quarta-feira, 30 de março de 2022

Às vezes fico assim gentes parceiras parceiros de Deus.

Às vezes fico assim gentes parceiras parceiros de Deus
A procurar sem saber o que encontrar e sabeis que é 
Como se o ar sumisse dos pulmões e as nuvens do céu 
Da boca e as palavras ficam mudas sem letras e sem
Formas e sem fórmulas e olho à procura dum olhar e 
Não encontro nem mesmo um olho seco ou um olho 
De vidro ou um olho grande ou um olho gordo ou um
Olho morto de peixe cego ou um olho de assassino e
Vago vazio no vagão da locomotiva na contramão e a
Luz no fim do túnel é um outro trem que vem na minha 
Direção e o meu comboio acelera cada vez mais e
Agora fecho os olhos para não sentir a colisão e é 
Tarde demais ou nunca mais como cantou o corvo e
Meus pedaços espalharam-se no infinito e nem gritei
De dor pois não deu tempo de acionar a minha voz
Que já estava sufocada enforcada nas minhas cordas
Vocais e nem urros e nem sussurros e nem soluços e
Nem suspiros e só espirros de resfriados de febres de
Calafrios e arrepios no cadáver em cima da lápide da
Campa de plataforma a sustentar pelas pilastras e 
Veredas e colinas de Golan e finquei o pé na terra do
Pé de serra do meu espinhaço e a medula estremeceu
O esqueleto e o tutano correu de novo no interior dos
Ossos como se os ossos fossem pneumáticos e o cadáver 
Levitou como se Leviatan o sustentasse ou como se
Estivesse vivo com frêmitos na pele de ser diáfano e abriu
A fímbria da vida na atmosfera e desapareceu no tempo. 

BH, 0190802019; Publicado: BH, 0300302022.

O que poderia escrever que ainda não foi escrito?

O que poderia escrever que ainda não foi escrito? 
E o que poderia falar que ainda não foi falado? e 
O que poderia dizer que ainda não foi dito? e o 
Que poderia pensar que ainda não foi pensado? e
Nada mais resta a fazer ou a inventar ou a 
Revolucionar e não há mais nada de novo nem
Abaixo dos céus e nem acima de todos os céus dos 
Céus e a humanidade volta-se à desumanidade e 
A razão à desrazão e o sossego ao desassossego e 
Nem as ossadas e os ossos ancestrais e as caveiras
Dos consagrados esqueletos dos antepassados estão 
Resguardados e não sabemos aonde andarão os
Nossos ossos de estimação e perdemos contato 
Com o sobrenatural e assombrações e as culturas 
Alienígenas e extraterrestres e nada mais trará o 
Homem de volta à evolução da espécie e o homem 
Emperrou-se na involução da espécime e não se
Curou e passou as estigmatizações de gerações 
Em gerações e a maldade hereditária e a ruindade 
Genética e a perversidade herdada e volta-se ao
Subsolo do subterrâneo o pouco que se suspirou
De pureza e de clareza e de liberdade e volta-se 
Ao manto da caverna o prisioneiro para ser
Acorrentado às paredes cavernosas dos calabouços 
E não se ouvirá mais os soluços das flores das
Fontes de águas cristalinas e os prisioneiros 
Ficarão prostrados nas lápides nuas envoltas 
Nas penumbras das trevas e engendrados e
Intrínsecos latejarão no casulo com a esperança 
A amadurecer para ressurgir a sorrir no azul. 

BH, 0180802019; Publicado: BH, 0300302022.

Estou muito triste e penso que.

Estou muito triste e penso que
Num dia de luta e estou muito
Triste e deveria estar em luta
Com os demais companheiros e
Não estar aqui a escrever o
Que não é luta e deveria estar
Alegre como quem luta com
Consciência e consciente por
Suas causas e peguei este papel e
Esta caneta e nem sei para que
Se nada tenho a dizer ou a
Escrever e gostaria era de estar em
Fúria e em febre e com adrenalina
Nas veias e testosterona no sangue
E libido e tesão e fibras e proteínas
E músculos e ossos e nervos e
Ânimo e disposição e atitude mas não
E estou aqui prostrado cadáver em
Adiantado estado de decomposição
E não consigo pensar em nada e
Sinto que o fim está próximo e
Que será um fim melancólico e
Bem que poderia ser um fim como
O de um bandido sanguinário
Ou matador de aluguel ou estrupador
Inveterado falado e temido e respeitado
Por todos e não o fim dum cidadão
Comum pacato medíocre e simplório
E que nenhum ser humano dá a mínima
Atenção e pasmeis pasmados este sexagenário
Ainda algemado ao passado e a sofrer as
Agruras dos tempos idos e sem conhecer a
Liberdade da verdade e preso nas ferragens
Das colisões intergalácticas e às correntes
Dalgum fantasma oculto nas fímbrias 
Das sombras e nos elos das correntes
Sobrenaturais das penumbras.

BH, 0130802019: Publicado:B  0300302022.

terça-feira, 29 de março de 2022

Não escrevo nada de agradável leitura.

