sexta-feira, 28 de março de 2025

fantasmas de fantasias sonos de sonhos

fantasmas de fantasias sonos de sonhos
espíritos de quimeras almas a devanear
por aí em seios de devaneios que
sofram uma devasse de sindicância
dum ato criminoso com processo que
contém as provas dos atos como uma
propriedade aberta ou franqueada à
vista ou ao acesso de todos como o
posto a descoberto seja devassado o
congresso que só sabe fantasiar em
causa própria sonhar para si mesmo a
imaginar o que é de bom de bem do
melhor aos apaniguados das casas a
esquecer do povo trabalhador brasileiro
ou da nação trabalhadora brasileira ou
do operariado que não é emancipado
que só sabem pedir devagar pelos
direitos agir vagarosamente sem pressa
não expulsa o deva da elite o gênio do
mal da burguesia fora da religião do
masdeísmo malditos políticos também
banidos do deuteronômio do quinto
livro dos pentateucos quiçá de todos
menores do que o deuteron o núcleo
do átomo do deutério menores do que
a partícula da fusão dum próton com
um nêutron cada um carrega o seu
deuterígamo se casa pela segunda vez
ou mais a primeira com a esposa a
segunda com o poder a corrupção o
dinheiro a ganância a ambição a
mentira a traição a falsidade a causar
um deus-nos-acuda no país uma
desordem na nação um tumulto no
coração do povo que vivem ao
deus-dará à toa ao acaso à ventura à
mercê dos acontecimentos de ter que
sustentar corja tão grande de párias
parasitas vermes sanguessugas inúteis
fúteis vãos que não têm nem a função
do deutério isótopo estável do
hidrogênio de número de massa 2
símbolo D ou H² à nossa deusa  não
cada divindade feminina do politeísmo
não à mulher adorável por sua extrema
formosura porém nossa pátria mãe
gentil os quais só sabem deturpar só
sabem manchar conspurcar só sabem
corromper descaracterizar a alterar a 
realidade só vivem para a deturpação
própria para os demais semelhantes só
deus o princípio supremo que as
religiões consideram o superior à
natureza o ser infinito perpétuo
perfeito criador dos universos que é
Objeto dum culto dum desejo ardente
que se antepõe a todos os outros
desejos ou afetos que está de déu em
déu de casa em casa  a vir de todo de
tudo dum lugar para outro é que nos
livrará desse detrito desse resto de
resíduo de substância política imunda

BH, 070402001; Publicado: BH, 0280302025.

diftérico é um texto teso relativo à difteria

diftérico é um texto teso relativo à difteria
doença infectocontagiosa ainda hoje
caracterizada pelosa fenômenos em
formações de falsas membranas na
garganta no nariz o erupe o garrotilho
a difratar a fazer a difração o desvio
da luz ao bater os seus raios na
superfície dum copo d1água pois o
que quero mais é difluir pela vida a
fora correr louco como um líquido a
espalhar-me a espelhar-me a
derramar-me como lágrimas sinceras
na chuva assim agora depois disso
só quem sabe qual é a verdade? qual
é a minha verdade? a verdade a meu
respeito a doer no meu peito a doer
em mim ou não já que não sou o
caminho nem a verdade nem a vida
quero saber qual é o caminho qual é
a verdade qual é a vida? quero só a
verdade sobre minha natureza minha
vida meu caminho minha verdade
quero é saber sobre minhas coisas os
meus princípios sem dificultar sem
tornar difícil custoso de saber ao fazer
por onde encontrar as respostas sei
que não vem através dos ventos da
rosa dos ventos já escutei o vento
ouvi os ventos um por um não me
disseram nada algo veio pôr
impedimento veio complicar fazer a
dificuldade aumentar o vento passou
a soprar não soube assimilar as suas
letras as suas palavras sou o próprio
obstáculo de mim a situação crítica
caótica a própria qualidade do difícil
do que não é fácil do que custa a fazer
certo o certo de custoso a entender de
trabalhoso a compreender a interpretar
ai quem me dera o instinto
do leão da montanha

BH, 060402001; Publicado: BH, 0280302025.

quarta-feira, 26 de março de 2025

monte de cinzas dum pedaço mastigado

monte de cinzas dum pedaço mastigado
de coração caído no chão que arrancaste
com golpes violentos ao matar minha
alma esmagaste minhas carnes alma
nua destruíste meu corpo nas tuas
carnes tentei resistir foi em vão pensei
que meu amor era mais forte do que sou
deixei-me envolver fizeste o que bem
quiseste mastigaste-me todo não me
engoliste me deixaste jogado na calçada
triturado até os ossos sem palma sem
nada fiquei na vida a tenta te esquecer
hoje cada minuto que passa quando
lembro de ti um pedaço de corpo morto
a vagar pelo espaço dum universo sem
amor onde um homem viveu uma vida
para amar uma mulher que o reduziu a
um monte de cinzas que o vento espalhou

