quinta-feira, 31 de maio de 2012

Joachim du Bellay, Se ao pé da eternidade nossa vida; BH, 0310502012.

Se ao pé da eternidade nossa vida
É quase nada e os anos que se vão
Arrastam nossos dias sem perdão.
E se o que vem à luz vai de vencida,

O que esperas ainda, alma sofrida?
Por que te apraz da vida a escuridão,
Se para alcançar mais lúcida mansão,
Uma asa tens às costas estendidas?

É lá que existe o bem que a alma deseja.
Lá, toda paz por quem o mundo almeja,
O verdadeiro amor, delícia tanta!

E lá, minha alma, te elevando ao céu,
Hás de reconhecer, então, sem véu,
A Ideia da beleza que me encanta.

Mário Quintana, Jazz; BH, 0310502012.

Deixa subirem os sons agudos,
Os sons atribuídos
Do jazz no ar.

Deixa subirem: são repuxos: caem...

Apenas ficarão os arroios
Correndo sem rumor
Dentro da noite.
E junto a cada arroio,
Nos campos ermos,
Um anjo de pedra estará postado.

O Anjo de Pedra que estará
Sempre imóvel
Por detrás de todas as coisas -

Em meio aos salões de baile,
Entre o fragor das batalhas,
Nos comícios da praças públicas -
E em cujos olhos sem pupilas,
Brancos e parados,
Nada do mundo se reflete.

Mário Quintana, Passeio Suburbano; BH, 0310502012.

Encontrei uma menina
Que me perguntou se era verdade
Que iam demolir
Aquele belíssimo pé de figueira.
Não, ela não disse belíssimo...
Foi por uma questão de ritmo
Que acrescentei aqui
Esse adjetivo inútil.
Feliz de quem vive ainda
No mundo dos substantivos:
O resto é literatura...
Sorri-lhe cumplicemente
(E tristemente)
Porque me lembro que em
Meio ao quintal lá de casa
Havia uma paineira enorme
(Ultrapassava em altura o
Primeiro andar de meu quarto)
Quando florescia era uma glória!
Talvez fosse ela que impediu
Que meus sonhos
De menino solitário
Tenham sido todos em preto e branco.
Uma glória...
Até que um dia
Foi posta abaixo
Simplesmente
"Porque prejudicava o desenvolvimento
Das árvores frutíferas"
Ora, as árvores frutíferas!
Bem sabes, meninazinha,
Que os nossos olhos também
Precisam de alimento.

Nietzsche, Sentir a arte de maneira diferente; BH, 0310502012.

Desde que se vive como eremita, devorador e devorado, com
A única companhia de pensamentos profundos e fecundos,
Não se quer mais saber absolutamente nada de arte ou se
Exige dela outra coisa totalmente diversa de antigamente -
Isto é, muda-se de gosto.
De fato, outrora, por meio da arte, todos queríamos penetrar
Por um momento no elemento em que hoje vivemos
Permanentemente; então evocávamos em sonho o encanto de
Uma posse e agora possuímos.
Pelo contrário, lançar longe de si o que se tem agora e sonhar
Que se é pobre, mendigo e louco - isso pode agora nos
Agradar ocasionalmente.

Nietzsche, O orgulho e o desgosto; BH, 0310502012.

O orgulho e o desgosto intelectual no homem que sofreu
Profundamente - a classe social já está quase determinada
Pelo grau de sofrimento que um homem pode suportar -
A horrível certeza, da qual o homem está todo impregnado
E colorido, a certeza de saber mais, graças a seu sofrimento,
Que não podem saber os mais inteligentes e os mais sábios,
De ter conhecido mundos distantes e assustadores de que
"Você não sabe nada", de ter estado uma vez aí... esse
Orgulho do sofrimento, orgulho espiritual e mudo, essa
Soberba do eleito pelo conhecimento do "iniciado", da
Vítima quase sacrificada, julga todas as formas de
Disfarce necessárias para se proteger do contato das mãos
Importunas e compassivas e em geral de tudo aquilo que
Não compartilha de seu sofrimento.
A dor profunda torna nobre; ela separa.
Uma das formas mais delicadas de disfarce é um certo
Epicurismo, um desfile de ousadia no gosto que afeta tomar
A dor sem dar-lhe importância e se defender contra toda
Tristeza e toda profundidade.
Há homens alegres que se servem da alegria porque, por
Causa dela, há quem se engane a respeito de si mesmo - e é
O que eles querem.
Há "homens científicos" que se sevem da ciência porque
Ela lhes dá um aspecto alegre e porque a ciência leva a
Concluir que eles são superficiais: - querem induzir a uma
Falsa conclusão.
Há espíritos livres e impudentes que gostariam de esconder
E negar que têm o coração partido, mas orgulhosamente
Incurável e, às vezes, a própria loucura é uma máscara que
Esconde um saber fatal e demasiado seguro.
 - Disso resulta que compete a uma humanidade delicada ter
Respeito "pela máscara" e não exercer, em locais inoportunos,
A psicologia e a curiosidade.

