Literatura e política. COLABORE, PIX: (31)988624141
sexta-feira, 29 de abril de 2016
sexta-feira, 22 de abril de 2016
quinta-feira, 21 de abril de 2016
PAULO NOGUEIRA NO DCM, Como Glenn Greenwald consolidou na mídia internacional a imagem de que é sim um golpe.
Não adianta gastar dinheiro público e enviar gente como o senador Aloysio Nunes para Washington numa tentativa de conquistar corações e mentes internacionais para o golpe.
Não adianta também jornalistas provincianos como os da Globo se esgoelarem a mando dos patrões para tentar negar o golpe perante a comunidade mundial.
É um jogo que está definido – e não apenas porque o golpe é golpe. Há um fator decisivo nisso: Glenn Greenwald.
Quem conhece o trabalho numa redação sabe como os jornalistas se movimentam em momentos turbulentos num país que não seja o seu.
Para se informar e começar a formar opinião, eles procuram, primeiro e acima de tudo, jornalistas locais que admirem e respeitem.
Greenwald, que decidiu há alguns anos morar no Brasil, preenche ambos os requisitos.
Ele é uma autoridade jornalística nos Estados Unidos, onde nasceu e se formou como repórter, e na Inglaterra, onde foi uma das mais respeitadas vozes do Guardian.
É ele que muitos jornalistas americanos e ingleses consultaram e consultam para saber mais sobre o Brasil.
Confiam em seu conhecimento, em seu discernimento, em sua integridade.
Não apenas lhe telefonam em busca de subsídios. Mas também o entrevistam, como fez há pouco a CNN.
Que jornalista ligado ao impeachment tem, entre os jornalistas estrangeiros, os atributos de Greenwald?
Merval? Azevedo? Noblat? Mainardi? Escosteguy? Míriam Leitão? Sardenberg? Waack? Bonner? Erick Bretas, fantasiado de Sérgio Moro? Ali Kamel, alavancado pela sua obra magna Não Somos Racistas?
Existe não apenas a barreira da língua, naqueles casos. Mas sobretudo a da respeitabilidade, a do prestígio, a da confiabilidade.
Já era uma questão real antes. E se tornou intransponível depois que Greenwald, num espasmo de sinceridade, afirmou na entrevista que fez com Lula estar chocado com a tendenciosidade e a militância política da imprensa brasileira.
É propaganda de direita o que a mídia nacional faz, não jornalismo.
Os jornalistas estrangeiros registraram, evidentemente, a avaliação de Greenwald sobre Globo, Veja etc.
Mais recentemente, Greenwald voltou a falar da imprensa brasileira. Mais especificamente, da Veja, que o atacou num artigo com o mesmo padrão do elogio a Marcela Temer por ser “bela, recatada e do lar”.
Ele afirmou tomar o ataque como um elogio, porque a Veja é uma “piada”. Disse que se mandassem a página emoldurada a penduraria na parede de sua casa.
A imagem da mídia nacional no exterior era inexistente. Agora, ela é o que Greenwald disse sobre ela.
Não é novidade nenhuma para os brasileiros, que sabem dos horrores pseudojornalísticos praticados pelas corporações de mídia dos Marinhos, Civitas, Frias.
Mas para as redações estrangeiras foi uma novidade. Uma péssima novidade.
O diagnóstico de golpe feito por Greenwald acabaria sendo reforçado, para jornalistas de fora, pelo espetáculo grotesco da sessão da Câmara em que corruptos diziam sim ao impeachment com argumentos que pareciam saídos do Sensacionalista.
O jogo da imagem perante o exterior está perdido para os golpistas, qualquer que seja o desfecho do golpe em si.
Para os cofres públicos, é melhor economizar dinheiro como o gasto para mandar Aloysio Nunes para Washington numa missão impossível: mostrar que o golpe não é golpe.
Presidenta Dilma viaja para Nova Iorque:
Blog do Planalto |
- Presidenta viaja para Nova Iorque
- Nota à imprensa
- Lutarei em todas as trincheiras para derrotar esse golpe, diz Dilma em entrevista a blogueiros
Posted: 21 Apr 2016 04:50 AM PDT
A presidenta Dilma Rousseff embarca, nesta quinta-feira (21), para Nova Iorque (EUA). Na sexta-feira, ela participará da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).
