terça-feira, 31 de maio de 2011

Acabou-se a esquerda no Brasil; RJ, 0200601997; Publicado: BH, 0310502011.

Acabou-se a esquerda no Brasil
Estamos perdidos sem ideais sem
Ideias acabou-se o socialismo o
Comunismo também os partidos
Que por ventura enveredam-se no
Campo social no campo popular
Operário proletário rural são
Massacrados nas urnas só vingam
Os partidos fisiológicos que são
Totalmente ao contrário dos partidos
Populares só os partidos burgueses
De elite capitalistas neoliberais só
Os partidos empresariais dos
Banqueiros usineiros latifundiários
Dos cartéis das oligarquias das
Classes dominantes só os partidos
Que são contra os anseios do povo
Conseguem o poder o povo vota
Justamente naqueles que conseguem
Enganá-lo não sei até quando o povo
Não quer aprender não quer mudar
Parece sempre com medo nada quer
Realizar nem se contestar põe
Justamente no poder os que deveriam estar
No lugar do povo o povo no lugar deles

Com toda a aglutinação possível; BH, 030601999; Publicado: BH, 0310502011.

Com toda a aglutinação possível
Conhecida estudada na língua na
Gramática registrada em dicionário
Com todo o ato o efeito de aglutinar
Vernáculos processo de formação de
Palavras versículos em que dois ou
Mais elementos se fundem para
Construir um novo vocábulo frase
Não encontrarei o termo adequado
Lógico o vocábulo novo desconhecido
Dialético capaz de definir ao pé da
Letra formada tim-tim por tim-tim
Tudo que sinto por ti aqui dentro
De mim a aglutinante sábia doutrina
Aquela que aglutina de verdade absoluta,
Na língua caracterizada por vocábulos
Perfeitos cujos elementos formativos
Claros se unem sem perda de sua
Individualidade somos nós dois juntos
Apenas a formar um só ser tolerante
Colar teu corpo ao meu errante
Grudar minha alma na tua silhueta
Amarrar meu corpo ao teu sombra
Unir nossos lábios tórridos nos justapor
Um sobre o outro o processo aglutinativo
Verborrágico onde o aglutinável
Fundamentalista é justamente o ato de
Amar sem o agnosticismo filosófico a
Doutrina que considera o absoluto como
O inacessível no entendimento humano
Sem ser agnóstico sim sentimental sem
Ver futilidades pieguices na metafísica
Universal toda a nossa linha de agnação
Parentesco das linhas masculina feminina
De Eva Adão vão respeitar nosso amor
Maior do que amor de irmão pois na minha
Agonia na angústia que precede a minha
Morte a minha ânsia mortal meu eterno
Período de decadência minha náusea da
Vida na pressa exagerada do morrer é viver

Expelir todo o mal que existe; RJ, 030401999; Publicado: BH, 0310502011.

Expelir todo o mal que existe
Aqui dentro de mim lançar fora
Através de qualquer via todas as
Impurezas todas as podridões
Todos os vermes que devoram-me
As entranhas colocar para fora
Todos os defeitos todos os erros
Desgostos mágoas apertos que
Sufocam meu coração que
Afogam meu ser impedem-me
De respirar na hora subsequente
Sentir logo a diferença sentir logo
O alívio da alma desesperada
Livre da opressão do espírito solto
Livre do grilhão o ruim é o tempo
Passar o peso continuar o medo
Não ir embora o nervosismo não
Cessar não tem coração que alivia
Cada dia que passa cresce mais
A agonia evolução não vem o
Envelhecimento chega o atraso o
Tempo perdido cavam a nossa sepultura

Da varanda do Gelo Bar; RJ, 0250301997; Publicado: BH, 0310502011.

Da varanda do Gelo Bar
Vejo a praça é a praça do
IAPI da Penha as pessoas
Vão chegar aos poucos
Moleques adultos jogam
Bola os velhos bebem
Muito fumam demais
Falam em churrascos
Jogo do bicho cervejas
Fala-se pouco em mulher
O 630 passa veloz os
Carros passam rápidos
As crianças atravessam
As ruas dum lado para
Outro sem cuidados não
Têm medo dos carros os
Os pardais pousam nos
Paralelepípedos catam
Grãos de areia ao
Entardecer a rapaziada
Do nariz vai chegar
Devagar como se não
Quisesse nada a rapaziada
Se instala na calçada ao
Lado a conversa é jogada
Fora as meninas que
Chupam paus por  um 
Teco dão o cu por um
Papelote uma carreira
Não se fala em nada
Só onde te m a da boa
Só uma fuga de vez em
Quando ao banheiro para
Um teco legal mais seguro
A praça é tranquila o
Resto de tarde também
Pouca gente agora nos bares
Os bêbados tradicionais
Resistem muitas meninas
Moças continuam a passar
Algumas dançam funk
Cada uma mais bela que a
Outra cada short menor que
O outro lá no alto em cima
Da pedra a Igreja abençoa
A devassidão é assim que
Vejo da varanda do Gelo
Bar a praça do IAPI na
Penha subúrbio da
Leopoldina cidade
Do Rio de Janeiro

A besta Fera da Penha; RJ, 0250301997; Publicado: BH, 0310502011.

A  besta Fera da Penha
Lá vem a fera da Penha a
Espumar ódio pela boca
Pegou a menininha no
Colégio na sacola um litro
De álcool no coração um
Amor desiludido levou a
Menina para o matagal
Na alma o abandono a
Solidão do amor perdido
Cega pela vingança
A covardia de não ter a
Coragem de ferir a quem
A feriu banhou a criança
Com o álcool ateou fogo
Taninha de cinco anos
Virou uma tocha ardeu
Em brasas virou cinzas
A fera estava feliz estava
Vingada o homem a
Quem amava pagou com
O sacrifício da própria
Filha as poucas horas de
Amor de gozo que passou
Com tão vil mulher lá
Vai a fera da Penha no
Semblante carrega o ar
Do dever cumprido
A mãe chora grita um
Choro lancinante pelo
Menos um fio de cabelo
De minha filha quero
Para fazer um enterro
Digno diz ao pai infiel

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Não começas a agitar essa mulher; BH, 0300601999; Publicado: BH, 0300502011.

Não começas a agitar essa mulher
Quanto mais a estimular é pior não
Deixas a inquietar não essa mulher 
É o cão mais agitada do que cobra
Cascavel mais alvoroçada só que
Onça no cio debater com ela é
Perder o tempo que essa mulher
Quiser dás logo se perturbar demais
Bota fogo na casa quando está assim
Agitável agitada o melhor que se tem
Que fazer é um carinho acalmador
Um beijo meigo um gesto de amor
Para evitar aglomeração na porta de
Casa com os gritos dela vai aglomerar
Gente ajuntamento de pessoas que
Não têm o que fazer com todo mundo
A querer saber o que está a acontecer
Qual a causa do aglomerado não deixas
Fazer barulho olhas só a rua já começou
A aglomerar gente inserida de todos os
Tipos olhas o amontoar de cabeças o
Que que vou faze tanto povo a se
Juntar assim a se reunir sem mais nem
Menos à porta da casa doutros por mera
Curiosidade por simples gritos duma
Mulher nervosa dás um pé de aglaia
Para ela para parar de chorar para parar
De gritar com um pé de planta da família
Das meliáceas aromáticas ela cala logo a
Boca esse aglomerato feito certo tipo
De rocha vulcânica vai se desintegrar

O que me põe desesperado; RJ, 030401999; Publicado: BH, 0300502011.