Manuel Bandeira, Enquanto Morrem as Rosas; BH, 0310502012.

Morre a tarde. Erra no ar a divina fragrância.
Fora, a mortiça luz do crepúsculo arde.
Nas árvores, no oceano e no azul da distância
Morre a tarde...

Morrem as rosas. Minhas pálpebras se molham
No pranto das desesperanças dolorosas.
Sobre a mesa, pétala a pétala, se esfolham,
Morrem as rosas...

Morre o teu sonho?... Neste instante o pensamento
Acabrunha o meu ser como um pesar medonho.
Ah, por que temo assim? Dize: neste momento
Morre o teu sonho?...

Tito Júlio Fedro, A Raposa e o Corvo; BH 0310502012.

Quem se alegra em ser louvado, com palavras
Enganosas, com frequência, o arrependimento
Tardio pela torpeza (praticada) penaliza;
Um corvo, encarapitado no alto de uma árvore,
Queria comer o queijo furtado de uma janela; a
Raposa, logo que (o) avistou, põe-se a falar,
Com brandura, assim: ´
"Ó corvo, nada mais brilhante que tuas penas!
Quanta beleza ostentas no corpo e no semblante;
Se tivesses voz, ave nenhuma te levaria vantagem!"
Então ele, estulto, enquanto quer mostrar a voz,
Soltou da boca o queijo, que a raposa ardilosa,
De imediato, agarrou com dentes ávidos;
Então, a estupidez decepcionada do corvo gemeu.

Casimiro de Abreu, Quando tu choras; BH, 0310502012.

Quando tu choras, meu amor, teu rosto
Brilha formoso com mais doce encanto,
E as leves sombras de infantil desgosto
Tornam mais belo o cristalino pranto.

Oh! nessa idade da paixão lasciva,
Como o prazer, é o chorar preciso;
Mas breve passa - qual a chuva estiva -
E quase ao pranto se mistura ao riso.

É doce o pranto de gentil donzela,
É sempre belo quando a virgem chora:
 - Semelha a rosa pudibunda e bela
Toda banhada do orvalhar da aurora.

Da noite o pranto, que tão pouco dura,
Brilha nas folhas como um rir celeste,
E a mesma gota transparente e pura
Treme na relva que a campina veste.

Depois o sol, como sultão brilhante,
De luz inunda o seu gentil serralho,
E às flores todas - tão feliz amante!
Cioso sorve o matutino orvalho.

Assim, se choras, inda és mais formosa,
Brilha teu rosto com mais doce encanto:
 - Serei o sol e tu serás a rosa ...
Chora, meu anjo, - beberei teu pranto!

Manoel de Barros, Rabelais; BH, 0310502012.

Por volta de 1532 andava pelas ruas de Paris o doido de Rabelais.
O doido apregoava pregos enferrujados.
Ele sabia o valor do que não presta.
Rabelais chegaria a imaginar assim:
Quem atinge o valor do que não presta é, no mínimo,
Um sábio ou um poeta.
É no mínimo alguém que saiba dar cintilância aos seres apagados.
Ou alguém que possa frequentar o futuro das palavras.
Vendo aquele maluco de rua a apregoar pregos enferrujados
O nosso pensador imaginou que talvez quisesse aquele homem
Anunciar as virtudes do inútil.
(Rabelais já havia afirmado antesmente que poesia é uma virtude do inútil.)

Llewellyn Medina, O ambiente é propício; BH, 0310502012.

O ambiente é propício
Através da larga janela
O sol do fim da tarde
Realça o verde-verde das folhas das amendoeiras
(Aquelas que o poeta mandou que falassem)
Nelas há um brilho límpido
Claro
Um brilho de novo

As folhas estão paradas
E silenciosas
Não dizem nada
Não acenam
Não dizem adeus
Não espiam
E nem revelam a idade
(De quem olha e de quem é olhado ...)

