domingo, 29 de setembro de 2013

Presidenta Dilma Vana Rousseff; BH, 0280902013; Publicado: BH, 0290902013.

Presidenta Dilma Vana Rousseff
Segue firme e no caminho
Certo à reeleição; penso que,
Nem crise muito séria, ou um
Outro fato inusitado de peso
Qualquer, abalarão a confiança
Do povo na Presidenta Dilma
Rousseff; apesar de estarmos
Um pouco distantes da eleição,
Todos os prognósticos, previsões,
Pesquisas, vaticínios, análises,
Dão a vitória como certa, da
Reeleição da Presidenta Dilma
Rousseff, no primeiro turno; o
Candidato que parece ser o
Nome da oposição, é o
Senador Aécio Neves, que não
Trabalha, nem para fazer jus ao
Salário; e não tem propostas,
Não tem programas, (a não ser
Os das noites cariocas, em boas,
E belas companhias), fez um
Péssimo governo em Minas Gerais,
E deixou em seu lugar um legado
Pior ainda; uma bizarra personagem
Chamada Antônio Anastazia, e que
Só veio comprovar, que o jeito
Demotucano de governar, é um
Desastre; e com a confirmação do
Que foi José Serra na prefeitura, e
No estado de São Paulo, e a do
Geraldo Alkcmin, e com Beto
Richa no Paraná, e a total inutilidade
Do Álvaro Dias no senado, à
Oposição só resta o ódio explícito,
À raiva canina, cólera, e despeita;
Enquanto o PT, o Partido dos
Trabalhadores, navega mansamente
Em águas mais do que tranquilas.

O senador Aécio Neves presidente nacional do PSDB; BH, 0280902013; Publicado,: BH, 0290902013.

O senador Aécio Neves presidente nacional do PSDB,
Partido da Social Democracia Brasileira, e o principal
Nome da oposição à Presidência da República em 2014,
Vive a bradar pelos cantos, em arrogância, que, o ciclo do
PT, Partido dos Trabalhadores, precisa acabar; alguém
Precisa dizer ao nobre, que, para acabar com o PT, o
Partido dos Trabalhadores, seria necessário, primeiro,
Acabar com o povo trabalhador brasileiro; e isso, a burguesia,
E a elite, que ele representa, não conseguirão fazer; é mais
Fácil, o povo trabalhador do Brasil, acabar com a elite, e
Com a burguesia; e quanto à questão do ciclo, o que
Acabará, será o da hegemonia do partido dele em São
Paulo, onde está há quase vinte anos; em Minas Gerais,
Em Goiás, e no Paraná; o povo trabalhador já percebeu,
O quanto nocivas são para o país, as gestões temerárias
Do PSDB; os custos das manutenções dos seus políticos
Que não trabalham, como o próprio senador, que vive a
Rodar o Brasil às verbas do povo, sem produzir para
Merecer o que recebe, e gasta; e junto com outros párias,
Igual ao José Serra, outros caciques que sobrevivem com
As sobras da Privataria Tucana, e as falcatruas do
Príncipe da Privataria, e os desvios dos trens, e do metrô
Em São Paulo, entre outros atos de corrupção; e não
Aparece um jornalista, um repórter com dignidade, para
Contestar o bravo senador em nada; em Minas Gerais,
Se algum do PIG, Partido da Imprensa Golpista mineiro,
O pior do Brasil, ousar a tal ponto, sofre logo o vexame
De se ver na rua da amargura, entre outras ameaças.

