sexta-feira, 28 de junho de 2013

PT - Partido dos Trabalhadores; BH, 0270602013; Publicado: BH, 0280602013.

PT - Partido dos Trabalhadores 
Deveria começar a pensar, como conquistar
O povo brasileiro novamente; apesar
Da nação brasileira, na sua grande
Maioria, ser formada de trabalhadores, o
Partido dos Trabalhadores, sofre no
Momento, um grande desgaste na
Sociedade brasileira; junta-se contra o
Partido dos Trabalhadores, uma
Preocupante frente de combate,
Composta de indivíduos perigosos,
Influentes, e desprovidos de quaisquer
Bandeiras desenvolvimentistas; querem
Só a vingança, a retaliação, a revanche,
E se possível, acabar com o Partido dos
Trabalhadores; e o Partido dos Trabalhadores,
Verdadeiramente, se afastou do povo,
Do trabalhador, dos movimentos sociais,
Dos sem terras, e de tudo que foi
A base, o alicerce de formação do
Melhor partido que já tivemos na
Política brasileira; quem está com o
Partido dos Trabalhadores hoje, são os
Que lucram com ele, os interesseiros, os
Neoliberais, o que prejudicou em muito
O partido; e os que o amam, como eu o
Amo, de fora, de longe, tentam
Entender, o que transformou o sonho
Em ódio, em raiva, ira, e desilusão; o
Partido dos Trabalhadores precisa
Resgatar-se a si próprio, e com
Urgência, e voltar a ser o Partido dos
Trabalhadores do povo trabalhador brasileiro.

A Presidenta Dilma Vana Rousseff; BH, 0270602013; Publicado: BH, 0280602013.

A Presidenta Dilma Vana Rousseff 
Precisa de apoio, de muito apoio 
Da sociedade brasileira; arma-se 
Contra ela, uma cadeia de propaganda 
Enganosa, para desmoralizá-la e 
Enfraquecê-la e desrespeitá-la; 
A primeira mulher eleita presidenta da nação,
Sofre um bombardeio covarde, e sem
Igual; e fazem de tudo para detoná-la;
E não medem esforços com mentiras,
Difamações, assassinatos de reputação,
E falsidades; causa-me asco, nojo até,
Conhecer onde é capaz de chegar, a
Baixaria humana; são homens, e
Mulheres, pais, e mães de famílias, jovens,
Políticos, trabalhadores, todos os tipos
De pessoas a esculacharem uma
Presidenta da República, legitimamente,
Eleita pelo povo; e estudantes, estudantes
Bolsistas, que nunca teriam chances à
Uma universidade em outra ocasião; e
Nunca teriam uma oportunidade como
Agora, incrivelmente, se unem numa
Campanha que pode até prejudicá-los
No futuro; vamos dar uma chance à primeira
Mulher presidenta do Brasil, se não
Demostrarmos apoios, e se nos omitirmos
Mais, o Brasil demorará a superar a crise.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Será que a direita está em festa? BH, 0260602013; Publicado: BH, 0270602013.

Será que a direita está em festa?
Ao ver negados em praças públicas,
Partidos políticos, movimentos e
Programas sociais, será que a
Direita está em festa? viu faixas
Nas ruas a pedir a volta dos militares,
O fim dos partidos, loas à Ditadura,
Será que a direita está em festa?
Saudações nazistas, comportamentos
Fascistas, negação da Democracia,
Será que a direita está em festa?
Uma das festas que a direita gosta
De fazer, é dizer que não é direita
E não é esquerda e muito pelo
Contrário; e a festa estava mais
Para baile de terror, baile de fantasias,
De máscaras e de mascarados, mas
O samba não foi o composto por Zé
Keti; os compositores, os componentes
Eram todos anônimos: será que a
Direita está em festa? os sarcófagos
Foram abertos, várias múmias saíram
Das tumbas, vários Ness despontaram
No lago; e o carnaval virou cinzas:
Por direitos atropelaram direitos, por
Justiça cometeram injustiças e quase
Viramos catástrofe nacional e
Internacional, por capricho 
Duma festa da direita, que sonha
Em voltar ao poder e para isso, pode
Até acabar com o sonho dum
Brasil melhor, para as futuras gerações;
Será que a direita está em festa?

E os jovens das manifestações não pediram; BH, 0260602013; Publicado: BH, 0270602013.

E os jovens das manifestações não pediram
Pela Comissão Nacional da Verdade,
Ao contrário, vi muitos a pedir a
Volta da Ditadura, do militarismo
E consequentemente, dos torturadores,
Das casas da morte, do pau de arara;
E os jovens das manifestações não
Pediram pelas terras indígenas, dos
Quilombolas e dos sem terra; e
Baniram das manifestações o Movimento
Dos Sem Terra,  o MTST, Movimento
Dos Trabalhadores Sem Teto e 
Rasgaram bandeiras do Movimento 
Negro e do Partido dos Trabalhadores; 
E os jovens das manifestações não 
Defenderam o Bolsa Família e vi muitos 
Cartazes que o condenavam, ridicularizavam, 
Difamavam os movimentos sociais;
E os jovens das manifestações não
Quiseram saber do PROUNI, das Cotas
Raciais e das bolsas universitárias;
Tentaram invadir nosso símbolo
Da nossa política externa, respeitador
E respeitado no mundo todo; por
Pouco não destruíram o Itamaraty; e
Os jovens das manifestações não sei
Bem, onde estavam com as cabeças, nos
Devidos lugares não acredito que
Estavam; desprezaram a História, a
Ciência e a própria Educação por
Qual protestavam; e os jovens das
Manifestações pareciam com cabeças
Brancas de velhos caudilhos da política
Dos tempos das eminências pardas.

terça-feira, 25 de junho de 2013

E com essas movimentações das manifestações; BH, 0240602013; Publicado: BH, 0250602013.

E com essas movimentações das manifestações,
Perdeu-se o foco da Comissão Nacional da Verdade,
Que procurava passar a limpo e punir
Os crimes da Ditadura; e alguns militares
Conservadores, mais reacionários, aproveitaram
Para pedir a queda do governo Dilma,
Em pura represália e para tumultuar e
Impedir a continuidade da apuração do que
Foi cometido; muitos loucos pediram a volta do
Militarismo, mas com certeza, não têm
Fundamentos no que pedem, não conhecem a
História, ou temem a justiça brasileira; e
Torço pela continuidade da Comissão Nacional da
Verdade, apesar da falta de apoio da mídia,
Que foi cúmplice da Ditadura; muitos
Infiltrados nas manifestações, talvez,
Não tenham conhecimento da Comissão Nacional da
Verdade, e o povo precisa saber disso,
Para poder apoiar essa Comissão Nacional da Verdade,
Sem o sentimento de revanchismo que alguns querem
Alegar; articulistas do PIG, Partido da Imprensa
Golpista combateram e detonaram a Comissão,
Nacional da Verdade, mas, o governo não se deve
Deixar abater, junto com os que esperam por justiça;
Esses movimentos dessas manifestações precisam
Pressionar o STF, Supremo Tribunal Federal,
Por uma Lei de Anistia mais adequada, e não
Uma que beneficie aos torturadores e que
Essas mudanças venham de dentro do Brasil,
A sofrer e a causar influência no Brasil,
Com cara, com rosto, com coragem.

O Brasil passa por momentos maravilhosos; BH, 0240602013; Publicado: BH, 0250602013.

O Brasil passa por momentos maravilhosos,
Com o povo nas ruas, em manifestações,
Algo que sempre almejei ver, desde os
Tempos de chumbo da Ditadura; apesar
De vivermos em plena Democracia,
Longe dum estado de exceção,
Nada tira o brilho da festa popular;
Lamento apenas as depredações,
As queimas de automóveis, os saques
E arrombamentos; mas, movimento
Nenhum ocorre sem algum prejuízo,
Para ambos os lados: o povo e o estado;
Fico triste de ver a velha mídia, que nunca
Esteve do lado do povo, de repente,
Elogiar, dizer que maravilha, que lindo, se
Quando o povo precisou dela,
Puxou o tapete do povo, principalmente,
Nas Dietas Já; de qualquer forma,
Bem-vinda essa ação popular, se for
Sem violência, melhor ainda, porém,
Se houver excesso dalgum dos lados,
O tempo curará; pelo menos agora,
Não teremos os generais torturadores,
As casas da morte, os alto-fornos de
Sumir com cadáveres, e nem jovens
Idealistas a ser lançados de aviões
Em alto-mar; no muito um pega
Daqui e dali da polícia, um corre-corre,
Lágrimas de gás lacrimogênio, o metiêr
De praxe de manifestações numa
Democracia; bem-vindo a um novo
Brasil, não anônimo, sem máscara, mas
Com a cara, todas as caras dos brasileiros.