Não escrevo nada de agradável leitura
Mas quem escreve ganha Prêmio Nobel de
Literatura e se tiver um dia de ganhar um
Prêmio Nobel de Literatura creio que  o
Ganharei depois de morto e por literatura 
Psicografada já que em vida nada deixei e 
Talvez Prêmio Nobel seja só para literatura
Certinha e escrevo por linhas tortas de 
Garranchos e errado e só Deus escreve 
Certo por linhas sinuosas e minha mãe 
Dizia que não e que Deus escrevia certo e 
Por linhas certas e não sabia como fazê-la
Entender e ainda não sei e a minha mãe não
Deixou nada escrito e se tivesse deixado 
Com certeza teria ganhado o Prêmio Nobel 
De Literatura e penso que no momento só
Um brasileiro merece ganhar o Prêmio Nobel
De Literatura que é o Francisco Buarque de
Holanda e o Prêmio Nobel da Paz quem
Merece é o nosso maior e melhor Presidente
O Luiz Inácio Lula da Silva preso político e
Encarcerado numa solitária em Curitiba para
Beneficiar o miliciano Jair Messias Bolsonaro
Um invertebrado que a nefasta sociedade
Brasileira escolheu para presidente da 
República Federativa do Brasil que acabou
Por virar uma babacolandia terraplanista e
Negacionista e chacota nos quatro cantos do
Mundo de forma assombrosa e vergonhosa.

BH, 0140702019; Publicado: BH, 0290302022.

E obrigado ao Divino Espírito Santo de Deus por ser racional.

E obrigado ao Divino Espírito Santo de Deus por ser racional 
E obrigado ao Divino Espírito Santo de Jesus Cristo por ser de esquerda 
E obrigado aos Divinos Espíritos Santos dos Anjos da Guarda Celestial  
Da qual farei parte um dia por ser um ser humano da raça humana que
Compõe a humanidade por carregar em mim sentimentos e sentidos e
Percepções e intuições e lucidezes e reminiscências e convicções e mais
Por ter consciência crítica e conhecimentos e discernimentos e sabedorias
E sapiências e penso que  seja o único a vangloriar de ter a sabedoria 
Superior de nunca não saber ganhar dinheiro apesar de ser cheio de dons
Que muitos seres humanos não têm e penalizo-me por esses seres nos 
Meus cantos das centenas de canções de cabeça e nos romances cerebrais
E os imortalizo em milhares de poesias e os eternizo noutros milhares
De poemas e os simbolizo noutros milhares de textos e só nasci para isto
E não nasci para outra coisa e quando evoluí
 e ninguém mais me conhecer
Quero nascer de novo para fazer tudo outra vez e quando morrer novamente 
Abrir-me no limbo para todos os psicografadores e médiuns e espíritos e
Espiritualistas e espíritas e já tenho a certeza de que o que acabei de
Lavrar nesta escritura de folha branca encardida de papel é uma 
Psicografia de mim mesmo e orgulho-me por isto e  por esta presença 
E atitude de mim neste momento solene este ser universal e digo amém. 

BH, 070702019; Publicado: BH, 0290302022.

segunda-feira, 28 de março de 2022

A poesia é como as nuvens.

A poesia é como as nuvens 
Pousadas nuns fios e quando se torna
A olhar já mudaram e agora são poemas
A voar na vastidão do céu sem nuvens
No azul do firmamento e bebo cervejas
Com ovos crus nesse momento e é
Dia de domingo e estou sozinho 
À mesa da cozinha e os pombos crocitam
Ao longe e bato com alguma coisa
Na calha e os sinto bater asas em revoada
E agora só o silêncio e o vento juliano
Nenhuma música qualquer nem
Nas distâncias e aonde andam as
Músicas e chega-me a triste notícia 
Da morte do nosso maior músico 
E é por isso que este domingo está 
Assim meio ressasabiado e oiço o bater
Duma porta ou de carro ou de casa
Ou portão ou janela e alguma coisa 
A fazer ruído para lembrar que o 
Domingo está vivo e além dumas 
Vozes além uns tossidos ressequidos se
Fazem ouvir dum quarto qualquer e
Tudo gira a voar como a poesia e 
Tudo paira no ar como um poema 
E só não é poeta quem não quer 
Mesmo que seja um poeta menor e menos 
E só não bebe cervejas com ovos crus 
Quem está doente e o vento 
Brincalhão levanta as folhas de 
Papel e faz questão de me chamar 
A atenção e cães latem e param
E voltam a latir e vestígios de 
João Gilberto me tornam vir à mente 
E penso que muitos choram neste
Momento e chega a saudade que 
Será agora sempre eterna. 

BH, 070702019; Publicado: BH,  0280302022.

E não imaginaria que o país se transformaria.

