereciam
Destaque respeito hoje não merecem nada
Nem de quem poderia se esperar uma palavra
De apoio de conforto de incentivo de ânimo o
Tiro sai precisamente é pela culatra o coice vem
Por trás uma patada na nuca que desfalece o
Mais brioso ativo leitor que desmaia o antigo
Fã o admirador que fica triste por não esperar
Comportamento tão lúcido contra a cultura dos
Livros quando vejo nos jornais que a chuva
Arrasou estruiu matou fico só a pensar há
Quanto tempo não existe uma política habitacional
No país do futebol do carnaval mas o governo
Que não é nada bobo só pensa que quem é bobo é o
Povo que o banca o sustenta inda fica a pensar
Para que me preocupar com política habitacional
Para que me preocupar em fazer casa popular
Para a população mais desfavorecida se no
País o que mais tem é viaduto marquise
Morro barranco valas negras à luz do dia?
É só o povo se dividir direitinho um bocado
Vai morar viver debaixo dos viadutos um outro
Bocado vai para debaixo das marquises um resto
Arma barracos nos morros o que sobrar faz
A casa nos barrancos pontes estamos combinados
Quando vier a tempestade de chuvas dou
Uma rasante de helicóptero pensa o governo
Apareço a rir para as televisões sujo os pés
Nas lamas das enchentes prometo acabar com as
Moradias precárias de risco prometo liberar
Verbas não faço nada ainda subo nas pesquisas
Esse é só o perfil dum governo inteligente
Que se preocupa em resolver os problemas
Do povo do trabalhador do aposentado não
Os problemas dos banqueiros da burguesia da
Elite não os problemas dos deputados dos
Senadores com liberação de verbas pagamentos
Por apoio ou votação é o perfil dum governo
Que não se preocupa com a gringada da
Ciranda financeira internacional nem
Banca a venda das empresas estatais nem
Doutras nossas grandes empresas só faz tudo
Pelo povo para o povo deixa o povo na pele
No pelo pelado com as mãos nos bolsos vazios
É um governo vadio que só gosta de passear
Viajar para longe conhecer novo lugar
Não gosta de ficar aqui aqui pensa que
Não é o lugar dele o lugar dele é onde tem
Castelo imperador reis rainhas palácios
Aqui só tem gente que não gosta de leitura
Não ama os livros nem gosta de ler
Aqui só tem gente que faz jus ao governante
Que tem ao presidente que tem tanto quanto
Faz jus ao governo que ACM Antônio Carlos
Magalhães Toninho Malvadeza foi na Bahia
Junta o par Caetano Veloso que ama o ACM o
Filho Moreno Veloso que odeia os livros
Nunca leu nada nem gosta de ler o
Brasil não vai mudar nunca a nossa
Herança a nossa história a nossa opinião
Serão sempre formadas por esses pequenos
Homens esses pigmeus sórdidos que mantêm
Sempre o povo na distância na ignorância
Para que possam desfrutar sempre dos
Louros da escuridão da nossa nação
Só me resta pedir piedade por esses homens
Só me resta ter pena desses mamíferos,
Dessas ervas daninhas que só contribuem
Para o enterro o funesto o funeral o velório
Do povo não sentem vergonha não sentem
Remorso inda têm o descalabro de usar a mídia
Para espalhar a mesquinhez de espírito