sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Gato donde tu és? BH, 0100801999; Publicado: BH, 03001002020.

Gato donde tu és?
De Angora na Turquia
Angorá da melhor raça
De gatos e coelhos
Procedentes e semelhantes
A estes e no comprimento ou
Na pintura do pelo
E hoje é melhor ser bicho
Do que ser gente
E de acordo com a raça
O tratamento é dez vezes melhor
Do que tratamento de criança
De que vale ser homem
Não ter emprego
Não ter um salário
Não ter felicidade
Quero ser um cachorro
De família rica
E te garanto que
Nada me faltará
Vou viver numa angra
Viajar por pequena enseada
E não vou comer angu
Nem massa de farinha de milho
Com água e sal
Escaldada ao fogo
E vou fazer confusão
Fazer intriga
Um angu de caroço
Uma complicação
Intrigalhada de briga e rolo
Se não tiver minha ração
Meu naco de carne
Meu pedaço de osso
Meu bocado de pão
E se fosse uma criança
Abandonada pela sociedade
Pelo governo e pelo povo
A quem iria reclamar
O que viesse me faltar?

E sou um homem angular; BH, 0100801999; Publicado: BH, 03001002020.

E sou um homem angular
E sou referente a ângulo
E tenho forma de ângulo
E de figura geométrica
Formada por duas linhas
Que se cruzam além do
Infinito e sou uma esquina
E sou uma aresta e um ponto
De vista e sou um prisma e
Agudo aguardo menor do que
O reto e obtuso menor que é
Formado por duas semirretas
Que se cortam perpendicularmente
Nos ângulos que tenho
Adjacentes e alternados e só
Sou guloso por ser feliz e viver
Em paz ao fazer o bem mas
Também vivo preso na
Angústia e na estreiteza de
Espaço e estou limitado à
Brevidade da vida e acorrentado
À ansiedade extrema e preso à
Opressão e trago no fundo do
Peito grande aflição e sou um
Ser angustiante e só aprendi a me
Angustiar e a afligir a minh'alma
Que não está cheia de paz e sou
Todo assim angustioso de cheio
De transbordar e me dói a 
Angustura que parece que vai me
Matar e a casca febrífuga estomacal
Da qual estou entalado numa
Passagem estreita entre ribanceiras
No fim do abismo onde perdi as
Asas e não posso mais voar aos céus.

E vou pedir ao anhangá; BH, 0100801999; Publicado: BH, 02901002020.

E vou pedir ao anhangá
Ao Espírito do Mal e
Diabo dos índios tupis
Para não me atrapalhar 
E liberar o meu anhanguera
O meu gênio manhoso e o
Meu lado velhaco pois não
Sou destemido e nem sou
Ousado e sou só um anho
Tacanho dum cordeiro
Pronto a ser sacrificado e
Não tenho a coragem e nem
Tenho a fé de me libertar e
De fugir do sacrifício e me
Visto de aniagem que é o
Tecido grosseiro para sacaria
E sou anídrico e seco e não
Contenho água em meu
Organismo nem para lágrimas
E aguardo em meu anidrido a
Substância química proveniente
Teoricamente da desidratação
Dos oxácidos anidros e não
Tenho o anil ou o azul extraído
Das folhas da anileira e doutras
Plantas e quanto mais o do azul
Do céu e estou a ficar senil ao
Não consegui anilar a minha
Vida ou tingir com anil ou dar ou
Tomar a cor da anileira a planta
Da família das leguminosas e sigo
Aniquilado neste anilho preso no
Pequeno aro metálico para guarnecer
Ilhós e a espécie de anel de ferro com
Que se prendem os polegares de
Criminosos transportados sob prisão.

A minha animação é de anilina; BH, 0100801999; Publicado: BH, 03001002020.

A minha animação é de anilina
Alcaloide artificial e base de
Muitas matérias corantes e sou
Um animador amador de animar
Versão e animo a repreensão e
Animo a censura e o castigo e o
Ódio e animo a ira e a raiva e a
Injustiça e sou um animal do mal
E ser organizado que vive e sente
E move para causar a infelicidade
E a pessoa grosseira e ignorante
E injuriante tal qual todo homem
Que rasteja na poeira e o ser vivo
Irracional morto e um cavalo
Injuriado e o referente e próprio
Proveniente do irracional e carnal
E material e reconheço o animalaço
Da minha animalidade e do conjunto
De qualidades e atributos que só os
Animais têm e é o animalismo do que
É a minha natureza e o animalizar da
Minha alimentação convertida em
Substância própria à nutrição animal
E agora como um fantasma só sei
Animar as trevas e como uma
Assombração dar vida e alma à
Escuridão e igual a um sobrenatural
Incentivar a violência e estimular a
Guerra e desenvolver a dor e cobrar
Com juros de agiota e furor e ânimo de
Serpente e tornar a vida morta e 
Decidir banir o anímico e deixar só o
Isso calcinado a flor da pele ressequida.