E não imaginaria que o país se transformaria
Numa republiqueta fascista de última categoria
A homenagear torturadores e generais ditadores
E oficiais nazistas e agora com a nação capitulada
Numa babacolandia e com os componentes a 
Falar aberrações ou a pedir bizarrices ou a 
Demonstrar bisonhices abertamente e sem
Ruborizar-se e com cada ser mais tacanho e
Macabro do que o outro e que faz com que os
Demais sintam-se isolados ou fora de contextos
Ou fora da bolha e é inacreditável assalariados
Ou que ganham pouco mais dum salário mínimo 
A defender ou a justificar o fim dos direitos sociais
E trabalhistas e com argumentos de que em outros 
Países não há isso e é de doer tais absurdidades e
Com loas à doação de quem não tem nada para os
Que têm tudo de bom da burguesia e da elite e da
Plutocracia e não faz sentido realmente o próprio 
Povo pedir o fim da cidadania e da soberania e 
Da própria autonomia e a intervenção doutros 
Países e assim toda uma geração de jovens com 
Suas energias e genialidades e fenomenologias e
Ousadias e audácias e fé se perde sem perspectivas
Ou oportunidades ou é dizimada nos guetos ou 
Favelas e aglomerados das periferias e subúrbios 
E nas matas e nas florestas as queimadas intermináveis 
E as expulsões dos indígenas donos das terras e os 
Assassinatos das lideranças das nações nativas e 
Dos povos originários e dos defensores das 
Causas naturais e do meio ambiente e o país volta
À estaca zero com todos os monstros que saíram 
Dos porões ou desceram dos sótãos do atraso crônico.  

BH, 040702019; Publicado: BH, 0280302022. 

domingo, 27 de março de 2022

Eu, Coyote Beatz e Djonga.

'To numa casa grande cercado de amigos
Amigos? Só tô numa casa grande
Narrei seu mundo igual Galvão, me amaram pique Silvio Luiz, ó
Vou terminar igual Casagrande
Cuidei de todo mundo e esqueci de mim
A rua quis fuder comigo, ela era minha amante
Menino, olha o que fizeram com Luther King
Quem caça Simonal, caça Bob e caça Gandhi
De passar batido, primo, eu sempre passei longe
Fui passar passando pelos cana' e parei onde
Fede mijo e sangue, ainda bem que foi só uma noite
Admiro os cria' que tiraram mais de onze ano'
Desgraçado tirou o resto da minha inocência
Eu nem vi passando e acabou minha adolescência
O que é seu, é seu, inclusive suas conta'
Acerta com Jesus, que injustiça é consequência
Antes de ser eu, eu sempre quis ser nós
Agora só quero ser nós sem deixar de ser eu
Entendi a diferença entre o líder e o boss
É que um brilha se tu for luz, o outro brilha se tu for breu
Humano demais pra ser tão bom pra você
Humano demais pra não acertar e assumir
Humano demais, esse é seu ídolo
Humano demais pra não aprender com isso aqui
Sou tão só, tão eu
Sou tão só, tão eu, é
Tão eu
A vingança é aquele prato que 'cê come frio
Na vitória são vários pratos e uma mesa cheia
A derrota é um prato raso e eu comendo sozinho
'To tipo Jonas perdido no bucho da baleia
Eles te fazem Messias, mas preferem Barrabás
E diferente de Pilatos, não lavo minhas mãos
Fiz a multiplicação do peixe no bolso
É o peixe no bolso que ajuda a multiplicar o pão
Antes era pouco sapato, hoje até gente tem no meu pé
É o que justifica o cheiro do chulé
Confiei demais, só depois vi que
Nem todo bicho de goiaba, goiaba é
Desde criança querem meu CPF no lixo
Tentou me cancelar, chegou atrasado
Uns dia' pra trás, olhei no fundo do olho da morte
Sem entrar em detalhes, sorte que eu ando armado
O espinho vem pra te mostrar que nem tudo são flores
Coisas que me disseram numa esquina dessas
Se orienta, moleque, às vezes passa batido
Mas a vida não é um teatro e nem tudo é as peça'
Fácil lidar com o barulho que faz os convidado'
Foda é lidar com o silêncio que vem no fim da festa
E é o silêncio que me diz que apesar do sucesso
Eu sigo com a corda no pescoço e com a mira na testa
Humano demais pra ser tão bom pra você
Humano demais pra não acertar e assumir
Humano demais, esse é seu ídolo
Humano demais pra não aprender com isso aqui
Sou tão só, tão eu
Sou tão só, tão eu, é
Tão eu
"Ganhei o mundo quando perdi a mim mesmo
Perdi o jovem eu, perdi aquele cara cheio de tesão, bem louco e aventureiro
Quer dizer, continuo maluco, mas só maluco"
Sumi das rede', o pai nunca 'teve tão on
Deitei na rede, olhei pro céu e agradeci
Na boca do povo 'cê se acha o bala
Mas foi no olhar da' minhas criança' onde eu me reconheci
É, mais de cem mil nos trend' do Twitter
Na rua ninguém, não vou levar vocês a sério
Se o assunto é hipocrisia, nós tamo' empatado
O foda é que o desempate eu já sei o critério
O tamanho da minha ambição 'cê não mede o quanto
Eu 'tive meditando e juro que não mede pouco
Às vezes penso em deixar essas fita' mei' de canto
Bem antes que eu me acabe mei' frustrado e mei' que louco
Já fui camisa nove, hoje eu faço o meio de campo
Pros manin' que 'tá no ataque não tomar nem mei' pipoco
Quiser caô comigo, cagão, então vem quicando
Sou preto no Brasil, qualquer mal pra mim é pouco
Ganhei tanto dinheiro que vi que o problema não é o dinheiro
É justamente a busca por dinheiro
Meu Deus, me perdoe e deixe entrar no Céu
No buraco da agulha eu quero ser o camelo
"Eu acho que tem pessoas que já foram de baixo talvez de outras encarnações
E que nessa já estão num patamar superior, mas não é meu caso, entende?
Eu não, eu chafurdei na lama mesmo, entendeu?
Eu sou o que há
Não é humildade dizer isso, não, que quem conhece e sabe de mim sou eu
Eu sei o quanto eu sou sujo, mesquinho, avarento, invejoso, irado, desconfiado
E qualquer coisa a mais que 'cê possa botar covarde, entendeu? Mentiroso
Eu conheço, acontece que eu não gosto"