*Agenda sujeita a alterações ao longo do dia. Para atualizações, acesse o Portal Planalto. |
Posted: 20 Apr 2016 06:12 PM PDT
A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira (20), por meio de nota divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, a saída dos ministros Censo Pansera (Ciência, Tecnologia e Inovação); Eduardo Braga (Minas e Energia); e Helder Barbalho (Secretaria de Portos da Presidência da República).
Assumirá o lugar de Eduardo Braga, como ministro interino, Marco Antônio Martins Almeida, atualmente secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis.
Como novo ministro da Secretaria de Portos assumirá Maurício Muniz, atual secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Celso Pansera reassumirá seu mandato na Câmara dos Deputados.
A presidenta da República agradeceu aos ministros pelo trabalho e dedicação e desejou sucesso nos desafios futuros.
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Posted: 20 Apr 2016 04:41 PM PDT
Dilma: “Eles não me afastarão, eu continuarei sendo a presidenta da República”. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff afirmou, nesta quarta-feira (20), que irá lutar em todos os níveis contra o que chamou de “eleição indireta travestida de impeachment”. A declaração foi feita durante entrevista concedida a blogueiros no Palácio do Planalto. Segundo a presidenta, o governo, apesar de respeitar a legislação e a representatividade do Congresso, considera ilegítima e distorcida a forma como se deu o rito do pedido de interrupção do seu mandato.
“O que está em questão não é o meu mandato, está em questão o processo democrático. Ou seja, está em questão aquilo que a gente dava como garantido. Eu nunca achei que outra vez eu ia estar lutando por democracia. Então, como isso está em jogo eu vou lutar em todas as trincheiras que eu puder para derrotar esse golpe, onde for necessário eu vou. […] Uma coisa é respeitar, outra coisa é saber que o rito foi inteiramente permeado de cerceamento à defesa e desvio de poder por parte de quem o conduzia”.
Ainda sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Dilma disse que ele foi o “conspirador-mor” da desestabilização do seu governo e representa “o pecado original” do processo de impeachment.
“O conspirador faz o processo de impeachment, não olhando as bases reais dele, mas olhando o fato de que os seus, a sua negociação chantagista não tinha sido aceita. […] Mas o fulcro da ilegitimidade é que quem quer me substituir e conspirou para isso, não tem voto popular. E só tem um jeito de você legitimar-se na democracia, voto popular”.
Confiante em relação à continuidade do seu governo, Dilma disse que chegou o momento de se provar quem são os verdadeiros democratas do Brasil.
“Quem vai respeitar a Constituição Federal nesse País? Estou sofrendo o pior dos agravos que é ser condenada injustamente. […] Eles não me afastarão, eu continuarei sendo a presidenta da República. Não acho que seja algo decisivo. Tenho que manter o que sou, sou presidente da República Federativa do Brasil, eleita por 54 milhões de votos”
Questionada sobre que País espera deixar para seu neto, Dilma disse desejar o fim do ódio, da intolerância e do preconceito contra índios, mulheres e orientações sexuais.
“Quero um país em que o meu neto olhe para povo brasileiro e lembre sempre que ele, o brasileiro, é o guardião de tudo que nós temos de melhor. Então, que ele saiba ter um padrão de julgamento, em que ele defenda aqueles que mais precisam e que ele viva num país melhor do que eu vivi. Acho que ele vai vier, porque eu vivi uma parte da minha vida na ditadura, estou vivendo na democracia. E acredito que nós vamos assegurar que essa democracia inclua, desenvolva, que eticamente seja intolerante e não incite o ódio nem o bullying”.
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quarta-feira, 20 de abril de 2016
De O Cafezinho: Podemos divulga duro manifesto contra o golpe no Brasil
Podemos divulga duro manifesto contra o golpe no Brasil
(Foto: mobilização antigolpe em Brasília. Crédito: Flickr Mídia Ninja).
O Podemos, a nova esquerda espanhola, foi direto ao ponto: "Consideramos imprescindível que se respeite a vontade do povo brasileiro, que reelegeu a Presidenta Dilma em 2014, ou que se modifique esse mandato pela única via democraticamente aceitável: vencer nas urnas."
O Podemos, a nova esquerda espanhola, foi direto ao ponto: "Consideramos imprescindível que se respeite a vontade do povo brasileiro, que reelegeu a Presidenta Dilma em 2014, ou que se modifique esse mandato pela única via democraticamente aceitável: vencer nas urnas."
Obrigado, Podemos!