Posso considerar a alma como a causa; BH, 0100801999; Publicado: BH, 03001002020.

Posso considerar a alma como a causa
De todos os fenômenos vitais e intelectuais?
Posso ser adepto dessa doutrina? reconhecer
O animismo? posso ser um animista? um
Referente e partidário? e tenho ânimo?
Por acaso tenho alma?  sou espírito? tenho
Uma índole? armazeno e produzo e sou
Alguma energia? tenho alguma coragem em
Mim? qual é a minha intenção de vida? e
Expresso algum incentivo à alguma
Coisa? ou só tenho animosidade? e
Sentimento de aversão a alguém? tenho
Calor para viver? excitação para amar? e
Num debate ou polêmica tenho opinião?
E sou por acaso animoso? cheio e valoroso?
Posso aninhar-me em paz? recolher-me em
Meu ninho? agasalhar-me com segurança?
Conchegar-me com amor? ocultar-me na
Luz? ou é a minha aniquilação? chegou o
Meu aniquilador? é o meu aniquilamento? a 
Hora de me aniquilar? e reduzir-me a nada?
E destruir-me no que restou? exterminar-me
Comigo? abater-me e humilhar-me? quem
Responderá essas alvidradas crônicas terminais?

terça-feira, 27 de outubro de 2020

E não sei angariar nada; BH, 070801999; Publicado: BH,02701002020.

E não sei angariar nada
E muito menos alistar amigos
Ou atrair e trair pessoas ou
Aliciar mulheres para aliviar 
E obter ajuda a pedir e também
Não aprendi a angélica ou a
Lição cantada durante a benção
Do círio pascal e nem conheço
A planta da família das umbelíferas
E da família das liliáceas e bem
Como as flores dessas e não sou
Angelical ou referente aos próprios
Anjos e nada tenho de angélico e
Nem de angelim da árvore 
Leguminosa e que fornece madeira 
Muito dura e estou mais para
Angelita e herege que adorava os
Anjos e mereço mais é a fogueira e
Nada tenho de angelitude ou de
Natureza angélica e nem sei orar o
Ângelus que é a oração que se reza
Às seis horas da tarde e não sei nem a
Ave Maria e sou é um angico e a 
Árvore de grande porte e da família
Das leguminosas e com esta minha
Angina e inflamação das mucosas
Compreendidas entre a garganta e a
Cárdia e as raízes dos brônquios e
Dita doença do peito dos que sofrem
As coronárias e caracteriza por dor
Violenta constritiva acompanhada de
Sufocação e ânsia e tenho mais duma
Angiocolite inflamação dos canais biliares.

E se fizésseis uma angiografia; BH, 0100801999; Publicado: BH, 02701002020.

E se fizésseis uma angiografia
Ou uma descrição minuciosa
Dos vasos do meu corpo de ser
Humano não encontrareis o
Que procurais a não ser o nada
E se apelareis para a angiologia
E parte da anatomia que estuda
Também as veias encontrareis o
Vácuo e para ser estudado dentro
De mim só os vermes a comerem
A minha carne apodrecida ou os
Ancilóstomos parasitas e certos
Gêneros de vermes intestinais e
De alma e de ente e de espírito
Nada posso dizer e minh'alma
Está perdida e nem o anglicanismo
Salva o meu espírito ou o ramo do
Protestantismo recupera o meu
Ente e a religião oficial da Inglaterra
Não aceita alma igual à minha e nem
A licença anglicana que quer ser
Referente e quer processar uma
Salvação total deixa de me causar
Tanto mal e não encontro no anglicismo
O vocábulo ou a construção sintática e
De procedência inglesa para qualquer
Explicação que seja à minha falta de
Explicação e ainda mais ao não ser um
Anglo ou um saxão ou um inglês e sim
Um mineiro caipira caipora e do interior
De cidade pequena e da roça e do mato e
Do rio e da pedra e do pau e do cepo e do
Caminho e do barro tabatinga e do
Barranco e da terra vermelha das serras.

E não entrei na formação da formatação; BH, 0100801999; Publicado: BH, 02701002020.