Não há pássaros
Nem pardais
Há um silêncio pacífico
Não se ouvem sons
Embora seja Rio de Janeiro

Dois são os mundos

O daqui de dentro é diferente

Os dois mundos formam o meu universo
Nele estou perdido
Mas busco com sofreguidão um rumo
Ainda que o encontre é irrelevante
Porque o universo do universo
Está muito além de mim.

Antônio Nobre, O Regresso de Anrique a Portugal; BH, 0310502012.

Vem entrando a barra a galera "Maria"
Que vem de tão longe, e tão linda vem!
Toca em terra o sino pra missa do dia,
Em frente, em Santa Maria de Belém!

Mareantes trigueiros, no alto dos mastros,
Ai dobram as velas; não são mais precisas!
Ai que lindas eram, às luas e aos astros!
Que doidas, aos ventos! que meigas, às brisas!

Desdobra as amarras! apresta a fateixa!
Pois todos em breve a nau vão deixar;
Ó terra! que saudade a de quem a deixa,
Ó terra! pela aventura do alto mar!

Entra o piloto e abraçam-se estes e aqueles,
Abraçam-se e riem tanto à vontade...
Abraços que levam almas dentro deles,
Sorrisos de bocas que falam verdade!

Só as entende (capitães, não as sentis)
Quem, algum dia, passou as águas salgadas,
Quem, um dia, as passou numa hora infeliz.
Quem, um dia, as passou, com as frontes curvadas.

E "Maria" vai indo pelo Tejo acima,
E cisma Anrique: - Que lindo Portugal! -
Vêm as Ninfas... Vai uma dá-lhe uma rima,
Vai outra (gostam dele) e vai faz-lhe um sinal.

E Anrique cisma: - Quem te não viu ainda!
Ó minha Lisboa de mármore! Lisboa
De ruínas e de glórias! Tu és linda
Entre as cidades mais lindas, ó Lisboa! -

Ó minha Lisboa, com oiros tão constantes
Pelas serras e céus e pelo rio! Com seus
Jerônimos dos Poetas e Mareantes!
Lisboa branca de João de Deus!

Antônio Nobre, Lisboa dos Destinos Imperiais; BH, 0310502012.

                                                           (fragmento)

Cor do céu, a bandeira, e cor de neve,
Não a vejo na Torre a flutuar!
Senhor! Vós bem sabeis que o Rei não deve
Outras armas que a Vossa apresentar...
Se assim deixais que outro Povo a leve,
Por que a destes ao nosso pra guardar?
Não é ele o mesmo que, em Ourique,
A aclamou nas mãos de teu Henrique?

Anda tudo tão triste em Portugal!
Que é dos sonhos de glória e de ambição?
Quantas flores do nosso laranjal
Eu irei ver caídas pelo chão?
Meus irmãos Portugueses, fazeis mal
De ter ainda no peito um coração.
Talvez só eu (Amor, ai, tu me entendes!)
Possa ainda ter a paz que já não tendes.

Esperai, esperai, ó Portugueses!
Que ele há de vir um dia. Esperai.
Para os mortos os séculos são meses,
Ou menos que isso, nem um dia, ai.
Tende paciência, findarão reveses;
E até lá, Portugueses, trabalhai.
Que El-Rei Menino não tarda a surgir,
Que ele há de vir, há de vir, há de vir!














Antônio Nobre, Inglesinhas; BH, 0310502012.

Ali à beira-mar, um bando de inglesinhas,
Loiras e todas graves,
Andam a patinar, leves como andorinhas,
Descalças como as aves...

Um "S. Bernardo" está de vigia, nas fráguas,
Com as patas erguidas:
Vigia-as como pai, pronto, a atirar-se às águas,
Heróico "Salva-vidas"!

O Pai, saxão enorme, anda na praia algente,
Colecionando algas...
E, além, "Mistress" faz crochet, graciosamente,
Com suas mãos fidalgas.

No entanto, as "misses", chilreante burburinho,
Largam, ao vento, as tranças!
E rir-se muito, o Mar-avô, esse velhinho,
Que é doido por crianças...