E quem resguardará a Amazônia e as florestas.

E quem resguardará a Amazônia e as florestas 
E o povo das florestas? e quem nos livrará dos
Agrotóxicos? e quem protegerá as terras e as 
Reservas e as aldeias e tabas indígenas? e 
Deprimido e totalmente em depressão garanto
Que não poderei fazer nada e nem tenho como
Fazer alguma coisa e sou o mais ineficiente 
Dos que poderiam fazer alguma coisa e 
Estamos todos em riscos com os donos do poder
E o único que não tem poder nenhum é o povo e
Foi parte do povo que delegou o poder aos 
Donos do poder e é o povo que ainda os paga e
Os sustenta com os seus impostos e é o povo o
Primeiro a levar fumo na bunda em qualquer 
Eventualidade e balas de borracha na cara e
Cassetetadas no lombo e spray  de pimenta e 
Gás lacrimogêneo e balas perdidas de supostos 
Tiroteios e mesmo assim o povo não aprende 
Que é soberano e que é cidadão e que tem 
Cidadania e que tem poder e que pode com o
Poder do povo enquadrar os falsos donos do 
Poder e usar o seu poder numa desobediência 
Civil ou numa conscientização geral tal um 
Por todos e todos por um ou a sacudir o 
Tabuleiro do sistema ou igual a um cachorro 
Molhado ou pele de burro que treme sozinha ao
Espantar as moscas e não esse excremento 
Onde as moscas pousam e depositam suas
Larvas e no dia o qual o povo quiser a elite
Treme e a burguesia gela e a plutocracia se cala
E a cleptocracia vai toda para a cadeia e o 
Sistema cai pelas mãos calejadas do povo 
Trabalhador brasileiro que precisa se levantar,

BH,  040702019; Publicado BH, 0270302022.

sexta-feira, 25 de março de 2022

De dentro das catacumbas os esqueletos chacoalham os ossos.

De dentro das catacumbas os esqueletos chacoalham os ossos 
E as caveiras riem com seus dentes à mostra
Para o tempo cavernoso que envolve os 
Fósseis e desenhos pinturas rabiscos de
Escritos rupestres que deixamos nas paredes
Sucateadas das carcaças das cavernas
Pre-históricas a os fantasmas ficam a pensar
Que ninguém mais é capaz de impregnar umas
Paredes rudes com coisas indecifráveis que
Chamarão a atenção do futuro e os ectoplasmas
Sabem que nada mais impressionará nada e
Todas as vidas e todas as mortes serão vazias
E não serão densas ou fortes ou compactas
Como um choque intergaláctico ou uma 
Explosão no caos a revelar o fogo e tudo que
Se pensa impressionar é supérfluo e descartável
E sem impressão e faz-se algo hoje aqui e 
O hoje não será aquele eterno de antigamente
E findará amanhã mesmo sem reverberação
Pelo tempo e o próprio tempo perdeu a 
Dimensão e o pensamento perdeu a infinitude 
E não transpomos mais as barreiras da mediocridade
E afogamos na medianidade e quem hoje
Olha no olhar de quem? e quem procura um
Olhar para espelhar o seu olhar? e todos
Fugimos dos olhares de todos e saio à luz do
Dia a procurar uma poesia e volto triste e de 
Mãos vazias e ainda bem que chamou-me à
Atenção aquela borboletinha amarela no seu
Voo de sinuosidade de alegria para salvar meu dia.

BH, 0130602019; Publicado BH, 0250302022.

estou sentado no chão a olhar o pai

estou sentado no chão a olhar o pai
sentado a um banco à mesa da cozinha e o
sol bate em cima da mesa e venta um pouco
e oiço voz de menino a brincar com
carrinho no quintal da casa da vizinha e tento decifrar o som da voz do menino e não entendo nada e no momento estou calmo mas já perturbei bastante à mãe e ao pai e o pai é uma besta que vive a escrever pelos cantos e recantos da casa que parece mais é uma casa mal assombrada habitada por assombrações e estou cansado de ouvir mãe dizer que já viu fantasmas vultos sombras e nunca vi nada e acabei de esparramar-me pelo chão da cozinha como uma batatinha quando nasce e estou vestido com uma camiseta branca sem mangas com estampa de tributo a michael jackson que era do pai dos tempos que frequentava o movimento black soul e uso uma bermuda de pano fino vermelha e estou descalço pois não gosto de usar nem chinelos e nem sapatos e a mãe saiu para ir à rua irritadíssima comigo e com razões é que hoje não dei tréguas a ela e não perturbei o pai é incrível mas o deixei com as mortes dele a impregnar o papel com as suas futilidades e não me interesso por nada e do contrário até leria o que o pai escreve ali naquele monte de folhas de papel mas não deve ser coisa boa e uma vez o vi mostrar ao irmão para ler e o irmão nem deu bolas e pensei que foi muito bem feito.

