sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Meus recursos são escassos; BH, 02701201999; Publicado: BH, 0300802013.

Meus recursos são escassos,
Não posso dizer:
Levanta-te e anda;
Só por ser um vil humano,
Já sou limitado, e frágil;
Não posso dizer:
Abra os olhos, e veja,
Decreto o fim da miséria,
Da pobreza, e da desgraça;
Decreto o fim da burguesia,
Da elite, e da classe política;
Todo o povo agora,
Vai ser saudável, e forte,
Ter educação, e comida,
É o fim da solidão;
Não serão mais os ministros,
Deputados, e senadores,
Vereadores, e prefeitos,
Presidente, e governadores,
Que usufruirão das mamatas,
Mordomias, e maracutaias,
Benefícios, e aposentadorias precoces,
Títulos vitalícios,
E cargos de marajás;
Decreto que agora,
O povo também vai participar,
O povo também vai ter,
Que usufruir de tudo,
Que faz bem aos ricaços,
Endinheirados, e aproveitadores,
Sonegadores, e especuladores,
Corruptos, e corruptores;
Meus recurso são parcos
Não posso dizer,
Mas posso sonhar.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Tenho certeza de que bilhões de mentes; BH, 0100202000; Publicado: BH, 0280802013.

Tenho certeza de que dos bilhões de mentes 
Que já existiram na Terra, desde que a Terra é Terra,
Até os bilhões de mentes que existem hoje, não existe
Uma mente sequer que esteja a pensar em mim neste
Momento, que esteja comigo na memória, neste exato
Segundo que acabo de escrever estas frases reflexivas;
Não passo pela cabeça de ninguém, nem pelo
Pensamento, ideia, ou ideal; sou totalmente
Fora de cogitação, fora de plano, e fora de lembrança,
De qualquer cabeça que povoa a face do planeta;
Mesmo assim deixo para cada um individualmente
Uma molécula de mim, um fio de energia,
Um pedido de benção, e de felicidade, uma espera
De evolução, de modernidade, e de futuro
Vindouro melhor, e mais justo, sem remédios,
Sem doença, sem prostituição infantil, sem
Pedofilia, injustiça, e desequilíbrio de qualquer espécie,
Inclusive queda de avião que agora virou
Moda, e morro de medo dum cair na
Minha cabeça chata de nordestino do interior
De Minas Gerais, para aonde voltei depois de
Vinte e seis anos longe do solo pátrio mineiro;
E deixei no Rio de Janeiro uma carreira de amigos
Dos quais agora só posso sonhar com eles, e vê-los
Só através dos sonhos, e dos pesadelos, e dos porres;
Estou no meio da minha gente, porém, estou
Ilhado, estou isolado, exilado na própria
Terra, junto da própria família, tudo porque
Recuso-me a fazer parte do grupo que busca pelas
Igrejas evangélicas, as respostas para as próprias aspirações;
E as soluções para os próprios problemas, e, como me
Recuso a procurar as igrejas evangélicas, sou mantido
No banho maria, na fritura, e fora do raio de
Ação até mesmo dos próprios irmãos; mas não
Estou a reclamar, gostaria só apenas de beber as
Minhas cervejas sem precisar fazer ninguém chorar;
Apesar de todo o esforço, passamos rápidos pelas cabeças
Das pessoas, e só apenas por milésimos de segundos
Ficamos nas mentes dos nossos entes, e semelhantes;
Fora disso somos colocados no segundo plano,
Tratados piores do que animais, do que cachorros;
E já houve caso de condenados em que o doutor
Advogado de defesa, requereu para o réu, o
Direito de tratamento dos animais, devido
As condições, e os maus tratos sofridos pelo prisioneiro;
Um exemplo foi com o nosso grande líder político o
Comunista Luiz Carlos Prestes, que vi poucas vezes em vida, e a
Outra já o vi morto, a ser velado no Palácio Tiradentes,
No Rio de Janeiro; e na hora que eu estava presente ,
Estavam a tirar o molde da máscara mortuária do
Grande exemplar, e histórico brasileiro, que realmente viveu,
E fez a história do Brasil, como na verdade deveria ser feita;
Aí, me chega uma mulher aqui agora, na minha frente,
Gagueja, gagueja, gagueja, e não entendo o que ela
Pergunta, e quando consigo entender, onde fica a
Escola de Medicina de Minas Gerais? não sei
A resposta, e penso que é duplamente frustrante,
Para ela que gaguejou tanto, e para mim
Que fiz tanto para entender, e não saber a resposta;
Porém, ri, depois das reflexões, pois, apesar da mulher
Ser gaga, também sou surdo, e não escuto
Direito os sons da vida que rolam ao redor;
E se morrer mesmo amanhã, ou hoje ainda,
Ou ainda depois de amanhã, ficam aqui desde
Já as minhas despedidas, os meus pedidos de
Desculpas, de perdões, de arrependimentos, e de remorsos;
E o pedido de perdão maior vai para o português
Que matei durante todos esses anos de vida;
E também bem que poderiam encontrar um modo mais
Fácil de falar, e de escrever, e não linguagem
Tão complexa, e tão exigente que desistimos na
Primeira tentativa, justamente por desconhecermos
A desinência verbal, a contenção verbal, a conjugação
Verbal, e o verbo é a ruína, e a morte de alguém
Que queira aventurar-se na de escritor;
E ainda tem os pronomes, os porques, os nessas,
Ou nestas, as vírgulas, os pontos, os pontos e vírgulas,
Os vocativos, os sujeitos, os advérbios, os substantivos,
Os adjetivos, e etc, e tal, que é tanta linguagem,
Tanta figura, tanto discurso, que só mesmo um mestre,
Um bom conhecedor, um phd em português, para poder
Escrever bem, e entender a lusitana mãe;
Mas se por ventura passar incólume à grande
Sensação de que vou morrer, fica dado aqui
O recado para gerações vindouras, e não será
Inútil a despedida, e os pedidos feitos aqui;
Por mim, pretendo chegar tranquilamente
Aos oitenta anos do meu tio José Antônio Medina;
Não sei se chegarei vivo, e forte tanto quanto
Ele chegou, apesar das peças que o destino já pregou
A ele, e à família, durante os longos anos;
Deixa eu comer mais uma banana caturra, que
Eu agora estou numa dieta à base de bananas,
E leite; bebo um litro de leite todos os dias, e estou
A me sentir bem, e mais leve do que no tempo
Em que almoçava nos botequins as comidas cheias
De temperos, e de gorduras que me deixavam pesado,
E a arrotar, e a peidar todo o resto do dia, horror;
E no fundo, quando paro para fazer uma comparação
Entre estar aqui, e no Rio de Janeiro, parece que,
Apesar de não lidar aqui com o dinheiro que
Lidava lá, e apesar de aqui, e não ser lá,
Parece-me que estou a me sentir mais feliz aqui,
Não sei se estou a me enganar, ou se estou
A me iludir, ou a mentir para mim, mas,
O fato é que de vez em quando, vem a mim,
Uns rasgos de felicidade, de satisfação, e ligo um
Fato ao outro, e chego à conclusão, que só
Acontece pelo fato de estar aqui, e não estar lá;
Se estivesse lá, estaria com um aborrecimento,
E um desgosto, é que votei no Garotinho por causa
Da Bené, e ele já rompeu com o PDT do Brizola, e
Hoje li no jornal que não vai apoiar a
Candidatura de Bené à prefeitura; penso o
Garotinho um traidor, se ele não apoiar
A Bené, independente de quaisquer circunstâncias;
Vê-la, seu Garotinho, não abandona a Bené, não, viu? (2)