sábado, 28 de setembro de 2013

GGN, John Coltrane

“Meu objetivo é viver a vida verdadeiramente religiosa, e expressá-la em minha música. Se você vivê-la, quando você toca não há problema porque a música é parte da coisa toda. Ser um músico é realmente algo. É muito, muito profundo. Minha música é a expressão espiritual do que eu sou - minha fé, meu conhecimento, meu ser.”
John Coltrane (23 de setembro de 1926 - 17 de julho de 1967)
“Ele foi uma das pessoas mais gentis que conheci. Eu nunca o ouvi dizer nada de malicioso sobre ninguém, mesmo quando, no início de sua carreira, ele se sentiu ferido ao ler críticos que, não ouvindo tão profundamente como ele tocou, atacaram-no por ser muito ‘avant-garde’.”
Nat Hentoff, no disco “The Very Best of John Coltrane
“As emoções que ele evocava foram de uma intensidade única, e tais sentimentos estavam diretamente ligados à grande busca que era o centro de sua vida. Um homem que estudou todas as religiões, assim como a teoria da relatividade de Einstein, Coltrane se atreveu a tentar descobrir através da música um caminho para o que Stephen Hawking chamou de ‘a mente de Deus’ para o homem moderno. Essa busca não era apenas pretensão de sua parte. Qualquer pessoa com ouvidos e coração e alma podia ouvir e sentir isso.”
Eric Nisenson, no livro “Ascension: John Coltrane and His Quest

Portal Vermelho, Me gritaron negra!


Me gritaron negra!


A poeta Victoria Santa Cruz é uma expoente da arte peruana; é compositora, coreógrafa e desenhista, com destaque na arte afroperuano e no combate ao racismo. Ela participou, em 1958 (com seu irmão, o famoso poeta Nicomedes Santa Cruz), no grupo Cumanana.

Por Victoria Santa Cruz


Victoria Santa Cruz
Victória Santa Cruz
Estudou em Paris, na Universidade do Teatro das Nações (1961) e na Escola Superior de Estudos Coreográficos. Ao voltar a Lima fundou a companhia Teatro e Danças Negras do Peru, que se apresentou em inúmeros teatros e na televisão. Este grupo representou o Peru nas comemorações dos Jogos Olímpicos do México (1968), sendo premiada por seu trabalho. Em 1969 realizou turnês pelos EUA; quando voltou a Lima, foi nomeada diretora do Centro de Arte Folclórica, hoje Escola de Folclore. No primeiro Festival e Seminário Latino-americano de Televisão, organizado pela Universidade Católica do Chile em 1970, venceu como a melhor folclorista. Foi diretora do Instituto Nacional de Cultura (1973 a 1982). 

Seu poema Me Gritaron Negra é uma bandeira na luta contra o racismo. Ele relata aquilo que todo negro já viveu, e o faz interiorizar uma autoimagem que nega sua autoestima, Mas, num crescente, a palavra “negra”, que começa como insulto, se transforma em afirmação valorosa da identidade e da humanidade negra.

Video:



O poema:

Me Gritaron Negra
Victoria Santa Cruz

Tenía siete años apenas,
apenas siete años,
¡Que siete años!
¡No llegaba a cinco siquiera!

De pronto unas voces en la calle
me gritaron ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!

“¿Soy acaso negra?” – me dije ¡SÍ!
“¿Qué cosa es ser negra?” ¡Negra!
Y yo no sabía la triste verdad que aquello escondía. Negra!
Y me sentí negra, ¡Negra!
Como ellos decían ¡Negra!
Y retrocedí ¡Negra!
Como ellos querían ¡Negra!
Y odié mis cabellos y mis labios gruesos
y miré apenada mi carne tostada
Y retrocedí ¡Negra!
Y retrocedí…
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Neeegra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!

Y pasaba el tiempo,
y siempre amargada
Seguía llevando a mi espalda
mi pesada carga

¡Y cómo pesaba! ...
Me alacié el cabello,
me polveé la cara,
y entre mis cabellos siempre resonaba
la misma palabra
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Neeegra!
Hasta que un día que retrocedía,
retrocedía y que iba a caer
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¿Y qué?