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No site do Podemos.
COMUNICADO DE PODEMOS SOBRE A PREOCUPANTE SITUAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
No dia de ontem, o Congresso do Brasil aprovou a abertura do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff
Nos últimos anos, a sociedade brasileira empreendeu uma intensa luta contra a praga da corrupção que afeta seu país. Em meio à avalanche de casos que vieram à luz e que envolvem diversos partidos e empresas, a Presidenta não se viu implicada em nenhum deles, e não há suspeita fundamentada, nem prova alguma de que tenha se apropriado de um só real por vias irregulares, nem de ter aceito nenhuma propina. Por outro lado, 60% do atual congresso brasileiro, sim, tem casos abertos de corrupção, e o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está acusado de evasão fiscal, por ter três contas na Suíça, e de ter aceitado subornos da Petrobras.
Na mesma linha expressa pelo Secretário-Geral da Organização de Estados Americanos (OEA), nós, de Podemos, compartilhamos a preocupação ante essa grave situação, em que a Presidenta democraticamente eleita está sendo condenada por um Congresso doente de corrupção e claramente orientado por intenções espúrias. Não existe hoje nenhuma acusação de caráter penal contra a presidenta. A acusação de má gestão das contas públicas, escassamente desenvolvida ontem pelos congressistas brasileiros, não foi avalizada pelo Tribunal de Contas da União e não justifica, portanto, um processo de destituição como o que se constituiu.
Além disso, como também aponta a OEA, a ruptura institucional que se está consolidando contra a Presidenta Rousseff não só é um procedimento de duvidosa legitimidade, mas contraria sem fundamento algum o caráter presidencialista do sistema constitucional brasileiro. Tentar a destituição por meio de um impeachment, com base numa mudança da correlação de forças dentro da coalizão governamental, violenta o fundamento e o mandato democrático obtido nas urnas pela Presidenta Rousseff.
Consideramos imprescindível que se respeite a vontade do povo brasileiro, que reelegeu a Presidenta Dilma em 2014, ou que se modifique esse mandato pela única via democraticamente aceitável: vencer nas urnas.
Após uma década de importantes progressos sociais no continente, dos quais o Brasil foi um dos grandes protagonistas, com o desejo de deixar atrás um longo histórico de golpismo, intervenções e ingerências na região, nós, de Podemos, confiamos em que o Brasil, como toda a América Latina, continuará ganhando em autonomia democrática e não ressuscitará tristes fantasmas, que acreditávamos enterrados nos anos escuros da história. O caminho golpista e as vulnerações dos parâmetros democráticos, nos últimos anos, na Venezuela (2002), Honduras (2009) e Paraguai (2012) são precedentes que convocam a manter-se alerta.
Nós, de Podemos, solicitamos, por isso, ao Governo da Espanha e a todas as forças políticas e sociais, que demonstrem seu compromisso com a estabilidade das instituições democráticas, e a solidariedade e o respeito à vontade soberana expressa nas urnas pelo povo irmão do Brasil. A imprescindível luta contra a corrupção e por um país mais transparente e mais justo não pode nem deve ser utilizada por interesses espúrios, como um aríete contra a legitimidade das instituições e contra o império do princípio democrático.
terça-feira, 19 de abril de 2016
O povo vive sempre em eterna e infinita desmobilização; BH, 0110402001; Publicado: BH, 0190402016.