BH, 0130602019; Publicado: BH, 0250302022.

quinta-feira, 24 de março de 2022

E o país perdeu a vergonha na cara, BH, 0130602019; Publicado: BH, 0240302022.

E o país perdeu a vergonha na cara
E na China criminosos são executados em 
Campos de futebol e aqui criminosos são
Ovacionados em campos de futebol e a
Sociedade não se indigna e presidente da
República faz selfie com estrupadores e o
País perdeu a vergonha na cara e juízes e
Promotores em promiscuidades para acusar
E sentenciar e prender inocentes e o estado
Pensa ser normal milicianos em ações e
Grupos de extermínio e o crime organizado
Sem combate e quadrilhas de parlamentares
Eleitos com o fim de dilapidar os cofres
Públicos e o povo passivamente abre mãos do
Trabalhismo e do trabalho e do trabalhador
E abraça o neoliberalismo corrosivo e
Aplaude as privatizações predatórias e pede
O fim das aposentadorias com a reforma da
Previdência que mais parece que deforma e
O povo aceita pacatamente o fim dos direitos
Sociais e agora nada derrubará esse modelo
De devastação nacional implantado no comando
Da nação e só quando estivermos literalmente
Com as calças nas mãos é que perceberemos
De verdade que será tarde demais e não
Teremos como tomar posições contra esse
Regime fascista simpatizante de nazista e
Racista cujo presidente nefasto vive em
Repasto com néscios e ímpios escarnecedores.

BH, 0130602019; Publicado: BH, 0240302022.

Camaradas pedradas na cara do sistema, BH, 020602019; Publicado: BH, 0240302022.

Camaradas pedradas na cara do sistema
E lapidações nas cabeças do sistema e somos
Nós que temos que dar tapas nas faces fascistas
Do sistema e não o sistema a dar tapas socos
E murros e porradas nos nossos rostos e
Somos nós que sustentamos o sistema e não
O sistema que nos sustenta e então camaradas
É só chutes nos gurilas do sistema e é pôr
Abaixo a burguesa e bater forte na elite que
Quer acabar com a periferia e é brigar todo
Dia pela democracia e a soberania somos nós
E a cidadania somos nós e eles querem nos
Impor o que devemos ser e camaradas
Pedradas e lapidadas e nada de abaixar e
Mostrar o rabo e nada de expôr a bunda para
Levar pontapés e o jogo é sujo e bruto e o jogo é
Baixo e o trabalho imundo do sistema só
Quer levar vantagem em cima de quem faz o
Trabalho imundo e mal remunerado para o
Sistema e agora ao sistema somos nós quem
Vamos ditar as regras do sistema e é pau e é
Pedra e é prego e martelo e marreta e é o fim
Do caminho e é toco e soco e cotovelada e é
Ocupação para a revolução ou seremos
Engolidos ou viraremos suco ou carne moída
Ou ração quando deveríamos ser carne de 
Pescoço e nunca seremos nação de povo
Independente e nunca teremos um país
Infinito que o sistema quer fazer finito e nós
O povo trabalhador temos que fazer bonito.

E chega de escritinha bonitinha, BH, 020602019; Publicado: BH, 0240302022.

E chega de escritinha bonitinha
E certinha dentro dos conformezinhos e
Das boas impressoezinhas e basta então de
Letrinhas e palavrinhas docinhas e agora é
Só palavrões e letrões de baixos calões e para
Quem quiser têm bíblias aí na estante e fica
À vontade que vou desconstruir e vou
Desvirginar e quebrar cabaços e nada de 
Poesias certinhas dentro dos estilinhos e de 
Poeminhas pieguinhas a simploriozinhos e
Ora bolas cansei de pautas normais e agora
Só pautas bombas e putas e muitas putas e 
Mais putas e é o que o mundo precisa desde
Que o mundo é mundo e imundo e é o que
Sobressai mais do que o asséptico e duma
Vez por todas parei de pecados e de culpas e
De sentimentos e de remorsos e de 
Arrependimentos e já estou de passagem e
No fim da jornada e agora é acelerar o
Processo celeradamente que atrás vem gente
E é preciso ceder para quem também precisa
Viver e dois corpos não ocupam o mesmo
Lugar no espaço deste universo e para 
Destravar e liberar o firmamento é arregalar
Os olhos e engolir o azul e encharcá-lo de 
Álcool para que o azul nunca mais saía de 
Dentro do bojo anil no qual foi engolido.

