A minha tristeza é a minha desídia e a preguiça
Que trago no seio, a inércia que carrego no corpo,
A negligência da alma e o descaso do espírito;
Como vencer a ausência de força e de estímulo
Para agir? como vencer a falta de cuidado e de
Atenção? como vencer a frouxidão na ação,
A indolência, o desleixo e a incúria? como posso
Ser alegre, ao desarranjar a vida, ao dar o fora
Na ética e ao afastar-me da razão? desguiar o
Raciocínio, desmobilizar o meu lar, só fiz com
Isso, tirar a defesa de mim; só fiz desguarnecer-me,
Ao privar-me duma guarnição, duma tal força,
Como a dos militares e suas munições de guerra;
E é o que faz-me desgrudar da vida, despegar-me
Do amor que estava grudado em mim; é como
Um desligar da libido, da luxúria do gozo e do
Luxo do prazer; não trago mais cabelos para
Emaranhar-me numa noite de orgia, mulher
Nenhuma vai mais despentear-se diante de mim;
E para desgrenhar-me, ou desconcertar-me
Diante dela, nem desordenadamente despenteado,
De cabelo revoltos, desordenados, sou um careca;
Desgrenhado, levado pela ambição, na inveja
Desgraçado e desgranido pelo egoísmo; não
Tenho cura e jamais deixarei de ser, assim, tão
Desgracioso; desajeitado no cavalheirismo, por
Pensar que não há mais graça em ser educado;
E quero é deflorar uma virgem, infelicitar uma
Mulher e causar a desgraça duma menina
Que, pensa que, virgindade leva para o céu; e
Tornar desditoso e infeliz um sonho, desgraçar
Todo o mal sucedido, não repara, não, sou
Assim mesmo, medonho; um que de patife
Desprezível, um lado pobre e miserável, uma
Parte infeliz e deplorável, de má sorte e azar,
Um desgraçado que nunca sabe o que quer e
Almeja a calamidade; anseia a miséria,
Espalha a infelicidade, como o nosso
Desgoverno; o nosso mau governo, de
Desregramento, descontrole e desnorteamento,
Ao desgovernar para os pobres e oprimidos,
Governar mal para os trabalhadores e contra o
Povo; é perder a direção, como o veículo em
Alta velocidade, ou o homem fraco a se
Desorientar pelo medo e pela covardia; e
Navegar fora da história, por portar-se mal, sem
Governo, sem faces, rostos, caras, perfis, semblantes.
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