O povo vive sempre em eterna e infinita desmobilização,
É como o desmobiliar e o desguarnecer uma casa de sua
Mobília; e o povo que vive assim, começa a desmiolar-se
Mais cedo, começa a tirar os miolos da cabeça e não usa
Em mais nada o miolo do cérebro; e vive a perder o juízo
E a tornar-se louco e desmiolado, por motivos que não
Dizem respeito ao seu bem estar e ao seu desenvolvimento;
E outra coisa sem utilidade é o militar, sou francamente
Favorável a desmilitarizar o país e privar de armamentos
E tirar a qualidade de militar das forças armadas; é o
Desestimular ao militarismo e adotar medidas antimilitares
E antimilitaristas; as drogas, os traficantes, os tráficos
Estão aí, os contrabandos de armas e outros estão aí, a
Invasão da Amazônia, a violência, os sequestros e as
Entregações das nossas riquezas; e os militares, o que
Fazem? ensinam o povo a exercer a cidadania? protegem
A nossa soberania? ou já sabem que a máfia é bem mais
Forte? a inutilidade do militar é desmesurável, não se
Pode medir a futilidade dele, só causa ônus e danos à
Nação e nada faz para melhorar a vida do povo; e é hora
De estender-se muito além o papel das forças armadas; é
Hora de descomedir e abrir de fora a fora o trabalho
Delas; é hora de desmesurar, para que as forças armadas
Sejam mais úteis e aumentem a nossa felicidade, pois já
Causou-nos muitas infelicidades nos anos de chumbo da
Ditadura; guerra não existirá mais, o Brasil já está todo
Vendido e comprometido com os especuladores; e é
Enorme o meu descontentamento, é desmedido o meu
Estado de indignação; meu ódio é desmesurado e de 1964
Para cá, dos que ocuparam a presidência, graças a Deus, não
Sinto nem lembranças e nem saudades de nenhum deles,
Só o desprezo absoluto e total; a imprensa é que de vez
Em quando, abre a guarda e põe no ar, ou no jornal Sarney, Collor,
Itamar, ou FHC, vulgo Fernando Henrique Cardoso, o mais nefasto
E que a mídia sempre a ajudar o povo a lembrar de tal verme.
Gostaria de deixar à posteridade um poema desmedido; BH, 0120402001; Publicado: BH, 0190402016.
Gostaria de deixar à posteridade um poema desmedido,
Enorme, do tamanho da eternidade e descomunal como
O infinito, mas o desmazelo, em pensar, o desleixo e a
Negligência, não deixam-me criar nenhuma sentença; e
O espírito é desmazelado em demasia e o desmazelamento
Que habitou a alma, de cérebro tão desleixado, faz com
Que, uma frase simples e pura, leve anos para movimentar-se
E desmatar a mata virgem duma mente tosca; desflorestar
A ignorância e derrubar as matas das trevas, fazer derrubada
De florestas brutas, com um desmatamento do simplório
E com desmatreio tal, que não lembre a irregularidade
Menstrual e querer deixar assim, de imprevisto, num
Desmastrar de circo, num tirar de mastro de embarcação,
O desaparelhar o barco encalhado, no desmascarar o
Coração e descobrir ao tirar o capuz, ao tirar a máscara
Da falsidade e da hipocrisia e desmoralizar a mentira;
E o que seria capaz de tirar as marcas da história, de marcar
A saga, ao deixar uma marca estigmatizada? quem seria
Capaz de viver fora das marcas liberais e ser um
Desmarcado na globalização e um inimigo sagaz do
Neo liberalismo? preferiria ser um desmanto, um gênero
De acácias, um gênero de leguminosas que, produz
Frutos conhecidos pelo nome de carrapicho, a deixar de
Ver nesse regime, nesse sistema algo consistente; só
Sinto o desmantelo causado pela elite, o desmantelar
Causado pela burguesia, a asfixia da plutocracia; e a
Maioria da população no desmantelamento e a falar em
Demolir e em arruinar, é com eles, os membros tão
Poderosos; e decompor e derribar as muralhas e as
Fortificações populares, é o intento desses que pregam o
Desmandar do povo, o provar o povo de mando cidadão
E cansam de cometer excessos e nem de desmanchar a
Nação, o desarranjo do país, ao acelerar o desmanchar
Do parque patrimonial: o apagar da luz no final do túnel,
O desfazer do caminho do progresso, o revogar de todas as
Leis do direito, o desconjuntar da harmonia do conjunto
Popular e mesmo assim, gostaria de deixar à posteridade,
Um poema que fosse pelo menos reflexivo, não consegui.
segunda-feira, 18 de abril de 2016
Quando abri os olhos e vi-me separado; BH, 0120402001; Publicado: BH, 0180402016.
