quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

RORY GALLAGHER:


 


BAD COMPANY:


 

clima de velório no mundo sem ode à alegria

clima de velório no mundo sem ode à alegria
yankees atrasados atrás duma boa guerra a
saciar instintos sádicos desejos mórbidos
gaza palestina vegeta paliativamente sem lar
pão água áfrica resiste triste democracias
desertos naturezas mortas humanidade
desertou de si extermina a raça humana
preda o ser humano implode cidadania
desaba soberania princípios dignidade quem
vota elege carrascos algozes verdugos
seifadores de direitos impositores de deveres
criadores de esquadrões da morte que
eliminam o estado criam ausências cancelam
presenças com o reinado da letal
extrema-direita que não  tem vínculo com
nenhum compromisso humano político
educacional social finge de religiosa banca
teocracias igrejas bancos outras ilusões que
mantêm o povo sedado inerte em letargia
sem responder a nenhum estímulo de
rebeldia liberdade independência revolução
quem tenta algum tipo de voo livre é
sumariamente ignorado isolado deixado de
lado os meios de comunicação mídias fazem
o trabalho sujo no papel de entreter o povo
em casa forjam opiniões espalham notícias
falsas reportagens tendenciosas
sensacionalistas manipulam assassinam
reputações todo um serviço bem feito para
a eternização da extrema-direita nas falsas
democracias mundo fora

BH, 0301202025; Publicado: BH, 0301202025

RAIZA FIGUEIREDO:

contemplativa

pelo direito à pausa

e não fazer nada, no correr das horas
são tantos estímulos
mensagens, demandas e notificações
na sociedade da pressa

a filosofia escreve sobre o cansaço contemporâneo
e freud, se estivesse vivo
falaria da aceleração, como mal estar da civilização
que aumenta a frequência cardíaca
e o fluxo dos pensamentos
tensiona os músculos
e adoece as vísceras

[mas a pausa está em tudo
nos ensina a professora natureza
na noite, no inverno
nas sementes e nos animais que hibernam]
descansar é revolucionário.

um corpo feminino

experimenta muitas formas, linhas, curvas
e marcas no correr dos anos
o ganho dos kg na balança
e a oscilação
ora para mais, ora menos
os hormônios e o tempo passando nas células
em cada parte
os músculos da face, tronco e membros
desenham infinitas possibilidades de expressão
sorriso mostrando os dentes ou de boca fechada
ambos de orelha a orelha
o olhar que muda no jeito de rir
e os olhos ficam mais apertados ou maiores
em cada parte do corpo
há muitos caminhos a serem conhecidos
no correr dos anos
um mergulho dentro de ti

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

sozinho na melhor companhia dum homem a solidão

sozinho na melhor companhia dum homem a solidão
principalmente ao homem que não cresceu não voou
que tem ainda no chão fincados os pés os paus as
varas os cajados as raízes pois em qualquer adejo
mais ou menos raso já sente falta da terra frio na
barriga vestígios tonturas falta de vontade para voar
retorna do topo toupeira não traz uma ideia dos altos
do absoluto do firmamento supremo do universo
indissolúvel do infinito indizível não traz um ideal de
luz continua atrás detrás atrasado então opta pela
solidão se é um bem ou um mal não saberemos
se é mau ou bom também não saberemos só teremos
o contraste a antítese o contraponto o antagonismo
o deixaremos sozinho em suas reflexões vazias
reminiscências póstumas confabulações contraditórias
tem as suas depauperações nuas suas imprecauções
cruas amanhã levantará da tumba o mesmo como se
viesse duma catacumba frango de macumba não saudará
o sol nem a lua não saldará as dívidas nem abalará as
dúvidas nas suas incertezas de indiferente fenecerá
de pedra inconsciência inabalável pensamento
de reto discernimento de pensador de intestino
tomara que no primeiro ventinho do ventilador
não tome uma inesperada constipação terminal

BH, 01401102025; Publicado: BH, 0201202025

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

notivago madrugada adentro

notivago madrugada adentro
à procura dum poema vagabundo
ou duma poesia puta para
fazer menina pura santa nem
olhei direito a sede era tenta
a fome mais ainda que nem
percebi o trejeito da travesti
com defeito dei um jeito
não consertei o aleijão me
disse que se chamava joão
de noite Joana d'arc deu no
que deu conde d'eu marcelo
d 2 leonardo da vinci segui
em madrugada empurrado
pela aragem embriagado pela
brisa que me alisa a cara
queimada de cachaça de etanol
de metanol ou meta no beco
sem saída atrás vem a polícia
joga fora o flagrante porém levou
um forjado não tinha nenhum
safanão pescoção cara no chão
não consigo respirar patrão amanheceu
no rabecão depois na mesa
do iml a esperar a inspeção
indivíduo indigente meliante
mendigo andarilho notivago
das madrugadas infinitas resgatador
de raparigas jogadas fora pelo uso
do tempo atestado de óbito
assinado em branco causa mortis vil
enterrado num lixão duma zona
de baixo meretrício da região

BH, 01101102025; Publicado: BH, 01⁰01202025 

ROD STEWART: