domingo, 29 de novembro de 2015

Não estou preparado olhei para mim; BH, 020702013; Publicado: BH, 02901102015.

Não estou preparado olhei para mim
Mesmo vi não vim não venci não
Estou preparado quem se encontra
Preparado nasce preparado quem
Não nasceu preparado não há nada
No universo que o faça ser
Preparado pode fingir fingir é
Fácil enganar um aqui iludir
Outro ali num dia ou noutro
Mais cedo ou mais tarde é
Desmascarado em meio a
Ridículos em meio às decepções
Gerais terá que reconhecer
Que não está preparado
Pergunteis-me aflitos em que
Não estás preparado? já na
Terceira idade a entrar numa
Fase senil num ciclo decrépito
Num círculo caquético vem
Com essa a dizer que não estás
Preparado? não estás preparado
Em quê? mata logo a nossa
Curiosidade é coisa aqui comigo
Quereis perdoar quando digo
Que não estou preparado é para
Criar uma obra-prima uma obra
De arte que sejam meus desígnios
De formação é que penso que só
Estarei formado no dia em que
Estiver apto na hora em que
Estiver preparado o universo
Reconhecer que o que acabei
De fazer é uma obra-prima

Ai que saudades das madrugadas; BH,0190702013; Publicado: BH, 02901102015.

Ai que saudades das madrugada
Chuvosas dos noturnos nebulosos
Das noites de trovoadas de relâmpagos
Ai que saudades meu bem dos
Beijos quentes que não sinto mais
Gostava de namorar depois
Correr para a casa sentar à varanda
Transformar em poesias os beijos
Que me concedias eram
Nas noites em que chovia
Que mais poemas colhia
Dos pingos da chuva que caia
Eram noturnos atrás de noturnos
Madrigais atrás de madrigais
Que quando dava por mim
A aurora já vinha a romper as
Entranhas para o dia nascer
Ai que saudades dos orvalhos dos
Serenos das névoas das brisas
As vidraças embaçadas as luzes
Lúgubres na cidade silenciosa
O bairro deserto a rua sombria
Tudo parecia tão longe que
Até pedia para não nascer o dia
É que nasci para a noite nasci
Para a orgia para a vida de boemia
O que acontece comigo agora não
Passa duma ironia um estado de
Violação que é o de aquietar o meu
Coração personagem protagonista
Ator principal daquelas noites
Daqueles noturnos do temporal

Não reconheceis porém escrevi obras-primas; BH, 0190702013; Publicado: BH, 02901102015.

Não reconheceis porém escrevi obras-primas
Registrei obras de arte não faz mal
Direis que não valem nada que
São imprestáveis inócuas pagãs
Direis que são profanas diabólicas
Demoníacas do ocultismo ora
Direis até que não são obras
Que faltam retóricas poéticas que
Faltam classicismos lirismos
Gritareis bem sei falareis mal
Condenareis me chamareis
De ateu renegado amaldiçoado
Mas quando era infância
Pedia benção à minha mãe
Ao meu pai às minhas avós aos meus avôs
Às minhas tias ouvia de
Volta um Deus te abençoe então
Vossas alegações serão vãs sem
Esmorecer continuarei independentemente
A libertar das trevas as minhas obras
Continuarei autonomamente
A parir a dar à luz a procriar
A fazer tudo ao contrário que
Quereis que faça não serei
Político polícia religioso cidadão
Não serei catedrático dramático
Romancista magnata serei um
Versado nas coisas que ninguém na
Humanidade gosta de versar serei
Simplesmente o que gostais de ignorar
Não tenhais dúvidas heis aqui a prova

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Há de ser algo inovador revolucionário; BH, 0180702013; Publicado: BH, 02701102015.

Há de ser algo inovador revolucionário
De vanguarda moderno há de ser
De quebrar paradigma de causar
Ruptura romper com as estruturas
Há de ser alguma coisa de vandalismo
Que ponha abaixo o estado a sociedade
A burguesia que desestruture a
Elite a classe política toda
Qualquer tipo de religião há de pôr-se
Fim à propriedade às polícias às
Forças armadas há de ser um
Anarquismo geral orgia total as
Bacanais clássicas eruditas há de
Ser o que tiver de não ser a
Quebra da ciranda financeira as
Nações sem fronteiras os povos
Sem opressores há de ser a destruição
Dos paradoxos a criação dum
Germinal a reverberação dum
Embrião a fecundação duma
Semente cujas raízes buscarão
Nos subterrâneos a seiva para
Uma sabedoria a elaboração para
Uma filosofia há de ser uma revogação
De todas as leis a negação de todas
As verdades mas há de ser alguma
Coisa a acontecer a mudar a tirar
De lugar aos alicerces a abrir os
Úteros dos dogmas a abortar os fetos
Dos preconceitos há de ser o caos total
O choque de partículas a quebra dos
Elementos dos átomos na fusão nuclear

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Várias vezes pego a caneta ou melhor; BH, 0180702013; Publicado: BH, 02601102015.

Várias vezes pego a caneta ou melhor
A esferográfica várias vezes volto
A deitá-la sobre a face do papel
A vida está sem assunto o tempo
Está sem hora estou sem vida
Passeio pelos meus recantos visito
Meus espíritos consulto meus eus
Em tudo que sondo não encontro
Nada minhas almas são todas
Almas velhas de ossos encardidos
Meus fantasmas não assustam mais
Minhas assombrações já não
Metem medo as palavras que
Perscruto para formar um argumento
São imaginárias os pensamentos
Que quero transformar em palavras
Já nascem como se não viessem
Do além das dimensões
Queria que viessem de lá
Da casa das sensações quedo-me
Abstrato absorto meus sentidos não
Percebem pulsações o sangue parou
Em minhas veias o ar concentrou-se
Em meus pulmões estátua fui
Observado por todos no centro da
Praça que rústico não era a
Navona que traste não
Era uma obra de Michelangelo
O teto que cobria-me não era o
Da capela Sistina um molde de
Cera de vela de velório que
Ao primeiro calor das chamas
Passou a derreter-se

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sim errei muito positivamente; BH, 0180702013; Publicado: BH, 02401102015.