Quando abri os olhos e vi-me separado
Da manada, a tresmalhar do resto do rebanho
Da manada, a tresmalhar do resto do rebanho
E tive medo de desmanar eternamente e
Não voltar mais e morrer solitário e só
Na solidão do meu coração; e chorei
Pelo meu desamamentar e sofri pelo
Desleitar precoce; por que tirar assim,
A mama de mim ainda? por que apartar-me
Do leite? desmamar-me inda tão criança e
Não crescido? veja, parece que vou desmaiar,
Algo irá fazer-me perder a cor, obscurecer
Os olhos e empalidecer a tez; irei até perder
Os sentidos, desmaiar e não fortalecer-me,
Irei desmalhar, ficarei branco, como se
Alguém, veio tirar as malhas de mim e não
Quero o meu fim, é cedo, confesso que
Ainda não vivi; não aprendi a ser feliz e
Se for para desmagnetizar-me, ou proceder a
Desmagnetização do meu, o tirar de mim o
Fluido magnético, o leite da vida e se
Acontecer a subtração das propriedades
Magnéticas, dalguma coisa que compõe-me,
Se parar a ação magnética será o desluzir-me,
O deslustrar-me e o apagar do brilho do meu
Olhar; será o deslustre, o tirar o lustre, o
Perder do vislumbrar, que guia-me ao
Maravilhar; ao fascinar sem perder a razão e
O raciocínio, só a violência, só a miséria e
Perder o medo da desgraça da covardia da
Injustiça, ao lutar pela justiça, cada vez mais
Deslumbrante, mas que a alguns não deslumbra
E a outros, ofusca; é o contraste do luxuoso,
Do esplêndido com o dia a dia da realidade nas
Nossas grandes cidades; por que não invertemos
O êxodo urbano? é só deslocar os desempregados,
Tirar do lugar onde estavam, que não tem empregos,
Desviar da sub-vida, afastar das áreas de riscos
E transferir para a segurança do emprego, a
Tranquilidade do campo; é transportar todos,
Igual transporta-se uma tropa, dum lugar
Para outro, num êxodo feliz, desde que a
Terra seja apta para plantar e morar.
Perdoem-me o meu deslocamento para manchar; BH, 0120402001; Publicado: BH, 0180402016.
Perdoem-me o meu deslocamento para manchar
A terra, para sujá-la e na mudança de posição, em
Relação a um lado referencial, aumentei a poluição,
A sujeira e a podridão; desarticulado, luxado e como
Tudo está fora de lugar, sigo deslocado, bêbado na
Deslocação do movimento pelo elemento, a matar a
Terra, minha mãe e a permanecer no desvio e na
Luxação do osso e o deslizar maior do que este, é
Impossível acontecer; mancador cotidiano, com
Lapso de desvio do bom caminho, a deslizar pelas
Estradas de espinhos, a escorregar e a despender-me
Da força de gravidade, não flutuo no barco de
Pequeno calado, usado nos rios; afundo, a prancha
Presa a uma embarcação, com a qual desliza sobre
A água, é mais leve do que eu; o transatlântico
Desliza, e eu o mais pesado deslizador, vou ao
Fundo d'água: não sei desvendar nada de mim;
Não sei esmiuçar a natureza, não sei desvencilhar-me
Dos problemas, demarcar e deslindar o universo e
É triste o que quer desunir; não soltar os pássaros
Presos, não saber desatar nós cegos; separar o
Joio do trigo e desligar o mau que estava ligado;
E tudo por desleixo de descuido da negligência,
Pois, ao descuidar-se, morre-se no pé, na semente,
No caroço; a desleixar-se, morre-se na raiz, no
Ovo, no casulo, pois, o desleixado, não deixa
Vingar nem célula mãe; o descuidado não tem
Visão e o negligente não é visionário e é
Reacionário desleal, o pérfido infiel, que , não
Conhece a lealdade e vangloria-se da deslealdade,
Sem deslavar-se, ou fazer perder a cor, distinguir-se
De vergonha e descobrir-se que é perturbante;
Atrevido na mentira, descarado na enganação,
Deslavado na falsidade da ilusão, é necessário
Cortar e tosquiar esta lã ruim, tem que deslanar
Esta ovelha negra com pele de lobo e deixá-la
Sem desjejum de poder, sem desjejuar, sem comer,
Não quebrar o jejum dela, por muitos dias, nem na
Primeira vez no dia, até purificar por dentro e por fora.
A minha tristeza é a minha desídia e a preguiça; BH, 0120402001; Publicado: BH, 0180402016.
