quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Lucienne Samôr, Rugido.

Distante ouço um rugido
Parece um vórtice a moer
Não será o mar se torcendo em suas ondas
Como répteis?
Não há mar, acode-me a memória
E esse rugido me assusta.
A noite é sempre uma boca aberta
Sedenta, exalando ameaças
De quê?
Temo que sua boca negra me devore.
Não há ninguém para me proteger do desvario da noite.
Quem poderia me salvar está distante
Erguendo taças de Champagne Montaudon em saudação
À sua vida, sorri feliz, nem pensa em mim
Não envia uma carta ou um bilhete de duas sentenças
Ah, uma sentença bastaria
Afirmando que virá salvar-me da noite
Do medo, do rugido irmão do mar.

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