O que me põe desesperado
É não ser esperado quando
Penso na herança que vou
Deixar é o que me faz entrar
Em pânico é quando penso
É o que me põe deprimido
É o tempo que perdi sem
Estudar sem querer evoluir
Sem me preparar para a vida
Assim mesmo de olhos
Vendados ainda constitui
Família; sem ter condições
De melhorar a situação da
Minha vida ou da vida das
Pessoas que vivem sob
Minhas responsabilidades
Neste ponto o destino é
Ingrato o destino é cruel
Ao nos prostrar todos os
Dias perante as nossas
Fraquezas perante os
Nossos defeitos
Percalços limitações
Não existe nada que
Nos faz emergir que nos
Faz respirar à tona d'água

Ela me dá adeusinho; RJ, 01601201981; Publicado: BH, 0300502011.

Ela me dá adeusinho
Quando vai embora
Até me joga beijinhos
Com a mão me faz
Carinho cafuné na
Cabeça me chama de
Amor deita-me no
Colo abraça-me
Beija-me meu
Coração palpita gela
Levita solto no ar
Fico bobo besta
Tudo gosto do que
Ela faz comigo
Não me deixa só
Nem sozinho
Dá-me calma
Tranquilidade
Diz que é a minha
Mulher que posso
Fazer o que quiser
Aceita tudo gosta
De tudo amélia
Acha bonito
Gostoso bom doce
Ela me dá tudo
Não deixa faltar nada
Diz que é só para mim
Fico feliz assim

(Modinha XLVIII); Publicado: BH, 0300502011.

Acabou
O importante
É que tenho amor
Sou amor
Dou amor
Nada mais interessa
Nada mais importa
Zombem de mim
Mas sou feliz
Riam de mim
Mas sou amor
Humilhem-me
Desprezem-me
Nada me falta
De nada preciso
Tenho tudo
Tenho amor
Não quero mais nada
Esqueço o passado
Sofri apanhei
Fui o infeliz
Mas hoje é diferente
Hoje existe paz
Amor tranquilidade
Em meu coração
Não sofro mais
Nem choro sequer
Sinto apena
O que é bom
Agradável puro
Não tenho mais medo
Já sou completo
Maduro experiente
Não perco mais a fé

(Modinha XLVII); Publicado: BH, 0300502011.

Tem gente que não está nem aí
Não cumpre com a palavra não
Paga o que deve engana mente
Passa as pessoas para atrás tem
Gente que é assim abre a boca
Fala mal de quem deve de
Quem não deve quando
Precisa procura logo a ajuda
Alheia não têm consideração
Por ninguém engana a todo
Momento quem quer ajudá-la
Rouba corrompe matam assalta
Nada acontece com essa gente
Nem a polícia põe as mãos
Parece que é protegida tem o
Corpo fechado tem gente que
Tem parte até com o diabo com
Capeta com o satanás esse tipo
De gente não se arrepende nem
Quando há tempo ainda sente
Felicidade com os atos que comete

Carlos Drummond de Andrade, Passeiam as belas; BH, 0300502011.

Passeiam as belas, à tarde, na Avenida
Que não é avenida, é longo caminho branco
Onde os vestidos cor de rosa vão deixando,
Não, não deixam sombra alguma, em mim é que eles deixam.

Passeiam, à tarde, as belas na Avenida.
São tão belas como as vejo, ou mais ainda?
Só de passar, só de lembrar que passam, a beleza
Nelas se crava eternamente, adaga de ouro.

Passeiam na Avenida, à tarde, as belas,
As sempre belas no futuro mais remoto.
Pisam com sola fina e saltos altos
De seus sapatos de cetim o tempo e o sonho.

À tarde, na Avenida, passeiam as belas,
Seios cuidadosamente ocultos mas arfantes,
Pernas recatadas, mas sabe Deus as linhas perturbadoras
Que criam ritmos, e o caminho branco é todo ritmo.

Na Avenida, passeiam as belas, à tarde,
No alto da cidade que entre árvores se apresta
Para o sono das oito da noite e não sabe que as belas
Deixam insone, a noite inteira, uma criança deslumbrada.

(Modinha XLVI); Publicado: BH, 0300502011.

Ninguém mais entra aqui
Não sei mesmo o que é
Que fiz de errado até o
Carteiro que sempre é
Bem-vindo passou ao
Largo virou a cara
Para o outro lado
Abandonaram-me
Sou um cara que
Abandonado
desespero-me
Muito rápido
Querem me ver
Morto acorrentado
Nesta cadeira à espera
Que aconteça
Alguma novidade
À espera que alguém
Entre porta a dentro a
Comprar-me alguma
Coisa a comprar-me a
Casa toda a comprar-me
Tudo a comprar-me todo
Até mesmo meu coração

Procuro a saída; RJ, 0220401987; Publicado: BH, 0300502011.

Procuro a saída
A qual ainda
Não encontrei
Procuro a solução
Que também
Ainda não sei
Minha mente
Está bloqueada
Meu pensamento
Evaporou olho
Para mim mesmo
Estou desesperado
Já perdi a razão
Descompassei
Meu coração
Até o meu sangue
Já parou de fluir
Minha hemorragia
Estancou meu sangue
Coagulou procuro
Até a pedra no meio
Do caminho a pedra
Fundamental na qual
Vou tropeçar para
Lançar-me à frente

Entrei num buraco; RJ, 0220401987; Publicado: BH, 0300502011.

Entrei num buraco
Não encontrei o
Fundo vão havia luz
Tudo estava escuro
As pessoas passavam
Não me viam queria
Mesmo  mais do que
Nunca ser visto pelas
Pessoas me debatia
Aí me balançava ai
Aí me mexia todo
Porém o mundo era
Cego eu era míope
Mas estava sem óculos
Na queda os quebrei
Quebrei também a
Espinha os braços as
Pernas quebrei o corpo
Todo tudo inteiro
Permaneci ali no
Fundo do buraco
Que abri na parede
Com a minha cabeça dura

Olha o pássaro que voa; RJ, 0220401987; Publicado: BH, 0300502011.

Olha o pássaro que voa
Em direção ao arco-íris
Olha a cor do passarinho
Consegues distinguir
Que passarinho é aquele
É só um passarinho que
Não pode mais voar
Cometeu um grande crime
Numa gaiola foi parar é
Crime ser passarinho?
É crime saber voar?
Cantar naturalmente,
Sem ninguém ensinar?
Ser mais belo que o
Homem? olha o pássaro
Que voa olha deixas
Voar não o prendas
A natureza boa
Sabe cuidar dele
Sabe protegê-lo
Sem a tua ajuda
Olha o pássaro que voa
Que inveja tenho dele

A tarde se vai; RJ, 0240401987; Publicado; BH, 0300502011.

A tarde se vai
A noite desce
Vem a Lua o
Sol se esconde
Vêm as estrelas
Os pássaros fogem
Os morcegos saem
Das tocas em seus
Voos cegos os
Pirilampos brilham
Na escuridão
Que assombração
Os fantasmas vagam
Pelos cemitérios
As almas perdidas
Desencarnadas
Feridas rastejam
No ar a atmosfera
Noturna soprou um
Vento gélido tipo
Um silêncio sepulcral
Mas não faz mal
O dia já passou
Estou aqui o dito
Cujo espírito
Quebrantado
Com o coração
Compungido
De copo na mão
A reclamar que a
Cerveja está quente

Nada vai acontecer; RJ, 0140601997; Publicado: BH, 0300502011.

Nada vai acontecer
Fazer com que a
Revolução venha
Transformar tudo
Mudar as coisas
De lugar inverter
A escala na
Pirâmide social

No Brasil de hoje; BH, 0280601999; Publicado: BH, 0300502011.