Se morrer amanhã deixo de heranças para quem quiser; Publicado: BH, 0280802013

Se morrer amanhã deixo de herança para quem quiser, 
E souber aproveitar, tudo que já escrevi e lavrei nas faces
Universais; e se não morrer amanhã, e chegar na vida, à uma
Certa idade com a moral elevada, já estarei pago, e recompensado;
Pois devido as más línguas, há até quem diga que me considera no
Livro dos recordes, pois que ser humano algum no mundo jamais
Escreveu tanto, igual, ou mais do que eu; e que com todos os
Papéis que já preenchi, bati quebrei todos os recordes, e que
Escrevo sem usar máquina, secretária, parafernália eletrônica,
Computador, internet, e só a usar caneta esferográfica, lápis,
Papel, a mão, a cabeça, e mais nada: quem tem boca fala o
Que quer; e tudo que deu no que deu, e tudo que saiu no que saiu,
Foi acumulado, e que superou as barreiras de todos aqueles que
Já escreveram artesanalmente, braçalmente, manualmente, sem
Influência, e uso de tecnologia moderna, e avançada; hoje sei
Que muita gente escreve até através de satélite, por meio de
Equipes de escritores fantasmas contratados, por meio de
Consultas aos computadores, por meio da internet, e
Por todo tipo de artifício natural, ou sobrenatural, normal,
E anormal, paranormal, viável, e inviável: e escrevo somente
Comigo, para mim, sem aspirações futuras, e sem pretensões
Materialistas superficiais, e supérfluas, de sonhos consumistas,
Ambições vazias, e sustentações de mentiras vergonhosas;
Se morrer amanhã, já deixo declarado aqui,
Que não será necessário chorar por mim, quem chora por morto
É louco, ou mais morto do que o morto; não será preciso
De flores, velas acesas, velório, ladainhas,
Orações, cantigas de embalar defuntos, e lágrimas sentidas;
E se não morrer amanhã, também estarei feliz,
O moral estará elevado, e não sentirei falta de nada;
Só sentirei falta se um dia acordar, e ter perdido
A vontade de escrever, o tesão de escrever, o clítoris
Da escrita; aí, estarei morto de verdade, e podeis
Enterrar-me, num enterro tradicional, e com tudo
Que tiver direito: inclusive velas, e flores, e as choradeiras,
As mulheres que ficam na sala a velar o morto, e
A chorar, e os amigos que ficam a falar baixinho
Bem do defunto, e o quanto ele era gente boa quando
Vivo; e vivo permanecerei nos fragmentos que deixarei,
E mesmo quando me transformar num fragmento,
Num efêmero espectral entre o limbo, e o real,
Num resto de pensamento, de ondas mentais,
O que deixei de linear, continuará aí,
Na visão, e na modernidade, no concreto, e
No hai cai, e no todo tipo de poesia beat, e em outros
Tipos de manifestações humanas que surgirem pelo
Futuro da humanidade, quando mais não pertencer
A este mundo do qual agora tento modificar,
Através dos meus atos, do meu comportamento, das
Minha palavras, posturas, política, filosofia, e ética natural;
Não estou preocupado em viver além do meu tempo,
Não estou preocupado em viver antes do meu tempo, estou
Preocupado em viver, e em fazer com que as pessoas vivam
Mais, e bem, e sejam felizes nas órbitas do destino traçado  
Nos itinerários que cada um tiver de seguir no
Período em que rastejar pela poeira cósmica do espaço;
E não quero destruir meus nervos na minha dor latente,
Nas minhas têmporas latejantes, e pulsantes de tanto
Clamar por justiça, e paz, e de tanto almejar satisfação
Enquanto a Terra continua a viagem infinita, e perfeita
Acima das nossas cabeças pendentes, e frágeis,
Que qualquer ventania quer tirar do lugar;
E fazer mudar de opinião a cada passo dado
Pelas esquinas das ruas escondidas da cidade; e
Pelos muros que margeiam as calçadas, e as
Paredes das casas que não param de ouvir as
Reclamações, as informações, e os ruídos urbanos
Expelidos pelos primatas sobreviventes da incerteza,
Que a cada dia que passa aumenta cada vez
Mais; apesar de todos os fatores em evidência,
Para exterminar, diminuir, ou acabar com a espécie,
Não têm dado resultado devido o número crescente
De almas dispostas a sofrerem, viverem mal, ganharem
Pouco, e não perderem a esperança, a fé, e a paixão
Dum amanhecer melhor, e mais feliz; e é isso
É que é bonito de se saber, enquanto muitos
Desesperados preferem o suicídio, por não suportarem a
Baixa auto-estima, a depressão, o medo, a doença,
A fraqueza, a mentira, e a falsidade, que querem
Sufocar, e arrancar das veias até a última gota  de sangue;
Vi hoje um retrato que o meu tio José Antônio Medina,
Mandou para o filho dele João Celso Medina, em
Comemoração dos seus oitenta anos; fiquei emocionado,
Pois o meu tio Zé Medina, foi um dos ícones que
Marcou a minha infância em Teófilo Otoni;
Lembro-me até hoje a festa que era ir à casa
Dele, cheia de gaiolas de passarinhos, a fábrica de
Doces, as brincadeiras com os outros filhos, a
Caminhada pela Rio-Bahia, a levar nas mãos
Litros de vidro a conter água de coco; saudades da
Esposa dele a minha tia Santa, já falecida, o primo
Abelardo, também já falecido, morreu a salvar uma pessoa
Que caiu numa cisterna; e o primo Geraldo que morreu
Atropelado, na Rio-Bahia, pelo carro do filho do
Seu Menezes, dono da farmácia, onde eu ganhava
Um tostão para levar injeção, senão não tinha
Jeito, ficava doente, e não deixava aplicar;
Lembro-me também duma outra foto do meu tio, com
Um filho recém-nascido, e morto, no caixãozinho, e
Ele em pé, gigantesco, a segurar a tampa com uma mão,
E com a outra na cintura, a olhar compenetrado o filho
Morto no caixão à sua frente: chocante deveras;
Em tempo: meu tio José Antônio Medina é irmão
Do meu pai Nestor Antônio Medina, que ainda
Tem outros irmãos: Antenor, falecido, Hugolino,
Falecido, Miguel, falecido, e a minha tia Rosa
Medina, a grande lapidadora de pedras de
Teófilo Otoni, também outro ícone de minha infância;
E agora chega de saudosismo, e saudades, e
Bola para a frente, que atrás vem gente, apesar que
É sempre bom lembrar dos parentes que nos ajudaram
A nos formar, e fizeram parte de nossas vidas, e que hoje
Nem sabemos onde estão; e eles também, talvez, nem
Se lembram mais de que existimos, e sentimos saudades;
E não deixamos de pedir a Deus por eles, para que Deus
Possa dá-los saúde, contentamentos, e felicidades.

