O guardador de palavras não é um mero
Guardador de palavras feitas de letras de
Alfabetos, ou colecionadas em dicionários;
O guardador de palavras guarda palavras
Canonizadas pelos ancestrais, palavras feitas
De preces dos pretos, em seus cantos de
Saudades nas senzalas, longe da pátria amada
Que, ficou para sempre para atrás; e guarda
Palavras oprimidas, de letras do tempo em que,
Não formavam liberdade, ou fraternidade,
Ou igualdade; e o guardador de palavras
Sente dificuldades de encontrar as que são
Marretadas nas bigornas do limbo; e surge
Diante dele, uma geração de rebanhos de
Mudos e de desprovidos de outros sentidos;
E o guardador de palavras, quando guarda
Uma palavra, não regista como
Expressá-la e acaba por perdê-la nos
Labirintos do túnel do tempo; e ao
Usar o seu conservatório, não o usa como
Um pregador de palavras de promessas
Divinas, transformadas em cifras de gordas
Contas bancárias; usa-o como água
Natural, usa a correnteza da fonte, para
Levar a flor nascida no monte; e todo o
Coração da montanha chora em cachoeiras,
Ou cascatas, toda flor que a correnteza arrasta;
E é assim que, como uma orquídea é
Um tesouro para o monte, a palavra é de tal
Valor ao infeliz guardador de palavras; e que
Sonha a vasculhar fímbrias, frestas, rincões,
Recônditos do universo, onde estão os
Sorrisos das crianças que, são as molduras para
Cada palavra que o guardador de palavras alcança.
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