No Brasil de hoje
De FHC vulgo Fernando Henrique
Cardoso Antônio Carlos Magalhães
Toninho Malvadeza Marco Maciel o
Marco Zero Michel Gabiru de Esgoto
Temer entre outros só mesmo a agitação
Social a perturbação da ordem pública
Estabelecida podem por um fim ao
Domínio desse governo em respaldo
Popular só um tempo agitadiço ou
De povo que se agita com facilidade
Para tirar esse sorriso de lagarto do
Fernando do Antônio só um agitador
Um líder de verdade para mudar a
Realidade um período agitado um ar
Revolto revoltado para acabar com a
Burguesia a elite a exploração do povo
O colonialismo o imperialismo a
Entregação das riquezas às mãos dos
Estrangeiros só o agitar duma revolução
O mover com gestos bruscos sacudir o
Saco na calmaria do povo balançar a
Inércia abalançar os atos as ações
Sublevar o operariado o proletariado
Provocar assunto para discussão para
Incentivar a classe assalariada a buscar
Um salário melhor a estimular o ânimo
Da nação para por um fim a governo
Tão ruim a esta era maldita de atraso
De entrega de sofrimento para o povo
Então fora FHC vulgo Fernando
Henrique Cardoso renuncia já chega de
Vender o Brasil chega de destruir arruinar

Sou um santo fraco; RJ, 030401999; Publicado: BH, 0300502011.

Sou um santo fraco
O mais fraco dos santos
De pau de cu ocos pés
De barro estrutura frágil
Feita de  taquara póca
Tremo à toa à toa tudo
Que se passa ao redor de
Mim mete-me medo
Deve ser a covardia a
Coragem que não me
Habitou o pânico tomou
Conta do meu coração
É uma doença grave um
Câncer uma infecção uma
Inflamação na alma uma
Constipação no espírito
Um mal que não tem cura
Que me envergonha
Em qualquer situação
Sofro só em pensar se
Um dia terei que dar
Uma de homem na frente
Dos meus à frente das
Mulheres bum duelo
Com armas de armar
De abrir numa ocasião
De risco já imaginaste
Que fiasco? já sei que
Vou falhar não nasci
Para não falhar sou um
Fracasso na pele de
Herói um fiasco de gente
De homem na sociedade
Não existe lugar para seres
De minha laia nem Deus
Mem o Diabo querem almas
Da qualidade da minha

Quanto mais imploro; RJ, 0200601997; Publicado: BH, 0300502011.

Quanto mais imploro
Aos céus por uma inspiração
Quanto mais me preocupo
Em ter um pensamento inteligente
Um comportamento ético
Uma ação digna dum homem
Lúcido consciente chego à
Conclusão de que o que passo
É uma mera ilusão uma
Imagem confundida num
Espelho quebrado espatifado
Na calçada passado o tempo
As respostas que vêm são
Vagas sem fundamentos
Evasivas ilações desembasadas
Que me fazem desistir cair por terra
No meio de qualquer projeto pois
Um medo solene abafa meu uivo
Enfraquece minhas pernas mina
Minhas forças derrota-me bem
Antes do percurso do caminho
Tudo que esperava que poderia
Surgir se tivesse um canal de
Escape se transforma em nada
Se transforma em nuvens
Em palhas levadas pelo vento

domingo, 29 de maio de 2011

As crianças estão a morrer; RJ, 0130601998; Publicado: BH, 0290502011.

As crianças estão a morrer
Isso é fatídico isso é fúnebre
As crianças estão a acabar
Hoje a fome é maior do que
Todas as crianças hoje a
Violência de todos os tipos
A miséria a pobreza são
Maiores do que todas as
Crianças juntas acabem-se
As crianças morrem
Padecem todas continuam
Aí a infelicidade a injustiça
A desgraça a violência a
Morte a rondar a vida das
Criancinhas desamparadas
Até quando ó Deus veremos
Nossas crianças a sobreviver
Dos lixos da burguesia da
Elite? até quando ó Deus
Acontecerá violência sexual
Com seres tão inocentes?
Logo o Senhor que disse
Vinde a mim os pequeninos
Não pode deixar que aconteça
Tanta crueldade com eles não
Os impeçais por que dos tais
É o reino dos céus deixes
Que a terra seja das crianças
Antes de irem para os céus

Não quero mais falar; RJ, 0130601997; Publicado: BH, 0290502011.

Não quero mais falar
Ficar indignado me
Preocupar não quero
Mais enxergar ouvir
O lamento o pranto o
Choro dos injustiçados
Estou com o coração
Carregado o semblante
Atordoado a corcunda
Virou o fardo com todo
O sofrimento da face
Da terra por isso agora
Penso que não quero
Mais falar a respeito de
Todos os desprivilegiados
Não quero mais saber
Do que está para gerar
Do que está para fazer os
Governadores prefeitos
Vereadores senadores
Ministros deputados o
Próprio mandatário
Dessa corja de
Aproveitadores que
Deixa o povo à deriva
Não quero mais estou
Cansado de ser derrotado
Nunca tive uma vitória
Social estou cansado de
Ser vencido vou abandonar
O barco pois sinto que
Nunca vai acabar o
Sofrimento a infelicidade do
Povo trabalhador brasileiro

Olha aqui uma coisa; RJ, 0130401999; Publicado: BH, 0290502011.

Olha aqui uma coisa
Ando de cabeça erguida a
Olhar todo mundo nos olhos
Em paz tranquilo comigo
Mesmo só por que sou um
Gênio não criei a teoria da
Relatividade não inventei
O avião nem a bomba
Atômica não criei o software
Nem a internet sem modéstia
Que não tenho nenhuma sou
Gênio posso ser considerado
Gênio não inventei a guerra
Trago o antídoto dentro de mim
Trago a paz trago o amor trago
O respeito a fé a força o foco
A esperança a energia positiva
Que afasta o nefastos os malignos
Nebulosos sombrios infernais
Nos cercam com um mar um
Campo gravitacional magnético
Que repulsa toda tentativa
Para abalar a fé a força o foco
Olha aqui uma coisa sou assim
Mesmo cheio de coisas repara não

O ódio se alastra pela humanidade; BH, 040701997; Publicado: BH, 0290502011.

O ódio se alastra pela humanidade
Feito doença contagiosa eruptiva
Semelhante à varíola à catapora ao
Sarampo alastrim a raiva vai no
Mesmo caminho o rancor também
O saldo é esse que vemos aí
Crianças violentadas abandonadas
Assassinadas homens mulheres
Perdidos aos prantos no meio de
Fumaça poeira ferros retorcidos
Escombros cemitérios clandestinos
Câmaras de torturas sepulturas
Rasas esquecidas às beiras das
Estradas semidestruídas o amor
Onde entra aí? onde fica o amor
Nessa situação? há espaço para o
Amor no nosso coração? a paz?
O que é feito da paz? porque a paz
Não é importante? porque a paz é
Tão frágil? tão infantil fraca como
A maioria das crianças dos campos
De refugiados das várias nações em
Conflitos pela face da terra? porque
A paz é tão capenga ainda? temos
Que ser a muleta da paz a cadeira
De rodas a bengala o aparelho
Ortopédico que vai fazer a paz andar
Que vai fazer a paz habitar em todos
Os lares de todos os povos
Que habitam o mundo

Testamento; RJ, 0130601997; Publicado: BH, 0290502011.