Blogueiras Negras: E você, é o quê?

Por Nênis para as Blogueiras Negras
Sempre foi muito mais fácil, pra mim, conversar com meninos do que com meninas – e isso acontece até hoje. Desde criança, consigo contar nos dedos quantas amigas meninas eu tinha na escola, na vizinhança e até nas brincadeiras inventadas. Era muito difícil eu conseguir me identificar com as meninas que estavam ao meu redor quando criança, era realmente muito difícil, tanto que eu chorava pra não ir pras aulas de balé, queria porque queria fazer judô com os meus amigos, mas a escola não deixava, nem com pedido da minha mãe – as meninas fazem balé e os meninos judô, sem mais.
Fui crescendo e as escolhas foram aumentando. Meus brinquedos mudaram muito. Depois do looping de carrinhos e da cidade de Lego, minha mãe tentou me dar brinquedos ‘de menina’ e me deu de presente um carro da Barbie, eu já tinha duas das bonecas – acho que foi um dos presentes mais legais que eu já ganhei. Colei todos os adesivos que via pela frente no carro, cortei o cabelo de uma das bonecas e pedia ajuda pra minha irmã com as roupinhas, personalizei tudo e inventei, junto com os meninos, uma corrida maluca com as Barbies. Lembro muito bem da mãe de um dos meninos do meu prédio falando: ‘Olha ali a negrinha moleque, nem com brinquedo da Barbie sabe se comportar igual a uma mocinha.’
Demorou um tempo pra que os meninos me deixassem entrar pra quadra e jogar com eles. Meninas não sabiam jogar bola, com absoluta certeza eu ia atrapalhar o jogo, ou ia irritar todo mundo porque iam ter que me ensinar a jogar, até o dia que deixaram e todo dia tinha alguém me chamando pra ir lá completar o time (mesmo se já tivesse alguém na reserva). Durante os jogos eu não podia me destacar dos outros meninos, eles começavam a pegar muito mais pesado e dizer que ‘futebol é jogo de homem, se quer jogar tem que aguentar’ e eu, sem saber se era verdade mesmo, aguentava, mas me superava a cada jogo.
Meus pais não conseguiram encontrar nenhum clube com time feminino, então comecei a treinar pro time mirim do Corinthians, masculino mesmo – era a única menina do time. Depois de certo tempo jogando lá, as piadinhas ficaram mais abertas: ‘qualquer dia a gente abre a porta do banheiro e vê ela mijando em pé também’, ‘quando eu tiver uma namorada ela nunca vai chegar perto dela, macaca de chuteira’ e coisas similares. Me chateava muito tudo aquilo, mas eu não me atreveria a dizer pros meus pais, eu sei que eles não iam mais deixar eu ir jogar e eu gostava muito, mas depois de um tempo parei de ir, não sei se pelo tratamento do time, ou pelo treinamento físico que não era adequado pra mim.
Na escola, minhas amigas contavam dos meninos, perguntavam se estavam bonitas pra atravessar a sala pra beber água e voltavam perguntando se o menino tinha olhado pra ela. Elas me invejavam porque eu conversava com eles, perguntavam como eu conseguia e eu nunca soube responder. O dia mais esperado de um dos anos da escola foi o dia da festa junina, que íamos todos brincar de verdade ou desafio, eu não queria brincar, mas era a única chance de uma das minhas amigas poder beijar o menino que ela ~amava~. O pessoal se juntou em um círculo, a garrafa estava no meio e a brincadeira ia começar até que eu perguntei se, nos desafios, menina podia beijar menina – ninguém me respondeu, mas pelo olhar de todo mundo eu só dei de ombros e fiquei ali olhando rolar a brincadeira, não quis nenhum desafio, minha amiga beijou o menino que ela queria e dois dias depois estava chorando no meu colo porque ele não gostava dela.
Eu voltava da escola de perua e minha maior ansiedade era quando a ruiva de outra escola voltava com a gente. Ela era mais velha, sempre sorria pra mim e me contava umas histórias muito legais. Um dia eu vi na mochila dela um arco-íris e perguntei se ela gostava e ela me disse que não era um arco-íris, era o símbolo da diversidade. Questionei sobre a diversidade e ela disse que um dia eu saberia, que não seria ela que ia explicar e me deu um beijo na testa. Eu fiquei estranha. Fiquei com calor e frio ao mesmo tempo, eu não conseguia abrir meus olhos mas eu a via ali na minha frente perfeitamente e quando cheguei em casa desmontei na cama num choro de preocupar a casa inteira, mas eu não sabia porque que eu tava chorando – até chegar nos meus 12 anos.
Foto de Rubenkings no Flickr
Foto de Rubenkings no Flickr
Era show da Dominatrix (banda de punk rock feminista que sou muito fã) e eu tava com uma vontade muito doida de subir no palco e pular em todo mundo ali, e fui! Não sei quanto tempo durou o mosh, mas assim que senti meus pés no chão senti alguém me puxar pela cintura e me pedir um beijo, antes que eu pudesse entender o que tava acontecendo, eu mesma tinha beijado a menina, tinha sido o máximo! Voltando pra casa, tentei ao máximo esconder que estava muito contente, pra não ter que dizer o porquê e quando me liguei exatamente do motivo, entrei num desespero sem tamanho: ‘acho que sou lésbica’.
Demorei um bom tempo pra compreender e com a ajuda da minha irmã, consegui contar pros meus pais depois de alguns anos. Minha mãe com medo do que poderia acontecer comigo na rua, ela me lembrava de que eram dois pesos muitos grandes pra eu carregar – negra e lésbica, complicado. Meu pai transbordando força, orgulhoso pela determinação e confiança que depositei nele por contar.
Eu sou a Nênis. Negra, lésbica, canhota, curiosa e assim vai. E você, é o quê?
A Nênis se chama Anna Claudia, é lésbica, trabalha com jogos online e é apaixonada pela Kathleen Hanna. Descobre um pouco mais todos os dias e nunca está satisfeita e, por isso, agradece a todxs que escrevem na interwebz. E também escreve no CanalSap.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Blogueiras Negras: Garota preta e lésbica – Um pequeno auto descobrimento.