Das manifestações e de quando segmentos ; BH, 0240602013; Publicado: BH, 0250602013.

Das manifestações e de quando segmentos 
Da sociedade, organizados, ou não, 
Começam a manifestar-se em praças públicas,
Contra o Programa Bolsa Família,
O PROUNE, as Cotas Raciais, demarcação
De terras indígenas, quilombolas, sem terra,
Movimento negro, sem teto, gays,
Começo a ficar severamente preocupado; e
Manifestam-se sem pensar nas
Consequências que trariam o fim
Dessas conquistas, desses reparos que
Tentamos fazer, por tantos anos de
Injustiças; quando bradam contra a
Corrupção, a sonegação, a burocracia, os lucros
Exorbitantes dos empresários, aplaudo;
Só não percebo quando embarcam
Cegamente nessa do MPL, Movimento
Passe Livre; com o povo a pagar a
Tarifa, todos conhecemos os serviços
Como são; e se a tarifa for abolida,
Quem garantirá ao povo os serviços
Melhores, ônibus nos horários, conservados,
Com o povo organizado, e ordeiro a
Usufruir deles? com a dimensão continental
Do Brasil, nos longínquos cantões, onde a
Presença do estado é escassa, quem
Garantirá ao povo os serviços de ônibus?
É necessário pensar-se em soluções, em
Garantias, em manutenções, antes de
Exigir-se o fim das tarifas, para que o
Povo não fique mais a pé do que já
Está; e quanto às nossas Instituições, que
Bem ou mal funcionam, normalmente, vamos
Preservá-las democraticamente, sem violência.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Que transborde em mim a doutrina; BH, 020102001; Publicado: BH, 0240602013.

Que transborde em mim a doutrina 
da Essência das coisas, e que nunca me falte o conhecimento
Das causas primeiras, e dos primeiros princípios; atropele-me
O inventário sistemático dos conhecimentos provenientes
Da razão pura; e que eu seja um phd na teoria das
Ideias, e que obtenha sutileza, e transcendência no
Discorrer da minha vida; absorva-me a metafísica,
Para que o verbo possa sutilizar-me, tornar-me metafísico,
Transcendente, e nebuloso ao metafisicar-me, e aplicar-me
A um estilo poético, contemplativo, e caracterizado pela
Adjetivação espirituosa, filosoficamente profunda; e
Volto ao século XVIII, para que eu seja versado na poesia
Inglesa, na dialética, na arte de raciocinar com lógica,
De argumentar, e discutir com juízo; um ser dialético, e bom
Argumentador, até na parte da filosofia que estuda os
Deveres do homem para com Deus, e a sociedade, na
Deontologia, a ciência da moral, dos costumes da ética; e
Pagão se for, porém ético, sem perder a faculdade
Própria de homem, de se conhecer pelo espírito, a distinção
Das ideias, e das coisas; e fazer bom uso das faculdades intelectuais,
Ter juízo, e domínio sobre ele; bom senso, noção do direito,
Da justiça, da alegação, do argumento, da prova, da causa,
E do motivo; que eu alimente-me da razão, da
Conta de relação matemática, e seja correto, e sério como
Um livro de escrituração comercial de empresa íntegra;
Ai meu Deus, se eu evoluísse a tanto, com segurança, e
Esperança, com amor de sangue derramado, com parte
De sangue que coagula, com elemento corante de sangue,
Com riqueza de grupiara, de lavra, de garimpo, de
Diamantes; ai meu Deus, quem me dera atingir a elevação, como
Um garimpeiro atinge um veio na crupiara, e como o crúmen,
Da glândula suborbital de certos ruminantes, cuja secreção
É odorífera, não é um crume de bílis, de suco gástrico
De humano comum; quero cruentar a filosofia, ensanguentar
Sem violência, só com a cruentação espiritual, como uma
Levitação de pássaro crucirrostro, que tem o bico cruzado, mas
Que tem suporte crucífero, e traz a cruz na frente, não para
Representar o sofrimento, mas sim para afastar aqueles que
Temem qualquer imagem cruciforme, e que só quer só
Crucificar o errado; e fazer o crucificamento do medo, ser o
Crucificador da covardia, e o que crucifica a injustiça;
É o crucífero que liberta a alegria, que liberta o prazer
Do cruciferário, aquele que é feliz por levar a cruz nas costas, nas
Procissões; o cruciário da verdade, pois sabemos que a tal
Da mentira nos traz cruciação, e mentir é cruciamento, e
Sofrimento eterno, é crime hediondo, mortificação da alma, e
Provação árdua para o espírito; o homem devia ser natural
Como uma crucífera, espécime das Crucíferas, família de plantas
Cujas flores têm as pétalas dispostas em cruz; a couve, mostarda,
São assim, crucíferas cruci, do latim "crux", "crucio", de sofrimento físico,
Ou moral; dos deveres da conclusão que se tira duma
Obra, dum fato, do conjunto das nossas faculdades morais, e
O que há de moralidade em qualquer coisa, relativa aos
Bons costumes, ao domínio espiritual, e ser de oposição àquilo
Tudo que é físico, e natural; desprezar o que não for, e
Não tiver moralidade, não tiver qualidade de reflexão, de
Conceito, ou de intuito, tais certas fábulas, ou narrativas do
Sistema que trata exclusivamente do moralismo, e jamais
Ser falso moralista, seja a pessoa que escreve, e que preconiza
Preceitos de moralização; seja até moralizador, o que moraliza,
Que constitui, que encerra ações sãs, que dá bons, e sábios
Exemplos, que aconselha para tornar conforme a infundir,
E corrigir o comportamento, o pensamento sem reflexões, e
Que morre sem aprender a moralizar; porém, falso, jamais,
Tenha até o cróton, o mome de várias euforbiáceas de
Folhas ornamentais, tenha o crotão, porém, o nome de
Falsidade o desequilibra, o nome de falso o arruína,
Mata-o antes da raiz; tanto o crotalóide, quanto o crotalídeo,
Semelhantes aos Crotalídeos, espécime de família de serpentes,
Que tem por tipo, a pior cascavel, fogem do falso, do
Irreal, do que não é verdadeiro, tem medo da
Realidade; e só a cróssima, a peça de ferro, de aço,
De forma triangular, colocada nos desvios das vias
Férreas, nos pontos que que os trilhos se interceptam;
O jacaré, a chave, são os que podem esfacelar caixa
Craniana tão croqui, de esboço tão rudimentar, arcaico,
Fora do alcance do cronoscópio do cronônimo, fora do
Calendário das eras históricas, e da designação de várias
Palavras que indicam época; Maio, Hégira, Quinhentos,
O século XVI, o cronologista sabe disso;  agora, o mentiroso,
Não, nem o tempo está do lado dele: só a fogueira da
Inquisição, e o fogo do inferno, são os que o esperam de
Gargantas abertas, escancaradas, aptas a engolirem-no; e
O noticialista de imprensa, o localista croniqueiro, terá todo
O prazer de num crônicon, volumosa crônica medieval, num
Cronicão de antigos livros genealógicos, narrar o fim da
Cronicidade; da qualidade das doenças crônicas trazidas
Com a mentira; e preciso só da cronaxia do tempo necessário
Para a excitação dum elemento nervoso, que uma corrente
De intensidade duas vezes maior que a inicial, a reóbase
Necessita para a excitação de nervo, ou músculo, quando o
Estímulo é prolongado indefinidamente; e partícula, ou grânulo
De que é constituída a cromatina no cromômero cromolitográfico,
Da litografia feita a cores; a cromolitografia, de utilidade de
Aparelho com que se mede a riqueza do sangue em hemoglobina,
E glóbulos vermelhos; o útil cromocitômetro, do crômato, de
Estado dum corpo em que há diferentes cores, conjunto de
Vários arcos-íris na policromia das retinas, e na imitação da
Pintura a óleo por policromia, a isocromia da litografia, da
Cromocitometria do crômixo, do anino bivalente CrO, do CrO3,
Ácido hipótetico, e dos derivados do cromo trivalente; e da
Cromatografia, processo moderno de identificação analítica,
Pela escala cromática, baseado na absorção seletiva dos
Constituintes dum corpo cromatóforo, a célula
Pigmentada nos animais que mudam de cor devido ao que
Exprime ideia de colorido, e do cromato designação genérica dos
Sais que encerram o anion bivalente CrO derivado do ácido
Crônico: sinto-me crivado por todas as palavras, furado em
Muitas partes, por todas as letras, atravessado por todas as
Frases que não dizem nada, cravejado por todos os pensamentos
Que usam a critomancia, a advinhação por meio da cevada,
Que não leva a nada; só à manducação, à critofagia, o ato de se
Nutrir crito do grego krithé, pois sei que a critiquice irá matar-me,
A crítica sem fundamento, depreciativa, é a pior, mas penso
Que alguém tem que ousar, enfrentar o critiqueiro, não ter medo
Do criticastro, o crítico sem valor; alguém tem que passar por
Criticista, e mostrar a criteriologia, a parte da Lógica, que estuda
Os critérios da verdade pura, sem cristalomancia, sem suportar a
Advinhação, por meio dum pedaço de gelo, ou dum cristal;
Ou vasos, e espelhos de icebergs; e boa pintura a óleo no túmulo, é.(1)