Vou fazer aqui agora
O meu testamento vou
Deixar aqui escrito toda
A minha herança vós
Herdareis de mim de
Tudo todo aqui nesta
Folha de papel o medo
Que carreguei guardado
Dentro de mim toda a
Covardia o silêncio pois
Não soube agir me calei
Na hora de gritar a
Minha herança é esta
Os meus complexos
Dogmas preconceitos
Os meus dilemas tabus a
Minha falta de inteligência
De capacidade coragem é
Isto o que tenho para deixar
Todos os defeitos problemas
Que nunca soube resolver
Todos os projetos que
Abandonei antes de começar
Podeis ficar também com
Todas as mulheres que
Só tive vontade de amar
Nunca passei da vontade
Tem os meus segredos
Fiqueis também quem
Sabe farão mais bem a
Vós do que a mim as
Minhas doenças meus
Órgãos sonhos meu sono
Pesadelo me herdeis como
Amuleto patuá sereis infelizes
Pelo resto de vossos dias

Abandonei a luta; RJ, 0130601997; Publicado: BH, 0290502011.

Abandonei a luta
Há muito tempo que
Já abandonei a luta
Dobrei a minha bandeira
Desviei a minha atenção
Para outras coisas mudei
De rumo perdi o interesse
Agora não quero mais
Saber de luta social de
Classe nenhuma luta a
Burguesia é soberana a
Elite é imperial usam
Outros tipos de armas
Mais letais fatais tudo
Que é criado é só em
Benefício dessas classes
Dominantes nada é feito
Que beneficie alegre o
Povo trabalhador brasileiro
Honesto nada é feito que
Traga a felicidade as vitórias
No campo social ao povo
Abandonado às crianças que
Ainda morrem pelas calçadas
Das grandes metrópoles
Abandonei tudo isso não
Quero mais saber do assunto
Não quero mais saber vou
Ficar maluco vou ficar louco
Impotente doente de tanto
Acarretar para mim
Problemas sociais que
Nunca terão soluções
Já que não queremos
Trazê-los à tona para poder
Melhorar a vida aqui

A maior tristeza; RJ, 015041999; Publicado: BH, 0290502011.

A maior tristeza
É ver as pessoas
Que vieram depois de ti
Ultrapassarem-te em tudo
Chegaram anos depois de ti
Na estrada da vida depois
Da largada na dianteira
Deixaram-te a comer poeira
A maior tristeza é essa 
Pensamos que estamos com
Tudo pensamos que estamos
Na dianteira ao abrirmos os
Olhos estamos na traseira
Na rabeira nos chinelos
Não estamos com nada
Isso é que dói são até
Pessoas que nunca
Agradeceram a Deus
Nem pelo ar que respiram
Pela comida que comem
Pela terra onde pisam
São essas que vão mais
Longe essas que galgam
Mais a pirâmide da vida
Vieram muito além de nós
Sabem aproveitar todas as
Oportunidade sabem tomar
Todas as decisões certas
Com a maior alegria

A minha preocupação maior; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0290502011.

A minha preocupação maior
É fazer uma obra de arte que
Venha a se transformar numa
Obra-prima num exemplo raro
De obra clássica antológica
Como não tenho a perfeição
Não tenho o dom da inspiração
Nem o crivo da qualidade paro
No meio do caminho tudo o que
Faço cai pelo chão é espalhado
Pelo vento ou levado pela água
Da chuva tragado pela terra
Ou diluído pelo ar morre tudo
Antes de nascer antes de se
Firmar antes de se classificar
Como qualquer tipo de obra
Que seja me perco na ilusão
De que construo algo florido
Frutuoso quando na realidade
Nem mesmo sei o que acabei
De fazer e espero que um dia
Deus compreenda que mesmo sem
Ter nada na vida tenho na vida tudo

Carlos Drummond de Andrade, O Quarto Escuro; BH, 0290502011.

Por que este nome, ao sol?
Tudo escurece de súbito na casa.
Estou sem olhos.
Aqui de certo aguardam-se guardados
Sem forma, sem sentido.
É quarto feito pesadamente para me intrigar.
O que nele se põe assume noutra matéria
E nunca mais regressa ao que era antes.
Eu mesmo, se transponho o umbral enigmático,
Fico a ser, de mim desconhecido.
Sou coisa inanimada, bicho preso em jaula
De esquecer, que se afastou de
Movimento e fome.
Esta pesada cobertura de sombra
Nega o tato, o olfato, o ouvido.
Exalo-me.
Enoiteço.
O quarto escuro em mim habita.
Sou o quarto escuro.
Sem lucarna.
Sem óculo.
Os antigos condenam-me a esta forma de castigo.

sábado, 28 de maio de 2011

Carlos Drummond de Andrade, Maio no Leblon; BH, 0280502011.

Entre os desmaios de maio,
Azula o céu carioca
E o sol recolhe seu raio.
Macio maio!
Bem vindo
Aos que, de pupila doente,
Refugiavam-se, no poente,
Dos revérberos da praia.
Um frio azul se derrama
E colhe de rama em rama
Toda cantiga de pássaro.
É doce, ficar na cama.
O níquel das bicicletas
- Ante a franja turmalina -
Se desenrola nas retas
Sem fustigar as retinas.
Luz de seda!
Nos vestidos
Anda um prenúncio de lãs
E de agasalhos transidos.
Inverno, prepara as cãs.
Vou lagartear-me na areia
E onde emigram, neste maio,
As gentes de formas feias,
E descobrir nela côncavo
Dos pés de Lúcia Sampaio.
Mês de colóquio e surpresa,
Em que, sereno, o olhar gaio
Se infiltra na natureza
E se perde, achando-se...
Amai-o.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Não vai cair do céu para mim; RJ, 0200601997; Publicado: BH, 0270502011.

Não vai cair do céu pra mim
Não vai brotar da terra nem
Vai surgir do ar comigo sempre
É diferente nasci saci para
Sofrer nasci aleijadinho para
Chorar nasci negrinho do
Pastoreio para apanhar não
Nasci com o cu virado para a
Lua nunca dei uma cagada que
Transformasse minha vida da
Noite para o dia como a maioria
Das pessoas que conheço sou
Um tatu uma toupeira só entro
Em buraco negro só entro em
Fria que a vida me prepara não
Consigo aprender não consigo
Sair a dar a volta por cima
Encontra uma atenuante que
Leve-me à tentativa duma
Vida melhor em paz mais feliz
Não encontro uma compensação
Que traga ao meu coração um
Pouco de benefício só encontro
Soluções que são adversas a mim
Sempre trabalhei com honestidade
Sempre foi em vão fico cada vez mais
Deprimido om o vazio da minha mão

George Harrison, My Sweet Lord; BH, 027052011; comunhão




Tom: G

My sweet Lord, hum my Lord, hum Lord
                        G          E-
I really want to see you
                       G                E-
Really want to be with you
                       G                         E
Really wanna see you Lord but it takes so long
       A    D                A    D             A      D    A          D
My Lord, my sweet Lord hum my Lord, hum my Lord
                          G           E-
I really want to know you
                         G               E-
Really wanto to go with you
                        G                                 E           A    D
Really want to show you Lord but it won't teke long
       A   D                                      A    D
My lord....... Hallelujah, my sweet Lord...... Hallelujah
            A-  D
My Lord......Hallelujah, my sweet
    A   D                 (G E) G E A-   D
Lord........Hallelujah
                        G      E-                      G        E-
Really want to see you, really want to see you
                        G              E-                  G
Really want to see you Lord, really want see you Lord
          E                           A  D
But it takes so long my Lord, Hallelujah
                          G           E
(Really want to know you..... Hallelujah
                       G               E
Really want to go with you.... Hallelujah)
                          G                              E
Really want to show you Lord but it won't takes long
         A    D
My Lord...... Hallelujah
                 A    D
Hum my Lord..... Hare Krishna
                     A     D
My, my, my Lord...... Hare Krishna
                  A    D                               A
My sweet Lord...... Krishna oooooh Lord
             D
Hare Hare
                         G                     E
I really want to see you Hare Rama
                       G                               E
Really want to be with you.... Hare Rama
                        G                           E
Really want to see you Lord but it takes so long
          A   D
My Lord..... Hallelujah, my, my,
         A                      D
My Lord....... Hare Krishna
          A                    D
My Lord...... Hare Krishna
                   A                   D
My sweet Lord...... Hare Krishna
AD
Sweet Lord...........Krishna Krishna
                   A             D                   A
My sweet Lord Hare Hare, Gurur Brahma
             D         A     D
Gurur Visnu, Gurur Devo
            A                 D                  A
Maheshara, Gurur Sakshat, Parambrahma
            D                  A        D
Tasmi Shri Guruve Namah

JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL, Kirie Eleison - Letra; BH, 0270502011.

