domingo, 9 de junho de 2013

Comigo sem nunca pensar em ressarcir; BH, 0260102000; Publicado: BH, 090602013.

Comigo sem nunca pensar em ressarcir,
Sem nunca pensar em pagar, ou diminuir
Os prejuízos que tiveram comigo;
Sou realmente uma vergonha que envergonho,
Uma fraqueza do fracasso, uma fragilidade
Do frágil e a única mulher que 
Consegui enganar, foi a minha e que
Teve ainda a coragem de gerar no
Ventre dela, três filhos meus, dois meninos
E uma menina, que só terão como
Herança as mazelas que vou deixar;
Nada terão que herdar, a não ser os
Meus erros e defeitos, meus vícios e falsidades;
Minhas mentiras e ilusões, mediocridades;
Nada terão para herdar, a não ser as
Minhas mágoas e o meu sofrimento,
Minhas lágrimas e nódoas, manchas e trevas;
Coitados dos meus filhos se eles forem
Seguir o mesmo caminho que segui;
Tenho pena, piedade, caridade deles
E não paro de pedir a Deus, para que os
Caminhos deles não sejam os que segui;
E que saibam desvendar por conta própria,
Já que não servi para ensinar,
A verdade real, a liberdade estrutural
E tudo que puder afastar o mal e as
Doenças dos seres e das mentalidades;
Hoje quero falar a todo o mundo inteiro,
A todo o universo inteiro e a tudo que
Os compõem, que os formam e que os participam;
Quero ser igual ao São Francisco de Assis,
Se ninguém quiser me ouvir, vou
Falar para as pedras, para as árvores, para
Os desertos, as areias e as dunas e as poeiras;
Vou falar para os rios, os vales e as montanhas,
Os morros, os montes e as cordilheiras,
As chapadas, as serras e as ladeiras;
Vou falar para toda a fauna e a flora,
E a natureza inteira, vou falar para
Os surdos, os cegos e os mudos, os mortos;
E se não conseguir respostas, não tem problemas,
Vou continuar a procurar até encontrar;
E vou continuar a tentar até chegar a hora,
Até chegar o momento, o minuto e o segundo;
Vou continuar a continuar indefinidamente
E não pararei até cair sem fôlego, morto,
Estirado na calçada, com todas as pessoas
A passar por cima de mim, ou a parar
Ao longe, com nojo e asco desta coisa
Estirada aí no meio da calçada;
Cadê a autoridade que não toma uma
Providência e remove daqui este
Entulho social, este desequilibrado mental?
Cadê o gari que não remove daqui
Este lixo, que não serve nem para
Ser reciclado e clonado?
Cadê a madame que deixou
O seu cãozinho da alta sociedade,
Fazer este cocô aqui na calçada
E não apanhou com a pazinha e
Não colocou num saquinho plástico?
E deixa esta merda aí na rua,
Para todo mundo pisar, ou passar
Por cima a resmungar de nojo da sujeira?
Até que enfim, apareceu uma barata,
E desviou a atenção, chamou para si toda a
Atenção e esqueceram de mim;
Foi aí que veio o meu sossego, a
Minha salvação foi a barata aparecer;
Obteve mais respaldo do que eu,
Ninguém queria pisar em mim,
Para não sujar os pés e todo mundo
Correu atrás da barata a tentar
Esmagá-la na sola dos sapatos;
Querer pisar numa barata e não pisar em mim,
Foi demais, entrei em parafuso e em pane,
Entrei em depressão paranoica homicida,
Suicida e tudo o mais de ida e vinda;
E já estava ali há mais tempo
E como sempre fui preterido e deixado
Para depois e de lado, fui esquecido;
Como sempre fui mantido à distância,
Do outro lado da lua e da rua;
Fui mantido na ausência de sempre,
De onde nunca consegui sair para nada;
Nunca consegui evoluir pelo menos para nada e
Só a inexistir solitário e só e sórdido;
Por hoje foi tudo o que tinha a falar,
Sei que ninguém vai escutar e não
Vai ouvir o uivo que vou soltar;
Por hoje foi tudo do nada que 
Tinha para deixar sem ter o que fazer;
Não vou pedir perdão e não vou pedir desculpas,
Também não vou me arrepender, pois,
Hoje queria falar, mesmo ao ser mudo;
Quem sabe um milagre não poderia acontecer,
A fé está aí para nós procurá-la e ela
É do tamanho de um grão de mostarda;
Se a conseguísseis, removereis as  
Montanhas que vos enterram dentro de vós.

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