terça-feira, 18 de junho de 2013

MIKIO, 191, Aonde andarão meus ossos? BH, 0170602013; Publicado: BH, 0180602013.

Aonde andarão meus ossos? e minha caveira
Fóssil, cadê ela? meu esqueleto de marfim,
Que plantei no jardim? qual demônio feiticeiro
Roubou-o? que sacerdote macumbeiro fez de
Minha costela patuá? qual xamã fez dos meus
Espinhos vudu, e dançou ao espalhar as minhas
Cinzas pelos canteiros? que bruxo mago fez
Talismã do meu osso sacro, e qual preto velho
Benzeu amuleto com meus restos mortais? nem
As rezas-bravas de minha avó preta, ou as
Orações da minha avó índia, curaram meus
Quebrantos; esperneio, inda choro com caxumba,
Pirraço, com espinhela caída, coço-me todo, é
Cobreiro pelo corpo, cadê a arruda de guiné?
Prometeram-me um corpo fechado, e fecharam-me
O ser, a alma e o espírito; não vou mais vagar de
Cemitério em cemitério a procurar; alguém terá que
Dar conta dos meus pedaços, que foram feitos de
Despachos, nas encruzilhadas, e do meu sangue,
Que foi usado em pacto e em ritual, sem a minha
Ordem explícita; terei que recompor-me e não
Sei como, restaurar-me a alma, pasteurizar-me o
Espírito, se os encontrar por aí perdidos e
Retificar-me o organismo, reatar-me aos
Elementos, juntar esses despojos e
Pedir a alguma mulher puta, que saiu da minha
Costela, para soprar nas minhas narinas; e à
Meia-noite, cadáver reencarnado, fingirei
De vivo entre os mortos.

Nietzsche, Aurora, 516 - Não fazer entrar seu demônio; BH, 0180602013.

Mantenhamo-nos sempre nesta época fiéis à opinião de que a
Benevolência e os benefícios constituem o homem bom;
Mas não deixemos de acrescentar:
"Com a condição de que comece a utilizar sua benevolência e
Seus benefícios em proveito próprio!"
Pois, de outro modo - se foge de si mesmo, se se detesta e
Se se prejudica - não será certamente um homem bom.
E então não fará coisa que salvar-se a si mesmo nos outros:
Que os outros cuidem que não lhes aconteça nada de mal,
Apesar de todo o bem que ele parece lhes querer!
 - Mas é exatamente isso:
Fugir e odiar seu eu, viver em e para os outros e para outros -
Que se chama até hoje, com tanta desrazão como segurança,
"Altruísta" e, por conseguinte, "bom"!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Llewellyn Medina, Inventário, O homem; BH, 0170602013.

O homem é sempre um ator
Tem dois lados
Duas faces
Como as ilustrações de Don Giovani.

Você olha nos seus olhos
E nunca sabe se os está fixando nos seus
Você diz uma palavra
Quando outra é que quer desprender-se do seu coração.

Por que você não diz esta,
Mas aquela?

Você não quer que suas defesas venham abaixo
E que suas vísceras sejam expostas
Permitindo aos sacerdotes
Que à vista delas façam augúrios
E prevejam o que você não quer imaginar.

O homem só faz lutar uma luta de florete
Em que não há parceiro
Mas rival
Os golpes são sempre elegantes
Um passo para a frente
Mãos nas cadeiras
Tantos passos pra trás
"Touche".

Assim parece ser a vida...
Entretanto
Vez ou outra
Você se depara com um semi-deus
Então
À vista do peito aberto
Da ausência de qualquer defesa
Você matuta:
Por que com os semi-deuses
As coisas são sempre tão difíceis?
Por que não lutam eles a luta dos mortais
Que mistificam
Dissimulam
Disfarçam
Por que você tem de olhar nos olhos do semi-deus?
Deus dele me livre para sempre
Quero ser apenas um reles humano
Esconder a face
Não revelar sentimentos
Continuar a viver esta vida inútil
E por ela ansiar ineludivelmente.

Manoel de Barros, Ensaios Fotográficos, Borboletas; BH, 0170602013.

Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta -
Seria, com certeza, um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras do que os homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças do que pelos homens.
Vi que as águas têm mais qualidade para a paz do que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do ponto de vista de uma borboleta.
Ali o meu fascínio era azul.

Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, Desalento; BH, 0170602013.

Uma pesada, rude canseira
Toma-me todo. Por mal de mim,
Ela me é cara... De tal maneira,
Que às vezes gosto que seja assim...

É bem verdade que me tortura
Mais do que as dores que já conheço.
E em tais momentos se me afigura
Que estou morrendo... que desfaleço...

Lembrança amarga do meu passado...
Como ela punge! Como ela dói!
Porque hoje o vejo mais desolado,
Mais desgraçado do que ele foi...

Tédios e penas cuja memória
Me era mais leve que a cinza leve,
Pesam-me agora... contam-me a história
Do que a minh'alma quis e não teve...

O ermo infinito do meu desejo
Alonga, amplia cada pesar...
Pesar doentio... Tudo o que vejo
Tem uma tinta crepuscular...

Faço em segredo canções mais tristes
E mais ingênuas que as de Fortúnio:
Canções ingênuas que nunca ouvistes,
Volúpia obscura deste infortúnio...

Às vezes volvo, por aquecê-la,
A vista súplice em derredor,
Mas tenho medo de que sem ela
A desventura seja maior...

Sem pensamentos e sem cuidados,
Minh'alma tímida e pervertida,
Queda-se de olhos desencantados
Para o sagrado labor da vida...

                                           Teresópolis, 1912

domingo, 16 de junho de 2013

Casimiro de Abreu, Brasilianas Cânticos, Orações; BH, 0160602013.

                                                                     
                                                                  A...

A alma, como incenso, ao céu s'eleva
Da férvida oração nas asas puras,
E Deus recebe como um longo hosana
O cântico de amor das criaturas.

Do trono d'ouro, que circundam anjos,
Sorrindo ao mundo a Virgem-Mãe s'inclina,
Ouvindo as vozes d'inocência bela
Dos lábios virginais duma menina.

Da tarde morta o murmurar se cala
Ante a prece infantil, que sobe e boa
Fresca e serena qual perfume doce
Das frescas rosas de gentil coroa.

As doces falas de tua alma santa
Valem mais do que eu velho, oh querubim!
Quando rezares por teu mano à noite,
Não t'esqueças - também reza por mim!

Mário Quintana, Baú de Espantos, Um nome na vidraça; BH, 0160602013.

A guriazinha
Desenha as letras do seu nome na vidraça
 - Encantadoramente mal feitas -
As letras escorrem...
Enquanto isto,
Umas pessoas morrem.
Outras nascem...
Entre umas e outras,
Viro mais uma página
Desta novela policial.
E exatamente à página 293, verifico,
Quando o herói vai torcendo cautelosamente o trinco da porta,
Interrompo
A leitura
E ele e todos os outros personagens ficam parados.
Eu sou o Deus carastróico: não ligo,
Olho agora a litografia da parede
 - Um trigal muito louro e acima dele apenas uma asa
Contra o céu azul.
É como se eu abrisse uma janela na frustração da chuva!
Bem, neste momento as pessoas já devem ter morrido ou nascido
A verdade, minha filha,
É que eu não sei como parar este poema:
Nos dias de chuva sobem do fundo do mar os navios fantasmas,
Sobem ruas, casas, cidades inteiras,
E procissões, manifestações, os primeiros
E os últimos, o padre-cura e o boticário
Discutindo política na esquina...
(A gurizinha
Apaga as letras lacrimejantes da vidraça.
E recomeça...)

