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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Mangueira 1992 6/15 - Se todos fossem iguais a você
Mangueira vai deixar saudade
Quando o carnaval chegar ao fim
Quero me perder na fantasia
Que invade os poemas de jobim
Amanheceu...
O rio canta de alegria
Aconteceu...
A mais linda sinfonia
O sol já despontou na serra
Doirando o seu corpo sedutor
O mar beija a garota de ipanema
A musa de um sonhador
É carnaval
É a doce ilusãoé promessa de vida no meu coração
Vem... vem amar a liberdade
Vem cantar e sorrir
Ver um mundo melhor
Vem meu coração está em festa
Eu sou a mangueira em tom maior
Salve o samba de terreiro
Salve o rio de janeiro
Seus recantos naturais
Se todos fossem iguais a você
Que maravilha seria viver
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
GUSTAVO PETRO, PRESIDENTE DA COLÔMBIA
GUSTAVO PETRO:
"Trump, eu não gosto muito de viajar para os EUA, é um pouco entediante, mas confesso que há coisas meritórias. Gosto de ir aos bairros negros de Washington, lá vi uma luta intensa na capital dos EUA entre negros e latinos com barricadas, o que me pareceu uma bobagem, porque eles deveriam se unir.
Confesso que gosto de Walt Whitman, Paul Simon, Noam Chomsky e Miller.
Confesso que Sacco e Vanzetti, que têm meu sangue, na história dos EUA, são memoráveis, e eu os sigo. Eles foram assassinados como líderes operários na cadeira elétrica, pelos fascistas que estão dentro dos EUU, assim como dentro do meu país.
Não gosto do seu petróleo, Trump, ele vai acabar com a espécie humana por causa da ganância. Talvez um dia, junto com um gole de uísque que aceito, apesar da minha gastrite, possamos falar francamente sobre isso, mas é difícil porque você me considera uma raça inferior, e eu não sou, nem nenhum colombiano.
Então, se você conhece alguém teimoso, esse sou eu, ponto final. Você pode, com sua força econômica e sua soberba, tentar dar um golpe de estado como fizeram com Allende. Mas eu morro na minha lei, resisti à tortura e resisto a você. Não quero escravistas ao lado da Colômbia, já tivemos muitos e nos libertamos. O que quero ao lado da Colômbia são amantes da liberdade. Se você não pode me acompanhar, eu vou para outros lugares. A Colômbia é o coração do mundo, e você não entendeu isso. Esta é a terra das borboletas amarelas, da beleza de Remedios, mas também dos coronéis Aurelianos Buendía, dos quais eu sou um, talvez o último.
Você pode me matar, mas eu sobreviverei no meu povo, que é anterior ao seu, nas Américas. Somos povos dos ventos, das montanhas, do mar do Caribe e da liberdade.
Você não gosta da nossa liberdade, tudo bem. Eu não aperto a mão de escravistas brancos. Aperto as mãos dos brancos libertários, herdeiros de Lincoln, e dos jovens camponeses negros e brancos dos EUA, diante de cujas tumbas chorei e rezei em um campo de batalha, onde cheguei depois de caminhar pelas montanhas da Toscana italiana e depois de me salvar da covid.
Eles são os EUA, e diante deles me ajoelho, diante de mais ninguém.
Derrube-me, presidente, e as Américas e a humanidade responderão.
A Colômbia agora deixa de olhar para o norte, olha para o mundo. Nosso sangue vem do sangue do califado de Córdoba, a civilização daquela época, dos latinos romanos do Mediterrâneo, a civilização daquela época, que fundaram a república, a democracia em Atenas; nosso sangue tem os negros resistentes, convertidos em escravos por vocês. Na Colômbia está o primeiro território livre da América, antes de Washington, de toda a América, lá me abrigo em seus cantos africanos.
Minha terra é de ourivesaria existente na época dos faraós egípcios e dos primeiros artistas do mundo em Chiribiquete.
Você nunca nos dominará. O guerreiro que cavalgava nossas terras, gritando liberdade, e que se chama Bolívar, se opõe a você.