Sim errei muito positivamente
Necessito entrar agora numa nova fase
Uma fase de acerto teimar com
Aprofundamento de argumento
Que já errei o suficiente ao viver
O novo período é viver sem errar
Errei em todos os sentidos direções
Atirador que atira a esmo sem
Mira alvo fixo que não acerta um
Único objetivo a consciência enfim
Pesou bateu o remorso arrependimento
É hora do momento de mudar de
Lado sair do lado dos errados
Dos fracassados abraçar o lado
Dos vitoriosos dos fortes é aquele
Negócio matéria atrai matéria
Fraco atrai fraco forte atrai forte
Ficar pendido sem tomar partido
O mais será do mesmo é inovar
Buscar o inusitado dentro do
Decoro da ética da razão sair
Das palavras passar às ações sair
Da inércia entrar em movimento
Ver qual o resto de sorte que resta
Ou se o resto que resta continuará a
Ser o de azar o azar de errar de
Nunca acertar com sorte que é o
Que gostaria de contar que infelizmente
Para poder ser feliz nunca pude contar
Feliz de quem pode contar com a
Sorte de quem tem o que contar
Uma história um conto de azar

Perdi densidade tinha dimensão; BH, 0170702013; Publicado: BH, 02401102015.

Perdi densidade tinha dimensão
Perdi estrutura condição fali
Como pessoa rastejei como ser humano
Diminui inescrupulosamente perdi a
Ética o comportamento com decoro
Daí senti dificuldade em existir
Não foi fácil para mim queria mudar
Pegava o caminho errado queria
Consciência não encontrava a
Porta certa batia de cara nas
Paredes nos muros nos paredões
Escorregava em desfiladeiros
Afogava-me em sorvedouros
Nunca sabia o que queria o que era
Quem era deixei a estatura por
Qualquer coisa desaprendi com o
Tempo não ensinei a quem queria
Aprender virei conjectura na boca de
Lobo não encontrei ouvido amigo
Pois não cativei minha mãe chora
Sozinha no quarto sei bem diz que o
Peito dói que está ferida por dentro
Quem a escuta são as paredes que a
Aprisionam gostaria de perguntá-la
Se valeu a pena ser mãe nunca irá
Negar no entanto é negada quem
Entenderá esses universos insondáveis
Que negam a si próprios?

Que pessoas que fazem-me pecar; BH, 0170702013; Publicado: BH, 02401102015.

Que pessoas que fazem-me pecar
Fazem-me ser imprestável inútil
Sem vontade para nada que
Pessoas que fazem-me ter ódios
Pesadelos raivas ficar acordado a noite
Inteirinha por insônia a tentar entender
Essas pessoas que não deixam-me
Entender-me fazem com que
Desconheça-me com que não as conheça
Sinta cóleras no lugar de cócegas que
Pessoas que são capazes de coisas que não
São de pessoas pelo menos de pessoas ditas
Normais que pessoas que não choram
Fazem-me chorar não falo pois sou mudo
A quem fala não ouvem não ouvirão a um
Mudo que pessoas que por mais juntas que
Estão fazem de tudo para afastarem-se cada
Vez mais que pessoas que quando se lavam
Se olham nos espelhos não sentem que
Não estão a olhar para pessoas pois agem
Como se não fossem pessoas que pessoas
Que deprimem-me que estupram-me
Violentam-me seviciam-me empalam-me
Tiram-me da minha pessoa da minha
Personalidade abalam meu caráter
Destroem-me insensatamente egoístas
Fazem de mim um egoísta fazem-me
Expor a minha estupidez a minha ignorância
Quando penso nessas pessoas que
Ressuscitam meus instintos animais que
Pessoas são essas que fazem-me a não
Querer nada mais nem a ser pessoa

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Quando era menino falava assim; BH, 0160702013; Publicado: BH, 02301102015.

Quando era menino falava assim
Quanto mais rezo mais
Assombrações aparecem as
Perseguições inda continuam
Quanto mais rezo mais as
Assombrações aparecem à minha
Frente agripino maia vinte
Sete anos de senador nunca fez
Um bem ao estado natal dele
Quanto mais ao povo trabalhador
Brasileiro aécio neves nunca
Trabalhou na vida vive a reclamar
Da saúde da educação gasta
Milhões do erário por mês em
Viagens aéreas josé serra o
Vampiro brasileiro literalmente
Pai da Privataria Tucana maléfico
Até às entranhas é bancado tanto
Quanto fernando henrique cardoso
O imprestável até à medula pelas verbas
Das privatizações predatórias michel
temer clone de rato gabiru
henrique alves rennan calheiros
eduardo cunha francisco dornelles
Espíritos de porco quantas
Assombrações a atormentar o povo
Trabalhador brasileiro quantos
Fantasmas a desviar as verbas da
Saúde da educação dos transportes
Tudo com a complacência da
Mídia do judiciário se o povo
Trabalhador brasileiro não marchar
Sobre Brasília nada mudará
Continuaremos a alimentar esses
Vermes a sustentar esses parasitas
A nos assustar com os gastos
Astronômicos dessas assombrações

Pedis palavras novas de letras revolucionárias; BH, 0150702013; Publicado: BH, 02301102015.

Pedis palavras novas de letras revolucionárias
Canções de protestos textos modernos
Nada disso tenho para vos dar dou-vos o
Mais do mesmo os registros das paredes
Das cavernas das caveiras pré-históricas os
Desenhos rupestres nada de muito
Assombrador de sobrenatural apresento-vos
Os ossos dos meus avôs as ossadas das
Minhas avós os esqueletos dos meus
Antepassados as caveiras dos meus ancestrais
Nada mudou entre o céu e a terra
Acostumai-vos com o que todos
Conformamos nenhum inusitado pendurado
Nas paredes nos muros tijolos queimados
As pedras irregulares nos bojos dos
Ossuários suspiram não param de
Observar-vos com os sorriso milenares
Quereis prazeres celestiais não mereceis
Nem o pó donde fordes formados a
Água que compõem vossas lágrimas não
Dar-vos-ei o firmamento por herança o
Firmamento é o que de mais novo
Revolucionário de protesto moderno
O firmamento sim nunca é o mesmo a
Cada olhada uma nova obra-prima a
Cada olhar uma espetacular obra de
Arte um cinema novo uma novelle
Vague que nenhum Oscar é capaz de
Premiar um texto literário que o Prêmio
Nobel de Literatura não é capaz de pagar
Pedis palavras novas de letras revolucionárias
Ora ora bolas tenhais a santa paciência

Limitado coloco a palma da mão; BH, 0150702013; Publicado: BH, 02301102015.