Vejo tudo isto. Extasiado eu tenho, ao vê-las,
Excêntricos desejos.
Dá-me vontade, eu sei, de as presentear a elas
Com uns patins de beijos!

                                                             (Pôrto, 1886.)

Antônio Nobre, Sonêto; BH, 0310502012.

Quisera ser um grande marinheiro;
Um novo astro entre os milhões de sóis!
Ser de Albuquerque um filho aventureiro,
Pertencer à família de Heróis!

Ou então ser um simples pegureiro,
Viver, ao sol, no monte com os bois...
Ou, antes, ser um pescador trigueiro;
Nascer no Oceano e ficar lá depois!

Quisera ser "alguém": para isso creio
Que vim ao mundo, Humanidade veio,
E à vida nos lançaram nossos Pais:

Mas o que faço eu (e o tempo foge),
O que fazemos nós, rapazes de hoje?
Bebemos e fumamos, nada mais!...

                                                                  (Leça, 1887.)

Antônio Nobre, Sonêto; BH, 0310502012.

O poeta está (deu meia-noite, agora)
Na sua Torre, só, lendo e fumando...
Batem à porta! Quem será a esta hora?
Passa uma escura borboleta, voando!

Agoiro. Alguma nova aterradora,
Algum despacho... Mas Joseph entrando,
Antes que eu fale diz: - Uma senhora,
Que me entregou este bilhete, ansiando.

Uma senhora! Com a mão gelada,
Nervoso, ansioso, pego da tarjeta
E leio: - "Morte, 3, rua do "Nada".

Bem, Joseph! Podes-me ir fazendo a mala,
Porque segundo as regras da etiqueta,
Não devo demorar muito em pagá-la...

                                                          (Coimbra, 1889.)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Maria Madalena; RJ, 01º0601995; Publicado: BH, 0300502012.

Maria Madalena,
Salvei-te das trevas,
Do apedrejamento
E da lapidação;
Disse em voz alta:
Se existe por aí,
Quem não errou,
Que atire a primeira pedra,
Quem nunca pecou;
E ninguém se atreveu
E o que foi que aconteceu?
Quem amou-te não fui eu;
Depois correste para os braços doutros,
Teus orgasmos não foram meus;
Saciaste teus desejos,
Em outros corpos;
Entregaste tua carne
A outras carnes;
E mataste tua sede,
Em outra fonte;
E fiquei a ver navios;
Procuraste outros refúgios
E nem sequer lembraste,
Que enfrentei multidões por ti;
Que afrontei a todo mundo,
Até ao meu próprio pai;
E o que restou para mim?
É o gosto de vômito,
Que fica em minha boca,
Depois que beijo a tua.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Professora Bartira Mourão, 587, 1; BH, 0220502012; Publicado: BH, 0230502012.

JN, Jornal Nacional da REDE GLOBO,
Componente do PIG, Partido da Imprensa
Golpista, tem de praxe, comparar o Brasil,
Vejais bem, comparar o Brasil, com
Minúsculos países asiáticos como Japão
E as Coreias: pergunto aos âncoras do JN,
Jornal Nacional: quantas Coreias e quantos
Japão são necessários para fazer um Brasil?
O Japão existe há mais de cinco mil anos,
Desde os tempos em que era chamado de
Cipão; e as Coréias também são bem antigas;
Para cruzar o Brasil de Norte a Sul e de
Leste a Oeste, são quase vinte horas de voo;
Tanto o Japão e as Coréias são cruzados em
Pouco mais de dez minutos de voo de tão
Pequenos que são; e vem aí o PIG, Partido
Da Imprensa Golpista, através do JN, Jornal
Nacional da REDE GLOBO e seus âncoras,
Porta-vozes e profetas do caos, a quererem
Nos passar uma situação irreal do Brasil; só
Mesmo nós damos audiência para uma
Emissora antipatriota e que torce para que dê
Tudo errado no Brasil; os problemas desses
Minúsculos países são tão minúsculos que
Podem ser resolvidos em alguns dias; já os
Nossos, são tão gigantescos como o Brasil,
Que é necessária uma demanda quase infinita
Para resolvê-los; a maldade, a picuinha, ódio
Podem continuar contra o Brasil; mas um dia
O Brasil viverá a felicidade de passar uma era
Sem a REDE GLOBO, JN, Jornal Nacional e
O PIG, Partido da Imprensa Golpista.

terça-feira, 22 de maio de 2012

E vi uma criança tootsie; RJ, 0270401995; Publicado: BH, 0220502012.