A minha tristeza é a minha desídia e a preguiça
Que trago no seio, a inércia que carrego no corpo,
A negligência da alma e o descaso do espírito;
Como vencer a ausência de força e de estímulo
Para agir? como vencer a falta de cuidado e de
Atenção? como vencer a frouxidão na ação,
A indolência, o desleixo e a incúria? como posso
Ser alegre, ao desarranjar a vida, ao dar o fora
Na ética e ao afastar-me da razão? desguiar o
Raciocínio, desmobilizar o meu lar, só fiz com
Isso, tirar a defesa de mim; só fiz desguarnecer-me,
Ao privar-me duma guarnição, duma tal força,
Como a dos militares e suas munições de guerra;
E é o que faz-me desgrudar da vida, despegar-me
Do amor que estava grudado em mim; é como
Um desligar da libido, da luxúria do gozo e do
Luxo do prazer; não trago mais cabelos para
Emaranhar-me numa noite de orgia, mulher
Nenhuma vai mais despentear-se diante de mim;
E para desgrenhar-me, ou desconcertar-me
Diante dela, nem desordenadamente despenteado,
De cabelo revoltos, desordenados, sou um careca;
Desgrenhado, levado pela ambição, na inveja
Desgraçado e desgranido pelo egoísmo; não
Tenho cura e jamais deixarei de ser, assim, tão
Desgracioso; desajeitado no cavalheirismo, por
Pensar que não há mais graça em ser educado;
E quero é deflorar uma virgem, infelicitar uma
Mulher e causar a desgraça duma menina
Que, pensa que, virgindade leva para o céu; e
Tornar desditoso e infeliz um sonho, desgraçar
Todo o mal sucedido, não repara, não, sou
Assim mesmo, medonho; um que de patife
Desprezível, um lado pobre e miserável, uma
Parte infeliz e deplorável, de má sorte e azar,
Um desgraçado que nunca sabe o que quer e
Almeja a calamidade; anseia a miséria,
Espalha a infelicidade, como o nosso
Desgoverno; o nosso mau governo, de
Desregramento, descontrole e desnorteamento,
Ao desgovernar para os pobres e oprimidos,
Governar mal para os trabalhadores e contra o
Povo; é perder a direção, como o veículo em
Alta velocidade, ou o homem fraco a se
Desorientar pelo medo e pela covardia; e
Navegar fora da história, por portar-se mal, sem
Governo, sem faces, rostos, caras, perfis, semblantes.
Elisabeth Bishop - O ladrão da Babilônia, tradução de Paulo Henriques Britto.
Nos morros verdes do Rio
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.
São milhares, são milhões,
São aves de arribação,
Que constroem ninhos frágeis
De madeira e papelão.
Parecem tão leves que um sopro
Os faria desabar
Porém grudam feito líquens
Sempre a se multiplicar,
Pois cada vez vem mais gente.
Tem o morro da Macumba,
Tem o morro da Galinha,
E o morro da Catacumba;
Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.
Micuçú era ladrão,
Assassino, salafrário.
Tinha fugido três vezes
Da pior penitenciária.
Dizem que nunca estuprava,
Mas matou uns quatro ou mais.
Da última vez que escapou
Feriu dois policiais.
Disseram: "Ele vai atrás da tia,
Que criou o sem-vergonha.
Ela tem uma birosca
No morro da Babilônia".
E foi mesmo lá na tia,
Beber e se despedir:
"Eu tenho que me mandar,
Os home tão vindo aí.
Eu peguei noventa anos,
Nem quero viver tudo isso!
Só quero noventa minutos,
Uma cerveja e um chouriço.
"Brigado por tudo, tia,
A senhora foi muito legal.
Vou tentar fugir dos home,
Mas sei que eu vou me dar mal".
Encontrou uma mulata
Logo na primeira esquina.
"Se tu contar que me viu
Tu vai morrer, viu, menina?"
Lá no alto tem caverna,
Tem esconderijo bom,
Tem um forte abandonado
Do tempo de Villegaignon.
Micuçú olhava o mar
E o céu, liso como um muro.
Viu um navio se afastando,
Virando um pontinho escuro,
Uma mosca na parede,
Até desaparecer
Por detrás do horizonte.
E pensou: "Eu vou morrer".
Ouvia berro de cabra,
Ouvia choro de bebê,
Via pipa rabeando,
E pensava: "Eu vou morrer".
Urubu voou bem baixo,
Micuçú gritou: "Péra aí",
Acenando com o braço,
"Que eu ainda não morri!"
Veio helicóptero do Exército
Bem atrás do urubu.
Lá dentro ele viu dois homens
Que não viram Micuçú.
Logo depois começou
Uma barulheira medonha.
Eram os soldados subindo
O morro da Babilônia
Das janelas dos barracos,
As crianças espiavam.
Nas biroscas, os fregueses
Bebiam pinga e xingavam.