Por Andressa Amano para as Blogueiras Negras
“Você é sapatãããããããããããããoooo?” Assim cheio de vogais, interrogações e curiosidade extrema que veio o questionamento de um colega sobre minha orientação sexual. Na época com doze anos ,não sabia responder àquela pergunta. Afinal,sendo de uma família extremamente religiosa e iniciando a adolescência, não tenha ideia do que era ser uma “sapatão”. Em minha cabeça, sapatões eram mulheres extremanente promíscuas, feias,pecadoras.”Nunca iriam alcançar o reino dos céus”, dizia minha mãe.
Até que beijei uma amiga. Simples, num dia comum, enquanto conversávamos animadas sobre alguma bobagem adolescente. Talvez fosse RBD, sei lá. Aí veio o peso daquele ato. Pesou muito. Pesou porque gostei. E muito. Mas não sabia o que fazer, o que dizer.
O tempo passou e eu sofri calada. Beijei e namorei garotos, todos eles muito legais (Brinks galera, nem todos) E quando me perguntavam se eu era bissexual, falava: “Sim,mas digamos que eu gosto 80% de garotas e 20% de garotos.” Os 20% diminuíram para 15%, 10%, 5% e se findaram. Como descobri isso? Numa conversa animada com uma outra amiga, sobre bobagens quaisquer.
Se foi uma descoberta fácil e simples ?Não. Afinal de contas, como eu ia comentar o assunto com minhas irmãs, com meus pais, colegas de escola? Qual seria a reação deles?
Alguns disseram que eu fazia onda, que ia pela nova moda (ser gay é o pretinho básico atual). Outros disseram que eu sou louca, que quero chamar a atenção. Minhas irmãs e tias creem que eu vim para quebrar barreiras. Minhas amigas me apoiam. Tem gente que acha que é só uma fase, devido aos meu dezoito anos. Muitas opiniões divergentes.
Sei que isso não é apenas uma fase. É a minha certeza de vida. Como mulher negra e lésbica, luto por meu respeito. Luto para não ser invisibilizada. Quero derrotar meus inimigos. Inimigos esses o machismo,o patriarcado, a lesbofobia, a transfobia, a homofobia e tantos outros. O fato de me descobrir sapatão só fez aumentar meu desejo de mudanças no mundo.
Fotografia de Zanele Muholi
Fotografia de Zanele Muholi
Andressa Amano é estudante, preta, sapatão, ama livros, feminismo, maquiagem e cartoons. E acha a Princesa Caroço uma feminista queer mítica e linda!

Llewellyn Medina, Epitáfio.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Por Natalia Soares para o Blogueiras Negras

"O melhor cigarro é aquele  que se fuma com os dedos cheirando a buceta, depois do sexo"
“O melhor cigarro é aquele que se fuma com os dedos cheirando a buceta, depois do sexo”
Eu não gosto de homem
Da fala, da Cabeça
Na alma menosprezo
A mínima possibilidade de conversa

Eu não gosto de homem
Porém hoje confesso
Que gosto do sexo
Mas a alma não teve progresso

Eu não gosto de homem
Sem plural, sem S
Porque sem exceção
Dificultam o processo

Com as unhas grandes
Não atiro as bitucas longe
Não penetro bocetas
Não lembro seu nome

Parece que fico gostando de homem

Natalia Soares é antropóloga, cozinheira, feminista e sapatão. Escreve suas poesias no Alma sem teto.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Empresta-me uma bomba atômica aí; BH, 01601201999; Publicado: BH, 0230802013.

Empresta-me uma bomba atômica aí,
Uma de última geração e de efeito bem devastador,
Quero explodi-la dentro da minha cabeça,
Para libertar a minha inteligência,
Liberar a minha criatividade; e
Aguçar a sabedoria e tudo de mais,
Que possa obstruir a capacidade de conhecimento;
Prefiro viver mil vezes sem cabeça do que
Viver com esta esfera de chumbo bruto,
Ferro natural e magma de vulcão extinto; preciso 
Deixar fluir a lava que incandescente jaz adormecida,
Que só faz a cabeça doer e a ponto de estourar;
Vou aproveitar a oportunidade e explodi-la logo,
Antes que eu morra no esquecimento do esquecimento;
Pois a necessidade de minha inexistência me força
A querer deixar um legado hereditário de herança;
Não herança de bem material e financeiro,
Uma herança de tesouro enterrado e escondido
Nos mais profundos recônditos da minha mente;
Não será qualquer descobridor de tesouros,
Munido com os mais avançados instrumentos,
Radares, sonares, robôs e máquinas de profundidade,
De resistência à altura e à velocidade,
Que irá descobrir o tesouro que por ventura eu tenha
Sepultado e encaixotado e enclausurado,
No meu cemitério pessoal e particular;
A inexistência me faz reagir e pensar,
Que um dia no além da eternidade,
Eu seja reconhecido por mim mesmo,
E dê um basta à minha mania de me caçar;
Se não me encontro em nada no tudo,
Não posso querer sair do poço em que me encontro,
Não posso querer que faleis comigo naturalmente,
Como se eu fosse, ou seja, sou algo útil;
Vivo só na futilidade de não entender
A mídia, e a internet, e toda a parafernália,
Que faz o homem moderno existir e ser mais importante,
Do que uma borboleta colorida pousada numa flor;
A telefonia celular ultra moderna e avançada é
Outro fator que faz o homem de 2000,
O fruto máximo da existência e do ser;
Sem um celular na mão,
O homem do século XXI deixa de existir;
E então que quererei eu, abominável troglodita,
Que ainda não evoluí da idade da pedra lascada?
Ainda não aprendi a caminhar,
Ainda não aprendi a respeitar e a amar?
Que quererei eu que não sou nada
Daquilo que a sociedade de consumo,
Almeja que eu seja o mais rápido possível?
Não sou navegador e nem náufrago da internet,
Estou mais para argonauta, do que para internauta,
Estou mais para vinil e k7, do que para cd rom;
Mais deslocado do que um satélite natural,
Ao longe e alheio e fora da órbita que quereis
Colocar-me com a modernidade e o progresso;
Considero-me que não posso ser moderno na pobreza,
Na miséria e na fome e na guerra,
Na devastação das queimadas das florestas;
E o extermínio das crianças e meninos e meninas de rua?
E a dominação dum país poderoso,
A um outro país mais subdesenvolvido e fraco?
Quando será que essas coisas vão acabar?
Não posso me considerar moderno e evoluído,
Com tantos percalços e desníveis no meu meio;
Por isso, se por aí, alguém estiver a pensar,
Em  testar uma bomba atômica de maior poder,
Que faça o teste com ela dentro da minha cabeça;
Não use o subsolo da Terra,
Para que não aconteça mais terremotos.

Luiz Inácio Lula da Silva, A hora da ação política.