Pela esperança guardada no peito,
Pelo caminho de bem caminhar,
Pelo que luta e merece o direito,
Pelo que ama e vive a implorar.

Tem piedade de nós.

Pela promessa de que vai voltar,
Pela criança perdida na rua,
Pela miséria em tormento e nua,
Pelo que vaga e busca um lugar.

Kirie eleison.

Pela desordem do mundo coitado,
Pela opressão acossando o altar,
Pelo pequeno no engenho esmagado,
Pelo que chora querendo cantar.

Kirie eleison.

Pelos acordes da noite sombria,
Da solidão procurando o luar,
Pela harmonia que antes havia,
Pela saudade do antigo meu lar.

Tem piedade de mim.

Llewellyn Medina, Ah! Minas Gerais; BH, 0270502011.

Ah!
Minas Gerais
Porque te deixei?
Trinta anos são poucos
(Ou são demais?)
Não me esqueças Minas
Não me abandones
Jamais
Minas Gerais.

Tito Júlio Fedro, A Gralha Soberba e o Pavão; BH, 0270502011.

Esopo nos deu este exemplo para que não seja de
Agrado gloriar-se de bens alheios e, sim, aceitar a
Vida própria como ela é.
Uma gralha, intumescida de vã soberba, agarrou as
Penas caídas de um pavão e com elas odornou-se.
Em seguida, desprezando os seus, inseriu-se em
Meio aos esplêncidos pavões, mas esses arrancaram
A plumagem e afugentaram a imprudente a bicadas.
A gralha maltratada retornou triste para o grêmio de
Sua raça.
Repelida, (também) dele, sofre triste afronta.
Então um daqueles aos quais antes ela desprezara,
(Disse):
"Se tivesses ficado satisfeita com a nossa morada e
Suportado o que a natureza nos deu, não experimentarias
Aquela injúria nem teu infortúnio sentiria esta (nossa) repulsa."

Manoel de Barros, O Roceiro; BH, 0270502011.

No clarear do dia vou para o roçado
A capinar.
Até de tarde tiro o meu eito: arranco inços tranqueiros,
Joás e bosta de bugiu que não serve nem para esterco.
Abro a terra e boto as sementes.
Deixo as sementes para a chuva enternecer.
Dou um tempo.
Retiro de novo as pragas: dejetos de aves, adjetivos.
(Retiro os adjetivos porque eles enfraquecem as plantas)
E deixo o texto a germinar sobre o branco do papel
Na maior masturbação com as pedras e as rãs.

Casimiro de Abreu, Visão; BH, 0270502011.

Uma noite.... Meu Deus, que noite aquela!
Por entre as galas, no fervor da dança,
Vi passar, qual num sonho vaporoso,
O rosto virgnal duma criança.

Sorrí-me; - era o sonho de minh'alma
Êsse riso infantil que o lábio tinha:
 - Talvez que essa alma dos amôres puros
Pudesse um dia conversar co'a minha!

Eu olhei, ela olhou... doce mistério!
Minh'alma despertou-se à luz da vida,
E as vozes duma lira e dum piano
Juntos se uniram na canção querida.

Depois eu, indolente, descuidei-me
Da planta nova dos gentis amôres,
E a criança, correndo pela vida,
Foi colher nos jardins lindas flores.

Não voltou; - talvez ela adormecesse
Junto à fonte, deitada na verdura,
E - sonhando - a criança se recorde
Do moço que ela viu e que a pocura!

Corri pelas campinas noite e dia
Atrás do berço de ouro dessa fada;
Rasguei-me nos espinhos do caminho...
Cansei-me a procurar e não vi nada!

Agora como um louco eu fito as turbas
Sempre a ver se descubro a face linda...
- Os outros a sorrir passam cantnado,
Só eu a suspirar procuro ainda!...

Onde foste, visão dos meus amôres!
Minh'alma, sem te ver,  louca suspira!
 - Nunca masi unirás, sombra encantada,
O som do teu piano à voz da lira?!...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Antônio Nobre, O Sonho de João; BH, 0260502011.

O João dorme... (Ó Maria,
Dize àquela cotovia
Que fale mais devagar:
Não vá o João, acordar...)
Tem só um palmo de altura
E nem meio de largura:
Para o amigo orangotango
O João seria... um morango!
Podia engoli-lo um leão
Quando nasce! As pombas são
Um poucochinho maiores...
Mas os astros são menores!

O João dorme... Que regalo!
Deixá-lo dormir, deixá-lo!
Calai-vos, águas do moinho!
Ó Mar, fala mais baixinho...
E tu, Mãe! e tu, Maria!
Pede àquela cotovia
Que fale mais devagar:
Não vá o João, acordar...

O João dorme, o Inocente!
Dorme, dorme eternamente,
Teu calmo sono profundo!
Não acordes para o Mundo,
Pode levar-te a maré:
Tu mal sabes o que isto é...

Ó Mãe! canta-lhe a canção,
Os versos do teu Irmão:
"Na Vida que a Dor povoa,
Há só uma coisa boa,
Há só uma coisa boa,
Que é dormir, dormir, dormir...
Tudo vai sem se sentir."

Deixa-o dormir, até ser
Um velhinho... até morrer!
E tu vê-lo-ás crescendo
A teu lado (estou-o vendo
João! que rapaz tão lindo!)
Mas sempre, sempre dormindo...

Depois, um dia virá
Que (dormindo) passará
Do berço, onde agora dorme,
Para outro, grande, enorme:
E as pombas que eram maiores
Que João, ficarão menores!

Mas para isso, ó Maria!
Dize àquela cotovia
Que fale mais devagar:
Não vá o João acordar...

E os anos irão passando

Depois, já velhinho, quando
(Serás velhinha também)
Perder a côr que, hoje, tem,
Perder as côres vermelhas
E fôr chelinho de engelhas,
Morrerá sem o sentir,
Isto é, deixa de dormir:

Acorda e regressa ao seio
De Deus, que é donde êle veio...

Mas para isso, ó Maria!
Pede àquela cotovia
Que fale mais devagar:

Não vá o João acordar...

                                                      (Paris, 1891.)

Gonçalves Dias, Ainda Uma Vez - Adeus!; BH, 0260502011.

Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!

Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crêspa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!

Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tormou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp'rança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!

Vivi; pois Deus me guardava
Para êste lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E êste pranto dolorido
Deixar correr a teus pés.

Mas que tens? Não me conheces?
De mim afastas teu rosto?
Pois tanto pôde o desgôsto
Transformar o rosto meu?
Sei a aflição quanto pode,
Sei quanto ela desfigura,
E não vivi na ventura...
Olha-me bem, que sou eu!

Nenhuma voz me diriges!...
Julgas-te acaso ofendida?
Deste-me amor, e a vida
Que ma darias - bem sei;
Mas lembrem-te aquêles feros
Corações que se meteram
Entre nós; e se venceram,
Mal sabes quanto lutei!

Oh! se lutei!... mas devera
Expor-te em pública praça,
Como um alvo à populaça,
Um alvo aos dictérios seus?
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?