E não entrei na formação da formatação
Como as de vários compostos a significar
Um termo inglês e nem entrei em nada
Quando nasci e nem vivi o de viver de
Anglo-americano e nem o de comer do
Anglo-saxão e por enquanto só o de beber
E o de comer e o de viver de anglo-brasileiro
Ou de anglo-mineiro e não de povo bárbaro
De origem germânica ou do que constitui 
Um dos elementos formadores da população
Inglesa e estou mais é para Angola e penso
Que sou mais é angolano ou um escravo
Negro angolense e procedente da África e
Filho de pai negro por exemplo a nossas raízes
Vieram nos porões dos navios negreiros e 
Presas nos grilhões e debaixo de chicotes
Da violência e da covardia e da injustiça da
Colonização e o que nós negros temos mais
Que engolir? e dar graças a Deus? e vangloriar?
Coisa que não faço e nem me orgulho ou me
Ufano pois pelo que aprendi até agora só
Perdi e nada achei e nada ganhei e nada
Lucrei e com esta prática quem quiser que
Festeje pois nunca foi nosso e nunca nos
Pertenceu e quem vai bater palmas não sou eu.

sábado, 24 de outubro de 2020

Tomei uma aneurina de vitamina; BH, 070801999; Publicado: BH, 02401002020.

Tomei uma aneurina de vitamina
B¹ que quase morri e de meu
Aneurisma não era o remédio e
Nem para a dilatação circunscrita
Das paredes duma artéria ou do
Coração e na anexação da paixão
E o anexar do sentimento e o
Agregar do amor ao incorporar o
Espírito e ligar os fios e juntar as
Linhas e reunir com o anexim e o
Adágio popular no anexo do plexo
E do nexo e o que foi anexado ao
Sexo e ao que se liga ou se acrescenta
Como acessório à construção especial
E que não faz parte do prédio principal
Da vida de todos os animais e do que
Vive e se move em terra ou na água e
Do ser anfíbio ou batráquio e até
Substância mineral essencialmente
Composta por sílica e cal e magnésio
E o anfibólio da terra e onde a minha
Anfibologia e a ambiguidade que tenho
Que carregar e que não tem mais 
Tamanho pois não sou um anfictiónia e
Membro do conselho de representantes
Dos antigos estados gregos e nem
Participei da anfictiónia ou assembleia
Dos anfictiónias por direito que tinham
Certas cidades de se fazerem representar
Perante essa assembleia de cimeira.

E minha metamorfose já começou; BH, 070801999; Publicado: BH, 02401002020.

E minha metamorfose já começou
E saí dum anfideon do orifício do
Útero e passei por uma vagina e
Antes um anfígeno de silicato de
Potássio e de alumínio e corpos
Simples que servem de ácidos ou
Bases e virei um antípoda e 
Animal que tem duas qualidades
De pés e depois uma anfíteno de
Serpente cuja cauda se parece com
A cabeça e chamada de
Cobra-de-duas-cabeças e nenhuma
Funciona e cheguei a este fantasma
De anfiteatro e do grande recinto
Circular ou quadrado ou elíptico e
Dotado de arquibancadas e camarotes
E geral e em cuja parte interna ou ao
Ar livre realizar-se espetáculos e nesse
Recinto fechado que é o meu coração
Circundado e em aulas evoluí para
Anfitrião e recebo em minha própria
Casa e sirvo arroz com feijão na ânfora
Com agrião no vaso de duas asas
Assimétricas usado pelos gregos e
Romamos para líquidos e o cavalo de
Tróia e o presente dos gregos que
Homero relata no viril poema épico
Ilíada e chego ao meu semblante
Anfractuoso e que não esconde a minha
Anfractuosidade e no qual apresento
Saliências e depressões e sinuoso e
Tortuoso encerro minha metamorfose.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

E deixa lá o anequim arlequim; BH, 070801999; Publicado: BH, 01901002020.

E deixa lá o anequim arlequim
E o tubarão da família dos 
Lamnídeos cetáceos muito
Grande e voraz pierrô que não
Satisfaz e encontrado em águas
Brasileiras de bicho sagaz e não
Faz assim rapaz e se não vais lá
E não é ruim cá e a natureza o
Criou acolá e a atmosfera o aceita 
No lar e veja o queroide e não
Vires muar e o barômetro cujo
Funcionamento brando de vento
Lento e te baseia na elasticidade
De lâminas metálicas e com caixa
De vácuo não natural na mistura
Das coisas e toma uma anestesia
E fica com a perda da dor doutro
Parcial ou total e geral da 
Sensibilidade celestial e toma um
Anestesiante ou o que deixa o
Anestesista te anestesiar ou 
Provocar uma morte súbita com a
Dose do anestésico e cujo médico
Ou o auxiliar aplica durante uma
Operação cirúrgica com a droga
Que suprime a realidade ou mata a
Verdade ou saia do que dói doido
Doído ou mude para o hospício e
Aqui fora estão os doentes e lá estão
Os sábios sabidos e os que conhecem
O desconhecido conhecem as trevas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

E na redução das células vermelhas; BH, 070801999; Publicado: BH, 01501002020.