            A lenta retomada da economia global e os seus enormes custos sociais, especialmente nos países desenvolvidos exigem uma corajosa mudança de atitude. É preciso identificar com clareza a raiz da crise de 2008, que em muitos aspectos se prolonga até hoje, para que os líderes políticos e os órgãos multilaterais façam o que deve ser feito para superá-la.
A verdade é que, no dia 15 de setembro de 2008, quando o banco Lehman Brothers pediu concordata, o mundo não se viu apenas mergulhado na maior crise financeira desde a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Viu-se também diante da crise de um paradigma.
Outros grandes bancos especuladores nos Estados Unidos e na Europa só não tiveram o mesmo destino porque foram socorridos com gigantescas injeções de dinheiro público.  Ficou evidente que a crise não era localizada, mas sistêmica. O fracasso não era somente desta ou daquela instituição financeira, mas do próprio modelo econômico (e político) predominante nas décadas recentes. Um modelo baseado na ideia insensata de que o mercado não precisa estar subordinado a regras, de que qualquer fiscalização o prejudica e de que os governos não tem nenhum papel na economia, a não ser quando o mercado entra em crise.
 Segundo este paradigma, os governos deveriam transferir a sua autoridade democrática, oriunda do voto – ou seja, a sua responsabilidade moral e política perante os cidadãos – a técnicos e organismos cujo principal objetivo era o de facilitar o livre trânsito dos capitais especulativos.
Cinco anos de crise, com gravíssimo impacto econômico e sofrimento popular, não bastaram para que esse modelo fosse repensado. Infelizmente, muitos países ainda não conseguiram romper com os dogmas que levaram ao descolamento entre a economia real e o dinheiro fictício, e ao círculo vicioso do baixo crescimento combinado com alto desemprego e concentração de renda nas mãos de poucos.
O mercado financeiro expandiu-se de modo vertiginoso sem a simultânea sustentação do crescimento das atividades produtivas. Entre 1980 e 2006, o PIB mundial cresceu 314%, enquanto a riqueza financeira aumentou 1.291%, segundo dados do McKinseys Global Institute e do FMI. Isso, sem incluir os derivativos. E, de acordo com o Banco Mundial, no mesmo período, para um total de US$ 200 trilhões em ativos financeiros não derivados, existiam US$ 674 trilhões em derivativos.
         Todos sabemos que os períodos de maior progresso econômico, social e político dos países ricos durante o século XX não tem nada a ver com a omissão do Estado nem com a atrofia da política.
A decisão política de Franklin Roosevelt, de intervir fortemente na economia norte-americana devastada pela crise de 1929, recuperou o país justamente por meio da regulação financeira, o investimento produtivo, a criação de empregos e o consumo interno. O Plano Marshall, financiado pelo governo norte-americano na Europa, além de sua motivação geopolítica, foi o reconhecimento de que os EUA não eram uma ilha e não poderiam prosperar de modo consistente num mundo empobrecido.  Por mais de trinta anos, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, o Welfare State foi não apenas o resultado do desenvolvimento mas também o seu motor.
Nas últimas décadas, porém, o extremismo neoliberal provocou um forte retrocesso.  Basta dizer que, de 2002 a 2007, 65% do aumento de renda dos EUA foram absorvidos pelos 1% mais ricos. Em quase todos os países desenvolvidos há um crescente número de pobres. A Europa já atingiu taxas de desemprego de 12,1% e os EUA, no seu pior momento, de mais de 10%.
O brutal ajuste imposto à maioria dos países europeus – que já foi chamado de austericidio – retarda desnecessariamente a solução da crise. O continente vai precisar de um crescimento vigoroso para recuperar as dramáticas perdas dos últimos cinco anos. Alguns países da região parecem estar saindo da recessão, mas a retomada será muito mais lenta e dolorosa se forem mantidas as atuais políticas contracionistas. Além de sacrificar a população europeia, esse caminho prejudica inclusive as economias que souberam resistir criativamente ao crack de 2008, como os EUA, os BRICS e grande parte dos países em desenvolvimento.
O mundo não precisa e não deve continuar nesse rumo, que tem um grande custo humano e risco político. A redução drástica de direitos trabalhistas e sociais, o arrocho salarial e os elevados níveis de desemprego criam um ambiente perigosamente instável em sociedades democráticas.
Está na hora de resgatar o papel da política na condução da economia global. Insistir no paradigma econômico fracassado também é uma opção política, a de transferir a conta da especulação para os pobres, os trabalhadores e a classe média.
A crise atual pode ter uma saída economicamente mais rápida e socialmente mais justa. Mas isso exige dos líderes políticos a mesma audácia e visão de futuro que prevaleceu na década de 1930, no New Deal, e após a II Guerra Mundial.
É importante que os EUA de Obama e o Japão de Shinzo Abe estejam adotando medidas heterodoxas de estímulo ao crescimento. Também é importante que muitos países em desenvolvimento tenham investido, e sigam investindo, na distribuição de renda como estratégia de avanço econômico, apostando na inclusão social e na ampliação do mercado interno.  O aumento de renda das classes populares e a expansão responsável do crédito mantiveram empregos e neutralizaram parte dos efeitos da crise internacional no Brasil e na América Latina. Investimentos públicos na modernização da infraestrutura também foram fundamentais para manter as economias aquecidas.
Mas para promover o crescimento sustentado da economia mundial isso não é suficiente. É preciso ir além. Necessitamos hoje de um verdadeiro pacto global pelo desenvolvimento, e de ações coordenadas nesse sentido, que envolvam o conjunto dos países, inclusive os da Europa.
Políticas articuladas em escala mundial que incrementem o investimento público e privado, o combate à pobreza e à desigualdade e a geração de empregos podem acelerar a retomada do crescimento , fazendo a roda da economia mundial girar mais rapidamente.
Elas podem garantir não só o crescimento, mas também bons resultados fiscais, pois a aceleração do crescimento leva à redução do déficit público no médio prazo. Para isso, é imprescindível a coordenação entre as principais economias do mundo, com iniciativas mais ousadas do G-20. Todos os países serão beneficiados com essa atuação conjunta, aumentando a corrente de comércio internacional e evitando recaídas protecionistas.

A economia do mundo tem uma larga avenida de crescimento a ser explorada: de um lado pela inclusão de milhões de pessoas na economia formal e no mercado de consumo – na Ásia, na África e na América Latina – e de outro com a recuperação do poder aquisitivo e das condições de vida dos trabalhadores e da classe média nos países desenvolvidos. Isso pode constituir uma fonte de expansão para a produção e o investimentos mundiais por muitas décadas.

Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Os Médicos e os Monstros; BH, 0210802013; Publicado: BH, 0210802013.

Na infância, ouvia contar a história,
Do Médico e o Monstro, morria
De medo; um médico, bebia o
Resultado duma fórmula, e
Transformava-se num monstro;
Atualmente, não há mais médicos,
Só monstros, e não precisaram ingerir
Nenhuma fórmula, o comportamento
Mostra que são todos uns monstros;
Hipócrates há muito tempo ficou esquecido
No túmulo da antiguidade, e os
Que fizeram o seu juramento, sem
Escrúpulos, ética, virtude, moral
Seguem a cometer todo tipo de delito:
Aborto clandestino, tráfico de órgãos
Humanos, negligências, e recusa
A atender pacientes, principalmente,
No serviço público; e podemos dizer,
Que só os muito ricos, estão
Autorizados a dizer que têm
Médicos; já os pobres, os que dependem
Da saúde pública, a saída é
Contar com a sorte, e não
Adoecer, e se adoecer, fingir
Que está com saúde; pois se cair
Nas mãos dum desses monstros,
É capaz de ter o atestado de óbito
Em vida, num coma induzido, e com
A causa mortis alterada, e os órgãos
Vendidos para transplantes fora das
Filas de esperas legais: e assim como
Vão-se os anéis, e ficam os dedos,
Vão-se os médicos, e ficam os monstros.

Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, Natal.