Limitado coloco a palma da mão
Na minha frente qualquer uma
Delas não a transponho limitado
Não dou um salto à frente do
Meu nariz campo de visão estreito
Saio para o fogo abafo o fogo
Perco o fôlego limitado nunca vi
Espírito mais desanimado a deficiência
Do físico contaminou a alma o
Ser mesmo com motivo de força
Maior não aparenta ânimo quantos
Artefatos perfeitos poderiam ter sidos
Feitos? quantas obras frutos da vontade
Da curiosidade poderiam estar
Em benefício da humanidade?
Nem precisa ser uma Teoria da
Relatividade ou uma das Leis de
Newton um engenho bem mais simples
Um feito mais modesto desses que
Entulham museus exposições
Ou bibliotecas livrarias sebos se
Não fosse a limitação um pouco mais
De empenho emprego de vontade
Não passaria em brancas nuvens
Pela vida não ficaria a criar barriga
Sem ambição sem cobiça é preciso ter
Potência em querer deixar uma
Marca de poder é nobre querer deixar um
Marco mesmo que não estejamos
Nele uns vindouros poderão saber
Que demos um passo além do limitado

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Não ficamos em nada das coisas; BH, 0150702013; Publicado: BH, 02001102015.

Não ficamos em nada das coisas
Muito das coisas ficam em nós
A envelhecer-nos a inchar-nos a
Engordar-nos, a crescer-nos a barriga
A adoecer-nos, a cair-nos os cabelos
A estragar-nos os dentes nós mesmos
Não ficamos em nada passamos
Rotativamente somos vivamente
Esquecidos apegamo-nos às coisas na
Esperança de estendermo-nos às
Coisas confundimo-nos com os nossos
Bens a iludir-nos que o complemento
Seremos eternos fortes curados sarados
Impossíveis mas os nossos bens não
Se pegam em nós que nos apeguemos
Aos bens cegamente deixemos os nossos
Vestígios resquícios nossas marcas que
Logo logo serão removíveis nem os
Nossos cheiros ficam em nossas roupas
Nada sabemos fazer para ficarmos
Nas nossas coisas daqui a uns
Tempos nada saberemos fazer para
Ficarmos no tempo podemos
Filmar-nos gravar nossas vozes
Fazer obras-primas de arte mas não
Somos nós que estaremos ali nas
Torres das catedrais nos pendões dos
Castelos medievais nos altos dos montes
Nos sobrados outeiros cumeeiras
Nas quebradas nas soleiras onde
Estaremos nós? seremos as coisas
Em que não ficamos em nada das
Coisas estaremos onde as coisas não estão

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Não há mais nada que possa fazer por ti; BH, 0130702013; Publicado: BH, 01901102015.

Não há mais nada que possa fazer por ti
Todos os poços já secaram as poças
Evaporaram daqui para a frente a
Jornada é por conta própria tudo
Que mandei não captaste tudo que
Pedi não assimilaste não percebeste as
Coisas mais singelas os fatos mais
Simples definitivamente não
Há mais nada a ser feito perdeste
Todas as oportunidades não foram
Poucas inúmeras incontáveis as
Chances? deixaste escapar todas as
Chances não venhas lamentar não
Quero ouvir mais lamúrias tuas
Reclamações chegaram ao limite
Incompetência não há paciência
Que aguente revejo para ti que a
Situação piorará velhice precoce
Solidão sofrimento não sei
Como te arranjarás no futuro
É a realidade que terás que
Enfrentar sozinho sem nada
Não plantaste nada nada
Terás a colher não guardaste nada
Nada terás para desfrutar
Foste indiferente a tudo a todos
Não tens a quem recorrer é o
Que tenho a dizer-te nem
Sorte consigo te desejar pega
Com Deus para que pelo menos
Diminua um pouco o teu azar

A literatura das artes é a mais desprezada; BH, 0130702013; Publicado: BH, 01901102015.

A literatura das artes é a mais dsprezada
Pois é a que requer maior atenção
Interpretação concentração
Entendimento se fizermos uma
Pesquisa todo mundo já foi ao
Cinema ao teatro à ópera aos
Shows musicais quando chega
Na hora da pergunta a literatura?
A coisa muda de figura há
Estatísticas tristonhas das pessoas
Pesquisadas que nunca entraram
Numa biblioteca nunca leram um
Único livro não leram nem a
Bíblia seus testamentos
Evangelhos é uma constatação
Vexatória temos de tudo fazemos
De tudo comemos bebemos mas
Não temos livros não lemos não
Entramos em bibliotecas livrarias
Abominamos a literatura não
Praticamos o exercício saudável da
Leitura não amamos a cultura
Não há o que possa nos incentivar
A ler não há o que nos faça amar a
Literatura não há o que nos faça
Abraçar a cultura desenvolver a
Arte de escrever que pena por
Ser a literatura das artes a mais
Deixada na deterioração sem
Remorso sem arrependimento
Fechamos bibliotecas abandonamos
Livrarias sebos feiras de livros
Desrespeitamos nossos escritores
Não sentimos um pingo de vergonha

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Como é que se resgata um fantasma do limbo? BH, 0120702013; Publicado: BH, 01801102015.

Como é que se resgata um fantasma do limbo?Ressurreição? reencarnação? reaparição? saber
O segredo de trazer às carnes o ectoplasma?Tendes a chave do mistério? os ossos da
Pré-história estão espalhados pelas falésias
Planícies planaltos os tutanos que
Preencherão esses ossos novamente estão
Dispersos as carnes que tornarão a encobrir
Esses esqueletos estão em quais açougues?
Os nervos os filamentos as cartilagens que
Recomporão as juntas os joelhos os
Tornozelos os calcanhares os tendões os
Músculos em quais bazares brechós de
Antiguidades podem ser encontrados? os
Órgãos as peles vasos veias aortas? os
Organismos artérias intestinos entranhas?
Em quais triparias serão achados? os
Espectros querem voltar consultam a todos
O tempo todo tudo tereis as respostas?
Estão aprisionados não sabem como fazer
Para retornarem do pó muitos aqui a
Quererem ir a fazerem de tudo para ir
Os fantasmas lá a fazerem de tudo para
Voltar quem entende esse ciclo vicioso?
Essa roda gigante esse bate volta de
Fantasmas espíritos almas tanto vivos
Quanto mortos quantos parecidos com
Vivos como é que se resgata um zumbi
Perdido no limbo? numa roda de mesa de bar

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Quem olha um risco pode ver muitas coisas; BH, 0120702013; Publicado: BH, 01701102015.