Devera, sim; mas pensava
Que de mim t'esquecerias,
Que, sem mim, alegres dias
T'esperavam; e em favor
De minhas preces, contava
Que o bom Deus me aceitaria
O meu quinhão de alegria
Pelo teu quinhão de dor!

Que me enganei, ora o vejo;
Nadam-te os olhos em pranto,
Arfa-te o peito, e no entanto
Nem me podes encarar;
Êrro foi, mas não foi crime,
Não te esqueci, eu to juro:
Sacrifiquei meu futuro,
Vida e glória por te amar!

Tudo, tudo; e na miséria
Dum martírio prolongado,
Lento, cruel, disfarçado,
Que eu nem a ti confiei:
"Ela é feliz (me dizia),
"Seu descanso é obra minha."
Negou-me a sorte mesquinha...
Perdoa, que me enganei!

Tantos encantos me tinham,
Tanta ilusão me afagava,
De noite, quando acordava,
De dia em sonhos talvez!
Tudo isso agora onde pára?
Onde a ilusão dos meus sonhos?
Tantos projetos risonhos,
Tudo êsse engano desfez!

Enganei-me... - Horrendo caos
Nessas palavras se encerra,
Quando do engano, quem erra,
Não pode voltar atrás!
Amarga irrisão! reflete:
Quando eu gozar-te pudera,
Mártir quis ser, cuidei qu'era...
E um louco fui, nada mais!

Louco, julguei adornar-me
Com palmas d'alta virtude!
Que tinha eu bronco e rude
Co'o que se chama ideal?
O meu eras tu, não outro;
'Stava em deixar minha vida
Correr por ti conduzida,
Pura, na ausência do mal.

Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fôra,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera...
E eu! eu fui que a não quis!

És doutro agora, e pra sempre!
Eu a mísero destêrro
Volto, chorando o meu êrro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria pôsto,
Que a expressão dêste desgôsto
Será um crime ante Deus!

Dói-te de mim, que t'imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!

Adeus qu'eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar com um breve Adeus!

Lerás porém algum dia
Meus versos, d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; - e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiede,
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, - de compaixão.

Mário Quintana, Trágico Acidente de Leitura; BH, 0260502011.

Tão comodamente que eu estava lendo, como quem
Viaja num raio de lua, num tapete mágico, num trenó, num sonho.
Nem lia: deslizava.
Quando de súbito a terrível palavra apareceu, apareceu e ficou, plantada ali
Diante de mim, focando-me: ABSCÔNDITO.
Que momento passei!...
O momento de imobilidade e apreensão de quando o fotógrafo se
Posta atrás da máquina, envolvidos os dois no mesmo pano preto,
Como um duplo monstro misterioso e corcunda...
O terrível silêncio do condenado ante o pelotão de fuzilamento,
Quando os soldados dormem na pontaria e o capitão vai gritar:
Fogo!

Babilak Bah, Foi preciso; BH, 0260502011.

Foi preciso
Escavar
Ser antropólogo da poesia perdida
Ir mais longe possível
Com os pés, com as mãos
Adentrar na cova
Lago profundo
Escuro
Escuro-negro clarão

Labirinto de luz
Túnel do tempo de vidas passadas
Esculpir o rosto do céu
No coração da montanha escura

Enxergar-se no puro avesso

Mário Quintana, Invitation Au Voyage; BH, 0260502011.

Se cada um de nós, ó vós outros da televisão
 - Vós que viajais inertes
Como defuntos num caixão -
Se cada um de vós abrisse um livro de poemas...
Faria uma verdadeira viagem...
Num livro de poemas se descobre de tudo, de tudo mesmo!
 - Inclusive o amor e outras novidades.

Charles D'Orléans, Eu sou aluno da Tristeza; BH, 0260502011.

Eu sou aluno da Tristeza,
Pela Incerteza flagelado.
E nesse estudo, assoberbado,
Quando da morte já sou presa.

Não duvideis que a dor me pesa,
Quando à velhice sou chegado,
Eu sou aluno da Tristeza,
Pela Incerteza flagelado.

O Perdão venha com presteza
A mim que estou desesperado;
Fora de mim, qual dementado,
Foi-me a vida sem defesa,
Eu sou aluno da Tristeza.

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, Opiário; BH, 0250502011.

                                                                    (ao senhor Mário de Sá-Carneiro)

É antes do ópio que a min'alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.

Esta vida de bordo há-de matar-me.
São dias de febre na cabeça
E, por mais que procure até que adoeça,
Já não encontro a mola pra adaptar-me.

Em paradoxo e incompetência astral
Eu vivo a vincos d'ouro a minha vida,
Onda onde o pundonor é uma descida
E os próprios gozos gânglios do meu mal.

É por um mecanismo de desastres,
Uma engrenagem com volantes falsos,
Que passo entre visões de cadafalsos
Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.

Vou cambaleando através do lavor
Duma vida-interior de renda e laca.
Tenho a impressão de ter em casa a faca
Com que foi degolado o Precursor.

Ando expiando um crime numa mala,
Que um avô meu cometeu por requinte.
Tenho os nervos na forca, vinte a vinte,
E caí no ópio como numa vala.

Ao toque adormecido da morfina
Perco-me em transparências latejantes
E numa noite cheia de brilhantes
Ergue-se a lua como a minha Sina.

Eu, que fui sempre um mau estudante, agora
Não faço mais que ver o navio ir
Pelo canal de Suez a conduzir
A minha vida, cânfora na aurora.

Perdi os dias que já aproveitara.
Trabalhei para ter só o cansaço
Que é hoje em mim uma espécie de braço
Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.

E fui criança como toda a gente.
Nasci numa província portuguesa
E tenho conhecido gente inglesa
Que diz que eu sei inglês perfeitamente.

Gostava de ter poemas e novelas
Publicados por Plon e no Mercure,
Mas é impossível que esta vida dure.
Se nesta viagem nem houve procelas!

A vida a bordo é uma coisa triste
Embora a gente se divirta às vezes.
Falo com alemães, suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste.

Eu acho que não vale a pena ter
Ido ao Oriente e visto a Índia e a China.
A terra é semelhante e pequenina
E há só uma maneira de viver.

Por isso eu tomo ópio. É um remédio.
Sou um convalescente do Momento.
Moro no rés-do-chão do pensamento
E ver passar a Vida faz-me tédio.

Fumo. Canso. Ah uma terra aonde, enfim,
Muito a leste não fosse o oeste já!
Pra que fui visitar a Índia que há
Se não há Índia senão a alma em mim?

Sou desgraçado por meu morgadio.
Os ciganos roubaram minha Sorte.
Talvez nem mesmo encontre ao pé da morte
Um lugar que me abrigue do meu frio.

Eu fingi que estudei engenharia.
Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda.
Meu coração é uma avozinha que anda
Pedindo esmola às portas da Alegria.

Não chegues a port-Said, navio de ferro!
Volta à direita, nem eu sei para onde.
Passo os dias no smoking-room com o conde -
Um escroc francês, conde de fim de enterro.

Volto à Europa descontente, e em sortes
De vir a ser um poeta sonambólico.
Eu sou monárquico mas não católico
E gostava de ser as coisas fortes.

Gostava de ter crenças e dinheiro,
Ser vária gente insípida que vi.
Hoje, afinal, não sou senão, aqui,
Num navio qualquer um passageiro.

Não tenho personalidade alguma.
É mais notado que eu esse criado
De bordo que tem um belo modo alçado
De laird escocês há dias em jejum.

Não posso estar em parte alguma. A minha
Pátria é onde não estou. Sou doente e fraco.
O comissário de bordo é velhaco.
Viu-me co'a sueca... e o resto ele advinha.

Um dia faço escândalo cá a bordo,
Só para dar que falar de mim aos mais.
Não posso com a vida, e acho fatais
As iras com que às vezes me debordo.