RJ/SD; Publicado: BH, 0260302025.

chega ao anoitecer

chega ao anoitecer
vai embora ao amanhece
veio para me corromper
a mocidade para me tomar
a vida sugar minha alma
a me roubar a primavera
faz de mim o que bem quer
como um ser domador fica
a me matar de amor me 
joga no meio da rua lava
as mãos em meu sangue
toda noite marca meu corpo
toda manhã me beija na boca
quando me ver chega ao 
anoitecer vai embora ao
amanhecer com seu amor
selvagem arranca meus
olhos com seu olhar
amassa minhas carnes
com sua mãos é o fogo
que me invade o ser
é a mulher por quem
quero morrer

RJ/SD; Publicado: 0260302025.

a resposta ao homem que pensa que sabe tudo

a resposta ao homem que pensa que sabe tudo
ninguém sabe nada passo o tempo a afirmar a
falar a escrever bobagens que não têm valor
na vida de hoje nada tem valor nada é perfeito
passo o tempo a fumar a meditar mil coisas
que me deixam maluco lunático nas nuvens
nunca chego à uma conclusão certa cada vez
fico com a cuca mais fundida com grilos pelos
pântanos mentais pois sei que não saber nada
hoje em dia é difícil sobreviver só se chega à
uma confusão digo para todos a comunhão
está no amor na paz perguntam-me aonde
anda o amor agora? não sei responder sinto
que o amor fugiu do homem o homem fugiu
do amor a pensar que sabe tudo que não
precisa amar corre atrás de fama de dinheiro
fácil igual à uma puta louca o homem é uma
meretriz louca uma prostituta mercenária sou
um louco também não sei de nada nem sei
quem sou nem o que quero não conheço
ninguém nem a mim mesmo ou ao mundo
não sei viver nem conheço a vida sacerdote
deixo bem claro se for um momento de
lucidez a resposta para nós está no amor

RJ/SD; Publicado: 0260302025.

sexta-feira, 21 de março de 2025

JÁ CLAREOU, ANTÔNIO CANDEIA FILHO:

Já clareou já clareou

Portela voltei pro meu amor

Já clareou

Já clareou já clareo

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor

Volta a corda pra caçamba

Volta o padre pra capela

Volta o luar para a lua

A jangada para a vela

O remador pra canoa

O parafuso pra arruela

Já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor.

Já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor

Andei batendo cabeç

Reco-reco tamborim

Eu bati você bateu

Mas a magoa chega ao fim

O rio voltou para o mar

Você voltou para mim

Mas já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela voltei pro meu amor

Ah veja que clareou

Já clareou já clareou

Portela voltei pro meu amor

Quem fala tem água na boca

Quer ficar no meu lugar

Bom malandro não dorme de touca

Não dá papa a Zé Mané

Você voltou para mim

Voltou o garfo pra colher.

Olha já clareou

Já clareou (lindo, lindo, lindo) já clareou

Portela voltei pro meu amor

Já clareou

Já clareou já clareou

Clareou clareou

Portela, voltei pro meu amor

solitário lobo da estepe

solitário lobo da estepe
que quer sair da solidão da solitária
para trabalhar num projeto
de vida além da morte
morto cadáver já aqui jaz
veio no esquife do aquém
quem diria defunto a querer
fazer poemas com alegria
nem sabe que a maravilha da poesia
sem fantasia espantalho sem maestria
com azia comeu pão dormido
fantasma destemido bebeu leite azedo
ectoplasma sem segredo
não tem um mistério para contar
não sabe fingir
só quer enganar
ninguém mais leu uma linha
quanto mais paralelas no infinito
horizontes feridos pelos raios disparados
pelos sois dos universos diversos
diz os versos que direi se sabes dizer
o que queres dizer
todo mundo já disse de tudo neste mundo
na próxima geração
todo mundo do mundo mudo
cada um a arrastar uma capsula que é um caixão
câmara mortuária
num féretro de enterro coletivo
o último não garantirá a evolução da espécie
o bloco de rocha se transformará num bloco de gelo
cometa escuro apagado no céu escuro
a solitária solium no organismo do solitário
preso na solidão da solitária
a roer o que restou
pois é tudo que a um verme resta fazer
um poema réquiem
uma poesia in memoriam
um soneto póstumo
a morte da liturgia da antologia