Quem olha um risco pode ver muitas coisas
Há quem olha muitas coisas não vê nada
Nem um risco ou só um risco é por isso
Que tudo começa com um risco não
Termina com um risco há quem olha para
Um risco diz que tudo começa com um
Ponto que um risco é a reunião de vários
Pontos que sem os pontos não haveria o
Risco há muitas conjecturas neste universo
Nos outros universos quantos universos
Há num risco ou como queiram alguns
Num ponto? não viverei às turras por conta
Dum ponto ou dum risco viverei por conta
Dum cisco há quem olha um cisco
Enxerga um rico há quem olha um rico
Enxerga um cisco é a vida um risco um
Ponto um cisco um rico um lixo um luxo?
É o que determinar um ângulo de visão é o
Peso do ponto de vista na balança que
Sempre pende para o lado do rico é o
Rico sustentado nas costas da pobreza que
Sustenta a balança olhas para isso pensas
Que é normal não aprendeste a olhar a
Distinguir no cisco que o rico nunca será
O risco que homenageia o nosso olhar

De todas as fichas que a vida deu-me; BH, 0100110702013; Publicado: BH, 01701102015.

De todas as fichas que a vida deu-me
Nenhum tento consegui marcar
Perdi para o jogo da vida das
Folhas dos cartões soltos onde
Escrevi as anotações para ulterior
Classificação ou pesquisa nada se
Aproveitou venceu-se o cupom do
Meu destino a data de validade do
Cupão que registrava-me
Classificava-me deteriorou-se
Despregado do fica passei pela vida
Sem elementos de composições
Eruditas em etapa alguma como
Um anônimo passei sem fichar uma
Aventura como fazer para anotar
Um feito sem ter feito o que registrar?
As minhas gavetas eram fichários
Vazios coleções de ficheiros sem
Utilidades devidamente
Desclassificados no futuro quando
Forem encontrados alguém dirá um
Que nunca teve nada para anotar uma
História para contar um romance
Para viver se no além for designado
De bulha me deixarão privado dum
Canto bem sossegado aí era tarde para
Remorso mais tarde para arrependimento

Meu pensamento ocioso está ocupado; BH, 090702013; Publicado: BH, 01701102015.

Meu pensamento ocioso está ocupado
Noutras divagações fugiu da sua
Área predileta preguiçoso
Quedou-se reminiscências lentas
Maturações infrutíferas ondas
Mentais descoordenadas onde não se
Pode surfar proliferam-se é fruto de
Minha desorganização excessiva
Atrapalhado na falta de ordem um
Mau exemplo para qualquer
Pensamento desestabilizado
Enfraquecido não conhece segurança
Combalido desestruturado não
Esbanja confiança em agonia onde
Falta lógica ação de ética não
Demostra garantia o demônio
Prometeu aproveitou que o meu
Pensamento dormia levou o fogo
O ânimo acabou a potência
Ruiu o desânimo reinou meu
Pensamento é um dos prisioneiros
Da famosa caverna de Platão é o
Que matou o que fugiu voltou
Para libertar os outros Platão deve
Ter ficado muito zangado com o
Meu pensamento que demorou a
Recobrar a consciência a lucidez
A percepção até a sobriedade
Exilou-se do meu coração a ficar no
Lugar a ambiguidade meu
Pensamento certamente desmazelou
O elo perdido da corrente

Hoje a vida é para matar; BH, 080702013; Publicado: BH, 01701102015.

Hoje a vida é para matar
O trânsito é para matar nada é
Para viver hoje a religião é
Para matar a educação é para
Matar o lazer é para matar
Nem são mais necessárias as
Duerras tudo gira em torno do
Matar a comida é para matar
A bebida é para matar até a
Mulher é para matar hoje é assim
Nada foi feito para viver criança
É para matar adolescente é para
Matar o estado? o estado é
Para matar a polícia os políticos
Os patrões unem-se para matar a
Burguesia é para matar a elite
É para matar a oligarquia a
Aristocracia juntam forças para matar
O povo é decepcionante constatar
Que a natureza foi criada para
Matar o homem nasceu para matar
O que se move na frente dos seus
Olhos os hospitais são para matar os
Remédios para matar os médicos
Só querem matar a morte está tão
Banalizada que não choca mais a
Sociedade é exibida ao vivo
À cores nos horários nobres das
Televisões os aglomerados os
Conjuntos habitacionais os bairros
Os subúrbios as periferias favelas
São para matar a justiça é para
Matar quando não mata liberta
Alguém para matar no lugar dela
O que não é para matar é o poeta
Que já nasce morto exterminado 

É uma lei da natureza inexplicável; BH, 080702013; Publicado: BH, 01701102015.

É uma lei da natureza inexplicável
Para uma coisa ou para outra ou
Para ambas ou para tudo todo
Poeta nasce morto é uma lei que
Escapou da percepção de Isaac
Newton da intuição de Sigmund
Freud dos princípios filosóficos
Teses científicas dogmas religiosos
Todo poeta nasce morto não é
Lenda não é boato é fato consumado
É uma conjectura que a humanidade
Não decifrará o ser escolhido
Para ser poeta não nasce vivo o
Ente determinado a ser poeta
Nasce morto um dia surgirá alguém
A explicar a entender esse enigma
Esse grande mistério que é um
Poeta nascer ninguém nunca verá
Um poeta nascer vivo se por
Ventura alguém conheceu algum
Poeta que nasceu vivo manda
Para as mídias de notícias é
Caso inconcebível quem nasce
Vivo nunca será poeta poderá
Até fazer uma poesia criar um
Poema mas ser poeta não menos
Ser poeta é nascer morto ter
Obras póstumas coleções de
Ossos ossadas caveiras esqueletos
Vivos todos são mas o poeta
É morto é morto para tudo
Dos vivos para o mundo dos
Vivos o poeta só é vivo para
O mundo da eternidade

Começarei a despedir-me das coisas; BH, 070702013; Publicado: BH, 01701102015.