Levo o dia a fumar, a beber coisas,
Drogas americanas que entontecem,
E eu já tão bêbado sem nada! Dessem
Melhor cérebro aos meus nervos como rosas.

Escrevo estas linhas. Parece impossível
Que mesmo ao ter talento eu mal o sinta!
O fato é que esta vida é uma quinta
Onde se aborrece uma alma sensível.

Os ingleses são feitos para existir.
Não há gente como esta pra estar feita
Com a tranquilidade. A gente deita
Um vintém e sai um deles a sorrir.

Pertenço a um gênero de portugueses
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho. A morte é certa.
Tenho pensado nisto muitas vezes.

Leve o diabo a vida e a gente tê-la!
Nem leio o livro à minha cabeceira.
Enoja-me o Oriente. É uma esteira
Que a gente enrola e deixa de ser bela.

Caio no ópio por força. Lá querer
Que eu leve a limpo uma vida destas
Não se pode exigir. Almas honestas
Com horas pra dormir e pra comer,

Que um raio as parta! E isto afinal é inveja.
Porque  estes nervos são a minha morte.
Não haver um navio que me transporte
Para onde eu nada queira que o não seja!

Ora! Eu cansava-me do mesmo modo.
Qu'ria outro ópio mais forte pra ir de ali
Para sonhos que dessem cabo de mim
E pregassem comigo nalgum lodo.

Febre! Se isto que tenho não é febre,
Não sei como é que se tem febre e sente.
O fato essencial é que estou doente.
Está corrida, amigos, esta lebre.

Veio a noite. Tocou já a primeira
Corneta, pra vestir para o jantar.
Vida social por cima! Isso! E marchar
Até que a gente saia pra coleira!

Porque isto acaba mal e há-de haver
(Ola!) sangue e um revólver lá pro fim
Deste desassossego que há em mim
E não há forma de se resolver.

E quem me olhar, há-de me achar banal,
A mim e à minha vida... Ora! um rapaz...
O meu próprio monóculo me faz
Pertencer a um tipo universal.

Ah quanta alma haverá, que ande metida
Assim como eu na Linha, e como eu mística!
Quantos sob a casaca característica
Não terão como eu o horror à vida?

Se ao menos eu por fora fosse tão
Interessante como sou por dentro!
Vou no Maelstroom, cada vez mais pra centro.
Não fazer nada é a minha perdição.

Um inútil! Mas é tão justo sê-lo!
Pudesse a gente desprezar os outros
E, ainda que co'os cotovelos rotos,
Ser herói doido, amaldiçoado ou belo!

Tenho vontade de levar as mãos
À boca e morder nelas fundo e a mal.
Era uma ocupação original
E distraía os outros, os tais sãos.

O absurdo como uma flor da tal Índia
Que não vim encontrar na Índia, nasce
No meu cérebro farto de cansar-se.
A minha vida mude-a Deus ou finde-a...

Deixe-me estar aqui, nesta cadeira,
Até virem meter-me no caixão.
Nasci pra mandarim de condição,
Mas falta-me o sossego, o chá e a esteira.

Ah que bom que era ir daqui de caída
Pra cova por um alçapão de estouro!
A vida sabe-me a tabaco louro.
Nunca fiz mais do que fumar a vida.

E afinal o que quero é fé, é calma,
E não ter essas sensações confusas.
Deus que acabe com isto! Abra as eclusas
E basta de comédias na minh'alma!

                                                               1914, março. No canal de Suez, a bordo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Nietzsche, "Mas o que te aconteceu?"; BH, 0250502011.

"Mas o que te aconteceu?"
 - "Não sei, diz com hesitação; talvez o voo das harpias
Tenha passado por sobre minha mesa."
 - Acontece hoje, às vezes, que um homem doce, moderado,
Circunspecto se torne de repente raivoso, a ponto de quebrar
Os pratos, virar a mesa, grita, se agita, ofende a todos - e
Acaba finalmente por se retirar à parte, envergonhado, furioso
Consigo mesmo.
Onde?
Por quê?
Para morrer de fome no isolamento?
Para ser sufocado pela memória?
 - Aquele que possui os desejos de uma alma elevada e difícil e
Que só se encontra raramente sua mesa servida, sua refeição
Pronta, estará todo tempo diante de um grande perigo: mas hoje
Esse perigo é maior do que nunca.
Jogado numa época rumorosa e plebéia, da qual não quer
Compartilhar os pratos, corre o risco de morrer de fome e de
Sede ou, se decide finalmente participar dela - corre o risco de
Perecer repentinamente de desgosto.
 - Estamos já provavelmente todos sentados à mesa em que nossa
Presença está fora de lugar; e precisamente os mais espirituais
Dentre nós, que são também os mais difíceis de alimentar, conhecem
Essa perigosa dispepsia que muitas vezes se mostra quando se dão
Conta daquilo que nos servem e das pessoas que comem conosco:
 - O desgosto na sobremesa.

Nietzsche, Como se faz filosofia hoje; BH, 0250502011.

Noto que nossos jovens, nossos artistas e nossas mulheres que
Querem filosofar pedem hoje  à filosofia de lhes dar precisamente
O contrário do que dela recebiam os gregos!
Quem não percebe júbilo constante que atravessa todas as poposições
E réplicas de um diálogo de Platão, o júbilo que causa a nova descoberta
Do pensamento racional, que compreende afinal de Platão, da filosofia antiga?
Nesses tempos as almas se enchiam de alegria quando se entregavam ao jogo
Rigoroso e árido das ideias, das generalizações, das refutações - com essa
Alegria que talvez conheceram também os grandes mestres antigos do rigoroso
E árido contraponto.
Nessa época, na Grécia se tinha ainda em relação à língua esse outro gosto mais
Antigo e outrora todo-poderoso: e ao lado desse gosto, o gosto novo aparecia
Com tanto encanto que se passava a cantar e a balbuciar a dialética, a "arte divina",
Como se se estivesse inebriado de amor.
O gosto antigo era o pensamento escravo da moralidade para a qual não esxistiam
Senão juízos fixos, fatos determinados e nenhuma outra razão que aquela da
Autoridade: de modo que pensar não era repetir e todo prazer do discurso e do
Diálogo só podia residir na forma.
(Em toda a parte onde o conteúdo é considerado como eterno e verdadeiro em sua
Generalidade, existe apenas uma grande magia: aquela da forma mutável, isto é, da moda.
Também nos poetas, desde a época de Homero e mais tarde nos escultores, os gregos
Não apreciavam a originalidade, mas seu contrário).
Foi Sócrates quem descobriu o encanto oposto, o da causa e do efeito, da razão e da
Consequência: e nós, homens modernos, estamos de tal modos habituados à necessidade
Da lógica e educados na ideia dessa necessidade, que se apresenta a nós como o gosto
Normal e que, como tal, desagrada forçosamente aos foliões e aos pretensiosos.
O que se diferencia do gosto normal os arrebata!
Sua ambição mais sutil se persuade que sua alma é excepcional, que eles não são seres dialéticos
E racionais, mas... por exemplo, "seres intuitivos" dotados de um "sentimento interior" ou
De uma "intuição intelectual".
Mas antes de tudo querem ser "naturezas artísticas", tendo um gênio na cabeça e um diabo
No corpo e possuindo, por conseguinte, também direitos excepcionais para esse mundo e
Para o noutro, e sobretudo o divino privilégio de serem incompreensíveis. -
E tudo isso constitui hoje filosofia!
Receio que não percebam um dia que se enganaram - o que eles querem é uma religião.

Tomás Antônio Gonzaga, Lira X; BH, 0250502011.