E na redução das células vermelhas
Rosas brancas roxas do sangue por
Deficiência decadência carência
Ineficiência falência demência de
Materiais necessários especiários
Ordinários temerários libertários
Revolucionários à produção das
Hemoglobina albumina cristalina
Parafina gomalina serafina e do
Distúrbio na formação solução
Fabricação denominação 
Sedimentação dessas células ou
Perdas lerdas cerdas merdas das
Mesmas por hemorragia enxurrada
Cachoeira anemia de anêmico pálido
Cálido da cor da paz celestial ou da
Cor dos ventos universais na 
Anemografia ou na descrição da
Riqueza que não pode pegar com as
Mãos pés o anemógrafo registador raro
Ou o anemômetro que marca em gráfico
A força divina ou a direção dos ventos
Ou a conhecer a anemologia ou o
Estudo dos ventos terrestres ou me diz
Aí na anemometria com a força e a 
Direção e o sentido a balançar as
Anêmonas do gênero de plantas
Ornamentais da família das 
Ranunculaceaes da flora e floral e a flor
Dessa natureza bela a me desculpar a
Teimosia é a minha anencefalia e a
Monstruosidade que consiste na falta de
Cérebro e cerebelo e cérbero e causa a
Abrevia e falta de ação na minha reação
Nervosa de total paralisia do irreal.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A andorinha de nome comum, BH, 070801999, Publicado 01401002020.

A andorinha de nome comum
Dos pássaros da família dos
Hirundinídeas voou dos Pireneus para
Andorra principado entre Espanha e
França num voo andorrano-pirenaico
Natural ao chegar em território andorrense
Pousou num galho de Andrade de velha
Árvore da família das lauráceas e sob as
Sombras e vestido de andrajos um trapo
De homem e um farrapo de vida e 
Pensador mendigo andrajoso e com
Espírito esfarrapado de coração 
Maltrapilho de estudioso de andrologia
A ciência que estuda o homem e suas
Doenças e as dos órgãos sexuais 
Masculinos e estudioso da androgenesia
A ciência do desenvolvimento físico e
Moral do homem e conhecidas do
Androceu o conjunto dos órgãos
Masculinos duma flor e das mulheres
Androfágicas e com sabor de androfagia
E abelhas rainhas da androfobia e horror
Ao sexo masculino e muitas vezes com
Suas razões pelo o que é causado pelo
Androide andrógino autômato e que só
Tem a figura de homem mas não é e ficam
As plantas que têm flores de ambos os
Sexos no mesmo pedúnculo ou na mesma
Espiga que reúne os dois sexos na
Hermafrodita e comum de dois e a resumir
Tudo na androlatria e no culto divino
Tributado ao homem sem ser merecedor.

E o homem fenece na andromania; BH, 070801999; Publicado: BH, 01401002020.

E o homem fenece na andromania
Insaciável de furor interino e na
Ninfomania extrema e no que é
Um lugar ermo e sem caminho ou
Público e pouco asseado e se torna
Andurrial compulsivo ao não tentar
Anediar ou alisar a rudeza do ser e
Na anedota da vida o riso do destino
E o relato breve dum sucesso curioso
E de final divertido do anedotário
Diário da coleção anedótica cotidiana
E anegar na mentira e submergir na
Falsidade e mergulhar na ilusão e
Perde os dedos para não abrir o anel
E tem que passar pela pequena argola
Ou um simples adornada que se usa
Nos dedos como um enfeite e não
Encontra saída por não abrir o aro
Da cadeia ou quebrar o elo da corrente
Ou desfazer as figuras em forma de aro
Ou soltar o caracol do cabelo ou fazer
Um boca à boca numa anelação de
Respiração difícil em peito ofegante e
Expulsar os anelados e os vermes do
Corpo e que divididos em segmentos
Semelhantes anelídeos e não anelar a 
Felicidade e não dar forma e nem
Encaracolar ou respirar com dificuldade
E não ofegar e desejar ardentemente a
Desobstrução do obtuso e aspirar a
Inspiração e anular as forças malignas
Relativas das espécimes aneladas viciosas.

domingo, 11 de outubro de 2020

Diálogo - Texto escrito pelo professor Paulo Freire extraído do livro Pedagogia do Oprimido -editado pela editora Paz e Terra 18a edição.