Mário Quintana, Antologia Poética, Bar; Publicado: BH, 01606002013.

No mármore da mesa escrevo
Letras que não formam nome algum.
O meu caixão será de mogno,
Os grilos cantarão na treva...
Fora, na grama fria, devem estar brilhando as gotas pequenas do orvalho.
Há, sobre a mesa, um reflexo triste e vão
Que é o mesmo que vem dos óculos e das carecas.
Há um retrato de Marechal Deodoro proclamando a República.
E de tudo irradia, grave, uma obscura, uma lenta música...
Ah, meus pobres botões! eu bem quisera traduzir,
Para vós, uns dois ou três compassos do Universo!...
Infelizmente não sei tocar violoncelo...
A vida é muito curta, mesmo...
E as estrelas não formam nenhum nome.

Tito Júlio Fedro, Fábulas, XXIII - O cão fiel; Publicado: BH, 0160602013.

O (que se faz), de repente e de modo generoso, é bem
Aceito pelos tolos, mas apresentar ardis inúteis para os atilados.
Um ladrão noturno jogou pão ao cachorro, tentando
Capturá-lo, com o alimento lançado (à frente da boca dele).
"Olá", diz o (cão), "antes do mais, queres trancar minha (boca)
Para não ladrar em favor da propriedade do (meu) senhor?
Enganas-te, redondamente.
Essa (tua) inesperada generosidade ordena que
Eu vigie a fim de que não faças lucro por minha culpa."

Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XXXIII; Publicado: BH, 0160602013.

Minha Marília
Se tens beleza,
Da Natureza
É um favor.
Mas se aos vindouros
Teu nome passa,
É só por graça
Do Deus de amor,
Que canto inflama
A mente, o peito
Do teu Pastor.

Em vão se viram
Perlas mimosas,
Jasmins, e rosas
No rosto teu.
Em vão terias
Essas estrelas,
E as tranças belas,
Que o Céu te deu;
Se é em doce versos
Não as cantasse
O bom Dirceu.

O voraz tempo
Ligeiro corre:
Com ele morre
A perfeição.
Essa, que o Egito
Sábia modera,
De Marco impera
No coração;
Mas já Otávio
Não sente a força
Do seu grilhão.

Ah! vem, ó Bela,
E o teu querido,
Ao Deus Cupido
Louvores dar;
Pois faz que todos
Com igual sorte
Do tempo, e morte
Possam zombar:
Tu por formosa,
E ele, Marília,
Por te cantar.

Mas ai! Marília,
Que de um amante,
Por mais que cante,
Glória não vem!
Amor se pinta
Menino, e cego:
No doce emprego
Do caro bem
Não vê defeitos,
E aumenta quantas
Belezas tem.

Nenhum dos Vates,
Em teu conceito,
Nutriu no peito
Néscia paixão?
Todas aquelas,
Que vês cantadas,
Foram dotadas
De perfeição?
Foram queridas;
Porém formosas
Talvez que não.

Porém que importa
Não valha nada
Seres cantada
Do teu Dirceu?
Tu tens, Marília,
Cantor celeste;
O meu Glauceste
A voz ergueu;
Irá teu nome
Aos fins da terra,
E ao mesmo Céu.

Quando nas asas
Do leve vento
Ao firmamento
Teu nome for:
Mostrando Jove
Graça extremosa,
Mudando a esposa
De inveja e cor;
De todos há de,
Voltando o rosto,
Sorrir-se Amor.

Ah! não se manche
Teu brando peito
Do vil defeito
Da ingratidão:
Os versos beija,
Gentil Pastora,
A pena adora,
Respeita a mão,
A mão discreta,
Que te segura
A duração.

Babilak Bah, O ser tão brasileiro; BH, 0160602013.

O ser tão brasileiro ainda está para nascer
Provido de três corações proclamando um novo Palmares
Filho de Lampião e Minerva,
Criado pela mãe Menininha, educado nos fundamentos:
De Paulo Freire, nos preceitos dialéticos dos orixás.
Um ser poliglota conhecedor de línguas extintas
Valente canibal devorador de ideologias vindouras,
Um ser quântico,
Matemagicamente possível no raciocínio de Einstein,
O novo ogã, um sacerdote do candomblé,
Talvez do santo daime,
Daí-me um são Tomé com letra tupiniquim...
A primeira missa rezada em oriki
Um ser tão universal que vomite as fúrias tupinambás
Legitimo cidadão não compadecido das usuras portugais
Abre alas que o novo brasileiro vai passar
Com toda soberania de um mestre sala

Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, O binômio; BH, 0160602013.

O binômio de Newton
É tão belo
Como a Vênus de Milo.
O que há
É pouca gente
Para dar por isso.
óóó---
óóóóóó
óóó---
óóóóóóó
óóóóóóóó
(O vento lá fora.)

Nicolas Boileau, Antologia da Poesia Francesa, A Arte Poética; BH, 0160602013.

Qualquer que seja o assunto, engraçado ou sublime,
Deve nele casar o bom senso com a rima.
Parece, em vão, que os dois não se dão muito bem:
Cabe à rima servir, sendo simples escrava.
                                   
                                    *

Amai, pois, a razão e dela tão-somente
Venha o brilho e o valor que houver em vossos livros.

                                    *

Quem conter-se não sabe escrever nunca soube

                                    *

Enfim chegou Malherbe e, por primeiro, em França.
Nos versos fez sentir uma justa cadência,
E no texto o lugar que realça a palavra,
A rima reduzindo às regras do dever.
Pelo sábio escritor, a língua reparada,
Nunca mais ofendeu ouvidos refinados;
As estrofes, com graça, a cair aprenderam,
E não mais cavalgou o verso sobre o verso.
Aceita a sua lei, esse exemplo seguro
De modelo inda serve a quem tenta escrever.

                                   *

Antes, pois, de escrever aprendei a pensar.

                                  *

Dai pressa lentamente e sem desfalecer;
Vinte vezes voltai à mesa de trabalho,
Vosso escrito polindo e sempre repolindo;
Às vezes acrescei, sobretudo apagai.

                                  *

Longo poema vale um soneto sem falha.

                                  *

Um rimador, impune, além dos Pirineus,
Num dia só, na cena, abarca muitos anos.
Lá, quanta vez, o herói de grosseiro espetáculo
É menino ao começo e velho ao fim da peça.
Mas, nós, pela razão, às regras apegados,
Nós queremos que a ação, com arte, se desdobre
Num só lugar, num só dia, um fato se conclua
E, até o fim, mantenha o teatro repleto.






Nietszche, Além do Bem e do Mal, A corrupção que exprime; BH, 0160602013.

A corrupção que exprime uma ameaça de anarquia nos instintos e um abalo
Fundamental nesse edifício das paixões que constitui a vida, essa corrupção
É muito diversa, segundo o organismo em que se manifesta.
Quando, por exemplo, uma aristocracia como a aristocracia francesa no
Começo da Revolução rejeita seus privilégios com um sublime desgosto e
Se oferece ela própria em sacrifício diante do transbordamento moral, essa
É realmente corrupção: - na realidade, não se deve ver aí senão o ato final
Desses séculos de corrupção persistente, por meio da qual essa aristocracia
Ha via abdicado passo a passo de seus direitos senhoris para se rebaixar a
Não ser mais que uma função da realeza (para terminar por ser enfim sua
Aparência e seu traje de pompa).
O que distingue, pelo contrário, uma boa e sã aristocracia é que ela não tem
O sentimento de ser uma função (seja da realeza, seja da comunidade), mas
O sentido e a mais elevada justificação da sociedade - é que ela aceita, em
Decorrência, de coração leve, o sacrifício de uma multidão de homens que,
Por causa dela, devem ser reduzidos e rebaixados ao estado de homens
Incompletos, de escravos e de instrumentos.
Essa aristocracia terá uma lei fundamental: a saber, que a sociedade não
Deve para a sociedade, mas somente como uma infra-estrutura e um
Sustentáculo, graças ao qual seres de elite podem se elevar até uma função
Mais nobre e chega simplesmente, a uma existência superior.
Como essa planta trepadora de Java - chamada cipó matador - que, ávida
De sol, aprisiona com suas múltiplas raízes o tronco de um carvalho, de tal
Modo que por fim ela se eleva bem acima dele, mas apoiada em seus ramos,
Desenvolvendo sua coroa ao ar livre para exibir sua felicidade aos olhos de todos.

sábado, 15 de junho de 2013

Luis Nassif, Fernando Pessoa, Socégo enfim.


