domingo, 6 de julho de 2025

o povo trabalhador brasileiro é pelego da extrema-direita

o povo trabalhador brasileiro é pelego da extrema-direita
não mais se sensibiliza com pautas da esquerda nem
com o povo trabalhador brasileiro proletário rebelde combativo
revolucionário libertador o povo trabalhador brasileiro
pelego prefere o ianque ao socialista prefere o império ao comunista
prefere pensar que é capitalista burguês da elite do que pensar
com a cabeça de trabalhador de proletário a abraçar o pensamento
trabalhista a estudar o trabalhismo a se encantar com o
comunismo facilmente se escancara ao consumismo do
mercado enganador se deixa levar pelas falsas propagandas
pelas ilusões que não acabam com as desilusões então
reverbera na inconsciência na inocência despreza a consciência
coloca em evidência políticos fisiológicos políticas de estado
mínimo abomina direitos humanos abre mãos de direitos
sociais aí políticos corruptos corruptores corrompidos com
suas corrupções deitam rolam com os votos do povo trabalhador
brasileiro pelego patronal defensor da extrema-direita
suas políticas fisiológicas extremas de fim de mundo de igrejas
comandadas por pastores picaretas que enchem as próprias
burras de dinheiro esvaziam a barriga do povo pagão proletário
brasileiro que envergonha a civilização em nome da religião faz
surgir o nazismo impede o fim do racismo ver renascer o
fascismo a fortalecer o liberalismo predador que empobrece
quaisquer corações dignos que empedra quaisquer corações
que pulsam com a ternura do amor

BH, 0170602025; Publicado: BH, 060702025.

OZZY OSBOURNE:


 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

cansei de viver sem ti cansei de viver

cansei de viver sem ti cansei de viver
agora o que me importa é não importar nem
mais com a hora a hora que for a hora será a
hora sem relógio sem ponteiros sem tic tac
sem tempo sem movimento rotatório sem
movimento translatório sem dias sem noites
sem meses sem anos sem sol sem lua sem ti
assim será tudo para mim todos tentam-me
trazer à vida não quero só quero ir à morte a
vida levaste me deixaste no azar sem sorte o
corte não fechou o talho escancarou a ponte
caiu o muro de arrimo ruiu a estrutura
desabou perdido perdi a liberdade sigo
preso acorrentado escavo escravo cativo
nativo o universo me abandonou depois que
lá chegaste o universo se renovou não é mais
o mesmo deixou as coisas velhas para atrás
o universo agora dá graças a ti a me matar
de inveja fico por aqui o vento faz de mim
qualquer cisco de jardim poeira de sótão
cheiro de porão bafio de ralo picumã de casa
velha sobrado arriado soleira sem beira
varanda onde ninguém anda varal sem vara
pastor sem cajado índio sem tacape cacique
sem borduna dedo sem dedal anel aliança
arco-íris sem cores me contento com as
marcas nas paredes dos teus antigos eventos

BH, 040602025; Publicado: BH, 030702025.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

cavar literatura em sepultura

cavar literatura em sepultura
igual a um morto do pântano cava
a morte em todos os cantos
espíritos nas encruzilhadas
putas pelos bares das quebradas
das madrugadas das estragadas travestis
nas esquinas marginais traficantes pretos
pedras brancos injetadas veias embotadas
lágrimas salgadas misturas químicas de sais
de cloros de bicarbonatos de sódios
que ódio a literatura não sobe ao pódio
é literatura de submundo
do rés-do-chão é literatura de ser imundo
espírito de porco do chiqueiro social
é literatura do lixo não é luxo
é osso quebrado sem cartilagem
sem meniscos sem tutanos
é fratura exposta sem anestesia
com nervos à mostra
coluna vertebral sem medula cervical
literatura formal pobre de metáfora
utopia sonho fala das periferias
fala dos céus suburbanos sombrios
balas perdidas nas cabeças das crianças
nas caras dos homens nas barrigas
grávidas das mulheres das favelas
a merda é que é sempre
com o pessoal da favela
extermínio genético
limpeza étnica
aporofobia com racismo
literatura do abismo do gueto da fossa
do lixão sanitário
do esgoto a inferno aberto com céu fechado
pontapé na porta do barraco ou do barracão
és o único culpado de tudo meu irmão
que vives sem literatura ou sem ganha-pão

BH, 0260502025; Publicado: BH, 0300502025.

já desisti da esperança do sonho da vda da realidade

já desisti da esperança do sonho da vida da realidade
já desisti até da morte se a morte quiser se contentar
comigo terá que ser assim do jeito que sou meu pai
não se contentou minha mãe não se alegrou todo mundo
se frustrou comigo porque que com a morte teria de ser
diferente? não será não arrumará nada comigo
ossos velhos enferrujados enfraquecidos vistas
turvas babas fartas corisas abundantes catarros
cor de ouro remelas amarelas cataratas de lágrimas
cachoeiras de lamentações carnes apodrecidas
moribundo sorumbático meditabundo vagabundo
vadio em vadiagens siderais cósmicas espaciais
universais corvo de pirata a grasnar no ombro nunca mais
já comeu um olho meu sou tudo que a morte vai encontrar
quando vier me levar caveira de corsário tatuagem
de bucaneiro nada a nadar na lama da cama porra
velho não honraste os pais o país honras pelo menos
tuas horas finais teus molambos de restos mortais
como carregarei essas mortalhas pelo infinito fora?
procuras uma urna para depositar essas descomposturas
que vergonha de cadáver terei que arrastar não me
submeterei a tal vexame fiques aí que se danes

BH, 0250402025; Publicado: BH, 0300602025.