E vi uma criança tootsie,
Com o rosto cortado por facões;
No olhar um brilho de medo,
Seus pais foram assassinados;
E estava sozinha 
Nos campos de refugiados;
Seu nome ninguém sabe,
O medo não a deixa falar;
E a humanidade bem sei,
Não vai se quer se preocupar
Com o que ela tem a dizer;
É só um menino tootsie,
Ferido na guerra de genocídio,
Desencadeada entre os tootsies
E os hutus que são maioria;
O menino não é batizado,
Só tem um olhar arregalado,
Um semblante dilacerado,
Pelas lâminas dos facões;
E a mim resta-me ficar 
Indignado, pois isso nunca
Vai acabar; na nossa
Ignorância universal, as
Crianças sofrem mais; pois
São violentadas e mortas;
São estupradas, exploradas,
São corrompidas no berço;
São prostituídas e seviciadas,
Vendidas como mercadorias,
Ou simplesmente exterminadas;
E vi um menino tootsie,
Se aquilo era face dum menino,
Se pode se chamar aquilo
De menino, a humanidade não deixa.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Doors, Light my fire; BH, 0210502012.

   


You know that it would be untrue


You know that I would be a lier



If I was to say to you 



Girl, you couldn't get much higher 



Come on baby, light my fire 



Come on baby, light my fire 



Time to set the night on fire 



The time to hesitate is through 



No time to wallow in the mire 



Try now we can only lose 



And our love become a funeral pyre 



Come on baby, light my fire 



Come on baby, light my fire 



Try to set the night on fire Yeah 



The time to hesitate is through 



No time to wallow in the mire 



Try now we can only lose 



And our love become a funeral pyre 



Come on baby, light my fire 



Come on baby, light my fire 



Try to set the night on fire Yeah



You know that it would be untrue 



You know that I would be a lier 



If I were to say to you 



Girl, we couldn't get much higher 



Come on baby, light my fire 



Come on baby, light my fire 



Try to set the night on fire 



Try to set the night on fire 



Try to set the night on fire 



Try to set the night on fire



Correio Nagô, Onze frases e filme de Malcom X; BH, 0210502012.



1. "Nós não podemos pensar em nos unirmos com os outros até que sejamos primeiro unidos entre nós.
 Não podemos pensar em ser aceitável para os outros até que tenhamos primeiro provado aceitável para nós mesmos."

2. "Se você não cuidar, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo."3. "Eu não vejo nenhum Sonho Americano, eu vejo um Pesadelo Americano."4. "Esse governo falhou com o Negro. Esta chamada democracia falhou com o Negro."5. "Se você não está pronto para morrer por ela, coloque a palavra “liberdade”  fora do seu vocabulário."

6. "Não se pode separar paz de liberdade porque ninguém consegue estar em paz a menos que tenha sua liberdade."

7. "Não há nada melhor do que a adversidade. Cada derrota, cada mágoa, cada perda, contém sua própria semente, sua própria lição de como melhorar seu desempenho na próxima vez."

8. "As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos."

9. "Toda vez que você tenha de que confiar em seu inimigo para obter um trabalho que você está em apuros".

10. "A educação é um elemento importante na luta pelos direitos humanos. É o meio para ajudar os nossos filhos e as pessoas a redescobrirem a sua identidade e, assim, aumentar o sua auto-respeito. Educação é o nosso passaporte para o futuro, pois o amanhã só pertence ao povo que prepara o hoje."

11. "Não lutamos por integração ou por separação. Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos."
  


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Antônio Nobre, Afirmações Religiosas; BH, 0170502012.

Ó meus queridos!
Ó meus Stos. limoeiros!
Ó bons e simples padroeiros!
Santos de minha muita devoção!
Padres choupos! ó castanheiros!
Basta de livros, basta de livreiros!
Sinto-me farto de civilização!

Rezai por mim, ó minhas boas freiras,
Rezai por mim, escuras oliveiras
De Coimbra, em Sto. Antônio de Olivais;
Tornai-me simples como eu era d'antes,
Sol de Junho, queima as minhas estantes,
Poupa-me a Bíblia, Antero... e pouco mais!

No mar da vida cheia de perigos
Mais monstros há, diziam os antigos,
Que lá nas águas desse outro mar.
O que pensais vós a respeito disto,
Ó navegantes desse mar de Cristo!
Heróis, que tanto tendes de contar?