Penso no Natal.
No teu Natal.
Para a bondade
A minh'alma se volta.
Uma grande saudade
Cresce em todo o meu ser magoado pela ausência.
Tudo é saudade...
A voz dos sinos...
A cadência
Do rio...
E esta saudade é boa como um sonho!
E esta saudade é um sonho...
Evoco-te...
Componho
O ambiente cuja luz os teus cabelos douram.
Figuro os olhos teus, tristes como eles foram
No momento final de nossa despedida...
O teu busto pendeu como um lírio sem vida,
E tu sonhas na paz divina do Natal...
Ó minha amiga, aceita a carícia filial
De minh'alma a teus pés humilhada de rastos.
Seca o pranto feliz sobre os meus olhos castos...
Ampara a minha fronte, e que a minha ternura
Se torne insexual, mais do que humana - pura
Como aquela fervente e benfazeja luz
Que Madalena viu nos olhos de Jesus...

                                                         
                                                                    Clavadel, 1913

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Fragmentos dos tratados das leis; BH, 0140150202000; Publicado: BH, 0200802013.

Lei primeira: todo hospital em território nacional é obrigado
A aceitar em suas dependências, como paciente, qualquer
Tipo de cidadão, independente de classe, e condição social,
Sem restrição, exigência, empecilhos, e percalços fúteis;
Lei segunda: toda universidade, faculdade, escola, quartel,
Posto de saúde, sindicato, igreja são obrigados a amparar
Um certo número de menores de rua, segundo a condição
Comprovada: quem puder amparar um, ampara um, quem
Puder amparar dez, ampara dez, e a dar toda a condição de
Infraestrutura, saúde, educação, formação profissional,
Lazer, e tudo  que for necessário para garantir um futuro feliz,
Aos meninos, e meninas desamparados pelas autoridades;
Lei terceira: todo prédio vazio, abandonado pelo proprietário,
Desocupado já há alguns anos, será reformado, viabilizado
Para moradia, e entregue às famílias de baixa renda,
Com perfeito acompanhamento da fiscalização, e assistência;
Lei quarta: toda criança em idade escolar tem que
Estar matriculada em escolas particulares, estaduais,
Federais, municipais, religiosas, de samba, com todo material,
Alimentação, lazer, cultura, serviço odontológico, higienização,
Educação sexual, de ética, de lógica, e de comportamento;
Lei quinta: todo cidadão é obrigado a se respeitar, a respeitar
O próximo, a não ser imprudente, mal educado, sem
Educação, a ceder a vez no trânsito, a não estacionar em
Cima das calçadas, e a respeitar ao pedestre, mesmo quando
Esse estiver errado, e, a evitar de atropelá-lo;
Lei sexta: é proibido portar, e fabricar qualquer tipo de armas
Em território nacional, bem como importar, e contrabandear;
Lei sétima: as fronteiras serão fechadas à entrada de drogas de
Qualquer espécie, e todo tipo de droga apreendido, terá que ser
Imediatamente destruído de qualquer maneira;
Lei oitava: todo posto de saúde é obrigado a ter todos os tipos de
Remédios, e as farmácias que não venderem remédios bem
Baratos, serão imediatamente fechadas;
Lei nona: é proibido cortar árvores, por qualquer que seja
O motivo, e botar fogo nas florestas, arrancar uma folha sequer
Dum galho, é deixar a folha cair por conta própria;
Lei décima: todo invasor da Amazônia terá que
Abandoná-la, e os índios, donos das terras, e da floresta,
Ocuparão suas antigas terras, e aldeias, sem interferência de ninguém;
Lei décima primeira: é proibido jogar lixo, ou qualquer
Tipo de objeto poluente no meio ambiente, e nos rios,
Lagos, lagoas, córregos, riachos, praias, mares, e oceanos;
Lei décima segunda: é proibido prender, e criar passarinhos
Em gaiolas, viveiros, cativeiros, alçapões, arapucas, e outras armadilhas;
Lei décima terceira: é proibido caçar, matar, aprisionar
Qualquer tipo de animal da fauna em território nacional;
Lei décima quarta: é proibido fumar na atmosfera,
Pescar filhotes de peixes, caçar baleias, golfinhos, e focas,
Pinguins, leões, e elefantes marinhos, e tartarugas;
Lei décima quinta: é proibido pisar nas formigas, pisar
Na grama, matar calangos, borboletas, tanajuras, e joaninhas;
Lei décima sexta: é proibido ser ignorante, estúpido, não usar a
Inteligência, a sabedoria, o conhecimento, a genialidade,
A mentalidade, e a memória em benefício da felicidade comum;
Lei décima sétima: é proibido ofuscar a luz do sol
Com a fumaça negra da poluição do desenvolvimento;
Lei décima oitava: é proibido poluir as águas, as fontes,
As cacimbas, as cisternas, os açudes, os poços, ribeirões, e nascentes;
Lei décima nona: é proibido deixar o semelhante
Passar fome, viver na miséria, na desgraça, na
Pobreza, sem emprego, sem salário suficiente, sem
Esperança, e confiança no futuro, sem perspectiva, e solução;
Lei vigésima: é proibida a falta da cultura, é proibido o fim
Dos livros, a falta de leitura, de escrita, e das letras,
Da literatura, do teatro, cinema, circo, palhaços, etc;
Lei vigésima primeira: todas as leis criadas pela burguesia, pela elite,
Pelo senado, pela câmara dos deputados, assembleias, vereadores,
Presidente da República para beneficiá-los, e aos demais
Aproveitadores das tetas das mamatas, das maracutaias, das
Jogatinas, cirandas financeiras, paraísos fiscais estão
Terminantemente sem efeito, sem valor, validade, e revogadas;
Lei vigésima segunda: é expressamente proibida toda, e
Qualquer remessa de divisas ao exterior para engordar
As contas já astronômicas de banqueiros, e de empresários
Espertos que não investem os lucros onde eles são gerados;
Lei vigésima terceira: não é permitida a importação
De cérebros estrangeiros, em detrimento, e preterência
Aos cérebros nacionais, e não se pode, e nem se deve
Gerar empregos para forasteiros, e deixar os nativos a
Verem navios, e de mãos vazias, e desesperados;
Lei vigésima quarta: a burguesia, e a elite estão
Obrigadas a dividirem a renda, a pagarem mais
Impostos, a investirem mais no social;
Lei vigésima quinta: é proibido morar no meio
Das ruas, debaixo das marquises, pontes, viadutos,
E em residências sem condições humanas de habitação;
Lei vigésima sexta: cada deputado federal, estadual, senador, vereador,
Governador, presidente, ministro, secretário, empresário,
Banqueiro, testa de ferro de multinacionais, general
Sem guerra, contra almirante sem tiro, e demais
Sanguessugas da nação, são obrigados a construir pelo
Menos uma casa por meio próprio, e doá-la a um sem teto,
Ou a quem ainda não tenha onde morar com a família;
Lei vigésima sétima: todo funcionário público, é obrigado
A trabalhar, a atender bem ao cidadão, a deixar de ficar
A coçar o saco, a funcionar, a fiscalizar as coisas públicas, a preservar,
E a ajudar no desenvolvimento, e na modernidade do bem;
Lei vigésima oitava: todo cartel, e monopólio serão quebrados,
E as pequenas, e médias empresas também terão chances, e
Oportunidades iguais no livre mercado, e comércio;
Lei vigésima nona: não será concedida nenhuma
Proteção, facilitação, empréstimo de dinheiro, às empresas
Multinacionais, que queiram abrir filiais no país;