Meu coração deserto
Nada espera da inútil caravana.
Pouco a pouco meu spirito se irmana
Com ter perdido o próprio sonho incerto.
É sempre além de mim o indescoberto porto ao luar
Com que se o sonho engana.
De imperceptível se descobre,
Plana parece a vida a este desacerto.

Estagno a lagos de algas por achar,
Sinto vazio o barco das amadas.
A noite despe não haver o luar

E como um filtro de horas encantadas,
Tremem os rios, gelam as estradas,
No absurdo vácuo d´eu não ter que amar.

Ai de mim e malgrado meu; BH, 02301201999; Publicado: BH, 0150602013.

Ai de mim e malgrado meu,
Nas minhas lamentações sem fim,
Angústias, augúrios e dores,
Sofrimentos e infelicidades;
Ai de mim!
Nas minhas reclamações infinitas,
Insatisfações e mágoas,
Lamúrias e lágrimas;
Sou pior do que criança sem berço,
Menino desmamado;
Refugiados em campos sem pátria,
Flagelados das secas,
Vítimas de terremotos,
Maremotos e guerras;
Ai de mim!
Que em vista de ser assim,
Simplório e covarde,
Penso que os meus males,
São os maiores do mundo;
E nunca nem fui,
Vítima de naufrágio,
Sofri queda de avião,
Sem paraquedas;
Naco de carne fresca,
Nas garras do tubarão;
O que é que quero então?
Quero a salvação?
Quero ir para o céu?
Ai de mim!
Que não tenho,
Vocação para santo,
Não tenho alma,
Não tenho espírito;
E em qualquer vão de escada,
E repouso a cabeça,
E fecho os olhos para sonhar.

E realmente gostaria de saber quem é que manda; BH, 080202000; Publicado: BH, 0150602013.

E realmente gostaria de saber quem é que manda
Nesta bagunça aqui? na frente das TVs e das rádios, 
FHC, vulgo Fernando Henrique Cardoso fala que
Quem manda é ele; depois vem ACM, Antônio Carlos
Magalhães, manda-o calar a boca, manda-o ir tomar
Banho, e fala que quem manda é ele e tudo isso
Com o dedo esticado no nariz de FHC, vulgo Fernando Henrique Cardoso; e o pobre
Não tem mais nada a fazer, a não ser enfiar o rabo
Entre as pernas, e calar a boca, que ele não é burro;
E o ACM conhece todos os podres dele e se der
Com a língua nos dentes, vai ficar mesmo ruim para
Todo mundo: ministros, senadores, deputados, a
Matilha toda, pois, com toda a minha falta de
Educação assumida e nunca vi corja pior e
Mais sórdida e mais famigerada, do que essa
Corja que se aboletou no poder lá em Brasília; e
Que agora quer nos meter goela abaixo, o tal do
Pedro Malan, que só mesmo quem for imbecil, é
Que vai engolir esse sapo-mor,  representante dos
Interesses espúrios do capital estrangeiro; deixemos
De baixaria, a turma tem mais é que ser esquecida, e
Tenho fé em Deus, que não deixará as suas marcas, e
Impressões na nossa história; agora a nossa
Mentalidade precisa mudar, agora precisamos
Adquirir a coragem e a fé e mudarmos sem o medo
Do desconhecido, sem o medo do amanhã e das
Provocações que passaremos, pois sei que pior não
Pode ficar e tudo só vai melhorar; não precisamos
Decorar, nem ensaiar o nosso papel, é  só desempenhá-lo
Com dignidade, constitucionalidade, direito e deveres de
Cidadãos; e não renovar o mandato de metade da corja
De ladrão, mandar a metade, ou toda a corja trabalhar
No cabo da enxada, na plantação de batatas, arroz e
Feijão e vai todo mundo aprender a suar a camisa
Para comer o pão e não ficar no gabinete, no ar
Condicionado, a ganhar milhões, sem derramar uma
Única gota de suor; é de mais, vamos dar um basta
Revolucionário, um ponto final, um chega para lá e
Cobrar cadeia para todos aqueles que estão a dever
A justiça e se escondem atrás da impunidade
Parlamentar e do poder financeiro; e quando Jair
Bolsonaro e Leonel Brisola pedem o fuzilamento 
Dum homem que não está a honrar o compromisso
Com o povo brasileiro, não é de se ficar surpreso;
Muitas pessoas estão na miséria, muitas empresas
Faliram, muita gente perdeu o emprego, o desemprego
Aumentou, a situação é desesperadora e é só falar
Assim, para ver se o dito cujo, se manca, e resolve
Esquecer os papas estrangeiros e se volte para as
Noviças, as beatas brasileiras; esse cara é a pedra no
Meu sapato e toda vez, que juro a mim mesmo, que
Não vou falar mais nele, quando acordo, me vejo na
Contingência, de pegar uma caneta, e uma folha de
Papel e espinafrá-lo igual gente grande; ele é tão ruim,
Que não consigo tirá-lo do meu contexto, do meu meio,
Das minhas ideias, pensamentos, palavras, frases, letras,
Etc; tomei-o como meu inimigo declarado e não consigo
Suportar o sorriso de boca torta que ele ostenta nos
Principais jornais: parece uma boca de velha murcha, e
Desdentada; é de mais; são cinco horas e trinta e três
Minutos duma terça-feira de tarde chuvosa, aqui em
Belo Horizonte; daqui a pouco, tenho que fechar a banca,
E encarar o trânsito de volta para casa, inda bem que
Chove esses dias todos e a chuva é boa para a terra
Vermelha de Minas Gerais, que estava muito torrada
Pelas queimadas e muito seca pela falta da chuva; quero
Deixar bem claro que este fragmento não tem nenhuma
Obrigação com nada; é só um meio de desafogar a
Pressão e manter o cérebro em oxigenação, para que
Não figure enferrujado, a parecer catraca de bicicleta velha,
Sem graxa e sem lubrificação, a ranger feito cama de pau,
De casa de pau-a-pique, que geme toda noite, ou quando o
Vento bate de madrugada a espantar os fantasmas; não
Posso chamar de obra este fragmento, não posso chamar
De bibliografia, nem de literatura; não sei a encargo de quem
Deixarei o uivo da definição e enquadramento de todos os
Fragmentos que já gerei durante todo o período que permaneci
Aqui na Avenida Augusto de Lima, Barro Preto, em frente ao
DI, Departamento de investigação, principalmente este de hoje,
Onde agora, devido a tarde nublada, já parece que quer
Escurecer, porém é o jeito do dia de chuva, que fica assim,
Plúmbeo; e quero mais é que chova, mas que não morra
Ninguém, que chova bastante, pois a chuva faz bem, muito bem
À terra vermelha de Minas Gerais, da cor do sangue que 
Carrego em minha veias, sangue que um dia espero poder
Derramar por este solo mineiro; quero misturar o meu sangue
Com esta terra, onde não saberei qual é o meu sangue, e não
Saberei qual é a terra e da massa, construirei um alicerce para
Embasar o meu futuro; e nada vezes nada, cem vezes nada
Balançará, fará tremer a fortaleza que for construída da mistura
De terra vermelha de Minas Gerais, com o vermelho do sangue
Mineiro, que corre em minhas veias mineiras; e o sentimento
Que carrego é o sentimento de não perder o esforço desenvolvido
Pelo meu papel, não perder o meu papel e fazer dele a abertura
Para a felicidade, o desenvolvimento, a mudança, a evolução, a
Criação e a revolução de todo um teor que de gerações em
Gerações vem nos relegar a um segundo papel; não a um papel
De orgulho, de ambição e de fé, mas um papel sem estrutura de
Pés no chão, que quer calar a voz do coração, mas aí, é que
Entra o nosso sangue, aí é que entra a nossa terra, a nossa pedra, a
Nossa fortaleza e dela não abriremos mãos, nem mortos.(2)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um papel qualquer está a me esperar e preciso; BH, 080202000; Publicado: BH, 0140602013.