Não quero ser entendido por ninguém, BH, 020602019; Publicado: BH, 0240302022.

Não quero ser entendido por ninguém
E nem muito menos por alguém e 
Também não quero entender nada e 
Se pudesse pelo menos um dia na 
Vida venceria a mim mesmo e não 
Teria mais motivos de desprezo e de 
Depressão e de pânico e nem pediria 
Penico em praça pública em qualquer 
Situação e parece que todos querem 
Que entenda alguma coisa se a coisa 
Mais insignificante nunca consegui 
Entender e sabe duma coisa e não 
Quero saber de coisa nenhuma e ficar 
Dentro de casa é um saco a coçar o 
Saco e sem nada para beber nem 
Aguardente e nem água abençoada e
Nem água benta e sozinho a escrever
Feito um neandertal que sem saber 
Deixa poesia rupestre nas paredes de
Suas cavernas a matar de inveja os tirados 
A escritores ou poetas e pintores ou 
Outros porras mais loucas e quem quiser 
Fazer alguma coisa vai primeiro aprender 
A fazer uma escrita coneiforme ou então 
Tomar no botão e não faças nada e tens 
Aí o que registado em tua gruta? e tens aí 
O que fossilizado nas estrias dos teus
Envelhecidos e mofados ossos? e não 
Apresentas nada? nem o limo dos 
Sacórfagos e nem o mau cheiro das múmias?
Ora volta ao caos pega carona num meteoro e
Desvia a rota salva os dinossauros da extinção. 

terça-feira, 22 de março de 2022

E infelizmente hoje não beberei, BH, 060202019; Publicado: BH, 0220302022.

E infelizmente hoje não beberei 
E é muita infelicidade num dia
Tão bonito assim e não se ter um
Para se beber umas cervejas 
Geladas e muitas cervejas geladas
Pois cervejas geladas não podem
Ser poucas e nem consumidas
Com moderações e respondo por
Mim e não sei o que pensam os
Outros e nem quero saber o que 
Pensam os outros e condenam ou
Não e o que quero é beber cervejas
Geladas e muitas cervejas geladas 
E a melhor invenção do mundo 
Foi a cerveja e gelada então ficou
A perfeição e se não fosse útil não 
Teria sido inventada ou nem
Descoberta por alguém ou por
Ninguém e não nego que às vezes 
Bebo demais e misturo tudo e todas
E dou vexame e vomito na presença 
Dos semelhantes e fazer o quê? e
Amanhã tenho que beber mais e
Seguir quem bebe e seguir o conselho 
Dos melhores bebedores e dos que 
Sabem realmente beber e ir parar 
Numa delegacia de vez em quando 
Para explicações e averiguações por
Brigar ou bater ou apanhar por
Causa das bebedeiras e são cousas 
Mais do que normais e não são nem
Para envergonhar ninguém ou 
Alguém aqui ou no aquém ou no
Além e amém pois Deus perdoa 
Quem mata e quem rouba e quem
Blasfema e cobiça a fêmea alheia e 
Deus não perdoará um miserável 
Dum bebedor de cervejas geladas? e
Um desgraçado que para mais nada
Serve na vida e nem para ser um
Velho safado a correr atrás dos rabos
De saias baratos das putas dos muros e
Ruas de cantos escuros dos subúrbios. 

E realmente é o fim dos tempos, BH, 020602019; Publicado: BH, 0220302022.

E realmente é o fim dos tempos
E a nossa geração a se despedir
Com o terraplanismo e que o
Aquecimento global vem dos asfaltos
E que a força da gravidade inexiste
E que Jesus Cristo estava numa
Goiabeira mas Deus enviou em
Pessoa uma besta do Apocalipse
Para presidir o país e a nossa
Geração está a se despedir assim
Melancolicamente e com a destruição
Dos trabalhos e dos trabalhadores
E do trabalhismo redondamente
Confundidos com o comunismo
Ou com o socialismo ou com 
Qualquer outro conceito com
Viés ideológico e tudo que é
Progressista é posto por terra
Abaixo nessa nova desordem
Nacional e justificado por
Combate político e até mesmo a
Inteligência ou a sabedoria ou a
Filosofia ou a ciência ou a 
Genialidade como querem fazer
Com o banimento da memória
Do nosso professor Paulo Freire
E a nossa geração está a se despedir
Com o estrago feito que será
Irreversível se não for parado
Imediatamente o modelo instalado
Por parte do povo apolítico e
Analfabeto político e omisso
Brasileiro e a nova geração que
Ocupará o nosso lugar será
Funcional e sem os jovens
Geniais e rebeldes de antigamente
E sem cinemas e sem romances
E sem poesias e sem poemas e
Sem poetas ou bibliotecas ou
Museus e será uma sociedade
Acéfala e sem memórias ou
Lembranças e recordações ou
Nostalgias e serão cabeças de bitolas e
Cérebros de rebimbocas das parafusetas.

Fico impressionado com as coisas que não impressionam a ninguém, BH, 020602019; Publicado: BH, 0220302022.