¿Y qué? ¡Negra!
Sí ¡Negra!
Soy ¡Negra!
Negra ¡Negra!
Negra soy

¡Negra! Sí
¡Negra! Soy
¡Negra! Negra
¡Negra! Negra soy
De hoy en adelante no quiero
laciar mi cabello
No quiero
Y voy a reírme de aquellos,
que por evitar – según ellos –
que por evitarnos algún sinsabor
Llaman a los negros gente de color
¡Y de qué color! NEGRO
¡Y qué lindo suena! NEGRO
¡Y qué ritmo tiene!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO
Al fin
Al fin comprendí AL FIN
Ya no retrocedo AL FIN
Y avanzo segura AL FIN
Avanzo y espero AL FIN
Y bendigo al cielo porque quiso Dios
que negro azabache fuese mi color
Y ya comprendí AL FIN
Ya tengo la llave
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
¡Negra soy!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Luiz Inácio Lula da Silva, DEMOCRACIA E PARCERIA.

São gravíssimos os atos de espionagem praticados pela NSA – a Agência Nacional de Segurança dos EUA – contra os Chefes de Estado do Brasil e do México. Nada, absolutamente nada pode justificar a interceptação de telefonemas e a invasão da correspondência reservada dos Presidentes da República de países amigos, ferindo a sua soberania e desrespeitando os princípios mais elementares da legalidade internacional. E é mais grave ainda que importantes autoridades norte-americanas tenham querido legitimar tal agressão com o argumento de que os EUA estariam “protegendo” os interesses dos nossos países.

À medida que a verdade dos fatos vai sendo revelada, fica evidente que, no caso brasileiro, além da Presidente Dilma Rousseff, a Petrobrás, nossa empresa petrolífera, também foi espionada pela NSA, o que desmente as alegadas – e já por si inaceitáveis – razões de segurança.

A inadmissível ingerência nos assuntos internos do Brasil e as falsas razões alegadas provocaram a indignação da sociedade e do governo brasileiros. A Presidente Dilma Rousseff já questionou diretamente o Presidente Barack Obama sobre o problema e aguarda uma resposta convincente, à altura de sua gravidade.

O governo brasileiro está tratando o caso com a maturidade e o sentido de responsabilidade que caracterizam a Presidente Dilma Rousseff e a nossa diplomacia – mas é impossível subestimar o impacto que ele pode ter, se não for adequadamente resolvido, para as relações Brasil-EUA.

Basta imaginar o escândalo e a comoção que aconteceriam nos Estados Unidos se algum país amigo interceptasse ilegalmente, sob qualquer pretexto, os telefonemas e a correspondência reservada de seu Presidente.

O que leva um país como os EUA, tão justamente ciosos de sua democracia e de sua legalidade internas, a afrontarem a democracia e a legalidade dos outros? O que faz pensar às autoridades norte-americanas que elas podem e principalmente devem agir de modo tão insensato contra um país amigo? O que as faz acreditar que não existe nenhum inconveniente moral ou político em desrespeitar o Chefe de Estado, as instituições e as empresas do Brasil ou de qualquer outro país democrático?

E o mais inexplicável é que essa flagrante ofensa à soberania e à democracia brasileiras acontece num contexto de excelentes relações bilaterais. O Brasil, historicamente, sempre valorizou as suas relações com os Estados Unidos. Nos últimos dez anos, trabalhamos ativamente, e com bons resultados, para ampliar ainda mais a interação econômica e política do Brasil com os EUA.  Mantivemos ótimo diálogo institucional e pessoal com os seus governantes. Apostamos em uma parceria de fato estratégica entre os dois países, baseada em interesses comuns, sem prejuízo do nosso esforço pela integração da América Latina e de um maior intercambio com a África, a Europa e a Ásia.

Para isso, não hesitamos em enfrentar a desconfiança e o ceticismo de amplos setores da opinião pública brasileira, ainda traumatizados pela participação direta do governo norte-americano no golpe de Estado de 1964 e o seu permanente apoio à ditadura militar (como, de resto, a outras ditaduras militares do continente). Nunca duvidamos de que aprofundar o diálogo e fortalecer os laços econômicos e diplomáticos com os Estados Unidos fosse a melhor maneira de ajudá-los a superarem aquela página sombria das relações interamericanas, e a sua política de ingerência autoritária e antipopular na região.

