domingo, 17 de maio de 2015

Fidélis Martins, 90, 2; BH, 0180502012; Publicado: BH, 0170502015.

As letras estão à morte não são mais
Necessárias as palavras estão à morte
Sem as letras as palavras morrem ao
Morrer as palavras morrem-se as línguas
Os idiomas os dialetos os verbos os
Verbetes os substantivos as civilizações
Qual é o nosso papel? não deixar
Morrer as letras não deixar morrer as
Palavras ressuscitar as mortas nosso
Papel é dar à luz às palavras novas
Recém-nascidas nosso papel é tirar
Da obscuridade da obtusidade a
Comunicação a fala o pensamento
Ajo como um salva-vidas digo um
Salva-letras um salva-palavras tiro
Do limbo as letras fantasmas as palavras
Dos antepassados pré-históricas que
Poderiam nem ser pronunciadas mas
Gesticuladas ou grunhidas como ganidos
Uivos urros sinto com pesar que não
Falamos quando falamos também
Matamos as nossas letras assassinamos
As nossas palavras somos funestos
Fúnebres mórbidos com nosso idioma
Nossa língua nossa comunicação
Levamos em nós o féretro da cultura
O ataúde da ciência do bom conhecimento
Deixamos a do mau florescer com o
Nosso consentimento

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