Nossos povos são um pouco medrosos, um pouco tímidos, são ingênuos e amáveis, amantes, mas saberão ganhar o canal do Panamá, que vocês nos tiraram com violência. Duzentos heróis de toda a América Latina jazem em Bocas del Toro, atual Panamá, antes Colômbia, que vocês assassinaram.
Eu levanto uma bandeira e, como disse Gaitán, mesmo que eu fique sozinho, ela continuará hasteada com a dignidade latino-americana, que é a dignidade da América, que seu bisavô não conheceu, e o meu sim, senhor presidente imigrante nos EUA.
Seu bloqueio não me assusta, porque a Colômbia, além de ser o país da beleza, é o coração do mundo. Sei que você ama a beleza, como eu, não a desrespeite, e ela lhe oferecerá sua doçura.
A COLÔMBIA, A PARTIR DE HOJE, SE ABRE PARA TODO O MUNDO, DE BRAÇOS ABERTOS. SOMOS CONSTRUTORES DE LIBERDADE, VIDA E HUMANIDADE.
Me informam que você impõe 50% de tarifa para nosso fruto do trabalho humano entrar nos EUA. Eu faço o mesmo.
Que nossa gente plante milho, que foi descoberto na Colômbia, e alimente o mundo."
sábado, 25 de janeiro de 2025
no último lance fui salvo
no último lance fui salvo
por minha cabeça no cadafalso
tirei uma carta mágica da manga
o laço do pescoço o pescoço do cepo
segurei a mão do carrasco
impedi o algoz de calar minha voz
fiz ver ao verdugo que
não era uma pessoa cruel ou
um tirano sanguinário
era só um signatário do universo a pedir
passagem pelas passarelas das paralelas
evitei então o pior dos piores
com os meus argumentos fragmentos
seguimentos de retas me livrei enfim
do fim ai de mim
não mereço ser enterrado num jardim
sou flor ruim pode ser que melhore
nelore noutra vida não nesta que
já estou com pressa
não tenho mais tempo para morrer
se não consegui nem viver
agora vou ver o sol nascer
a lua sorrir
as coisas felizes acontecem mesmo
para quem não quer ser feliz
é muito fácil ao aprendiz
já ancião tentar aprender o que
quiseram ensinar a quem desdenhou a vida toda
não é mais forte para tirar a morte
que montou no cangote
dá vários botes mas
não é bom peão
não joga a morte no chão
que rodeia igual pião
não o larga de mão
até o levar ao caixão
adeus meu irmão
BH, 01801202024; Publicado: BH, 02501002025.
terça-feira, 21 de janeiro de 2025
sábado, 11 de janeiro de 2025
depois que te perdi quero mais é me perder
depois que te perdi quero mais é me perder
mais ainda até do que já sou perdido não
importa-me mais ser ou não ser ter ou não
ter navegar ou viver tudo que me interessava
só me encontrava em ti procurava noutras
regiões outros elementos estados de matérias
átomos moléculas organismos nada me
satisfazia única hora em que sorria era a
hora em tua companhia de que adianta
vegetar comatoso paliativo só? não vale a
pena gestar sem ti tudo fiquei com a alma
mais pequena quando ando nem minha
sombra cresce mais nada mais me faz sentir
nada mais me faz sentir gigante igual me
sentia quando estava ao teu lado resignei-me
na minha insignificância de anão vira-latas
pequenez cachorro pé duro foba sem pedigree
cão caim sem dono até hoje errante pelo
mundo sem manjedoura abrigo sem estábulo
albergue aonde andarão teus braços que me
abraçavam tuas pernas que me levavam teu
corpo que me protegia cobria o meu quando
estava com frio aonde andará agora o meu
brio? foste partiste nem disseste adeus fugi
corri louco pelas ruas só deus sabe o que queria
ainda bem que a morte já andava noutras freguesias
BH, 02801102024; Publicado: BH, 0110102025.