No episódio atual, se ambos os países querem preservar o muito que as nossas relações bilaterais avançaram nas décadas recentes, cabe uma explicação crível e o necessário pedido de desculpas dos EUA. Mais do que isso: impõe-se a sua decidida mudança de atitude, pondo fim a tais práticas abusivas.

 Os EUA devem compreender que a desejável parceria estratégica entre os dois países não pode assentar-se na atitude conspirativa de uma das partes. Condutas ilegais e desrespeitosas certamente não contribuem para construir uma confiança duradoura entre os nossos povos e os nossos governos.

Um episódio como esse, por outro lado, demonstra o esgotamento da atual governança mundial, cujas instituições, regras e decisões são frequentemente atropeladas por países que muitas vezes confundem seus interesses particulares com os interesses de toda a comunidade internacional. Demonstra que é mais urgente do que nunca superar o unilateralismo, seja ele dos EUA ou de qualquer outro país, e criar verdadeiras instituições multilaterais, capazes de conduzir o planeta com base nos preceitos do Direito Internacional e não na lei dos mais fortes.

O mundo de hoje, como ninguém ignora, é muito diferente daquele que emergiu da 2ª Guerra Mundial. Além da descolonização africana e asiática, diversos países do sul se modernizaram e industrializaram, conquistando importantes progressos sociais, culturais e tecnológicos. Com isso, adquiriam um peso muito superior no cenário mundial. Hoje, os países que não fazem parte do G-8 representam nada menos que 70% da população e 60% da economia do mundo. Mas a ordem política global continua tão monopolizada e restritiva quanto no inicio da guerra fria. A maioria dos países do mundo está excluída dos verdadeiros espaços de decisão. É injustificável, por exemplo, que a África e a América Latina não tenham nenhum membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ou que a Índia esteja fora dele. A governança global precisa refletir o mundo contemporâneo. O Conselho de Segurança só será plenamente legítimo e democrático – e acatado por todos – quando as várias regiões do mundo participarem dele, e os seus membros não defenderem apenas os próprios interesses geopolíticos e econômicos, mas representarem efetivamente o anseio de todos os povos pela paz, a democracia e o desenvolvimento.

Esse episódio e outros semelhantes apontam também para uma questão crucial: a necessidade de uma governança democrática para a internet, de modo que ela seja cada vez mais um terreno de liberdade, criatividade e cooperação – e não de espionagem.


Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil

Enfim acabei de reler sob vários arrepios; BH, 0250902013; Publicado: BH, 0250902013.

Enfim acabei de reler sob vários arrepios: 
"Miscelânea de Opiniões e Sentenças" 
Belo livro de Nietzsche; e debaixo
De vários arrepios por quais motivos?
Nietzsche sempre nos surpreende, e
Sempre há algo revelador, sempre há
Um fator inusitado, um esconderijo,
Algo que se passou despercebido,
E quando o percebemos numa
Releitura, nos enchemos de calafrios;
E o Nietzsche é frieza, é nudez
No gelo, sombras nas luzes, luzes
Nas penumbras; e acabei por marcar
O poema 386, falo poema, pois Nietzsche,
Chama sua poesia de axioma,
"O Ouvido que falta":
"Pertencemos ao povo simples enquanto
Sempre fazemos recair a culpa nos outros;
Estamos no caminho da verdade quando
Só nos responsabilizamos a nós mesmos;
Mas o sábio não considera ninguém como
Culpado, nem ele próprio, nem os outros;"
 - Quem disse isso?
 - Epicteto, há 1800 anos;
 - Foi ouvido, mas foi esquecido;
 - Não, não foi ouvido nem foi esquecido:
Há coisas que não esquecemos; mas o
Ouvido fazia falta para ouvir, o ouvido de Epicteto;
 - Então, ele disse isso a si mesmo ao ouvido?
 - Perfeitamente, a sabedoria é o murmúrio do
Solitário no meio da praça tumultuada;
Epicteto (50-130), foi filósofo estoico grego,
Escravo liberto por Nero, ministrava lições
Públicas; mais tarde, foi banido de Roma
Junto com todos os filósofos por ordem do
Imperador Domiciano, precisamente no ano 90;
A máxima estoica de Epicteto era:
 - "Suporta e abstém-te";
É isto, Nietzsche, é sempre isto, a este desprendedor
De cultura universal, o meu muito obrigado.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Blog do Zé: Revelado o nome do principal torturador de Stuart Angel Jones.