Todas que quiserem terão que abrir com os próprios
Recursos, sem um centavo do dinheiro dos cofres públicos;
Lei trigésima: é proibida a importação predatória,
Todo produto pode ser fabricado no país, a gerar
Emprego, e impostos, e está proibido de ser importado o que
Se pode desequilibrar a economia interna;
Lei trigésima primeira: toda exportação só pode
Ser feita a preços de mercado, e os impostos que forem
Cobrados têm que ser maiores que os do mercado
Interno, a gerar mais divisas, e recursos nacionais;
Lei trigésima segunda: a criança é intocável, tem que ser venerada
Como se fosse santa, não pode sofrer violências, abusos
Sexuais, espancamentos, cárceres privados, desrespeitos,
Passar fome, frio, sede, e demais necessidades, e tem que viver
Em segurança, com esperança, alegria, felicidade, e sem distúrbios;
Lei trigésima terceira: a mulher não deverá ser discriminada,
E nem relevada a uma segunda posição, e em qualquer
Situação tem os direitos iguais, e as mesmas proporções,
E grávida tem que ser bem acompanhada, a ficar
A critério dela se escolher a maternidade de alta e boa
Qualidade, onde dará à luz, com todo acompanhamento;
Lei trigésima quarta: a polícia perderá a ação,
A validade, e a atuação; já que as armas não serão
Mais toleradas, juntamente com as drogas, e os motoristas
Imprudentes, mal educados, e sem educação;
Lei trigésima quinta: a polícia até poderá
Existir, se se reciclar na condição em que será só
Para proteger o cidadão, ao não importar a sua
Condição social, e não existirá mais essa de proteger
O rico, e o branco, e trucidar, torturar, e eliminar
O pobre, o negro, e os desprivilegiados pela sociedade;
Lei trigésima sexta: as forças armadas serão extintas,
A partir do momento que não desenvolverem o papel
De proteção à Floresta Amazônica, às fronteiras para
Impedir contrabando de armas, e de drogas, e as
Selvas para impedir as caçadas, as queimadas,
Aprisionamentos de animais, matanças de índios;
Lei trigésima oitava: toda terra em condição de
Plantio terá de ser cultivada com a cultura de base:
Arroz, feijão, milho, soja, alho, cebola, alface, repolho,
Laranja, limão, mamão, manga, abacaxi, coco, uva, maçã,
Pera, banana, mandioca, agrião, couve, batata, inhame, e etc;
Lei trigésima nona: é proibido votar, quem quiser
Ser eleito, quem quer se comprometer com o povo, é
Assinar um termo público de fé, e de responsabilidade,
A dar a palavra de não trair o povo, e não legislar
Somente em benefício próprio, da burguesia, e da elite;
Só depois de muita garantia é que vai merecer
O voto do povo, para algum cargo público almejado;
Lei quadragésima: o presidente está proibido de sair
A viajar pelo mundo a gastar dinheiro dos cofres
Públicos, e quando quiser viajar, só depois que
Abandonar o cargo, prestar contas da administração
Ao povo, e aí, com dinheiro do próprio bolso, poderá
Correr o mundo todo com o bando de puxa-sacos;
Lei quadragésima primeira: toda riqueza do subsolo
Pertence à nação, e se vier a ser explorada, os lucros
Gerados têm que ser gastos nas melhorias da vida do povo;
Lei quadragésima segunda: é proibido ao cidadão
Ganhar esta vergonha esta esmola, este desrespeito
Chamado de salário mínimo; deverá ser preso
Imediatamente, o responsável, e quem tiver a
Coragem de pagar a um semelhante, a quantia
Que é hoje o salário mínimo base nacional;
Lei quadragésima terceira: é estabelecida a liberdade
De democracia de verdade, a abolição da mentira,
O banimento da falsidade, ilusão, e enganação;
Lei quadragésima quarta: é proibida a abertura de
Igrejas com o intuito de enganar ao povo, com
Promessas de salvação, através do uso de doação de
Dinheiro, e todo pastor, bispo, padre, e etc, têm que
Suar a camisa numa profissão paralela, e útil, e
Não só enriquecer no blá-blá-blá, e na usurpação
Do dinheiro alheio, pelo método famigerado do dízimo;
Lei quadragésima quinta: a guerra está proibida,
Toda nação deve ser livre, e independente, e
Ninguém pode viver sob o jugo de outrem; e
Ninguém tem o direito de bombardear ninguém; e
Está proibido o bombardeio, a guerrilha, e o terrorismo; e
O campo minado, o campo de refugiados, e todo o
Cidadão tem o direito de viver dentro da
Própria nação, sem sofrer um único delito sequer;
Lei quadragésima sexta: está estabelecida a paz, e
A paz jamais poderá ser quebrada, desrespeitada, agredida;
A paz jamais será destruída, e todo homem é obrigado
A viver a própria vida em paz, e a fazer com que,
E a dar condição para que, todo homem possa,
Levar a própria vida em paz, e em felicidade,
Harmonia, irmandade, e toda tranquilidade possível;
Lei quadragésima sétima: toda lei burra, idiota,
Ignorante, injusta, cruel, draconiana, insana,
Sem inteligência, sem sabedoria está extinta por si só, e basta;
Lei quadragésima oitava: ninguém poderá mais ser
Analfabeto, e a cultura tem que ser elevada à
Condição de necessidade de primeira linha,
Tal qual o arroz, e o feijão que comemos no almoço;
Lei quadragésima nona: é obrigado a tocar música
Clássica em todas as rádios, vinte e quatro
Horas por dia, bem como na televisão, onde
Toda a programação tem que seguir uma linha
De qualidade, e de inteligência superiores ;
Lei quinquagésima: é proibido o abandono, o desprezo,
O pouco caso, a indiferença, com que a maioria
Do povo é tratada pelas chamadas autoridades;
Lei quinquagésima primeira: é proibido todo o
Tipo de abuso de autoridade, carteirada, o sabem com
Quem estão a falar, o abuso de poder, e o uso de força;
Lei quinquagésima segunda: duma vez por todas: só
Estará permitido o uso da inteligência, e da
Genialidade, e do pensamento, e da sabedoria,
Do conhecimento, e da positividade da mente; e
Outros meios não poderão ser usados, e só a
Presença do cérebro sadio, que não cria bombas
Atômicas, que não cria meios de extermínios, e será
A arma desenvolvida na proteção do bem comum;
Lei quinquagésima terceira: é permitido o aborto, de
Acordo com a vontade soberana da mulher que o desejar,
Em casos extremos, e bem discutido pela sociedade,
E todo o casal que se amar, deverá antes de mais
Nada ter condições, justamente com a comunidade,
A encaminhar bem os filhos, dentro das leis;
Lei quinquagésima quarta: todas estas leis entrarão
Imediatamente em vigor na tentativa de levar a felicidade
Ao seio do povo da humanidade, sem o intuito de atrapalhar,
De causar dano, desmoralizar, ou humilhar qualquer
Que seja o componente, ou o semelhante, e quem mais vier
Tomar conhecimento destes fragmentos deste tratado das leis.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Bruna Beber.

todo urubu titia gritava
urubu urubu, sua casa
tá pegando fogo
todo estrondo na rua
papai dizia eita porra
aposto qué bujão de gás
todo avião vovó acenava
é seu tio! desquentrou preronáutica
num tenho mais sossego
temi e ainda temo toda espécie
inflamável lamentei tanto urubu
desabrigado desejei o fim
da força aérea brasileira
só custei a entender mamãe
e o que queria dizer com seu irmão
não vem mais brincar com você
papai do céu levou.