BH, 01801202024; Publicado: BH, 0210302025.

domingo, 16 de março de 2025

em princípio nada pessoal pois

em princípio nada pessoal pois
o pessoal não é mais pessoal
virou impessoal talvez um
fantasma nu um peso na consciência
ou um remorso ou arrependimento
de quem diz não dá para continuar a
viver na melancolia na solidão na
tristeza sem alegria aonde anda a
felicidade da humanidade? para
israel é despedaçar humilhar
homens mulheres crianças queimar
vivos com as bombas lançadas em
cima de casebres em nome de deus
logo de deus tantos outros nomes
sórdidos por aí não querem é usar o
genocídio é em nome de deus do
capitalismo colonialismo
imperialismo ou de toda a maldição
criada pelo próprio ser humano a
raça mais impura a raça humana
manas manos não somos mais
irmãos não somos mais irmãs não
somos mais semelhantes amor
perdão senhor não há mais a quem
apelar para a paz quando pensamos
na paz são eleitos os escolhidos
senhores das guerras das armas da
fome da injustiça da violência que
não sabem que quem guerreia pela
paz a verdadeira paz nunca há de
ter esquecemos desse princípio
salve meu mestre nunca ouvido de
muito já esquecido antônio candeia
filho que o bom deus o tenha sempre em
bom lugar no fundo do seu coração um
dia também vou para lá para encontrarmos

BH, 090302025; Publicado: BH, 0160302025.

MICHEL BURKS AND LUCKY PETERSON:


 

quinta-feira, 13 de março de 2025

URUBU - Antônio Carlos Jobim - Urubu

tentou contra a existência

tentou contra a existência
num humilde barracão
joana de tal
por causa dum tal joão
depois de medicada
retirou-se pro seu lar
aí a notícia
carece de exatidão
o lar não mais existe
ninguém volta ao que acabou
joana é mais 
uma mulata triste que errou
errou na dose
errou no amor
joana errou de joão
ninguém sentiu
ninguém notou
ninguém morou
na dor que era o seu mal
a dor da gente não sai no jornal

terça-feira, 11 de março de 2025

chorei chorei de dor chorei pelo meu amor que a morte levou

chorei chorei de dor chorei pelo meu amor que a morte levou
era o único amor que tinha agora fiquei órfão sem amor só
com a dor sem paz a perguntar por que não fui no lugar do
meu amor que soube amar? fiquei aqui nem sei para que se
sem o meu amor não importa mais viver sem meu amor que a
morte me fez chorar de dor pois chorei quantas vezes chorei
muitas vezes vou chorar pois não terei mais nada para amar
nem a mim mesmo nem ao próximo nem à mulher do
próximo mesmo quando o próximo não estiver próximo não
quero mais amar a ninguém se for para amar para a morte
levar a me deixar não quero mais amar só chorar como chorei
chorei de dor chorei pelo meu único amor que a morte levou
sou cão danado agora sou cachorro louco melancólico
ninguém precisa saber de mim lunático não quero saber de
ninguém nem de mim quanto mais do alheio quanto mais do
semelhante deselegante ou do meu assemelhado primata
quantas vezes me dispus no lugar do meu amor a me
sacrificar a me imolar a me flagelar a me amputar como uma
puta a me lançar fora da ampulheta como numa punheta mas
que nunca nunca fosse o meu amor no meu lugar nunca nunca

BH, 070202025; Publicado: BH, 0110302025.

terça-feira, 4 de março de 2025

escrevo versos

escrevo versos
escrevo versos contra o imperialismo
escrevo versos contra o capitalismo 
fazer o que escrevo versos contra
o neoliberalismo a globalização
escrevo versos contra as elites
a burguesia o militarismo os militares
seus golpes contra a democracia
quem necessita de militares apátridas
vira-latas lesa-pátria entreguistas?
escrevo versos contra a plutocracia
o mercado financeiro que mata de sede
de fome de frio de violência
escrevo versos contra o racismo
o nazismo o fascismo as religiões
os bancos o sistema sanguinário
o que que se salva hoje na era moderna?
há como não se sentir vazio?
é a única saída escrever versos?
alguém aí quer saber de versos?
deveras a verdade não impera
o dinheiro compra a verdade
os versos são jogados no lixo
não dizem nada esses versos mudos
não dizem nada esses versos surdos
mamãe papai encontrei uns versos no lixo
que luxo minha filha leia para nós
escrevo versos

BH, 030302025; Publicado: BH, 040302025.