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
ainda me falta o que o sol me prometeu
ainda me falta oque o sol me prometeu
porém não sou prometeu não roubei o
fogo não roubei nada do sol nenhum
raio só ainda me falta o que a lua ficou
de trazer para mim não abriu a porta
de nenhum de seus quatro quartos me
deixou de fora tive que uivar igual a
um coiote um lobo de pradaria fiquei
com raiva de lobisomem a assustar
donzelas nas passarelas das clareiras
das florestas a culpa não é minha não
cumpriram com as promessas das
profecias que me fizeram aí todo dia
espero o sol sentado no meio-fio aí
toda noite espero a lua na esquina da
rua me vem uma travesti nua a me
enganar com a sua carne crua nervosa
sem tempero que agonia que desespero
que ânsia não tenho dinheiro tenho que
correr no corredor até ao banheiro do
balneário que está mais para carandiru
barrela de plínio marcos panela de
pressão quase acabei numa cela fétida
duma delegacia suspeita repleta de
policiais bandidos assassinos ávidos
pela vida dum sem destino deus
clandestino com alguns trocados me
livrei de ver o sol nascer quadrado
corri para o barraco a lua atrás de mim
entrei na favela os bofes pela goela no
barracão fechei a porta fechei a janela fui
dormir que amanhã é dia de bala perdida
BH, 018012024; Publicado: BH, 070102025.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
uma carta póstuma dum morto para um morto póstumo
uma carta póstuma dum morto para um morto póstumo
dois dias para um ano da tua morte continuo com a
sorte de sentir saudades eternas de me sentir forte para
poder chorar a culpa do meu azar de não ter ido no teu
lugar o que que quererei fazer aqui sem ti? o mundo
perdeu o significado não tenho mais lugar para olhar
gostava de mirar tua face tuas miragens tuas viagens
pelo universo teus devaneios de reminiscências tuas
reverberações vibrações redemoinhos agora vivo aos
volteios pelos cômodos do barracão pelas cômodas do
barraco na encosta do barranco que margeia a boca da
favela aperto a fivela aperto a arruela apago a vela de
sete dias fecho o botão sinto sopro no coração não é de
vida sinto tonturas não é de bebida sinto falta não é de
comida sinto falsidades sinto tudo que não eras mentiras
hipocrisias preconceitos defeitos tudo mudou sem ti
nada continua a mesma coisa sigo perdido sem agulha
bússola rosa dos ventos alavanca astrolábio sem ponto
de apoio defunto rejeitado cadáver em adiantado estado
de putrefação sem cova sem sepultura sem campa sem
tampa sem epitáfio pedra para repousar a cabeça não
tenho nem para posar em frente ao sepulcro ou para pousar
acocorado como um pássaro num galho tudo em mim
era o que eras a era não será a mesma até logo tenho que
ir logo pois não voltas mais logo nunca mais ai até logo
BH, 03001202024; Publicado: BH. 020102025.
escravocrata abres teus olhos comigo
escravocrata abres teus olhos comigo
sou perigoso para a escravidão pois não
esqueci meu martírio vou lembrar até
na imensidão sou negro escravo sou
preto fujão não sou nenhum pai joão
tenho enxada tenho pá tenho picareta
facão foice martelo bigorna marreta
mutreta comigo não bato o pé no chão
empaco burro velho pé de cabra mão
de pilão pá na cara pesada firme com
pé de pilão bate estaca coração tambor
tantã pandeiro batuque batuqueiro
madrugada batucada navalhada pernada
calcanhar na testa canelada no tornozelo
cotovelada nos olhos quebra queixo
espatifa mandíbula afunda pau de nariz
põe para dentro o pomo de adão não
mexas com meu papo de galo preto meu
saco de bócio é outro negócio sou negro
de papo firmado parece o que o galo
brigão tem quem vê não vem ninguém
deixei a senzala deixei a favela casa
grande engenho cafezal vim para a
capital sem capital a polícia me faz mal
a sociedade me escravizou de novo
corro feito jumento burguesia elite que
comem meu alimento desfrutam tudo que
produzo que gera riquezas aos intrusos
BH, 03001202024; Publicado: BH, 020102025.
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