Chorai por mim, ó prantos dos salgueiros,
Pois entre os tristes eu sou dos primeiros!
Lamento ao luar, dos pinheirais,
Chorai por mim, ó flor das amendoeiras
Chorai também, ó verdes canaviais!

E quando enfim, já tarde de sofrer
Eu um dia me for adormecer
Para onde há paz, maior que num convento,
Cobri-me de vestes, ó folhas d'outono,
Ai não me deixeis no meu abandono!
Chorais ciprestes, batidos do vento.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Luiz Lisboa, A uma deusa; BH, 160502012.

Tu és o quelso do pental ganírio
Saltando as rimpas do fermim calério,
Carpindo as taipas do furor salírio
Nos rúbios calos do pijón sidério.

És o bartólio do bocal empírio.
Que ruge e passa no festão sitério,
Em ticoteio de partano estírio,
Rompendo as gambas do hartomogenério.

Teus lindos olhos, que têm barlacantes,
São camensúrias que carquejam lantes
Nas duras péleas do pegal balônio;

São carmentórios de um carcê metálico,
De lúrias peles, em que buza o bálico
Em vertimbáceas do cental perônio. 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Paul Simon, Mother & Child Reunion; BH, 0110502012.


No I would not give you false hope
On this strange and mournful day
But the mother and child reunion
Is only a motion away,
Oh, little darling of mine.
I can't for the life of me
Remember a sadder day
I know they say let it be
But it just don't work out that way
And the course of a lifetime runs
Over and over again
No I would not give you false hope
On this strange and mournful day
But the mother and child reunion
Is only a motion away,
Oh, little darling of mine.
I just can't believe it's so,
And though it seems strange to say
I never been laid so low
In such a mysterious way
And the course of a lifetime runs
Over and over again
But I would not give you false hope
On this strange and mournful day
When the mother and child reunion
Is only a motion away,
Oh, oh the mother and child reunion
Is only a motion away
Oh the mother and child reunion
Is only a moment away

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Llewellyn Medina, Para Felipe Santa Cruz; BH, 070502012.

"MEMENTO HOMO QUIA PULVIS ES ET IN PULVEREM REVERTERIS" OU
O TORTURADOR SE DIZ ARREPENDIDO.



 
Há em mim uma busca esperançosa
De quem sou
(Pois sei que sou)
Mas é preciso saber eu saiba que sou.
 
Minha busca passa por aquele Brasil
Em que poucos
Tão poucos lutaram 
E lutaram
Sem saber que lutavam
Contra  moinhos de ventos 
Uma legião deles
Mas que feriam 
Feriam 
E matavam 
Como se matam os sonhos
Que aqueles que vieram antes de mim sonhavam.
 
E o sonho deles meu sonho se tornou
Mas eu já sabia
Que moinhos de ventos
Não são moinhos de ventos
São máquinas de moer sonhos...
 
 
Daí que os procurei
Pois se queria descobrir
Quem sou
Queria dizer que moinhos de ventos
Não são moinhos de ventos
E assim ligar o meu
Ao destino daqueles poucos
Que queriam tornar a visão do horizonte
Numa visão diáfana e perene
Em que leite e mel parecessem bens
Que a todos fossem partilhados
Como aqueles que lutavam
E  lutavam
Sonhavam que fossem partilhados
E compartilhados.
 
 
Mas aquela era um terra
Em que moinhos de ventos
Eram máquinas de moer gente
Triturar gente
Tornar gente não-gente
Tornar gente sequer semente.
 
 
Fui gerado dessa gente
E se esse desejo pungente
De desvendar o mistério de mim
Me  leva a essa incessante busca
Que não é somente minha
Pois somos frutos
Muitos e relutantes frutos
Que não aceitam o esquecimento
Pois esquecer é negar
E negar é dizer que não sou
(E eu sei que sou).
 
 
Aqueles que sonhavam
Não deixaram de ser
E se seus espíritos embalam meus sonhos
Também afligem a alma dos moinhos de ventos
Pois a procura que procuro
Parecer ser o que tentam esquecer
Meus anelos
E
Seus pesadelos
Terçam uma outra contenda...
 