Um papel qualquer está a me esperar e preciso
Representar bem o meu papel neste papel qualquer,
Que está a me esperar, nenhuma condição fanática;
Só o branco dum papel a esperar, que um papel
Seja muito bem representado por um autor; nenhuma
Perspectiva de lucros, nenhum sonho de sono, só o
Sonho por si só e só o sono por condição de sono e
Sem condição de sonhar, pois a realidade é a sabedoria
Do berço milenar; do tempo do Cipão, Japão antigo, do
Tempo da China e suas famílias de dinastias e o Egito
Dos sarcófagos e das pirâmides dos faraós; à Índia e
Demais culturas, de todo Oriente Médio, velha Europa, e
Por aí à fora; que o universo vai embora e todo o sono
Com todo o sonho possível, não seriam suficientes para
Enumerá-los; meu Deus, e eu que não sei qual é o meu
Papel? não sei o que é que tenho que representar perante
Mim e perante os demais sonhadores sobreviventes do caos?
E eu que não sei nada a meu respeito e só me envergonho de
Mim? e não encontro nem nas fórmulas matemáticas e nem
Nas figuras da álgebra, o ponto final de todas as dúvidas que
Dentro dos meus labirintos, gravadas nas minha lápides e
Escondidas nos meus recônditos sepulcrais, valas e covas
Indigentes e como é difícil conectar o pensamento, plugar a
Ideia, canalizara energia e as ondas cerebrais em pró dum
Ideal de evolução, mudança e transformação; o tempo vai a
Passar e cada vez mais vamos a ficar atrás do tempo, longe da
Dimensão e fora do raio de ação e do ângulo de visão capaz
De decifrar os enigmas pelas poeiras e pelas moléculas do ar
E tudo não se acaba em papel de parede, em decoração de
Quartos, salas e cômodos de casas; pode ser até um efeito
Visual, uma estética de ilusão de retina, ocular, mas não o
Modelo adequado, não o exemplo de perfeição e de
Comportamento equilibrado e ilibado, salvo das turbulências e
Das recaídas, da embriaguez trôpega e irracional; e da ira do
Ódio do gênio do mal, que nos persegue a oferecer bugigangas
Eletrônicas, as quais aceitamos de olhos vendados, tais nativos
Que aceitaram espelhos e outras quinquilharias em troca das
Farturas da terra; não nos desligamos deste elo de colonialismo,
E de atraso e ainda comemoramos, batemos palmas e fazemos
Festas para os nossos donos, como se fossemos cãezinhos
Domesticados e ensinados; e entregamos nossas melhores
Mulheres, entregamos a nossa natureza, nosso ouro e ferro e
Águas e energia; entregamos tudo alucinadamente; parece que
Estamos doentes, tal a voracidade que cortamos nossas árvores,
Para que os nossos donos as levem para bem longe; parece que
Estamos mortos, que somos cegos e surdos e mudos e não
Temos a devida sensibilidade e a nacionalidade para equilibrarmos
As ações dos cães devoradores, canibais famintos, antropófagos
Assassinos, que nos sugam até a última gota de sangue, não deixa
Nada para que possamos derramar por nossa pátria, nossa terra,
E nossos irmãos; levam tudo e tudo que é nosso passa para o
Nome deles e perdemos a moral, perdemos a personalidade, o
Caráter e o orgulho de ser povo nativo; derrotado e entregue
Pelo capital, sugado e esmagado, iludido na demagogia e na
Promessa que nunca é concretizada; e quanto mais confiamos,
Mais afundamos e caímos na malha, na garra, nos dentes, nas mãos
Dos nossos verdadeiros donos e dominadores; e só nós não
Percebemos a manipulação, a entregação, o fim da cultura, o fim da
Tradição; só nós não percebemos que estamos a ser usados,
Escravizados e renegados a segundo plano, subalternos e impedidos
Dum dia mostrar ao mundo a independência, a república, a federação,
O estado brasileiro e a felicidade real da nação; precisamos mostrar o
Nosso papel e não pode ser um papel de coadjuvante, temos que
Mostrar um papel de realização, que quebre os tabus e os dogmas que
Nos são impostos, que derrube complexos, derreta o nosso gelo e
Destrua toda a timidez que durante séculos nos deixou amarrados em
Troncos, tanto como os escravos, com as cabeças nos cepos, para
Sermos decapitados pelo verdugos do capitalismo infernal do cruel
Neoliberalismo; da globalização selvagem, que não nos respeita e não se
Preocupa com o nosso futuro, a não ser nos lucros que podemos causar
Com a nossa eterna ignorância, burrice e obtusidade; o dia em que
Pararmos de gerar lucros para eles, perderão totalmente o interesse
Sobre nós, sobre o nosso futuro, presente e história; nunca vi em país
Sério nenhum, acontecer no caso dos remédios, igual aconteceu aqui com
O meu, que não tem governo, não tem presidente e os que estão aí são
Controlados pelos grandes laboratórios e fabricantes de remédios;
Vejais que nos postos de saúde, o paciente não encontra um remédio
Sequer da receita aviada por algum médico, justamente, para que ele
Tenha que ir à farmácia, pagar caro pelos remédios da multinacionais;
Tudo isso com total conivência dum governo covarde, entreguista,
Vendilhão, que não merece de forma alguma, o respeito e a admiração
Do povo deste país e que tem tudo para ser feliz e não é; quero olhar
No olho de cada componente da raça brasileira e perguntar: qual é o
Nosso papel? é isso que nós queremos e temos que fazer? a nossa
Opinião e o nosso comportamento são ditados pelos famigerados da
Mídia, ou nós podemos nós mesmos gerar os nossos próprios destinos,
Sem interferência da burguesia e da elite e da classe dominante?
Preciso olhar nos olhos dum por um e indagar: não nos basta de
Miséria, desgraça e pobreza? não nos basta de vítimas das enchentes
E os flagelados e os mortos por qualquer chuva de ocasião, ou mesmo
Fora de época, não nos basta? não nos basta mesmo não? preciso
Ouvir as respostas sinceras e as soluções para sairmos do casulo no
Qual fomos esquecidos e abandonados; este papel de submissão que
Desempenhamos nos basta? e é este o nosso papel na nossa história?
Ou podemos inverter a situação? podemos botar a gringada para
Correr e controlarmos nós mesmos a nossa condição? estas respostas
Eu desejo aguardá-las, desejo ouvi-las e sonhar que no amanhã, eu
Terei no peito um coração só meu, livre e com direito, um coração que
Sente a preservação, o aproximar da felicidade, do riso e da alegria
Jovens, tais crianças; podemos aprender com eles sem nos corromper,
E sem nos violentar e nos estuprar, a contaminar o nosso bom humor,
A nossa cordialidade e hospitalidade; nada de ameaça de invasão,
Subjugação e domínio; e nada de exploração, bloqueio, protecionismo,
Importação predatória, exportam tudo para nós e não importam nada,
Não compram da nossa manufatura; a não ser o ferro, o ouro, o café e
O de maior importância para eles; e os lucros obtidos aqui, são todos
Enviados ao exterior, sob as bençãos do banco central brasileiro; que
Agora acabou de abençoar as remessas dos laboratórios de remédios,
E ai dele se não abençoasse, mas é o papel desse banquinho inútil.(1)

Urgente: Brasil saindo às ruas.

O Brasil está vivendo um momento único, como não acontecia há décadas. Para nossa geração isso é um sinal de que estamos acordando políticamente, estamos voltando às ruas para exigir nossos direitos.
A imprensa e a polícia tentam nos classificar como vândalos, mas não é verdade. É uma desculpa para usar uma força policial violenta e brutal. A grande maioria de nós é contra a violência, só queremos um país livre para exercer a nossa cidadania.
Não se trata mais somente do aumento das tarifas de ônibus, já é muito mais do que isso: por uma outra cidade, um outro Brasil. 
Mas estamos com medo!
Vários amigos apanharam da Polícia Militar, presenciamos cenas absurdas de repressão e lemos notícias de que manifestantes serão tratados como terroristas, sobre gente presa por formação de quadrilha e por portar vinagre. Enquanto isso, só ouço evasivas e absurdos dos meus governantes diretos -- Fernando Haddad e Geraldo Alckmin.
Talvez você não concorde especificamente com o protesto contra o aumento da passagem. Mas todos temos que defender o direito de nos manifestarmos. Por que se hoje é contra a passagem, amanhã poderá ser para defender um direito seu. 
Obrigada,
Olívia de Castro e Marília Persoli

Folhas de papel que vão aparecer à minha frente, BH, 0250102000; Publicado: BH, 0140602013.

