Parei de pensar pois não sei pensar
Quando penso não penso com o cérebro
Penso com o coração o que não faz
Bem para mim pois meu coração não
É um jardim não é um terreno fértil
É um abismo de rochas vulcânicas inóspitas
Na verdade tudo que sai de dentro do
Meu organismo não me dá lucro
Tudo que entra em minhas entranhas
Dá-me prejuízo nas veias não trago nada
Minhas retinas não formam imagens a
Luz não passa pela íris cristalino
Meu olhar é seco frio oco é olhar
Árido arenoso não choro lágrimas
Cristalinas não tenho fonte nem
Manancial d'água o verdor já está
Bem aquém de mim no além
Só sinto a podridão dos meus frutos
O cheiro do enxofre entrando em minhas
Narinas é o mau gosto de tudo que
Representei em vida ao me mostrar o
Lado da morte o duro lado do futuro
Doutro lado da fronteira noutra
Margem do rio Estige onde boca aberta
Espera a esfinge guardiã devoradora
De homens de todos aqueles falsos sábios
Falsos profetas com falsos presságios
Oráculos mudos eunucos cegos flautistas
Surdos todos seres enregelados para
Comporem a sinfonia deste pesadelo
Em que eu acordasse um lírio do vale
Seria muita ambição muita inveja de minha
Parte querer ser logo uma flor tão pura
É muita cobiça de minha parte pretender
Ser um lírio onde pousaria a borboleta
A joaninha a abelha ou um beija-flor
Viria beber uma doce aguinha mas
Sofro demais com meus pecados capitas
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