domingo, 9 de junho de 2013

Tenho uma pedra que não é fundamental e não é filosofal; BH, 040102000. Publicado: BH, 080602013.

Tenho uma pedra que não é fundamental e não é filosofal,
Filosófica, pousada no alto da minha cabeça; é
Uma pedra que pesa bem muito mais,
Do que todas as toneladas existentes,
Nas composições do mundo e do universo;
É uma pedra que achata a minha cabeça,
Esmaga o meu cérebro, minha mente
E esmigalha a minha memória;
Tenho uma pedra bruta dentro de mim,
Que não é um diamante e não é sequer uma pedra preciosa,
Quiça uma pedra semi-preciosa;
É a pedra que mata o meu ser,
Aprisiona o meu espírito e
Tira totalmente da minha alma,
A paz tão esperada e vindoura;
A pedra da minha vergonha,
Do meu medo e da minha timidez;
É a pedra da minha ignorância,
Conhecimento e sabedoria,
Que me torna um energúmeno eterno,
Um infinito apedeuta, mentecapto e piegas;
É a pedra da minha mentira,
Falsidade e falta de realidade; e
Que destrói em mim de uma vez,
Todas as concordâncias possíveis,
Nominais, verbais e pronominais;
E as concordâncias impossíveis,
Que mesmo as licenças literárias,
Seriam possíveis aceitar;
A pedra do meu fingimento cotidiano,
Onde tenho que me alimentar de ilusão,
Mentir e enganar para sobreviver,
Ser feliz e sorrir sem chorar; e me faz
Lamentar o meu azar e falta de sorte,
Lamentar o meu sofrimento, sem ao menos,
Procurar vencer a dor e sair da inércia,
Sair da preguiça, do desânimo desolador;
Expor minhas vísceras extremas,
Ao pensar e a mostrar ao mundo,
A exteriorização das minhas trevas interiores;
Dos penhascos que tenho que transpor,
Dos abismos e precipícios que trago
Dentro de mim, de onde a luz não
Escapa, como se fosse um buraco negro;
Abominável homem das sombras,
Covarde e medíocre e imbecil,
A agir às escondidas e soturnamente,
Ectoplasma de assombração fantasmagórica;
A espreitar as vítimas traiçoeiramente, como
Espírito perdido e diabólico,
A agir contra todos que buscam,
Simplesmente a vida e a felicidade;
A agir contra todos que só querem,
Fazer o bem e espalhar a harmonia,
A irmandade e a boa convivência,
Entre os seres da humanidade;
É isto que acontece comigo,
Uma alma afogada, que foi amarrada,
Com uma pedra pesada no peito
E lançado às correntezas;
A pedra da indiferença e do desprezo,
Que nos faz virar o rosto para
O outro lado da ferida que expõe a
Nossa fraqueza em carne viva
E sangue fresco da nossa hemorragia;
Quem dera pudesse um dia,
Pulverizar esta vil pedra em pó,
Fazer desta serpente pedra em poeira,
Desta pedra réptil em fóssil raro,
Que não fosse facilmente encontrado; e
Considerado desaparecido e sumido
E que não aparecesse assim tão vulgarmente,
Em qualquer cabeça de espírito fraco e
Muito menos espírito flácido e frágil;
Chama de vela à força da procela,
Igual este que trago guardado,
De tão esfacelado e destruído,
Que não deixo nem aparecer,
À fachada da janela dos fundos;
E como ser sujo e imundo,
Não chego a convencer a ninguém,
Das minhas pureza e veracidade,
Das minhas existência e autenticidade;
Todo mundo me ver como um cadáver,
Putrefato e fora do formol de conservação,
Sem identificação e número de informação; e
Todo mundo me ver como se fossem cegos,
Surdos e mudos e não tivessem narizes,
Para os gases que expilo da fermentação cadavérica.(1)

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