Começarei a despedir-me das coisas
Das minhas roupas velhas minhas botas
Furadas meus casacos surrados já
Chegou o tempo de começar a dar adeus
Pendurar as armas encostar as chinelas
Procurar um canto escuro para encostar-me
Começarei a preparar-me para a separação
A quebra dos elementos tudo acontece
Muito rápido não quero ser apanhado
Desprevenido sem despedir-me na
Partida para o além meus óculos velhos
Embaçados que não ajudam-me mais
A ver as letras a ler as palavras ficarão
No altar da estante enferrujada junto
Aos livros devorados pelas traças
Quando precisar mover-me no escuro
Tatearei cego minhas mãos nas sombras
Apesar de sombrias enxergam muito
Bem dinheiro não necessariamente
Preocupar-me-ei em esconder nunca o
Obtive o pouco que chegou às
Minhas mãos bebi-o vorazmente no
Meu canto lá ficarei quietinho não
Aprendi a cantar não aprendi a orar
Não aprendi a rezar xingarei baixinho
A única coisa que aprendi a fazer
Reclamarei da morte que não vem e
Da vida que já foi blasfemarei sem
Remorso arrependimento todo
Mundo ao ouvir-me dirá esse velho
Não aguento despede-se das coisas
Fica aí esse farrapo que bem
Poderia ser levado pelo vento

Posso passar horas a fio a ouvir a rádio Guarani; BH, 070702013; Publicado: BH, 01701102015.

Posso passar horas a fio a ouvir a rádio Guarani
Ou a rádio Alvorada que não tocam
Uma música do Cartola é perder
Tempo a esperar querer ouvir Candeia
Elton Medeiros ou Paulinho da Viola
Não sei o que acontece com os nossos
Representantes culturais divulgadores
Da nossas artes nem o Martinho da
Vila ou o Toninho Gerais não consigo
Ouvir mais Nelson Sargento Nelson
Cavaquinho Nelson Gonçalves Jamelão
Nem a pau meu irmão parece-me que
Não fazem parte da nossa bagagem
Cultural a Clara Nunes Clementina
De Jesus a Jovelina? cantaram tantas
Belas canções tantos sambas imortais
São esquecidas abandonadas nos
Quintais Riachão Dorival Caymmi
Jackson do Pandeiro são nomes que
Surgiram do povo brasileiro que na
Velha mídia não sentimos nem o cheiro
Ai que tristeza me dá querer ouvir
Um samba tocar numa rádio que
Estou a escutar mas a ditadura é
Maior do que a qualidade dá raiva
Perder a liberdade ser obrigado a
Ouvir o que não faz parte da nossa
Realidade não é a nossa verdade
Antigamente esbarrava-se com Zé
Kéti Beth Carvalho Almir Guineto
Leci Brandão até o Zeca Pagodinho
Anda meio sumidão imploro à Bahia ao
Rio de Janeiro pelo samba
Genuinamente brasileiro

domingo, 15 de novembro de 2015

Tempos bons eram os tempos nos quais; BH, 070702013; Publicado: BH, 01501102015.

Tempos bons eram os tempos nos quais
Vivia cercado pelos meus avôs avós
Eram tempos gloriosos de tios tias
Que os venerava respeitava adorava
Tempos inocentes eram os meus tempos
De primas primos os tempos das cidades
Do interior se pudesse voltar a conviver
Com as cantigas as rezas das minhas avós
Os causos as histórias dos meus avôs tios
As brincadeiras que não acabavam mais
Pelas ruas em poeiras nos dias de chuva
Pelas lamas enxurradas cachoeiras as árvores
Que devorávamos frutos frutas flores folhas
Galhos tempos bons que a memória não
Apaga a toda hora revivo na lembrança
Uma passagem de quando era criança
Não importava com nada vivia o
Mundo de cabeça para baixo dava
Estrelas plantava bananeiras
Em qualquer confusão para proteger
Tinha sempre um irmão na hora
Das surras quem valiam eram as avós
Quando íamos para as fazendas a pé?
Eram caminhadas mais caminhadas
Em longas estradas em meio às
Brincadeiras banhos de rios roubos
De frutas fugas de cobras bois
Bravos eram barrancos cercas matos
Capins areias pilões moinhos garapas
Água de coco dormir enrolado em pele
De carneiro conversar ao pé da luz
Do candeeiro tempos bons ninguém
Precisava de dinheiro

De Belchior, Coração Selvagem, em blues:

Não perguntarei mais nada pararei de indagar; BH,070702013; Publicado: BH, 01501102015.

Não perguntarei mais nada pararei de indagar
Não quererei saber querer saber é demasia
Soluções resoluções recordações
Respostas às favas a saída é conformar
Confirmar que é assim que terei
De ser que caia em minhas costas o
Mundo que arraste-me atrás de si o
Universo não resistirei não
Relutarei contra a força de
Gravidade deixar-me-ei atrair
Para fora da minha órbita não
Marcharei de encontro ao meu
Destino onde estiver de chegar
Chegarei bem ou mal chegado
Mas, chegarei se for inteiro é
Por que tive que chegar inteiro
Se for por partes é por que tive que
Chegar por partes bem que tudo poderia
Acabar duma vez só a demagogia
A hipocrisia a desilusão bem
Que poderiam ter fim a ansiedade
A angústia a depressão conheço
As histórias que contaram-me de cor
Nenhuma história é nova nada
Mais é novidade inusitado surpreso
Não removerei o tempo de lugar
Podeis contornar a montanha não a
Afastarei do caminho já estou
Representado pela loucura a
Lucidez não representa-me a
Sanidade não representa-me não
Optarei por uma percepção não tive
Escolha guio-me pelo faro da intuição

Há um Sol no meio do caminho; BH, 070702013; Publicado: BH, 01501102015.

