sábado, 10 de agosto de 2013

Rainer Maria Rilke, A canção do idiota.

Não me incomodam. 
Deixam-me ir. 
Dizem que não pode acontecer nada. 
Ainda bem. 
Não pode acontecer nada.
Tudo chega e gira 
Sempre em torno do Espírito Santo, 
Em torno de determinado espírito (tu sabes) 
 Que bem. 
Não, realmente não deve pensar-se que haja 
Qualquer perigo nisso. 
Sim, há o sangue. 
O sangue é o mais pesado.
O sangue é pesado. 
Por vezes penso que não posso mais 
— (Ainda bem.) 
Ah, que linda bola; 
Vermelha e redonda como um 
Em-toda-a-parte. 
Ainda bem que a criastes. 
Ela vem quando se chama? 
De que estranha maneira tudo se comporta, 
Apressa-se a juntar-se, separa-se nadando: 
Amigável, um pouco vago. 
Ainda bem. 

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