domingo, 9 de junho de 2013

Hoje quero falar sobre tudo que se puder e não se puder; BH, 0260102000; Publicado: BH, 090602013.

Hoje quero falar sobre tudo que se puder e não se puder
E que se passar na minha mente, pensamento, memória; e
Quero falar assim, aleatoriamente, sem vínculo,
Sem preconceito, sem estilo, sem nível, sem escala,
Sem epílogo, sem prólogo e também sem fim;
Quero falar sobre tudo que se passa dentro
E fora de mim, sem esconder nada de ninguém,
De mim e sem temer, o que vier acontecer,
Com tudo que pretendo falar hoje nesta ladainha
Interminável: sem vírgula e ponto, sem ponto e vírgula
E ponto final, sem dois pontos e reticências,
Sem travessão e barra, sem parágrafo e tremas;
Quero falar livremente e com liberdade e com
Libertação, liberdade de expressão e nada de mordaça, 
E censura; nada de proibição e de discriminação,
Nada de perseguição e prisão e cárcere privado;
Hoje estou endiabrado e nada vai
Segurar-me, a não ser esta caneta e esta
Folha de papel branco, na qual deixo
Escorrer esta hemorragia, esta diarreia,
Este vômito das minhas vísceras sedentas;
Não quero nem saber o que vai sair
E o que vai acontecer e o que vai ser
Feito com o que tiver saído de dentro
De mim, ou o que entrou dentro de mim;
As transformações metabólicas e as
Metamorfoses espirituais, não tomarei
Conhecimento e não porei dentro de um
Contexto, de um sistema, ou de um quadro;
Simplesmente será como uma chuva que cai,
Como uma água que se evapora, ou como um
Vento que toca de leve os cabelos de uma mulher; e
Será como o ar que entra nos pulmões e que
Transforma-se no vento e vai por aí, a arrastar
Palhas e folhas no terreiro de um quintal;
E se não tive coragem, a culpa não
Foi minha, a vida ficou aí à minha
Disposição, a oportunidade esteve aí a
Procurar-me, juntamente com a esperança;
Mas, se não tive coragem, a culpa não
Foi minha, minha covardia foi maior,
Meu medo foi infinito e se tenho
Sempre que falar nessas coisas, foi justamente,
Por não ter conseguido vencê-las; foi por
Não ter conseguido ultrapassá-las, como
Um homem comum, um ser humano comum;
E enquanto não vencer, enquanto
Sentir dentro de mim, que ainda fraquejo,
Que ainda tremo e fico com as pernas bambas,
Que ainda sinto aquele frio na barriga,
Aquela insegurança, não poderei deixar
De falar em tudo que me perturba e me
Aflige na menor circunstância, na menor
Questão e decisão e atitude que tenha
Que tomar, ou que venha a acontecer comigo;
Qualquer um que olhar para mim verifica,
Logo que sou um fraco, verifica logo
Que sou um vazio, um inútil, fútil,
Um imprestável e um pobre de espírito; só
Em me olhar, as pessoas não sentam ao
Meu lado no ônibus urbano e não me
Dirigem a palavra quando querem uma
Informação, ou um favor qualquer;
Só de baterem os olhos em mim, já querem
Evitar-me e isolar-me, já querem desprezar-me,
Manter-me à distância, como se fosse
Alago que causasse um acidente;
Como se fosse um motorista embriagado,
A dirigir em alta velocidade na
Contramão, um caminhão de carga pesada,
À noitee com faróis apagados, na chuva;
Não transmito energia positiva e não tenho
Magnetismo, não transmito positividade e
Segurança a quem me procura; parece
Até que é um imã a repelir o outro, é assim que
Acontece comigo, por não saber me
Equilibrar e coordenar as capacidades e as
Estabilidades emocionais e físicas;
Qualquer pretexto já é um motivo para
Entrar em pânico, ficar afobado
E entrar em desespero extremo; todo mundo
Nota logo à primeira vista, a fragilidade
Que transmito, aparento e não quer nem
Saber de contaminar, para não ficar igual;
E fico como se estivesse visto assombração,
Um menino chorão, atrás do leite do peito
Materno, um menino mijão, que mija toda noite
Na cama e nos lençóis e nas cobertas;
Nem surra me consertou, nem sova adiantou,
Nem taca me corrigiu, chineladas, correadas,
Beliscões e tapas, não foram suficientes para
Fazer de mim o menino homem, que seria
A menina dos olhos de minha mãe;
Meu pai já preferiu que fosse um convertido,
Na fé e na religião, que ele se converteu;
E não houve nada que me comovesse a
Ponto de me converter e de ainda ser um
Dizimista daqueles que o pastor mais adora;
E fora o que todos os meus irmãos tentaram,
Fazer para me ajudar e tentar me erguer,
Fora o que eles já gastaram e já perderam
Dinheiro comigo e não tive jeito de
Aprumar-me e de ir para adiante como
Toda pessoa competente e eficiente, só soube 
Foi fazê-los perder dinheiros:. porém, um dia 
Pago tudo com um poema, um soneto, uma poesia(1)

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