Se existe um peito,
Que isento viva
Da chama ativa,
Que acende Amor;
Ah! não habite
Neste montado,
Fuja apressado
Do vil traidor.

Corra, que o impio
Aqui se esconde,
Não sei aonde;
Mas sei que o vi.
Traz novas setas,
Arco robusto;
Tremi de susto,
Em vão fugi.

Eu vou mostrar-vos,
Tristes mortais,
Quantos sinais
O impio tem.
Oh! como é justo
Que todo o humano
Um tal tirano
Conheça bem!

No corpo ainda
Menino existe;
Mas quem resiste
Ao abraço seu?
Ao negro Inferno
Levou a guerra;
Venceu a tera,
Venceu o Céu.

Jamais se cobrem
Seus membros belos;
E os seus cabelos
Que lindos são!
Vendados olhos,
Que tudo alcançam,
E jamais lançam
A seta em vão.

As suas faces
São côr de neve;
E a boca breve
Só risos tem.
Mas, ah! respira
Negros venenos,
Que nem ao menos
Os olhos vêem.

Aljava grande
Dependurada,
Sempre atacada
De bons farpões.
Fere com estas
Agudas lanças
Pombinhas mansas,
Bravos leões.

Se a seta falta,
Tem outra pronta,
Que a dura ponta
Jamais torceu.
Ninguém resiste
Aos golpes dela:
Marília bela
Foi quem lhe deu.

Ah! não sustente
Dura peleja
O que deseja
Ser vencedor.
Fuja, e não olhe,
Que só fugindo
De um rosto lindo
Se vence Amor.

Manuel Bandeira, Dentro da Noite; BH, 0250502011.

Dentro da noite a vida canta
E esgarça névoas ao luar...
Fosco minguante o vale encanta.
Morreu pecando alguma santa...
A água não para de chorar.

Há um amavio esparso no ar...
Donde virá ternura tanta?...
Paira um sossego singular
Dentro da noite...

Sinto meu violão vibrar
A alma penada de uma infanta
Que definhou do mal de amar...
Ouve...Dir-se-ia uma garganta
Súplice, triste, a soluçar
Dentro da noite...

Beatles, Got To Get Into My Life; BH, 0250502011; ouçam, cantem, dancem.



 I was alone, I took a ride
I didn't know what I would find there
Anotheer road, where maybe I could find

Another kind of mind there
Ooh! then I sudeenly see you
Ooh! did I tell you I need you
Every single day of my life

You didn't run, you didn't lie
You knew I wanted just to hold you
And had you gone
You knew in time we'd meet again
For I had told you...

Ooh! you were meant to be near me
Ooh! and I want you to hear me
Say we'llbe together every day...

Got to get you into my life...

What can I do, what can I be
When I'm with you, I want to stay there
If I am true, I'll never leave
And if I do, I know the way there

Ooh! them I suddenly see you
Ooh! did I tell you I need you
Every single day of my life....

(Modinha XLV); Publicado: BH, 0250502011.

Já estou farto detesto pessoas de
Mente demente que detestam
Tudo desta vida estou farto de
Mente doente que por demência
Não sente nada deste mundo
Não aguento mais pessoa sem
Doce que só faz cu doce sem
Charme que vive nesta cidade
Não suporto pessoa sem vida
Que não ouve que não fala que
Não vê vive finge que não vive
Detesto pessoa morta que detona
Tudo deste país entreguista mixuruca
Submissa que gosta de se escravizar
É chata intragável que não sabe nem
Desconfia que é sem gosto fria para
Que lutar por um povo desse? que
Não tem inteligência nem capacidade
Nem consciência? vive na ignorância
Quem quer morrer por um país deste?
É o primeiro a se manifestar não
Quero mão vale a pena não evolui
Não reforma nem transforma não
Revoluciona nem muda não tem
Liderança nem rebeldia pessoa
Apática não participa nem entende
Decadente atrasada perdida ardida
Põe a culpa em tudo menos em si
Mesma diz que não vale a pena farto
De vergonha cita a exterminação dos
Índios a pobreza a fome que não
Passam a falsidade as coisas que
Nascem morrem nada vive nada
Fica fala gesticula não faz por onde

terça-feira, 24 de maio de 2011

Abdias do Nascimento morreu hoje; BH, 0240502011; Publicado: BH, 0240502011.

Abdias do Nascimento morreu hoje
Mas qual autoridade que tenho para
Dizer que homem de tal magnitude
Morreu? porém não sou o que digo é
A mídia que anuncia a morte dum
Imortal Abdias do Nascimento ser de
Elevadíssima esfera na humanidade o
Mais árduo agora é procurar palavras
Para a grandeza de Abdias do Nascimento
Aos 97 anos duma vida dedicada à
Igualdade às liberdades direitos dos
Cidadãos lutou pela justiça em todos os
Níveis poucos tiveram a qualidade a
Capacidade educacional de brasileiro tão
Nobre professor deputado senador
Secretário de estado militante educador
Artista poeta escritor doutor vastos são os
Títulos de nome que tanto nos engrandece
Diante de nações perante povos de todos
Os cantos do mundo parabéns ao local para
Aonde Abdias do Nascimento dirigiu-se hoje
Com certeza ficou muito mais rico o mundo
Fica mais triste a raça humana bem menos
Qualificada com tal partida de ente dedicado
Como ninguém à paz ao amor ao fim do
Racismo da discriminação racial bem-vindo
À história universal Abdias do Nascimento

(Modinha XLIV); Publicado: BH, 0240502011.

Porque não podemos nos amar uns aos outros?
Porque temos que nos odiar? não podemos viver
Juntos? o homem não pode ser acomodado quieto
Tímido devagar para que tanta raiva ódio desamor?
Temos que evoluir ser feliz não frios preguiçosos 
Sem vontade disposição temos que ter paz viver em
Paz temos que ser pacíficos para que armas? para
Que matar? para que mortes? para que morrer? porque
Não podemos viver? não podemos nos roubar assim
Nos privar de nossos gozos das nossas regalias o
Inquieto contestador rebelde reclamador não diz
Não sou nada não sei porque não consigo viver não
Consigo ser nem fazer falar o que quero enfiar as
Mãos pelos pés plantar batatas dar cambalhotas no
Meio da rua não é o do que diz sou tão sem ação tão
Morto podre inútil indiferente não consigo sair
Dessa faixa de vida transformar junto aos que dizem
Temos nossos direitos de nos amar ser feliz viver em
Comunhão então para que arrasar? para que estragar? o 
Curto tempo que temos para aproveitar essa oportunidade

(Modinha XLIII); Publicado: BH, 0240502011.

John Lennon estava certo
John Lennon tinha razão
O mundo é que está errado
O universo é que está errado
A sociedade o sistema o governo
A política a polícia os poderosos
John Lennon estava certo sabia
Conferia sentia o restante é que
Está perdido se encontrou se
Conheceu era mesmo a religião é
Que não presta entendia que não
Pode existir Deus com tantas
Desgraças é o que era o profeta
Disse que Jesus Cristo foi
Ultrapassado é o que era a
Crença não acreditava em nada
Só em John Lennon é o que era
A verdade John Lennon era John
Lennon John Lennon foi John
Lennon John Lennon será John
Lennon John Lennon é John
Lennon e mais nada; o resto é
Hipocrisia demagogia papo
Furado John Lennon amor,
Verdadeiro amor real ditava
As regras a moda as normas
Era a lógica a ilógica o certo
O errado amava era amado
Tinha paz tranquilidade fazia
O que queria falava o que
Sentia nada escondia vivia
Sorria, era natural original
Atual moderno intelectual
Vivas ames sigas John
Lennon é a luz a poesia
Música beleza é o poema a
Natureza recebas o espírito de
John Lennon amém amem