Fico impressionado com as coisas que não impressionam a ninguém
E penso que sou mesmo o único idiota e as
Coisas que impressionam a alguém a mim
Não têm efeitos nenhum e chego à conclusão
De que sou mesmo o único idiota e não
Tenho rádio e não tenho tv e o computador 
É estorvo para mexer e celulares e tablets
Embananam-me como se fossem umas
Conjecturas sem soluções e jornais não os 
Uso mais nem para limpar a bunda e contundo-me
Como entender como foi colocado um
Rotundo no poder e quero ficar aleatório e
Não consigo e não posso viver num dormitório
E preciso acordar a sociedade antes que seja tarde
Mas a sociedade está sonâmbula e anestesiada
Por igrejas e pronta para uma eutanásia geral
Ou uma arrebentação de lobotomizados e
Ostomizados e invertebrados que perdem
Direitos e não ficam nem assombrados e
Detestam ser confrontados e pedem para não
Falarmos em política e defendem seus pontos
De vistas cegos e mesmos sem fundamentos
Ou sustentações e fogem do debate ou querem
Agredir ou impedir o contraditório e meninos
Eu vi é o fim da picada e vi uma faixa em
Defesa da educação ser retirada da fachada
Duma universidade por mitotauristas
Defensores do Mitotauro que saiu do labirinto.

As vasilhas areadas estão expostas ao sol a secar, BH, 020602019; Publicado: BH, 0220302022.

As vasilhas areadas estão expostas ao sol a secar
E um aroma de gordura despende da cozinha
A lixeirinha está abarrotada e o móvel
Da pia não tem forro de fundo e a porta é
Arrematada com durex igual a do banheiro
E uma lasca de madeira prende o portal de
Entrada da sala de estar e visitas e pregos
Enferrujados por quase todos os cantos e
Paredes dos cômodos e o que é usado por
Cozinha falta uma parede e é constantemente
Invadido por pombos que sujam tudo e o cão
Concorrente vive mais dentro de casa do que
Do lado de fora e algumas vezes já o peguei a mijar
Nas paredes mas é o preferido e o preterido
É o que escreve e ontem li alguns poemas do
Velho safado e fiquei com inveja e quase
Joguei fora todos os meus que chamo de poemas
E até jurei que nunca mais empunhetaria
Uma esferográfica atmosférica para uma
Masturbação poética e já sexagenário estou
Aqui sem aprender e sem cumprir nada e a
Querer gerar poemas de escritos escrotos e
De poeta e não tomo vergonha nesta carranca
Medieval e medonha de meliante neandertal
De embarcação de viking e o ronco do
Avião me acorda e onde estava mesmo? e
Voltei a dormir com dor de dente e de
Cabeça e a coluna arregaçada e quase não
Consigo me locomover como lagarto louco
Soturno pelos corredores nortunos do hospício.

"Último Caderno", Prece, SL/SD; Publicado: BH, 0220302022.

Que Deus faça
Que Deus dê vida
A tudo que
Está escrito
Nestes cadernos
Que Deus abençoe
Que Deus perdoe
Algum pecado
Escrito aqui
Na inocência
Fui sincero
Fui franco
Que Deus guie
No que vou dizer
Que Deus faça
Que Deus dê vida
Que Deus perfume
Que Deus dê amor
A tudo que
Está registrado aqui
Amém.

      (Fim dos cadernos de 1975).

"Último Caderno", Elegia da alegria, SL/SD; Publicado: BH, 0220302022.

Elegia da alegria
E só a tua volta
Vai derreter o aço
Da minha elegia e
Só a tua volta
Vai reviver a alegria
Da minha elegia e
Chega de luto
Que só quem morreu
Fui eu e chega de tristeza
Só quem chorou fui eu
E só a tua volta me interessa
E só a tua volta me desenterra
Alegria na minha elegia sem alegria
Vida na minha elegia sem vida
E sem azia amor e sem mania amor
E na minha elegia só paz
E na minha elegia sem asfixia
E tu na minha elegia
E sem nostalgia
Mulher na minha elegia
Com cortesia e tolerância
E risos na minha elegia
E com melodia de harmonia
E filarmônica de orquestra
E música na minha elegia
Com simpatia de gritos
Na minha elegia que só a
Tua volta vai derreter o aço
Da minha elegia e dar à luz
A minha alegria que só a
Tua volta vai trazer o ar
À alegria da minha elegia
Só a tua volta
Só a tua vinda
Só a tua vida
Vai dar vida
À alegria da minha elegia
E chega de tristezas
Em minha elegia
E chega de choro
Em minha elegia
E chega de passado
E chega de lágrimas
E chega de sombras
E na minha elegia só alegria
E da elegia nasceu a alegria
E o amor à alma retornou
Alma encantada com o canto
Da melodia que só a tua volta
Faz festa na minha elegia e
Só a tua volta e só os teus 
Dentes e teus olhos e só a tua
Boca toda aberta em sorrisos
De alegria abre a loucura e
Abre o pensamento doido das
Maluquices de minha elegia e
Só tu com a tua volta abre da
Canção a nota da interessante
Alegria da canção de minha
Elegia a elegia da alegria.