Há um Sol no meio do caminho
Se a Terra não tivesse encontrado o Sol no
Meio do caminho aonde a Terra teria
Ido parar? quem nasceu primeiro a
Terra ou o Sol? ou os dois nasceram
Juntos na mesma tal explosão que
Gerou o caos? que bom que a Terra
Encontrou o Sol no meio do caminho
Dela como não pode transpô-lo foi
Contorná-lo caiu no campo
Gravitacional do Sol ali ficou para
Sempre que bom que a Lua veio
Encontrou a Terra no meio do
Caminho dela ali ficou igual a um
Escudo um para-raio a proteger a
Terra de catástrofes maiores há um
Sol no meio do caminho da Terra há
Uma Terra no meio do caminho da
Lua que bom fazer parte deste belo
Bom Sistema nos aconchegar que
Bom fazer parte deste ninho desta
Perfeição inexplicável todo dia de
Manhã quero encontrar um Sol no
Meio do meu caminho todo dia de
Noite quero encontrar uma Lua no
Meio do meu caminho caminhar
Junto para esta viagem infinita esta
Longa jornada de poesia de estrelas
Essas flores eternas há um Sol no
Meio do caminho no meio do
Caminho há um Sol há uma Lua
No meio do caminho no meio do
Caminho há uma Lua Terra não
Podemos esquecer destas verdades

Plebiscito Constituinte exclusiva o que for; BH, 060702013; Publicado: BH, 01501102015.

Plebiscito Constituinte exclusiva o que for
Preciso para atender os anseios do povo
Trabalhador brasileiro o povo não quer
Mais ouvir políticos congresso nacional
Câmara dos deputados STF Supremo
Tribunal Federal PIG Partido da Imprensa
Golpista ou partidos o povo agora quer é
Ser ouvido já para ontem o trabalhador
Não quer perder nenhuma das suas garantias
É deixar de blefe deixar de enrolar de fingir
Que trabalha a resolver é deixar de
Mordomias de locupletar-se das benesses do
Poder a melhorar os serviços de atendimento
Ao povo o povo agora manda um aviso ao
Vivo uma ordem de como quer que os
Políticos ajam os ministros se comportem
Os juízes permaneçam nas performances ou
O povo marchará sobre esse senado minúsculo
Esses ministérios inoperantes esses tribunais
Vendedores de habeas corpus sentenças
Arquivadores de processos dos chegados
Não adiantará pegar ninguém para bode
Expiatório o povo quer a punição de todos que
Forem culpados abençoar uns satanizar
Outros basta o povo acordou saiu do
Pesadelo agora quer sonhar com um Brasil
Real do povo trabalhador brasileiro sem
Corruptores sem corruptos com justiça
Que essa justiça que está aí se abrir a caixa
Preta escancarar a toga não fica um capa
Preta para contar a história

Pedra um dia vem broto de flor; BH, 060702013; Publicado: BH, 01501102015.

Pedra um dia vem broto de flor
Broto de bambu sim um dia vêm
Riacho regato arroio teimo que
Um dia vêm nuvens ventos montanhas
Montes repito um dia vêm não
Sei donde confesso não quero
Saber mas um dia vêm se estarei
Vivo desconfio se estarei morto
Tenho certeza porém um dia vêm
Ou uma noite vêm ou numa
Madrugada numa aurora num
Alvorecer raiar dum dia ou
Ao meio dia veio para todos que
Persistiram veio para todos que
Insistiram serei a única exceção?
Não quero acreditar quero acreditar
Que um dia vêm por enquanto
Estão a chegar lá por ora
Estão à minha frente estou
Na rabeira estou na rabada sonho
Tenho pesadelo deliro embriago-me
Como muitos que foram por esses
Paralelepípedos muitos esperarei
Legiões vêm não é orgulho não é
Ambição não é cobiça é vontade é
Ânimo é potência é audácia é
Ousadia é fé não pode haver um
Pote assim tão desprovido algo
Precisa enchê-lo até aqui não
Pode haver uma talha tão seca
Sem uma gota de vinho dum
Bom encorpado vinho sim um dia vêm

Papel do desocupado é ocupar papel; BH, 060702013; Publicado: BH, 01501102015.

Papel do desocupado é ocupar papel
Ocupe papel foi o que fiz em toda a
Minha vida não tive papel relevante
Mas todo papel que tive ocupei não
Escolhia as letras não escolhia as
Palavras não escolhia papel fazia
Meu papel ocupava papel em todas
As faces rostos caras folhas não me
Importava se era explícito não me
Incomodav se era implícito o que me
Aborreci era quando de noite ou de
Dia não ocupava um papel com um
Poema ou com uma poesia não
Pensava em estrutura não imaginava
Tema não ia atrás de nada apenas
Parava sentava ou ficava de pé
Observava soltava a mão pela
Estrada pela linha do horizonte
Pelas linhas paralelas das estradas
De ferro dos caminhos pelas
Órbitas universais do infinito
Quando dava por mim todas as
Folhas estavam ocupadas por um
Desocupado cuja desocupação
Nunca terá fim se tivesse nascido
Para ser alguma coisa ter um
Título um rótulo se tivesse nascido
Para encher paredes de diplomas
Nunca teria nascido nasci
Justamente para não nascer para
Não ter em mim quem nasce são
As letras as palavra são as que
São-me as que têm-me sou
Algo que não convém a outra coisa

Bem que o meu cérebro podia pegar; BH, 050702013; Publicado BH, 01501102015.

Bem que o meu cérebro podia pegar
A onda do gigante que acordou
Acordar também mas meu cérebro é
Anão meu cérebro é pigmeu é
Cachorro vira-lata aceitou muito
Passivamente o golpe de estado no
País aderiu à Ditadura militar
Instalada foi conivente com as
Torturas com as mortes com os
Desaparecimentos banimentos dos
Que combatiam o regime chamou
Quem lutou contra os militares de
Terroristas assaltantes de bancos
Bandidos assassinos bem que
Este meu cérebro complexado poderia
Pegar o embalo do gigante acordar
Duma vez mas é um cérebro
Dormdinhoco é contra a Comissão da
Verdade a Lei da Anistia a
Condenação dos que torturaram
Jogaram corpos em alto-mar deram
Choques elétricos penduraram no
Pau-de-arara meu cérebro é cérebro
De malafaia feliciano bolsonaro com
Todo o barulho que o gigante fez ao
Acordar meu cérebro não despertou é
Um cérebro de pensador de direita dum
Zé bu marco antônio vila reacionário
Retrógrado conservador o gigante que
Acordou é progressista de esquerda
Libertário reformador este cérebro
Nunca irá acompanhar esses passos
Gigantescos desse gigante que este
Cérebro não expulse um Ulisses um Davi
Ponha por terra o gigante despertado

Beto Guedes - "Amor de Índio" - Full Álbum

Não darei a volta por cima como todo mundo dá; BH, 040702013; Publicado: BH, 01501102015.

