Um dia um anjo que caiu do céu por Deus
Ter dado um pontapé na bunda dele, disse-me:
Ô caipira caapora, cheio de catapora, larga de ser
Besta, sô, pega uma folha de papel e uma caneta
E vai escrever uma obra-prima, uma obra de
Arte, uma bela arte; não sou artista, não sou
Pintor, não sou escritor, não sei como fazer;
Fica aí, a assistir as imundícies das televisões,
Bexiguento, a ler as mentiras do PIG, o
Partido da Imprensa Golpista, sarampento, com
O universo que disponibilizou tanta coisa
Infinita para ser cantada em verso, ser
Imortalizada de alguma maneira e perdes
Teu tempo à toa; se eu soubesse, faria algo,
Uma escritura de estrebaria, uma lavra de
Taberna, com letras cravadas a ferro em brasa
Na madeira, com palavras de rancho, mas,
Qual, não faço nem de criança, garranchos;
Fiz muitas estripulias no céu, Deus deu-me
Um pontapé certeiro, no meu traseiro, caí de
Ponta cabeça, em cima do teu travesseiro,
Para ser teu pesadelo e enquanto não
Honrares a antologia, com uma poesia de
Filosofia, não terás na terra alegria; anjo
Excomungado, nunca comunguei, também
Sou amaldiçoado, maldito, renegado e só
Sei fazer Deus ficar desesperado; e ainda
Sou pagão e não fui batizado e Deus não
Terá pena, deste animal alienado, que bebe
Todas e come tudo, até ficar empanzinado;
Ô cheio de quebranto, espinhela caída,
Caxumba, cobreiro e mau olhado, sarna,
Tiririca e ziquizira e carrapato, muquirana,
Inhaca de cadeia, sangue pisado, então,
Preferes continuar a vegetar? sai de debaixo
Dessa lama, tira o lodo, o limo, a ferrugem,
Cura essa ressaca e a má digestão; e quando te
Sentires leve, plaina nas asas da inspiração, que o
Universo é como um bom ladrão e ainda hoje,
Quererá, estar contigo no paraíso da imaginação.
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