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.

Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.

O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade.

Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim?

Como posso dialogar, se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros "isto", em que não reconheço outros eu?

Como posso dialogar, se me sinto participante de um "gueto" de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são "essa gente", ou são "nativos inferiores"?

Como posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar?

Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela?

Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho?

A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não tem humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos, há homens que, em comunhão, buscam saber mais.

Não há também, diálogo, se não há uma intensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direitos dos homens.

A fé nos homens é um dado a priori do diálogo. Por isto, existe antes mesmo de que ele se instale. O homem dialógico tem fé nos homens antes de encontrar-se frente a frente com eles. Esta, contudo, não é uma ingênua fé. O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado.

Esta possibilidade, porém, em lugar de matar no homem dialógico a sua fé nos homens, aparece a ele, pelo contrário, como um desafio ao qual tem de responder. Está convencido de que este poder de fazer e transformar, mesmo que negado em situações concretas, tende a renascer. Pode renascer. Pode constituir-se. Não gratuitamente, mas na e pela luta por sua libertação. Com a instalação do trabalho não mais escravo, mas livre, que dá a alegria de viver. 

Sem esta fé nos homens, o diálogo é uma farsa. Transforma-se, na melhor das hipóteses, em manipulação adocicadamente paternalista.

Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma realização horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia. Seria uma contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos. Por isto inexiste esta confiança na antidialogicidade da concepção "bancária" da educação.

Se a fé nos homens é um dado a priori do diálogo, a confiança se instaura com ele. A confiança vai fazendo os sujeitos dialógicos cada vez mais companheiros na pronúncia do mundo. Se falha esta confiança, é que falharam as condições discutidas anteriormente.

Um falso amor, uma falsa humildade, um debilitada fé nos homens não podem gerar confiança. A confiança implica no testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais e concretas intenções. Não pode existir, se a palavra, descaracterizada, não coincide com os atos. Dizer uma coisa e fazer outra, não levando a palavra a sério, não pode ser estímulo à confiança.

Não é porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero.

Se o diálogo é o encontro dos homens para ser mais, não pode desfazer-se na desesperança. Se os sujeitos do diálogo nada esperam do seu que fazer, já não pode haver diálogo. O seu encontro é vazio e estéril. É burocrático e fastidioso.

E passar a vida à toa; BH, 070801999; Publicado: BH, 01101002020.

E passar a vida à toa
E decorrer o tempo perdido
E ter aproximadamente
Algum censo de razão
E proceder com moral
E estar na lógica
E sentir-se na ética
E ter como companhia
A pura sabedoria
E estar de caso com alguém
Que seja a criatividade
E a andadura com a inspiração
E o pavimento dum edifício
De total inteligência
Igual ao qualquer dos passos
Que se ensinam
Aos cavalos de sela
E ter por parceria
Andarilho metafísico
Ou o ser que anda na filosofia
E o rapaz que nas praças de touros
Recolhe do chão farpas
E outros objetos
E pernas ou muletas de pau
Com ressalto onde
Se colocam os pés
E andas de padiolas
E andeiro da verdade
E que anda muito na realidade
E andejar na imensidão
E vaguear no azul do firmamento
Com um andejo na abóbada do céu
E um anelo à felicidade
E um desejo intenso de fé
Veemente na coragem
E na aspiração ao conhecimento
Andor do entendimento
Equilíbrio no discernimento
Sobre os quais são transportados
Imagens de santos nas profissões
E da estética do povo andino
E dos habitantes dos Andes
Na América do Sul
E madeira de andiroba
Árvore da família das meliáceas.

Empregado de irmandade; BH, 070801999; Publicado: BH, 01101002020.