Não darei a volta por cima como todo mundo dá
Não superarei aquela dor que dura para sempre
Bem que nunca acabe comigo não prevalecerá
Não sacudirei a poeira a poeira será o meu
Enfeite meu fato novo meu traje de vestido de
Gala meu black tie a rigor outra que há males
Que vêm para o bem ou bem que vem para o
Mal só acontece assim o mal quando vem é para
O mal mesmo o bem, nunca vem nem para o
Mal ou em para iludir-me um pouco ou para
Fazer-me parecer um movimento ou um
Momento ou pelo menos um pensamento não
Começarei tudo outra vez falta-me confiança as
Deficiências causam-me insegurança a palavra
Que falta-me impede-me a garantia fraquejo
Caquético o vento ao encontrar-me tão frágil
Lança-me a todos os cantos afogo-me com os
Pés em pedras firmes quem olha de longe pensa
Que afundei sob as águas quando na verdade
Afundei mas com os pés em rochas não não
Terei fé nunca coragem nunca terei não sempre
Não é fato consumado é fato findado sem fé
Última cena o último de tudo não vencerei nada
Nnegarei renegadp todas as certezas enganarei
Enganado a todos não perceberão nunca minha bruxaria

Sem vontade do mesmo jeito que; BH, 040702013; Publicado: BH, 01501102015.

Sem vontade do mesmo jeito que
Alguém tem vontade não tenho
Vontade é a mesma coisa só que
É em sentido contrário sem
Vontade com desânimo muito
Desânimo para dar vender
Sem potência sem poder como
Persistir não desistir não há
Força energia raça é só a
Vontade de ficar sem vontade
O desânimo de ficar com desânimo
Sem ânimo inclusive para não
Ter ânimo sem movimento
Nada parado como um fantasma
Camuflado de espantalho parado
Como um firmamento sem
Nuvens que na verdade não
Está parado o azul está sempre
Em direção do infinito a nos
Enganar que está parado a
Formiga tem vontade? a abelha
Tem vontade? a cigarra tem
Vontade? o que que não tem
Vontade nesta natureza? sou o
Universo tem vontade? sou o
Universo que não tem vontade
Dói-me abrir os olhos falar
Ouvir dói-me ter sentidos ser
Estar ter haver dói-me ser
Verbo letra palavra substantivo
Dói-me ser organismo substância
Sustância elemento distância
Dói-me o desânimo a poesia o
Poema dói-me a vontade toda
Vez que vem a vontade de tê-la

Meus poemas vão ficar por aí largados; BH, 030702013; Publicado: BH, 01501102015.

Meus poemas vão ficar por aí largados
Jogados em latas de lixo abandonados
Porque teimo em criá-los? porque
Insisto na poesia? perco a alegria na
Condição de saber o destino que terá a
Minha obra com certeza não encontrará
Interesse dalgum leitor não passará por
Crivo dum crítico ou de amante que
Quererá com copular isso só
Causa-me tristeza muita melancolia
Decepção é como se fosse um filho
Amental de impossível convivência
Que tivéssemos de abandonar num
Internato para insanos incuráveis
Haja choro lágrimas para prantear
O que faço é isso como se já fosse
Enterrar um defunto em cova rasa se
Ao menos inda desse um outro destino
Ao que imagino se inda mudasse a
Rota talvez pudesse depositá-los
Numa urna de gala erguer um panteão
Um pedestal com inscrição que todos
Pudessem apreciar sem depreciação se
Garantissem-me que meus poemas
Não vão ficar por aí comidos de
Traças, de ratos meu coração bateria
Muito mais forte do que a bateria da
Escola de Samba Estação Primeira de
Mangueira do meu querido maestro
Maior Antônio Carlos Jobim

Os deuses são surdos cegos mudos; BH, 030702013; Publicado: BH, 01501102015.

Os deuses são surdos cegos mudos
Do jeito que bradam por deuses do jeito
Que gritam que imploram que clamam
A conclusão que chego é que os deuses
Escafederam-se abandonaram a todos
Com suas lamúrias suas lamentações
Imprecações rezas orações preces para
Aonde foram esses deuses que não querem
Mais saber de nada? quanto mais
Clamam mais se escondem nas nuvens
Dos universos nebulosos aqueles que tentam
Desvendar os mistérios dos deuses
Dos anjos dos demônios que escrevem
Livros ficam milionários com os
Falsos destinos dos deuses que anunciam
Aos fieis sedentos por uma verdade
Satisfatória tome criação de santos
Mais santas beatos beatas daqui
A uns anos toda a humanidade será
Santa toda a raça humana formada de
Santos os seres humanos de beatos
Beatas imaginação não falta aos
Criadores de igrejas capitalistas
Religiões dos que precisam enriquecer
Cada vez mais a cada dia que passa
A maneira que resta é vender santos
Imagens medalhas relíquias quaisquer
Coisas servem por mais bizarras que sejam
Por mais bisonhas que possam parecer as vis

sábado, 14 de novembro de 2015

Candeia, Filosofia do Samba:


Candeia,
Filosofia do Samba:

Mora na filosofia
Morou, Maria!
Morou, Maria?
Morou, Maria!

Pra cantar samba
Não preciso de razão
Pois a razão
Está sempre com os dois lados

Amor é tema tão falado
Mas ninguém seguiu
Nem cumpriu a grande lei
Cada qual ama a si próprio
Liberdade e Igualdade
Aonde estão não sei

Mora na filosofia
Morou, Maria!
Morou, Maria?
Morou, Maria!

Pra cantar samba
Veja o tema na lembrança
Cego é quem vê só aonde a vista alcança
Mandei meu dicionário às favas
Mudo é quem só se comunica com palavras
Se o dia nasce, renasce o samba
Se o dia morre, revive o samba

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Oração ao Arthur Bispo do Rosário; BH, 030702013; Publicado: BH, 01301102015.