Folhas de papel que vão aparecer à minha frente,
Folhas brancas de papiros e infinitas, prontas para
Serem preenchidas por meus toscos rabiscos, como
Os deixados sobre as paredes da cavernas pelos
Meus antepassados e que também se preocupavam
Em deixar para o futuro, os fragmentos marcados além
Das paredes das grutas, nas pedras, e utensílios;
E do mesmo modo, quero deixar para o futuro,
Os meus fósseis, instrumentos rudimentares,
As minhas experiências e tentativas de deixar
Registrados nalgum lugar os meus pensamentos;
Pois, igualmente, sou um homem pré-histórico,
Sou um troglodita da idade da pedra e o
Que resta em mim, são só divagações vazias;
Talvez aprenderei da mesma maneira que o burro
Aprende ocaminho da casa do dono, ao aprender
A preencher os vazios da minha mente com
Utilidade, capacidade e competência mental;
O restante não faz mal, se não conseguir,
Resta-me pelo menos a tentativa, por saber
Ir ao encontro da diferença, dos percalços, ou
Dos empecilhos e muralhas que parecem querer
Esgotar nossa paciência, nossa reserva física,
Moral, espiritual e o que de mais poderia
Ser salvo em nossa composição genética;
Juro por Deus que só quero é pensar, escrever
O que por ventura for pensado e continuar
Na tentativa de atingir o pensamento.
Se houver necessidade dalguma outra coisa,
Ela me será acrescentada de acordo com o
Que me vier faltar para continuar a pensar;
Pode até me faltar tudo, só não quero que
Falte-me a faculdade de pensamento;
Só não quero que me falte a aura áurea do pensar,
A ânsia dum peixe fora d'água, quando me são
Retiradas as oportunidades de pensar e escrever;
Falo assim sem pieguice e sem demagogia,
Sem modéstia, por que é o que realmente
Acontece comigo e às vezes nem sei explicar,
Às vezes nem sei entender o que se passa;
No mais é só esperar o fim de cada um, e
Que quando for chegar a hora, é só ir,
Ir na calmaria duma caravela que
Deslisa à flor d'água, na bonança,
Na certeza de que vai chegar ao fim,
Sem procela, tempestade e naufrágio;
E ao meu pai quero dizer que antes
De mais nada, é preciso ter fé e paixão;
É preciso deixar o íntimo numa boa,
Sem choração e lágrimas de aflição;
Sejas na velhice o esplendor da sabedoria,
Sejas na velhice o reflexo do conhecimento,
Não percas a presença de espírito por delírios,
Por busca constante duma fé que não
Será encontrada nunca, pois é certo
Que o homem não tem fé, desde os tempos
De Jesus Cristo; e o próprio Pedro que se afundou,
Quando nadava com Jesus sobre as águas,
E negou a Cristo três vezes irracionalmente;
À minha mãe quero agradecer o amor,
O calor demonstrado e a tentativa de criar
Um filho exemplar e protótipo para todo o
Mundo; só que esse filho procurou
Justamente o submundo, o baixo e a sarjeta,
Esse filho procurou o esgoto e os chiqueiros;
E a minha formação tinha de passar por aí,
Estava escrito o que aconteceria e qual
Seria o meu destino, mesmo que 
Quisesse ir de encontro a outro;
Agora é tarde e só me resta agradecer,
Agradecer a tentativa de resgate e salvação;
E à minha mãe, e ao meu pai, desejo uma
Velhice digna do que fizeram, uma velhice sadia,
E de alegria, gargalhadas e sorrisos, contentamento;
Nada de depressão e de sofrimento e de dor,
Mágoa, e angústia sem motivos;
Nada de entregar os pontos e por fim
À continuação da vida e da felicidade;
Meus pais, eu os amo e continuarei a amá-los;
Não soube seguir os vossos passos e maneiras,
Vossos feitos e modos, porém, à minha maneira,
E os amo desde as masmorras do meu coração;
E se um dia nos encontrarmos no além,
Se eu for primeiro, ou vós fordes antes,
Mandaremos sempre mensagens uns para os outros;
Estarei sempre na expectativa da recordação,
Sempre na lembrança, e na memória
Das faces que desde menino aprendi
A apreciar e nunca demonstrar por algum motivo;
Somos assim mesmos nas nossas imperfeições,
Somos assim mesmos nas nossas decadências;
Acabamos e não atingimos os nossos objetivos,
Os nossos meios e os nossos destinos e fins;
E no fim, o fim para nós não pode ser
Simplesmente uma palavra fim, the end,
Como se fosse num filme, ou algo assim;
O fim para nós tem que ser diferente,
E temos a obrigação de fazê-lo diferente;
Temos a obrigação de mudar na última
Hora o enredo da nossa história;
E no lugar do epitáfio, colocar prólogo,
E no lugar do fim, colocar começo,
E no lugar do choro e lágrimas, músicas,
Danças e adufes, pandeiros e cânticos;
Canções e melodias, sorrisos e abraços,
Despedidas como se fossemos nos encontrar
Breve, pois tão breve é o nosso tempo,
Que nada mais, melhor do que breve,
Para nos encontrarmos brevemente.(2)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Estou desde ontem a tentar pensar nalguma coisa; BH, 0250102000; Publicado: BH, 0130602013.