Empregado de irmandade
Ou confraria religiosa e que
Distribui avisos ou pede esmolas
De casa em casa e cansei minha
Andadura e meu modo de andar
Sem modo no meu passo de
Cavalo e caiu em minha cabeça
No meio da rua da aldeia global
Um andaime de construção e um
Estrado de madeira suspenso por
Cordas e sobre o qual trabalham
Operários a partir duma certa
Altura e não virei um andaluz ou
Natural de Andaluzia na Espanha
E não andei na luz e no meu 
Andamento que foi o meu
Testamento de movimento musical
E desenvolvimento melódico e na
Marcha dum negócio e da estrada
Segura para a andança do sertanejo
E a andada dos sem terra e o caminho
Dos desempregados e do errante
Andarilho assalariado e desiludido
Andante em busca de vida melhor e
Caminhante sem esperança da
Cadência do andamento musical entre
O adágio e o alegro e o trecho nesse
Andamento andantino e um pouco
Mais vivo do que morto para dar passos
Seguros e andar de pé e caminhar
Livremente no chão e ir dum lugar a
Outro a pé ou a cavalo como se tudo
Fosse numa democracia e percorrer as
Sendas da vida com cidadania e mesmo
Transportado aos caminhos do destino
Mas com soberania de cidadão da
Humanidade e de ser humano a
Transbordar de humanismo e se errar
Não permanecer no erro e prosseguir
Nos trilhos e mover sem correntes e
Funcionar normalmente e trabalhar
Por direito e sem trabalho não se é nada.

O homem moderno ainda sofre; BH, 070801999; Publicado: BH, 01101002020.

O homem moderno ainda sofre
De ancilostomíase típica doença
Provocada pelo ancilóstomo do
Amarelão de vulgo opilação de
Gênero de helmintos parasitos
Do intestino do homem moderno
Que não usa mais ancinho o
Instrumento com dentes de ferro
E longo cabo e que serve para
Juntar palhas e matos e gravetos
E viaja de navio modelo de
Última geração e não usa mais
Âncora em nenhum coração e se
Prende aos ferros ou se lança ao
Fundo das águas tenebrosas e não
Mais fixa sua embarcação em
Porto seguro ou em ancoradouro
Ou lugar próprio para embarcações
Ancorarem num peito de porto
Seguro moderno de bonança e de
Calma de alma depois da procela
E que não grita mais lançar âncora
Ou fundear sem basear-se em algo
Ou sem fundamentar-se ao ancorar-se
Ou pegar a ancoreta e a pequena pipa
Também achatada lateralmente para 
Transportar líquidos e anda vem
Comigo expressar incentivo e olha o
Andaço da pequena epidemia e vem
Dar uma andada de mãos dadas e sou
Um andadeiro e ando muito e bom de
Andar e só não tenho dinheiro mas
Sou um cavalo cujo passo habitual é a
Andadura e especialmente ensinado
Para a montaria e moço de recados da
Periferia e andador profissional

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

E vou me encontrar; BH, 070801999; Publicado: BH, 0701002020.

E vou me encontrar
No ponto de junção
De dois vasos ou canais
Na anastomose e na
Osmose celular e na
Inversão violenta na
Ordem habitual das
Palavras ou vocábulos
Da anástrofe delirante
E no efeito de anatematizar
E na anatematização dos
Meios e dos princípios e
Dos fins e lançar anátemas
Feito chuva sobre as
Cabeças desprotegidas e
Propor anatomia na
Ciência que estuda a
Estrutura dos seres
Organizados com
Dissecação de qualquer
Corpo encontrado nas
Calçadas e fazer análise
Minuciosa dos organismos
Ostomizados ao anavalhar
A carne num corte anatômico
Ao ferir a carne como um anatomista
E pessoa que se especializou
Em anomatizar com navalha
E sem anestesia para estudar
Peça por peça do organismo
Alterado por processos
Patológicos com todos ainda
Vivos na anatomopatologia e
Imunizar com a anatoxina e
A toxina que perdeu a toxidade
Sem sofrer alteração na sua
Capacidade da anca anatomopatológica
Da região lateral do corpo
Humano desde a cintura até a
Articulação superior da coxa no
Quadril e no quarto traseiro do
Animal ou a garupa de terminal.

E já andei uns tempos ancado; BH, 070601999; Publicado: BH, 0701002020.

E já andei uns tempos ancado
E derreado pelo tempo pesado
E curvado igual ao macaco que
Foi o meu ancestral passado e
Não herdei nada desse semelhante
E nem evoluí também primata e foi 
Do meu antepassado e da minha
Ancestralidade a cacunda que
Provém a morte e o melhor até
Seria no cangote forte e se tivesse
Continuado a viver igual ao macaco
E muita coisa não teria que engolir e
Nem mesmo as brasas ou guardar
Na lembrança muita convivência
Ruim e o que temos por aqui são
As cinzas dum ser humano ancho
E com mania de amplo e com
Orgulho largo agarrado no arado
Do colonialismo e cheio de vaidade
De louco e que não respeita a 
Ancianidade ou a qualidade e o
Estado de ancião e do velho e não
Olha a pessoa velha respeitável e
Faz da mulher uma ancila e escrava
E serva eterna e que nasceu só para
O amor e hoje só serve para trabalhar
E se fosse macaco não comeria tanta
Carne vermelha e comeria mais
Frutas e mais grãos e sementes e
Talvez até evoluiria mais e comeria
Carne de anchova ou a carne sadia
Doutro peixe e enchova e pescadas
No rio sem poluição e nem sofreria
De ancilose e nem iria ancilosar a
Diminuição e impossibilidade de
Movimento duma articulação e
Longa vida aos macacos descendentes.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