Oração ao Arthur Bispo do Rosário
Há muitos deuses nos céus muitos
Outros tantos deuses na terra os
Povos elegem seus deuses as tribos
Cultuam seus santos as nações
Guerreiam por suas religiões
Homens-bombas despedaçam-se por
Alá nesse burburinho atormentador
Onde cada um quer se impor
Catequizar através de qualquer meio
O outro que não aceitar passa-se a
Ser chamado de pagão infiel cão
De profano herege de pecador
Com o mesmo direito com que
Criaram os deuses deles Arthur
Bispo do Rosário criei o meu deus
Arthur Bispo do Rosário Nelson
Mandela ficou vinte sete anos
Preso em campo de trabalho forçado
Ficaste toda a tua vida internado
Num pavilhão dum hospício da
Colônia Juliano Moreira abandonado
Nelson Mandela virou celebridade
Mundial foi presidente do país dele
Ganhou o Prêmio Nobel da Paz
Morreste lá sozinho sem uma única
Oração sem uma face a correr uma
Pequena lágrima a saudar a tua
Inexistência é a ti que quero orar
Meu Arthur Bispo do Rosário é a
Ti que quero reverenciar engrandecer
Nestas enegrecidas linhas de oração
Amém

Passei minha pele nesta folha de papel; BH, 020702013; Publicado: BH, 01301102015.

Passei minha pele nesta folha de papel
Nela deixei meu suor a seborreia que
Se juntou com a sujeira o óleo a
Gordura que por fim ensebaram
Estas linhas profanas a folha agora
Está encardida não é mais alva
Como a neve virgem santa é uma
Folha filha da puta estuprada
Seviciada que está grávida do
Estuprador o feto não quer nascer
Para não matar a mãe terá que ser
Abortado passei minha face
Neste rosto a caricatura não
Ficou registada como uma
Relíquia não se transformou
Numa obra de Caravaggio
Num auto-retrato de significado
Valor as letras recusam-se a
Formar palavras as palavras
Relutam para não formarem
Sentenças o que paira no abismo
Entre estas linhas é a inexistência o
Aspecto que permaneceu foi o
Nada uma cara anônima como é
Moda agora na multidão a
Folha de papel que teve as
Folhas duma face esfregadas
Nela não assumiu as folhas da
Face não refletiu o rosto não
Reproduziu a cara o semblante o
Ar de alguém que tenha olhos
Nariz boca ar apagou-se a luz
Do quarto escuro mais escuro o
Quarto ficou o ser sem rosto foi
Envolvido palas sombras dos rostos

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Não anseio nada a não ser a ansiedade; BH, 0200702013; Publicado: BH, 01201102015.

Não anseio nada a não ser a ansiedade
A agonia a absurdidade outra
Coisa não sei chamar para mim
Uns chamam o vento outros as
Estrelas outrem ainda o sol a
Chuva chamo o desespero a
Depressão não desejo orar por
Nada ou clamar por santos
Santas ou bradar aos prantos
Por bençãos milagres só corro
Atrás é da angústia é do tédio
Admiro aos que buscam a felicidade
O amor a paz invejo aos que
Amam adoram alguma coisa
Reverenciam o que acontece ou
O que deixou de acontecer não
Consigo perceber o que busco é
O que está vazio igual estou
O que não ofusca-me é a treva
Que não fere as minhas retinas
Que beleza todos querem companhias
Desprezo-as todos querem todos
Tudo não quero nada nem a
Mim mesmo tomam banhos não
Tomo escovam os dentes não
Escovo-os vão ao médico não vou
São educados cultos lidos não
Sou falam fico mudo perguntam
Não respondo vão ao cinema
Teatro igrejas shopping não
Vou saem fico riem choro pensam
Não penso agem paro vivem morro

Sempre louco não há como não ser louco; BH, 0280602013; Publicado: BH, 01201102015.

Sempre louco não há como não ser louco
Ou deixar de ser louco loucamente
Não há cura para a loucura sempre
Louco cada vez mais louco com a
Diferença que de vez em quando
Implicitamente noutras
Explicitamente mas sempre louco
Louco celerado iluminado
Louco taciturno sorumbático abatido
Esmorecido mas louco a loucura
Não sara não cura não passa
Com o tempo acentua-se engendra-se
Intrinsecamente um dia a loucura
Amua-se num mutismo de pedra
Noutro é furacão furioso é ciclone
Tempestuoso a carregar tudo ao
Redor quando é preciso fingir
Que não é louco quando é
Necessário passar por normal
Cordado ajuizado é a tortura
Maior na vida do louco aparentar
Sanidade comportamento
Postura faz tão bem que a
Comunidade aplaude a sociedade
Elogia a humanidade o reconhece
Como um semelhante o louco só
Deixa mesmo de ser louco quando
A morte fala assim num ouvido
Dele só para ele hoje tu não passas
De hoje vim para curar-ter terás
Apenas um segundo de razão
Para perceberes que durante o
Tempo de loucura nada perdeste
Por não viveres na sanidade

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Desde que o universo foi criado as leis; BH, 0280602013; Publicado: BH, 01101202015.

Desde que o universo foi criado as leis
Universais foram criadas juntas só que
Foram desvendadas com a evolução
Da humanidade os estudos das
Ciências da Física uma dessas leis
É clara toda ação requer uma reação
De igual intensidade ou maior
Percebo que, as manifestações em que
O Partido dos Trabalhadores sofreu
Violentos ataques de ódios serão a
Ressurreição do Partido dos Trabalhadores
Ressurgirá das cinzas o partido como
Uma Fênix fenomenal liderará a
Luta de classes dará certamente a
Volta por cima guiará o povo
Trabalhador brasileiro ao destino das
Consolidações das conquistas não
Será desta vez que a elite a burguesia
A direita destruirão o Partido dos
Trabalhadores como um Filho
Pródigo o partido voltará aos braços
Da militância do povo dos
Trabalhadores o conservadorismo
Voltará ao seu silêncio não acordará
Nunca mais com as suas ideias
Retrógradas reacionárias renovado
Arejado modernizado limpo de par
Com a Liberdade a Democracia a
Paz o Partido dos Trabalhadores
Com a nação brasileira marchará
Triunfante a garantir o futuro das
Novas gerações esperançosas