sexta-feira, 4 de maio de 2018

Para mim não há mais solução; BH, 02101001999; Publicado: BH, 0190402012.

Para mim não há mais solução
Estou abeirado à morte
Próximo ao meu fim
De ser plantado no jardim
Perto da hora final
Rente à beira do
Meu último suspiro
Quero fazer agora um testamento,
Um depoimento de testemunho
Neste meu abeiramento
Neste ato de abeirar do sepulcro
De fazer beirado com a sepultura
De aproximar-me da beira
Do buraco da campa
De ser abeirante à cova
Abeiradado às proximidades
Da treva eterna
Fui muito abejaruco
Pessoa maçante cacete
Um abelheiro abelhudo
Uma abelha para fazer o mal
Abelharuco da vida alheia,
Abelhuco em todos os sentidos
Melharuco fofoqueiro
Minha vida foi um abelhal
Colmeia qual parecia um cortiço
Enxame de favela abandonada
Espécie de uva inútil
Lugar de muita gente pária
Aglomeração de descerebrados
Sempre fui um abelhão
O zangão mandão
A abelha macho da abelheira
Abridor de orifícios em pedra
Como certos tipos de bordado
Que aparecem mostram
O outro lado da vida
Que nunca foi vida

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