Mas os soldados tinham medo
Do terrível meliante.
Um deles, num acesso de pânico,
Metralhou o comandante.
Três dos tiros acertaram
Os outros tiraram fino.
O soldado ficou histérico:
Chorava feito um menino.
O oficial deu suas ordens,
Virou pro lado, suspirou,
Entregou a alma a Deus
E os filhos ao governador.
Buscaram depressa um padre,
Que lhe deu a extrema-unção.
– Ele era de Pernambuco,
O mais moço de onze irmãos.
Queriam parar a busca,
Mas o Exército não quis.
E os soldados continuaram
A procurar o infeliz.
Os ricos, nos apartamentos,
Sem a menor cerimônia,
Apontavam seus binóculos
Pro morro da Babilônia.
Depois, à noite no mato,
Micuçú ficou de vigília,
De ouvido atento, olhando
Pro farol lá longe, na ilha,
Que olhava pra ele também.
Depois dessa noite de insônia
Estava com frio e com fome,
No morro da Babilônia.
O sol nasceu amarelo,
Feio feito um ovo cru.
Aquele sol desgraçado
Era o fim de Micuçú.
Ele via as praias brancas,
Os banhistas bem dormidos,
Com barracas e toalhas.
Mas ele era um foragido.
A praia era um formigueiro:
Toda a areia fervilhava,
E as pessoas dentro d'água
Eram cocos que boiavam.
Micuçú ouviu o pregão
Do vendedor de barraca,
E o homem do amendoim
Rodando sua matraca.
Mulheres que iam à feira
Paravam um pouco na esquina
Pra conversar com as vizinhas,
E às vezes olhavam pra cima.
Os ricos, com seus binóculos,
Voltaram às janelas abertas.
Uns subiam nos telhados
Para assistir mais de perto.
Um soldado – ainda era cedo,
Oito horas, oito e dez –
Fez mira no Micuçú
E errou pela última vez.
Micuçú ouvia o soldado
Ofegando, esbaforido,
Tentou se embrenhar no mato:
Levou uma bala no ouvido.
Ouviu um bebê chorando
E sua vista escureceu.
Um vira-lata latiu.
Então Micuçú morreu.
Tinha um revólver Taurus
E mais as roupas do corpo,
Com dois contos no bolso.
Foi tudo que acharam com o morto.
A polícia e a população
Respiraram aliviadas.
Porém na birosca a tia
Chorava desesperada.
"Eu criei ele direito,
Com carinho, com amor.
Mas não sei, desde pequeno
Micuçú nunca prestou.
"Eu e a irmã dava dinheiro,
Nunca faltou nada, não.
Por que foi que esse menino
Cismou de virar ladrão?
"Eu criei ele direito,
Mesmo aqui, nessa favela".
No balcão os homens bebiam,
Sérios, sem olhar pra ela.
Mas já fora da birosca
Comentou um dos fregueses:
"Ele era um ladrão de merda.
Foi pego mais de seis vezes".
Hoje está chovendo fino
E estão de volta os soldados,
Com fuzis metralhadoras
E capacetes molhados.
Vieram dar mais uma batida,
Só que é outro criminoso.
Mas o pobre Micuçú –
Dizem – era mais perigoso.
Nos morros verdes do Rio
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.
Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.
São milhares, são milhões,
São aves de arribação,
Que constroem ninhos frágeis
De madeira e papelão.
Parecem tão leves que um sopro
Os faria desabar
Porém grudam feito líquens
Sempre a se multiplicar,
Pois cada vez vem mais gente.
Tem o morro da Macumba,
Tem o morro da Galinha,
E o morro da Catacumba;
Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.
Micuçú era ladrão,
Assassino, salafrário.
Tinha fugido três vezes
Da pior penitenciária.
Dizem que nunca estuprava,
Mas matou uns quatro ou mais.
Da última vez que escapou
Feriu dois policiais.
Disseram: "Ele vai atrás da tia,
Que criou o sem-vergonha.
Ela tem uma birosca
No morro da Babilônia".
E foi mesmo lá na tia,
Beber e se despedir:
"Eu tenho que me mandar,
Os home tão vindo aí.
Eu peguei noventa anos,
Nem quero viver tudo isso!
Só quero noventa minutos,
Uma cerveja e um chouriço.
"Brigado por tudo, tia,
A senhora foi muito legal.
Vou tentar fugir dos home,
Mas sei que eu vou me dar mal".
