sexta-feira, 7 de junho de 2013

Porque será que a carne; BH, 0120102000; Publicado: BH, 070702013.

Porque será que a carne,
Que enruga, envelhece, apodrece e virá pó,
Vende mais que a cultura?
Vende mais que o pensamento e a ideia?
E mais do que o ideal que é um rochedo,
É firme e forte e não cai jamais?
Porque será que a carne, que é superficial,
Que é flácida e temporária e vulnerável,
É mais procurada do que o pensamento,
Do que a sabedoria invulnerável
E do que o conhecimento intelectual?
Constato que, tristemente, não procuramos
A cultura e a cultura também não nos procurará;
Absorvemos só o que a mídia determina
E não nos preocupamos nem com a qualidade;
Entre uma revista com uma mulher
Lipoaspirada, plastificada, cheia de silicone,
Operada de culote e corrigida por cirurgião
E um livro de literatura clássica, uma obra-prima,
Ou de Machado de Assis, ou de outro grande nome,
A revista venderá mais do que o livro;
Não importa aos nossos dominadores,
Que adquiramos cultura e formação,
O que eles querem é nos enganar,
Pela estética da ilusão visual;
A cultura deve estar para o ser humano,
Igual Deus, e a religião estão para os seguidores do
Bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus;
O fanatismo e o fundamentalismo pela cultura devem ser os mesmos,
Que apresenta o muçulmano xiita e fundamentalista,
Dos países tipo Irã, Iraque, Afeganistão e outros
Dominados por radicais e pelo Al Corão;
 E é um sofrimento viver num meio onde,
As coisas da leitura e da música clássica,
Estão completamente relegadas a um
Pequeno número de resistentes e obcecados
E que só por eles e através deles,
Ainda não morreu o fio de luz,
Que ilumina a nossa mente e revigora
A nossa memória e a nossa lembrança;
Nunca aceitemos o que a mídia de
Televisão e rádio e revista e agora as nets,
Tentam impor aos nossos gostos e opiniões;
Ao nosso comportamento e formação,
Não deixemos que vomitem em cima de nós,
Não sirvamos de letrina e de vazo e de retrete;
Àqueles que fazem pouco caso da
Inteligência que carregamos dentro;
Tratemos também com desprezo aos que
Pensam que não temos cérebro;
Tratemos com descaso e indiferença a todos
Que não se preocupam como o nosso bem
Estar espiritual e físico e intelectual;
E pensam que não temos gosto, não temos
Esmerada e refinada qualidade e teor;
Pois então nos façamos este favor,
Ocupemos a cabeça em pensar,
Os ouvidos em ouvir coisas boas,
Os olhos na leitura e a boca para falar,
Cantar e propagar a cultura,
Como se fossemos pregadores do evangelho;
Poderemos até morrer pobres, na miséria,
Não ganharmos um único centavo,
Por toda a nossa vida e não poderemos,
Nem ter dinheiro para o próprio enterro,
Porém seremos mais ricos, do que aquele,
Que juntou durante toda a vida,
Milhões e milhões de dólares
E mantém a cabeça vazia e no vácuo;
E a pior morte é a morte no vácuo,
A morte interna no nada e sem valor;
A maior concentração de riqueza material,
Não se compara com uma simples poesia,
Um simples e belo soneto, ou um poema,
Onde se registra o ápice da inspiração;
Já pensamos o que seria da carne,
Se não fosse a pele que a cobre?
Tiramos a pele da Tiazinha, ou da Feiticeira,
Ou da Vera Fischer e tentamos retratá-las,
Só em carne viva nua e crua;
Então digo de coração aberto,
A carne não é tudo e é até feia sem atavio;
E até nojenta e repelente sem a cobertura,
Sem os contornos e o esconderijo da pele;
E ainda mais agora que pode ser manipulada,
Por cirurgiões plásticos e modeladores de físico;
Não se pode infringir um valor astronômico
A essas mulheres falsificadas e mumificadas;
Realmente não valem o valor cobrado,
Não vejais este depoimento como inveja,
Despeito, ou outra coisa qualquer;
Não existe no mundo ninguém,
Que gosta mais de mulher do que eu;
Nunca obtive sucessos com elas e mesmo
Se passasse toda a minha vida,
A correr atrás de todas as mulheres que desejei,
E não teria nenhum pouco de cultura,
Que asseguro possuir guardada dentro de mim.(1)

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