Finalmente se conhece o nome do principal torturador de Stuart Angel Jones, militante do MR-8 assassinado em 1971 nos porões da tortura do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA). Stuart era filho da estilista Zuzu Angel, morta num acidente que a justiça do Rio já provou ter sido provocado.
Ele morreu com a boca amarrada ao cano de escapamento de um jeep que o arrastou por longo tempo no pátio do quartel. O principal torturador de Stuart – a mulher dele, Sônia Maria Lopes de Moraes Angel Jones, também foi assassinada pela ditadura – era chamado de “Abílio Alcântara” (codinome “Pascoal”) pelos presos políticos que passaram pelos porões do CISA, que funcionava junto à Base Aérea do Galeão.
“Abílio Alcântara”, porém, nunca existiu. Serviu apenas para esconder a verdadeira identidade do sargento Abílio Correa de Souza. Após o cruzamento de depoimentos de ex-presos com informações em bancos de dados nacionais e internacionais, o jornal O Globo chegou ao verdadeiro nome sob o qual se escondia o agente.
Torturador cursou escola de tortura e anticomunismo no Panamá
Souza chegou a fazer cursos de inteligência de combate e contraespionagem na conhecida Escola das Américas, no Forte Gulick, no Panamá, em 1968, onde os americanos ensinavam táticas de tortura a militares do continente, aos quais também doutrinavam para serem anticomunistas, deflagrarem, aceitarem e colaborarem com golpes de Estado e militares no auge da Guerra Fria.
De acordo com o relato dos presos, ele seria o braço-direito do coronel Ferdinando Muniz de Farias, o “dr .Luis” — homem de confiança do brigadeiro Carlos Affonso Dellamora, comandante do CISA. Ambos já amplamente denunciados pelo ex-preso político Alex Polari de Alvarenga.
Já há 42 anos, à medida que pode e da forma como lhe é possível, Polari denuncia que presenciou o momento em que o amigo Stuart foi preso por agentes da Aeronáutica, na manhã de 14 de junho de 1971, em uma região do Grajaú, na Zona Norte do Rio. Entre eles, o sargento Abílio Correa de Souza, o “Abílio Alcântara”, de codinome também “Pascoal”.
Jornal traz revelação de nova testemunha
Agora surge uma nova testemunha dos momentos finais da vida de Stuart, a ex-presa política Maria Cristina de Oliveira Ferreira. De acordo com ela, Souza foi o último agente a falar com o filho da estilista Zuzu Angel, em sua agonia. Maria Cristina conta que não chegou a ver, mas ouviu os gemidos do dirigente do MR-8 ao longo da madrugada. Stuart murmurava seguidamente “vou morrer, vou morrer”.
Em determinado momento, conta Maria Cristina, o sargento Souza “Pascoal” se aproximou dele e falou: “ ‘Deixa de frescura, Paulo (codinome de Stuart no MR-8). Você não vai morrer ainda não. Toma aqui um melhoral’. Pouco depois ele silenciou e eu ouvi o barulho semelhante à retirada de um corpo”.
Maria Cristina nunca fora ouvida antes sobre o assunto por ser acusada por ex-companheiros de militância de colaboração com o regime. “Depois do que aconteceu com Stuart, a carceragem foi imediatamente esvaziada. Todos nós fomos transferidos para outros lugares”, recorda-se.
Torturador falou de prisão sorrindo
Outro preso também confirma a liberdade com que Souza transitava pelos corredores da carceragem. Manoel Henrique Ferreira contou em relatório que integra o acervo do Brasil Nunca Mais que “Pascoal” pediu-lhe que reconhecesse a foto na carteira de identidade falsa com que Stuart foi preso. Em seguida, confirmou a prisão, sorrindo.
O Globo do domingo também traz nomes de outros torturadores no local. Mas não informa se Souza, o principal torturador de Stuart, está vivo ou morto. Estão aí, portanto, os nomes dos principais torturadores e assassinos de Stuart. Com testemunhas e provas.
E não só os deles, mas também de seus chefes, até à chefia do CISA. Daqueles que, da cadeia de comando, ordenaram a prisão e tortura de Stuart. Todos impunes. Sem nem sequer assumirem seus crimes ou informarem o que fizeram com Stuart. A lei, a Constituição aceitam semelhante crime impune? A Justiça e o Congresso Nacional se manterão em silêncio cúmplice? Até quando?

