terça-feira, 18 de junho de 2013

MIKIO, 191, Aonde andarão meus ossos? BH, 0170602013; Publicado: BH, 0180602013.

Aonde andarão meus ossos? e minha caveira
Fóssil, cadê ela? meu esqueleto de marfim,
Que plantei no jardim? qual demônio feiticeiro
Roubou-o? que sacerdote macumbeiro fez de
Minha costela patuá? qual xamã fez dos meus
Espinhos vudu, e dançou ao espalhar as minhas
Cinzas pelos canteiros? que bruxo mago fez
Talismã do meu osso sacro, e qual preto velho
Benzeu amuleto com meus restos mortais? nem
As rezas-bravas de minha avó preta, ou as
Orações da minha avó índia, curaram meus
Quebrantos; esperneio, inda choro com caxumba,
Pirraço, com espinhela caída, coço-me todo, é
Cobreiro pelo corpo, cadê a arruda de guiné?
Prometeram-me um corpo fechado, e fecharam-me
O ser, a alma e o espírito; não vou mais vagar de
Cemitério em cemitério a procurar; alguém terá que
Dar conta dos meus pedaços, que foram feitos de
Despachos, nas encruzilhadas, e do meu sangue,
Que foi usado em pacto e em ritual, sem a minha
Ordem explícita; terei que recompor-me e não
Sei como, restaurar-me a alma, pasteurizar-me o
Espírito, se os encontrar por aí perdidos e
Retificar-me o organismo, reatar-me aos
Elementos, juntar esses despojos e
Pedir a alguma mulher puta, que saiu da minha
Costela, para soprar nas minhas narinas; e à
Meia-noite, cadáver reencarnado, fingirei
De vivo entre os mortos.

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