Não chores não
Que vou te acalantar
Vou te acalentar
Num acalanto
Que minha mãe me ensinou
Minha avó ensinou à minha mãe
É um acalento lento
Quase não é cantado
É sussurrado
Ao pé do ouvido
Como se fosse uma brisa
Acompanhada de sereno
À boca do entardecer
Assim que depois
Venhas me acalcanhar
Pisar em mim com o calcanhar
Feito Nossa Senhora
Pisou a serpente
Mesmo que depois
Sejas a culpada
Pelo meu acalcanhamento
Entorte o tacão do calçado
Ao andar sobre minhas costas
Calcar sobre mim
A me humilhar
Não chores ainda
Deixa te embalar criança
A cantar para adormecê-la
Animar teu sonho
Tranquilizar teu sono
Consolar teu choro
Alimentar teu corpo
Com desejo de prazer
Fazer parte do teu projeto
Dum dia ser feliz
Com esta acalmação
Acalmar teu coração
Depois da acalmia
Do período de repouso
Que se segue a uma agitação
Período de serenidade
Que sucede ao de excitação
No estado febril
Acordar acalorado
Contigo em meus braços
Cheio de calor apaixonado
Exaltação de exaltado vigoroso
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