Estou desde ontem a tentar a pensar nalguma coisa 
E o que poderia pensar hoje, na situação em
Que me encontro, com quarenta e cinco anos;
E já deveria ter aprendido e compreendido
E entendido os segredos dos pensamentos,
A sabedoria e a inteligência do pensar;
Sem medo de raciocinar e sem medo da razão,
E já deveria ter chegado à idade da razão,
Não me surpreender com mais nada e
Não ficar surpreso com os modismos do consumo;
É por isso que gostaria de ficar satisfeito,
Ficar conformado e não ficar frustrado;
E que se danem os meios que me fazem sentir
Indignado e triste, frustrado e sem perspectivas;
E na idade em que me encontro, tenho mais
É que me situar em mim, procurar por
Chegar aos meus filhos e à minha mulher,
A sensação de que os amo e os quero,
A levar uma vida na paz e na bonança;
Sei que é muito difícil, principalmente
Por que vivemos numa sociedade materialista,
Neoliberal, globalizada e onde só o lucro interessa;
Só o dinheiro é que vale, só a ganância,
A vaidade são o que valem e todo o mais que
Diminui a estatura interior do ser humano;
Estou desde ontem a procurar uma fonte,
Onde conseguisse ficar saciado e em calma,
Ciente do meu espírito e da minha alma;
Consciente da minha mente e da minha memória,
Presente na minha história e no meu passado,
No meu presente e no meu futuro e em tudo
Que diz respeito ao respeito à vida e à saúde e
À educação e à criação, resistência e sobrevivência; e
Renunciar à ignorância, renunciar à estupidez,
À pobreza de espírito e à falta de conteúdo interior;
E por tudo isso e mais não posso perder a questão,
Não posso me perder na questão e tenho sempre por obrigação,
De estar atento e preparado para não cair em tentação; e
Não cair em desgraça e miséria e fazer com que todos
Fiquem revoltados contra mim e os meus princípios;
Não tenho culpa e porém, se for imposta a mim,
Farei questão de assumi-lá, mesmo sem tê-la;
Faço questão da verdade em detrimento da mentira,
E da realidade, em preterência à falsidade;
Faço mais questão ainda da liberdade,
Do aprendizado de viver em comunidade,
De não viver eremita, ermitão e solitário, longe
Do convívio das pessoas e do calor humano;
Não quero viver longe do carinho e do contato,
Do tato e do afago que possam impedir minha afetação;
Impedir que me transforme em ser pusilânime,
E fique coberto de pústulas e de outros males,
E mazelas que podem ocasionar a vergonha;
Como o ter que esconder, o ter que se enfiar
A cabeça e o corpo em buraco de esgoto, para
Tentar fugir sem enfrentar os perigos com a cara,
Sem a máscara, com a coragem sem a covardia;
Uma tremida dum segundo pode colocar
Uma vida perdida e o corajoso não deve
Tremer nem por meio segundo, quanto mais por um;
Às vezes fico a pensar o que leva uma pessoa a
Matar crianças inocentes sem motivo algum;
Gostaria de poder me embrenhar na cabeça
Duma pessoa assim, para descobrir o que tem dentro;
Atrair criança para o abuso sexual violento e
Depois espancamento e em seguida a morte,
E ir a matar até chegar a um número
Absurdo de dez meninos e meninas que
Nenhum mal fizeram, a não ser nascerem;
Às vezes fico a pensar, a meditar nessas coisas,
E em outras e mais outras e me olho e sem saber,
Pego-me a chorar no escuro do meu quarto;
A chorar sozinho e em silêncio, sem entender
Por que fico assim comovido, com remorso,
Arrependido, emocionado, sem saber a causa,
Deve ser por essas crianças exterminadas,
Torturadas, que sofreram abusos e violências;
Deve ser por tudo isso a causa do meu choro,
Deve ser por todas essas almas desamadas, em vão,
Ou só para saciar um desejo mórbido e bestial,
Dum animal que talvez nós não podemos chamar de homem;
Não podemos chamar de ser humano e não
Podemos alimentá-lo e não podemos deixá-lo dormir;
Só atormentá-lo como se ele estivesse num inferno,
Desesperá-lo extremamente e aluciná-lo,
Deixá-lo em angústia e agonia e dor;
Nada de pena de morte, pois a morte é pouco,
A morte não é nada para tipos assim;
A morte é até uma fuga, um refúgio e não
Devemos nem deixá-lo fugir, nem deixá-lo
Refugiar-se no sossego, na paz, na tranquilidade;
Não podemos deixá-lo refugiar na água e no
Sono da noite e na comida do almoço;
Temos que fazê-lo chorar todos os dias, lamentar,
Lamuriar e derramar lágrimas eternas;
Prantear dia e noite e nunca deixá-lo
Repousar a cabeça num travesseiro;
Deixai vir a mim os pequeninos as pequeninas, não os
Impeçais, por que dos tais é o reino dos céus;
Essas são as belas palavras de Jesus Cristo, quando
Andou aqui pelo mundo, depois foi embora,
E nunca mais voltou para o nosso meio;
Imaginais se isso acontecesse numa época
Em que Jesus Cristo andasse por aqui?
O que será que Ele ia fazer, pensar e pedir
Para o causador de tantos crimes hediondos?
Será que Jesus perdoaria tamanhas monstruosidades?
E aqui comigo penso que não, da mesma
Maneira que não perdoaria a comercialização
Do Evangelho por algumas igrejas ditas evangélicas,
Mas que do Evangelho não dão exemplo algum;
E cada vez que penso e quero é só
Pensar cada vez mais, e ir a deixar as
Minhas impressões escritas finais sobre estas linhas.(1)    

Minha vida na Pampulha, BH, 02901101999; Publicado: BH, 0130602013.

Minha vida na Pampulha,
Posso dizer que é boa,
Dum lado tenho o Aeroporto,
Doutro lado tenho a Lagoa;
Perdido dentro do ônibus,
Preso no êxtase do ar,
Do clima de Belo Horizonte,
Sinto a hora voar;
E o tempo fica pequeno,
Para guardar dentro do coração,
A chuva e a garoa;
E ao regresso à casa,
Acordei a filha,
E dei-lhe um vaga-lume,
Ela não quis;
E noutro dia,
Levei-lhe uma tanajura,
E ela também não quis;
Falei então,
Que ia levar um calango,
E ela que não ia querer,
Mas que o vaga-lume,
Já podia trazer;
Minha vida é assim,
Simples igual capim,
Tranquila igual jardim.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Que não possui o corpo caloso como a maioria dos mortais; BH, 0110402000; Publicado: BH, 0120602013.

Que não possui o corpo caloso como a maioria dos mortais,
Não possui um cérebro, e sim na alma um Cérbero,
E sim no espírito um Caronte, e na face um rio
De lágrimas de lavas infernais, que impedem a felicidade; e
Que mantêm a cabeça numa nuvem ardente,
De cuja abertura principal gera a corrente de lava;
O cone de cinzas vulcânicas, rochas incandescentes
Expelidas de câmara de magma do vulcão mental; e
Que extrai de mim toda a minha ignorância,
Truculência, e obtusidade, toda a minha opacidade,
Burrice, e preguiça; hipocrisia, e falsidade,
Mentira, e ilusão: e como não pode deixar de ser,
Medo, e covardia, e tudo o mais que
Atormenta meu ser fraco, e faz de mim uma só
Hemorragia; um só ciclo menstrual infinito;
Uma só diarreia crônica, e incurável, que leva
Ao acesso, e ânsia de vômito sórdido, e sujo, e fedido;
E por todos os orifícios, e poros, vão fluir de mim
As minhas imundícies interior, e particulares; e
Não são os excrementos, os materiais fisiológicos,
Os coliformes fecais, e outros ais mais: e são
Sim todos os meus ais de todas as minhas dores;
Sim, tudo isso me fez renunciar, me fez abrir mão
Em nome duma cultura, em nome duma
Criação, ao ser eu a criatura, ao ser eu o mais
Prejudicado, e mais deixado de lado por todos,
Por não ter por fora uma imagem ideal, com
Os conceitos veiculados pelos meios de informação;
Sou totalmente o reverso da medalha, o outro
Lado do rio, a outra margem do caminho,
A outra via que não levará a lugar nenhum;
E que fará a flacidez do esfincter ser a agonia,
A angústia, e o antagonismo que impedem
Toda a beleza chegar ao seio do ser humano;
Fazem a poesia ficar esquecida, perder o sentido,
A razão, e a direção, fazem a poesia apodrecer;
Morrer solitária, e sem o poema, morrer sem
A ode, a elegia, e a alegria: é triste de se ver,
É triste de se falar, de se cortejar, ou almejar;
Vi um homem recusar um milhão de dinheiros,
Para não vender sua obra, para não se violentar,
E não se prostituir; e vejo tantos homens aí,
Será que são homens? vejo tantos homens aí, a se vender,
E a se entregar, e a receber mais do que quanto
Vale um homem vendido, que na verdade não vale;
Não vale nada na verdade: e poucos são homens,
Muitos são fanfarrões, canalhas, surrealistas superficiais;
Muitos são violentos, covardes rubiões, e injustos, e
Poucos, muito poucos mesmos, em realidade são homens
É preciso ser muito mais do que masculino, para
Ser chamado de homem, receber a alcunha de homem;
É preciso ser muito mais do que ser um ser, não
Basta só existir, possuir, ter, e consumir: é preciso
Consumir-se, extinguir-se, si renunciar-se,
E abrir mão de ser a si próprio, para ser só homem,
Inchar o bolo também, inchar completamente;
A árvore cresce só com a água, e a terra,
E os anabolizantes, as bombas de asteroides podem
Nos fazer grandes, e vistosos e eu pergunto, e aí?
Será que é isso que é ser homem?
Ser homem é só ser isso? é isso só?
Ou é preciso ser mais do que ser? não sei,
Não sou, e, o primeiro a correr da raia,
Sou eu mesmo, e é tudo que sei fazer;
Acrediteis em mim, ou me deixeis sem
Acreditar, me deixeis sem, só, e sozinho;
Saberei me encontrar um dia ainda,
Só que não espero, e não pretendo,
Preciso até, e necessito também; mas,
Deixeis-me de qualquer maneira, e por favor,
Deixeis-me simplesmente, e não cobreis, não
Cobreis nada de mim, não tenho eu
Obrigações de pagar, a não ser a verdade,
A liberdade, e o pão nosso de cada dia; e
Propagar o fim da fome, da miséria,
E da desgraça; propagar o fim da pobreza,
A pobreza em si, e a pobreza de ser homem;
E agora, com os últimos vestígios de raios de sol,
Nas sombras vespertinas das nuvens, por cima das
Montanhas, revivo a poesia no chegar da noite;
Reclamo a poesia das estrelas, dos astros do firmamento;
Ressuscito a alegria no meu coração, e volto
À carga do que eu queria, do que eu quero,
E desvirtuei dos meus caminhos, e me afastei
Dos meus atalhos que me deixaram perdido aqui.(2)