Encontrou uma mulata
Logo na primeira esquina.
"Se tu contar que me viu
Tu vai morrer, viu, menina?"
Lá no alto tem caverna,
Tem esconderijo bom,
Tem um forte abandonado
Do tempo de Villegaignon.
Micuçú olhava o mar
E o céu, liso como um muro.
Viu um navio se afastando,
Virando um pontinho escuro,
Uma mosca na parede,
Até desaparecer
Por detrás do horizonte.
E pensou: "Eu vou morrer".
Ouvia berro de cabra,
Ouvia choro de bebê,
Via pipa rabeando,
E pensava: "Eu vou morrer".
Urubu voou bem baixo,
Micuçú gritou: "Péra aí",
Acenando com o braço,
"Que eu ainda não morri!"
Veio helicóptero do Exército
Bem atrás do urubu.
Lá dentro ele viu dois homens
Que não viram Micuçú.
Logo depois começou
Uma barulheira medonha.
Eram os soldados subindo
O morro da Babilônia
Das janelas dos barracos,
As crianças espiavam.
Nas biroscas, os fregueses
Bebiam pinga e xingavam.
Mas os soldados tinham medo
Do terrível meliante.
Um deles, num acesso de pânico,
Metralhou o comandante.
Três dos tiros acertaram
Os outros tiraram fino.
O soldado ficou histérico:
Chorava feito um menino.
O oficial deu suas ordens,
Virou pro lado, suspirou,
Entregou a alma a Deus
E os filhos ao governador.
Buscaram depressa um padre,
Que lhe deu a extrema-unção.
– Ele era de Pernambuco,
O mais moço de onze irmãos.
Queriam parar a busca,
Mas o Exército não quis.
E os soldados continuaram
A procurar o infeliz.
Os ricos, nos apartamentos,
Sem a menor cerimônia,
Apontavam seus binóculos
Pro morro da Babilônia.
Depois, à noite no mato,
Micuçú ficou de vigília,
De ouvido atento, olhando
Pro farol lá longe, na ilha,
Que olhava pra ele também.
Depois dessa noite de insônia
Estava com frio e com fome,
No morro da Babilônia.
O sol nasceu amarelo,
Feio feito um ovo cru.
Aquele sol desgraçado
Era o fim de Micuçú.
Ele via as praias brancas,
Os banhistas bem dormidos,
Com barracas e toalhas.
Mas ele era um foragido.
A praia era um formigueiro:
Toda a areia fervilhava,
E as pessoas dentro d'água
Eram cocos que boiavam.
Micuçú ouviu o pregão
Do vendedor de barraca,
E o homem do amendoim
Rodando sua matraca.
Mulheres que iam à feira
Paravam um pouco na esquina
Pra conversar com as vizinhas,
E às vezes olhavam pra cima.
Os ricos, com seus binóculos,
Voltaram às janelas abertas.
Uns subiam nos telhados
Para assistir mais de perto.
Um soldado – ainda era cedo,
Oito horas, oito e dez –
Fez mira no Micuçú
E errou pela última vez.
Micuçú ouvia o soldado
Ofegando, esbaforido,
Tentou se embrenhar no mato:
Levou uma bala no ouvido.
Ouviu um bebê chorando
E sua vista escureceu.
Um vira-lata latiu.
Então Micuçú morreu.
Tinha um revólver Taurus
E mais as roupas do corpo,
Com dois contos no bolso.
Foi tudo que acharam com o morto.
A polícia e a população
Respiraram aliviadas.
Porém na birosca a tia
Chorava desesperada.
"Eu criei ele direito,
Com carinho, com amor.
Mas não sei, desde pequeno
Micuçú nunca prestou.
"Eu e a irmã dava dinheiro,
Nunca faltou nada, não.
Por que foi que esse menino
Cismou de virar ladrão?
"Eu criei ele direito,
Mesmo aqui, nessa favela".
No balcão os homens bebiam,
Sérios, sem olhar pra ela.
Mas já fora da birosca
Comentou um dos fregueses:
"Ele era um ladrão de merda.
Foi pego mais de seis vezes".
Hoje está chovendo fino
E estão de volta os soldados,
Com fuzis metralhadoras
E capacetes molhados.
Vieram dar mais uma batida,
Só que é outro criminoso.
Mas o pobre Micuçú –
Dizem – era mais perigoso.
Nos morros verdes do Rio
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.
Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.
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