E não sou perfeito; BH, 060801999; Publicado: BH, 0501002020.

E não sou perfeito
E quebro a estruturação 
Lógica da oração e
Verdadeiro anacoluto
Repito que não sou 
Perfeito e tremo o coração
E pessoa que se entrega à
Vida contemplativa ou que
Furta-se ao convívio social
E famigerado anacoreta e
Não sou perfeito pois sou
Um ser que no qual contém
A acronismo e sou o que faz
Questão de estar fora de
Época e de moda e sempre
Errado anacrônico e faço
Erro ou confusão na estação
De fatos ou eras históricas e
Não sou perfeito e sofro das
Repetições das palavras ou
Frases finais dum período e
No início do seguinte e é a 
Doença da anadiplose e não
Sou perfeito pois sou um
Organismo que não necessita
De oxigênio livre para viver e
Um ser a aeróbio e não sou
Perfeito e sou apenas 
Anafilactico e referente à
Anafilaxia e o aumento de
Sensibilidade do orgasmo
Animal e relação a substância
Com a qual este organismo já
Entrara antes em contato e não
Sou perfeito ao padecer com a
Repetição duma ou mais palavras
No início de diversas frases ou
Membros da mesma frase na
Linguagem anáfora e não sou
Perfeito e me falta o apetite
Sexual na minha ansfrodusia e
Não sou perfeito pois diminuí e
Anulei o apetite sexual e foi o
Meu mal anafrodisiaco e não sou
Perfeito e sou pessoa insensível
Ao amor e até ao amor próprio e
Anafrodita e não sou perfeito e
Preciso do processo de escrita em
Relevo para cegos a anagliptografia
E não enxergo por olhos normais e
Só por olhares de tatos e não sou
Perfeito e tenho falta de instrução
Elementar e tenho ignorância
Hereditária e não sei ler e nem
Escrever e muito menos interpretar
E pereço no analfabetismo crônico
Nacional e analfabeto e ignorante
Funcional e não sou perfeito pois 
Sou a palavra formada pela 
Reordenação das letras de outras
Num anagrama que diz que não sou
Perfeito e não uso a saia de baixo do
Vestido da peça do vestuário feminino
E usada por baixo de saias e sempre
Andei debaixo da anágua de minha
Mãe e não sou mulher e a mulher é o
Ser mais perfeito e não sou perfeito e
Desconheço a narração dos fatos
Históricos ano por ano e desconheço
A história e a publicação periódica e
Referente às ciências e não escrevo
Anais e nem sou perfeito e nem nada
Sei referente a ânus e nem nada sei de
Anal e só sei que não sei que não sou
Perfeito e a analgesia e a insensibilidade
À dor do semblante do semelhante me
Faz chegar à árdua conclusão de que não
Sou perfeito e sofro excomunhão numa
Maldição completa e numa condenação
Perpétua de censura de ditadura absoluta
De excomungado maldito e malvisto e
Mal sentido e mal ouvido e um anátema
De martelo de bigorna de marretada e
De bate-estacas e não sou perfeito pois
Sou um ser humano e um homem nunca
Será perfeito e não sou perfeito e não
Nasci santo e para a minha dor não tem
A analgésico e nem tem medicamento e
Minh'alma não é feliz e nem depois de
Morta e a analgia interior não me permite chorar.

E preciso me analisar para evoluir; BH, 060801999; Publicado: BH, 0501002020.