domingo, 22 de setembro de 2013

Bula Revista: Os 10 melhores poemas de Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa

Pedimos a 20 convidados — escritores, críticos, jornalistas — que escolhessem os poemas mais significativos de Fernando Pessoa. Cada participante poderia indicar entre um e 10 poemas. Escritor e poeta, Fernando Pessoa é considerado, ao lado de Luís de Camões, o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores da literatura universal. O crítico literário Harold Bloom afirmou que a obra de Fernando Pessoa é o legado da língua portuguesa ao mundo.

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, em junho de 1888, e morreu em novembro de 1935, na mesma cidade, aos 47 anos, em consequência de uma cirrose hepática. Sua última frase foi escrita na cama do hospital, em inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935: “I know not what tomorrow will bring” (Não sei o que o amanhã trará).
Seus poemas mais conhecidos foram assinados pelos heterônimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, além de um semi-heterônimo, Bernardo Soares, que seria o próprio Pessoa, um ajudante de guarda-livros da cidade de Lisboa e autor do “Livro do Desassossego”, uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século 20. Além de exímio poeta, Fernando Pessoa foi um grande criador de personagens. Mais do que meros pseudônimos, seus heterônimos foram personagens completos, com biografias próprias e estilos literários díspares. Álvaro de Campos, por exemplo, era um engenheiro português com educação inglesa e com forte influência do simbolismo e futurismo. Ricardo Reis era um médico defensor da monarquia e com grande interesse pela cultura latina. Alberto Caeiro, embora com pouca educação formal e uma posição anti-intelectualista (cursou apenas o primário), é considerado um mestre. Com uma linguagem direta e com a naturalidade do discurso oral, é o mais profícuo entre os heterônimos. São seus “O Guardador de Rebanhos”, “O Pastor Amoroso” e os “Poemas Inconjuntos”. Em virtude do tamanho, alguns poemas tiveram apenas trechos publicados. Eis a lista baseada no número de citações obtidas.

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

O guardador de rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Ode marítima
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
Doutro modo da mesma humanidade noutros pontos.
Todo o atracar, todo o largar de navio,
É – sinto-o em mim como o meu sangue -
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui…
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Presságio
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Todas as cartas de amor…
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
O cego e a guitarra
O ruído vário da rua
Passa alto por mim que sigo.
Vejo: cada coisa é sua
Oiço: cada som é consigo.
Sou como a praia a que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo a verdade
É só eu ter que morrer.
Depois de eu cessar, o ruído.
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada.
Cheguei à janela
Porque ouvi cantar.
É um cego e a guitarra
Que estão a chorar.
Ambos fazem pena,
São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.
Eu também sou um cego
Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.