"Último Caderno", Poema poluído feito com versos de pó, SL/SD; Publicado: BH, 0220302022.

Poema poluído feito com versos de pó
Poema destruído feito com versos de poeira
E de moléculas invisíveis e de imagens do ar
Opaco e grosso que impede a atmosfera de
Respirar o poema feito com sangue de
Fumaça e com sangue de carvão que sai da
Chaminé do mundo moderno e que caminha
Lentamente para a cratera fumegante dum
Vulcão em eterna erupção e poema feito sem
Poesia e sem rima e sem metria e sem versos
Livres e sem inspiração e sem nuvens no
Céu e sem nível do mar e sem o horizonte da
Terra e sem água no mar e poema feito sem
Cor do mundo e com versos podres do lago
Imundo e estrofes torcidas e embaralhadas e 
Sem acordes distorcidos e poema fabricado
Com manufaturado de proletariado e com
Guerra atômica e crise espacial e morte
Sideral e desordem nuclear e poema poluído
E poema construído com concreto armado e
Com ferro e aço e pedra e areia e terra
Elementar e verso por verso e estrofe por
Estrofe e até o fim da vida não estará
Completo no começo da morte e poema a
Viver do lado do azar sem sombra da sorte.

"Último Caderno", Um pássaro único frágil voa, SL/SD; Publicado: BH, 0220302022.

Um pássaro único frágil voa
Contra o céu contra o vento 
Contra a natureza faminta e
Um pássaro uno leve canta e
Uma folha seca cai na relva
E ao pássaro frágil espanta e
Tudo hoje mete medo e o 
Pássaro único uno frágil tem
Que voar tem que cantar 
Tem que lutar contra tudo
Que existe para não morrer e
Continuar a viver e mesmo
Um pássaro quebrável 
Entende a lei natural das 
Coisas de viver e de deixar
Morrer e o pássaro voa e
Canta e faz o seu ninho com
Muito amor e carinho e a
Saber que seu destino ou
Será a morte ou será a prisão
E por ser só pássaro e sente 
As coisas e entende as coisas
E chega a odiar e um pássaro
De metal pesado voa a levar
A morte ao chão duro e 
Empoeirado de chumbo e
Pousa num pouso mortal de
Gritos de fogo e um pássaro
Único frágil voa seu vôo livre
No horizonte entoa o último
Canto para a natureza que
Pouco a pouco vai destruí-lo
E em seu lugar vai colocar
Pássaros loucos carregados
De aço da cor da morte 
Inoxidável que leva o canto
Da morte a um pássaro frágil
Era um voo uno e era um voo
Único e hoje um voo incerto.

sexta-feira, 18 de março de 2022

"Último Caderno", Há muito tempo procuro, SL/SD; Publicado: BH, 0180302022.

Há muito tempo procuro
Um alguém que
Se interesse por mim e
Que voluntariamente se
Interesse pelas coisas que faço
Há muito tempo que ando
Atrás dum alguém
Que pensa igual a mim
Que saiba me olhar
E saiba me ver
Só vejo ignorantes à minha frente
São pessoas que não sabem
O valor dum diálogo
São pessoas que não conhecem
O valor duma boa comunicacão
São pessoas que vão à escola
Se formam em qualquer profissão
Medicina ou direito
Mas não sabem viver
Não sabem amar
O diálogo é a violência
A comunicação é o ódio
A vitória é o orgulho
E o desprezo às outras pessoas
E vejo em minha frente
Um mundo de imbecis
Totais boçais
Talvez até piores do que eu
Mas mesmo assim
Entre essa raça humana ruim
Procuro um coração
Ou um pedaço de vida
Que tenha interesse
Pelo amor e há muito tempo que
Procuro um raio de luz e vivo
Sempre no escuro e vivo sempre
Com medo de acabar sozinho no
Meio dessa massa de olhos que
Não sabem ver e que não tem
Vida e parece que sou duma
Raça diferente e não entendem
Que viemos da mesma podridão e
Da mesma lama e do mesmo
Pecado e do mesmo chiqueiro e
Há muito tempo vago pelo meu
Pensamento por mim mesmo e
Só encontrei derrotas e fracassos e
Nunca encontrei uma verdadeira
Amiga e um verdadeiro amor e sei
Que até agora aos olhos cegos do
Mundo não sou nada e nem tenho
Nada e o mundo pensa assim e a
Sociedade pensa assim mas o mundo
Sou eu e a sociedade sou eu e que
Afunde o resto e as mágoas e as
Dores até chegarem à conclusão
Que no fim iremos para o mesmo
Buraco comer a mesma terra insípida
E grito para tudo que me conhece
Sou eu mas preciso dum alguém
Para dividir o meu conhecimento e
Para dividir o meu amor e há tempo
Que voo pelo mundo maluco e há
Tempo que sou maluco entre os
Malucos do mundo e procuro
Loucamente um ser e um único
Ser que me entenda e me cure e
Que me dê vida e me ensine a viver
E me ajude a superar os sofrimentos
E as crises e há tempo que procuro
Esse único ser que me dê esse amor.