Não quero rimas assim tão desarrumadas
Antagônicas formadas de antíteses rimas
Redundantes repulsivas que se repelem
Não se atraem como imãs feitas de cheiro
De hortelã quero-as ofegantes arfantes
Sôfregas de ansiedade desesperadas a buscar
Abrigos nas rochas trombas d'águas a causar
Danificações enchentes a transbordar
Corações meninos assassinos a matar
Calangos passarinhos a empalar tanajuras
Não quero rimas assim tão liberais que
Não arranquem sangue não jorrem lágrimas
Nem causem funerais quero rimas demais
Mortíferas a vida é tão tediosa não
Ouço barulho de corpos que caem nem
O tic-tic dos vermes nos cadáveres
Ou o pic-pic dos pássaros de rapina nos
Despojos quero rimas que causem nojos
Enfados canseiras ranger de dentes
Dementes inconscientes inconsequentes
Pois a dor da humanidade é a dor das
Gentes a loucura do mundo insensato a
Solidão do vão da escada do corrimão
Depois da corrida do corredor ao
Anoitecer quero rimas que não despertem
Euforia que passem como passam as nuvens
Os ventos os tornados que fiquem
Como fica o eixo da Terra a força da
Gravidade o peso dos tempos a teoria
Da relatividade enfim rimas sem idade
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