Morto e em vez de ser psicografado,
Psicografo e vou contra as escrituras,
Não quero enterrar os meus mortos e
Morto, corro dos mortos e espírito,
Corro dos espíritos e morto ser, fujo
Do ser morto; e dos seres vivos, escondo-me
Nos meus escombros, metem-me horrores,
Terrores, causam-me suores, calafrios
E despertam-me os mais baixos instintos,
Peço que todos sejam extintos; se não
Há futuro, como será o futuro? peles
Enrugadas, dores nos ossos emperrados,
Choros, clamores, rezas, preces, orações
Ao nada; inda bem que morto não
Tem futuro, não precisa de enduro,
Caturro pelos cantos, casmurro, a
Lamuriar, a amaldiçoar céus e terras,
Esquecido, esquece do próprio
Esquecimento; e com vontade de ser
Vivo, joga-se ao vento, molambo,
Farrapo, pedaço de coisa bolinada,
Frêmito como se animada, mas,
Inerte, logo após que o vento passa;
Que frio no tutano dos ossos, lareira,
Cobertas, termômetro a quase 40º à
Sombra; o queixo não para de tremer,
Das covas dos envelhecidos olhos
Antigos, jorram lágrimas, soros
Fisiológicos, da sepultura da boca,
Baba gosmenta, paredes de escarros
E cuspes espalhados; o espírito já se
Foi, o ente ausente, a entidade subiu,
Ou desceu, ou esvaneceu-se e o que
Era corpo, pergaminho sedoso, morto,
Não saberá jamais que será psicografado
Por um morto num futuro onde não há futuro.
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