Bruna Beber.

quanto tempo falta pra gente se ver hoje
quanto tempo falta pra gente se ver logo
quanto tempo falta pra gente se ver todo dia
quanto tempo falta pra gente se ver pra sempre
quanto tempo falta pra gente se ver dia sim dia não
quanto tempo falta pra gente se ver às vezes
quanto tempo falta pra gente se ver cada vez menos
quanto tempo falta pra gente não querer se ver
quanto tempo falta pra gente não querer se ver nunca mais
quanto tempo falta pra gente se ver e fingir que não se viu
quanto tempo falta pra gente se ver e não se reconhecer
quanto tempo falta pra gente se ver e nem lembrar que um dia se conheceu

domingo, 18 de agosto de 2013

Ao senhor cronista, Carlos Herculano Lopes; BH, 02501102008; Publicado: BH, 0180802013.

Ao senhor cronista,
Carlos Herculano Lopes:
Parabéns demais por tua crônica do dia 25/11/2008;
Não perco uma, e penso que uma das
Coisas que ainda salva o Estado de Minas, é a
Última página do Caderno Cultura;
Hoje para mim foi emocionante, pois me
Surpreendi com as tuas citações a respeito
De Teófilo Otoni, donde sou
Natural, e da cidade de Medina, que
É meu sobrenome; e me senti como se
Fosse o homem que morava debaixo da
Marquise, e também como se fosse o
Que conversou com ele;
Emocionante, singela, e bela a crônica,
Mais uma vez parabéns,
Grato, e cordialmente.

Opera Mundi, James Meredith.

Wikimedia Commons
Em 18 de agosto de 1963, o estudante e ativista norte-americano James Meredith tornou-se o primeiro negro a se formar na Universidade do Mississipi, sul dos Estados Unidos. Esse ato foi considerado uma virada a favor do Movimento pelos Direitos Civis dos EUA. Dois anos antes, ele já havia chamado a atenção do país ao conseguir se inscrever e, com muita dificuldade e sob ameaças, entrar e estudar na instituição, enfrentando a ira e os protestos da elite branca do Estado.

Meredith, hoje com 80 anos, sempre admitiu que sua decisão de exercer seus direitos foi inspirada pelo discurso de posse do então presidente John Fritzgerald Kennedy – sobre a necessidade de cada americano ser um cidadão ativo. Muito mais do que se formar, o objetivo principal do ativista era pressionar o governo a garantir e ampliar os direitos civis à população negra em todo o território.

Meredith nasceu em Kosciusko, no estado segregacionista do Mississipi, de uma família de origem negra e indígena (tribo choctaw, expulsa da região no passado). Depois de estudar em escolas só permitidas para negros, alistou-se nas Forças Armadas e serviu a Aeronáutica de 1951 a 1960.

No final de 1961, quando concluiu seu segundo ano no curso de Ciências Políticas da Universidade de Estadual de Jackson, no mesmo Estado, decidiu pedir transferência para a Universidade do Mississipi que, amparada pela legislação racista do Estado, só aceitava estudantes brancos. Se uma decisão da Suprema Corte de 1954, no caso Brown vs. Education, já havia determinado que tal política não poderia mais ser aceita em instituições de ensino, ela ainda não havia sido colocada em prática naquele estado.

Em carta à universidade, Meredith disse que queria a inscrição “por seu país, por sua raça, por sua família e por si mesmo”. “Estou ciente das possíveis dificuldades envolvidas nessa ação assim como sei que, embora subestimado, estou totalmente preparado para obter uma graduação na Universidade de Mississipi”, escreveu o ativista na ocasião.

Após receber duas negativas entrou na justiça em 31 de maio de 1961 alegando ter sido rejeitado unicamente pela cor de sua pele, já que tinha um currículo escolar adequado e suficiente para ser aceito. A decisão final só saiu através da Suprema Corte que, no mesmo ano, determinou a aplicação de seu pedido.
 
Wikimedia Commons
Mesmo com o aval jurídico, o governador do Estado, Ron Barnett, tentou de todas as maneiras barrar sua entrada, forçando a aprovação de uma lei que proibia “qualquer pessoa com antecedentes criminais no estado ser aceita em uma instituição estadual de ensino”. Meredith havia sido condenado no passo por registro eleitoral falso, em razão de especificidades na lei eleitoral do Mississipi que coibiam o voto de eleitores negros.

Com a intervenção do procurador-geral dos EUA, Robert Kennedy, Barnett foi obrigado a concordar, relutantemente, com o pedido de Meredith.

Após a admissão, o ativista foi barrado no portão de entrada no dia 20 de setembro, só conseguindo ingressar fisicamente, sob forte escolta policial, no dia 1.º de outubro. Estudantes brancos e ativistas pró segregação chegaram a cercar o campus naquele dia tentando impedir sua entrada. Robert Kennedy precisou da ajuda das Forças Armadas para desocupar o local e garantir a segurança do ativista. Duas pessoas morreram, incluindo um jornalista francês encontrado morto com um tiro nas costas. Um dos carros responsáveis pela segurança foi incendiado e os dois ocupantes, que saíram de lá ilesos, ainda tiveram de escapar de um tiroteio. 160 dos 500 U.S. Marshalls (agentes pertencentes ao Departamento de Justiça) convocados pelo governo ficaram feridos, além de 40 membros da Guarda Nacional.

Após se formar, continuou seus estudos na Nigéria, voltou aos EUA para organizar marchas pelo direitos civis (como a "Marcha contra o Medo", de Memphis a Jackson, onde chegou a ser baleado).

Na carreira política, sempre militou pelo partido Republicano. Foi duramente criticado por membros do movimento negro ao assessorar, entre 1989 a 1991, o senador ultraconservador Jesse Helms, da Carolina do Norte, que atuara no passado contra a intervenção federal em assuntos que ele considerava de responsabilidade estadual – incluindo integração racial, o Ato de Direitos Civis e o Ato do Direito ao Voto, todos embates caros ao movimento negro. O mesmo Helms tentou impedir que o Senado aprovasse um feriado nacional em homenagem a Martin Luther King. Meredith justificou sua opção ao dizer ter oferecido seus serviços a todos os senadores da República, e apenas Helms abriu as portas para ele.

Em 2002, durante a celebração dos 40 anos de sua admissão, seu filho, Joseph, já falecido, também obteve graduação em Administração, ficando em primeiro lugar no curso daquele ano. Na ocasião, James disse: “Não há prova maior para mostrar a falibilidade da supremacia branca do que não apenas meu filho ter se formado aqui, mas o fato de ter obtido o primeiro lugar no curso. Bem, acho que isso vinga minha vida toda”.  James tem uma estátua em sua homenagem na universidade.