E preciso me analisar para evoluir
E fazer uma análise conceitual e
Submeter-me a tratamento psicanalítico
E conhecer a decomposição de todos
Os elementos que me constituem e
Exame de cada elemento do meu 
Todo na investigação de mim mesmo
Na pesquisa a meu respeito no 
Estudo do meu ser e entender a minha
Álgebra superior e o meu cálculo
Infinitesimal e necessito duma
Psicanálise e me submeter a um
Tratamento e a saída é procurar um
Analista e não a pessoa que escreve
Anais e sim a que faz análise ou um
Especialista que conheça bem uma
Cabeça pré-histórica igual conhece
Programa de computador mas na
Verdade um phd analítico e procedente
E que saiba estabelecer a semelhança
Referente e parcial entre coisas
Diferentes e como as alterações que
Sofrem certas palavras para se 
Acomodarem à uma forma mais
Frequente na língua na ciência da
Analogia e no estado analógico e no
Método filosófico que deduz por
Analogia o analogismo dos seres
Análogos e que no fim das contas
Todos temos algo em comum nesta
Vida breve e longe da eternidade.

E vivemos todos na mentira; BH, 070803020, aniversário do Lucas; Publicado: BH, 0501002020.

E vivemos todos na mentira
E na falsidade e na ilusão e
Perecemos pela falta de fé e
Coragem e determinação e é
A nossa anamnésia a figura
Pela qual fingimos recordar
Fatos e fotos e coisas esquecidas
E perdemos a recordação e o
Restabelecimento da memória
E no espelho cônico ou cilíndrico
Miramos a nossa imagem
Disforme refletida anamorfose
Do ser que gera ananases e 
Plantas das famílias das bromeliáceas
E os frutos dessas anândrias e
Que não têm estames e são homens
De ideais ananicadas e pequenos de
Pensamentos e ideias quase como de
Anões e pessoas de estatura 
Anormalmente baixa e nessas
Condições não dá para fazer nem
Um anapesto de pé de verso grego ou
Latino e formado por duas sílabas
Breves seguidas duma longa e a
Aproveitar então a ocasião para a
Anaplasia e a arte de restabelecer a
Forma normal de toda parte mutilada
Do meu corpo de espírito disforme e
A anaplastia d'alma a chance de ter
Pelo menos um esqueleto normal.

Depois da queda do vulgo FHC; BH, 070801999; Publicado:BH, 0501002020.

Depois da queda do vulgo FHC
Fernando Henrique Cardoso e
Asseclas incompetentes e puxa-sacos
E depois do fim da burguesia e da
Elite e da classe dominante o certo é
Implantar a anarquia e a negação do
Princípio de autoridade que  
Nunca tiveram e criar uma estrutura
Social sem dominação e não existência
De governo ou chefe ou autoridade e a
Desordem social com clima anárquico
E em tudo que há anarquia e em que
Favorece a anarquia e já que o 
Brasileiro nunca teve o direito de
Desfrutar e viver e amar o seu país e
Só os ricos ou os burgueses ou as 
Elites ou deputados ou senadores que
Podem usufruir de mordomias e da boa
Vida e das felicidades do capitalismo e
O povo não e então é o anarquismo 
Puro e aplicado na doutrina que prega
A abolição de toda autoridade e de
Qualquer tipo de governo e cada cidadão
A se transformar num anarquista e na
Pessoa partidária do anarquismo e do 
Que faz a anarquia anarquizar ou
Desmoralizar ou ridicularizar os algozes.

domingo, 4 de outubro de 2020

O amparo da humanidade é ensinar; BH, 060801999; Publicado: BH, 0401002020.

O amparo da humanidade é ensinar

O homem amparar a si mesmo e a

Educar a pessoa na coisa certa e no

Que se entende por auxílio necessário

E na defesa do modelo Ideal de ser

Humano na proteção do paradigma da

Raça humana no refúgio da fé e da 

Coragem e do destemor natural de ser

Energizado como na intensidade duma

Corrente elétrica medida em amperes de

Unidade no sistema MKS Giorgi aparelho

Que mede tal amperímetro ou amperômetro

Descarregado no amplexo cordial que

Resulta o abraço amigo na ampliação da

Ação como um ampliador real no aparelho

Fotográfico e que sabe transformar o

Negativo em positivo ao olho da face e

Só ampliar o olhar para aumentar o campo

Amplo do vasto universo e estender a luz

E dilatar as pupilas e prorrogar a amplidão

E a qualidade de vida do coração na vastidão

Da amplificação do amor e em tudo o que se

Amplificar o bem junto com todo o efeito

Amplificador do firmamento e o que mais

Se deve usar para sustentar a sobrevivência

E o que amplifica o sistema integrante como

O conjunto de equipamentos eletrônicos e 

Rádio patrulha de televisão estelar comandado por sinal

E gera outro análogo e comando em potencia

Aumentada e a transformar em ondas sonoras

Que geram as ondas do mar do mar do

Oceano celestial.