 
Mas o campo dessa luta
Que me enche de esperança
É o campo em que as almas dos moinhos de ventos
Tombam sob o peso do medo
(Não do arrependimento)
Pois não somente temem Hades
Como suspeitam
De que há muita luta para lutar
Porque o ciclo é longo e contínuo
Do pó ao pó
De vir-a-ser ao não-ser
Daqueles que me fizeram ser
Aos que hão de ser de mim.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Nelson Cavaquinho, Juízo Final; BH, 040502012.

O sol
Há de brilhar mais uma vez,
A luz
Há de chegar aos corações,
Do mal
Será queimada a semente,
O amor
Será eterno novamente;

É o juízo final,
A história do bem e do mal,
Quero ter olhos pra ver,
A maldade desaparecer.

Llewellyn Medina, Sobre um poema de Drummond; BH, 040502012.



A mim também
Ele me deu esse amor experimentado
Tão áspero e rugoso
Como a couraça impenetrável do jabuti
Mas tão suave e mágico
Como o roçar da brisa na relva outonal.
Deu-me sim esse amor
Que me faz desejar o úbere da terra
Desde que minha última seja a lembrança dele
Pois se de mim for retirada a lembrança
Que diferença haverá
Entre mim e tudo aquilo que nunca fui?
Esse amor no tempo de maduro
Precisa ser cultivado com ardiloso engenho
Para que os dias frios e sombrios
Que se advinham
Avizinhem-se sem borrascas
Pois são certos e hão de vir.
Parece contrariar a natureza das coisas
Essa tepidez outonal que me enleva docemente
Mas que faz renascer sentidos
Que cria não mais sentidos
Como aquelas lendas
Que somente os antigos sabem guardar.
Esse amor de anos tardios
Deus não somente me deu
Guiou-me até ele
Como Moisés guiou seu povo em busca do Nirvana
Pois  até então tudo o que vivia
Não era senão "dejà vu".
É bom que esse amor me aqueça
Pois o inverno chega logo
E a primavera não sei se virá...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

The Doors, Gloria; BH, 030502012.




Tell ya 'bout my baby
She come around
She come 'round here
The head to the ground
Come 'round here
A-just about midnight
She make me feel so good
Make me feel alright
She come 'round my street now
She come to my house, yeah
Knock upon my door
Climbing up my stairs
One, two, three
Come on up, baby
Mmmm, here she is in my room, oh boy!
Hey, what's your name?
How old are you?
Where d'you go to school?
Well, now that we know each other a little
bit better, why don't you come over here?
Make me feel alright!
(8x)
Gloria
You were my queen and I was your fool
Riding home after school
You took me home, yeah
To your house
Your father's at work
Your mama's out shopping around
Took me into your room
Showed me your thing
Why d'you do it, baby?
A-getting softer, slow it down
Softer, get it down
Now you show me your thing, yeah
Wrap your legs around my neck
Wrap your arms around my feet
Wrap your hair around my skin
I'm gonna
It's getting harder
It's getting too darn fast
It's getting harder
Alright! Come on, darling, let's get it on
Whoa, too late! Too late! Too late
Too late! Too late! Too late
It's, stop! Oh
Make me feel alright, baby
(6x)
Gloria
Keep the whole thing going, baby!
All right
All right
Fuck

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Moço tenho doze anos; BH, 0200901999; Publicado: BH, 020502012.

Moço tenho doze anos,
Minha irmã tem quatorze
E a outra menina quinze;
E não comi nada hoje ainda,
Me come e me dá um pedaço de pão;
Se o senhor não me quiseres,
Come a minha irmã,
Ou escolhes a outra menina;
Nós somos aqui do Brasil,
Do estado de Minas Gerais;
Somos vítimas do neoliberalismo,
Sobras da burguesia,
Restos da elite;
De manhã passamos fome,
À tarde e à noite também;
Nossos pais não têm dinheiro,
Não podemos comprar roupas,
E nem ir aos shoppings;
Não podemos passear,
E então nos entregamos,
Por cinco reais, um pedaço de pão;
Moço, nós somos só crianças,
Porém a sociedade injusta,
Já nos transformou em mulheres,
O capitalismo já nos destruiu,
Não temos perspectiva de vida,
Somos o futuro do Brasil
E não temos futuro;
Temos só a herança maldita,
Das doenças e dos vícios,
Da prostituição infantil,
Da morte precoce que nos espera;
Nem chorar iguais crianças, sabemos,
E nem fazemos ninguém chorar por nós.