segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

NELSON GONÇALVES:


 



lua lua lua lua que saudades de ti estou aqui

lua lua lua lua que saudades de ti estou aqui
sempre só a chorar a única coisa que aprendi
quantas vezes quis te ver não apareces para
mim grito no escuro no quarto que era teu na
cama na qual dormias quando eras meu
tomaram-te dos meus braços deixaram meus
abraços vazios nada mais tenho para abraçar
volta para enxugar minhas lágrimas me buscar
me faças parar de chorar eras quem me
compreendias nunca reclamavas de mim
fazíamos tudo juntos ouvíamos músicas
assistíamos tvs sempre estavas aqui até que
um dia acordei sem ti antes não tivesse
acordado num telefonema anônimo no meio
duma madrugada já me avisava que tinhas
partido mais partido fiquei lacerado abatido
coração ao avesso nunca mais tive o choro
contido contigo não chorava nem na dor nunca
mais tive o pranto estancado as lágrimas
enxugadas as dores enxotadas não sei onde
estás agora nem sei que horas parto à procura
de ti porém todo dia te procuro no firmamento
no horizonte no embalo do vento quero
distinguir teu rosto nas nuvens te desenhar no
azul anil celeste do céu azul para compreender
o que a tua ida na minha alma partiu pois desde
então nunca mais foi alma

BH, 01401102025; Publicado: BH, 01501202025

domingo, 14 de dezembro de 2025

OBRA-PRIMA DE ALDIR BLANC E JOÃO BOSCO, INCOMPATIBILIDADE DE GÊNIOS:

 Dotô,

jogava o Flamengo, eu queria escutar.
Chegou,
Mudou de estação, começou a cantar.
Tem mais,
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
Sem dó falou,
sem dó falou ,que por ela eu podia cegar.

Se eu dou,
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
Bastou,
Durante dez noites me faz jejuar
Levou,
As minhas cuecas pro bruxo rezar.
Coou,
Meu café na calça prá me segurar

Se eu tô
Devendo dinheiro e vem um me cobrar
Dotô,
A peste abre a porta e ainda manda sentar
Depois,
Se eu mudo de emprego que é prá melhorar
Vê só,
Convida a mãe dela prá ir morar lá

Dotô,
Se eu peço feijão ela deixa salgar
Calor,

Mas veste o casaco veste casaco prá me atazanar
E ontem,
Sonhando comigo mandou eu jogar
No burro,
E deu na cabeça a centena e o milhar

Ai, quero me separar

Sextina passo a passo, de Silvane Siveira Fernandes.

Como vento entre folhas da estação,

Sentimento vívido, plácido amor,

Marejados, lágrimas entre os olhos,

Sem regras, roteiro deixou no passado

Impressões que carrega por toda vida,

Vai-se-me a esperança e fica o passo.

 

Nas areias e mares sigo meu passo,

Tempo, contemplação em cada estação,

Momento, o destino unindo vidas,

No encontro, na calma daquele amor

Gestos nobres que ficaram no passado,

Lembrança do encanto de seus olhos.

 

Na manhã doce e fresca em teus olhos

Continuo sem medir, sigo e passo,

Na escuridão lembranças do passado,

Recomeços rumo à nova estação

Carregados de nostalgia e amor,

Será sentimento para toda vida?

 

Margens do rio, calmaria da vida

Cheias de encantos refletem seus olhos,

Depois da paixão que queima, vem o amor

Livre, confiante, elegante passo,

Conforta, acolhe em toda estação,

Saudade que segue seus passos, passado

 

Perguntas sem respostas se fez passado,

Flores brotam, rebrotam — jardins da vida,

No caminho que escolho, mudo o passo,

Tempo, dúvida como nova estação,

Em teus braços certeza reluz nos olhos,

Nossa união, memórias do amor!

 

Sem carinho, relação ficou sem amor,

Caminho seguiu,  tudo virou passado;

Ser triste ou feliz? … escolho o passo

Na água corrente levando a vida,

Sem sol, girassol diante de seus olhos,

Rio secou antes da nova estação.

 

No céu estrelado, passado de amor,

Na nova estação brilho em meus olhos,

Entre o céu e a terra, passo — vida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

DIVAGAÇÕES, LLEWELLYN MEDINA:

 Divagações 


A vida é curta

e a certeza de nossa finitude 

mas há tanta vida nela

a manhã de sol entrada 

tenuemente pela fresta da janela

o espreguiçar da alvorada 

a bocejar  em dó menor


lá fora tanta coisa (não)acontece 

tanta coisa bela

o besouro contra a vidraça 

o besouro contra a janela 


a noite na Austrália 

lembra Ismalia 

Ismalia não é boa lembrança

melhor lembrar Amélia 


e ainda não cumprimentei o sol

mas a cabeça já está tão cheia 

("o que você tem nessa cabeça irmão")

amenidades platitudes 

disciplinada sucessão 

escovar os dentes 

fazer a barba 

bateria de remédios pra antecipar a vida

(ou a certeza de nossa finitude)


cumprimento o sol

numa sucessão inexorável 

banho frio pra'cordar os sentidos 

banho quente pra'dormecer os sentimentos

lembrança pra expulsar o esquecimento 

o dia vai no rabo da manhã 


na América expulsaram os imigrantes 

(crise em Governador Valadares)

"Paris é uma festa"

minha terrinha também

todos correm pra Paris 

"A torre Eifel alastrada de antenas como um caranguejo" 

fogem de minha terra

(também fugi)

perdida nas dobras dessa misteriosa Minas


a manhã escorre mansamente 

(espero que seja possível a manhã escorrer)

a lembrança foge ariscamente 

o dia segue "impávido colosso"

vou a contragosto 


é custoso lembrar 

(relembrar sangra)

contar as estrelas 

fugiam de meus turvos olhos 


luta titânica entre lembrança e esquecimento 


pensou nos amores vencidos 

esqueceu-se deles todos 

entranhados nas dobras de sua lembrança 

depois tem a primeira declinação 

o começo rosa rosae 

o final a tabuada de nove 


o dia vai a galope 

a rapidez de Hermes

tanta contradição no dia

pagar contas um tormento

senha pra guardar 

abracadabra esquecimento 


o sol a cento e oitenta graus 

 a notícia de que Israel quer transformar 

Gaza num belo e bem verde campo de golfe

não me conformo

Josué cercou e tomou Jericó 

mas Jericó fica na Arábia 

"o lugar que não existe"

deve ser o fundamento pra tomar Gaza  

Gaza existe em meu solidário coração 


o dia escorre celeremente 

talvez possa dizer

o dia "vai fondo"

como se diz em meu estranho país Minas Gerais 

lá nos arredores de Patos de Minas 

e seja o que Deus quiser 


a tarde vem morna e desafiadora 

seu espírito precisa flanar 

lembrar das coisas esquecidas 

a cor dos olhos de seu amor de juventude 

(e que Machado apelidou a todas de Capitu

e aquele russo que a Revolução expulsou 

chama de LO-LI-TA)


a vida pode ser complicada 

e você nem percebe 

a tarde chega fininha 

 o cantar dos passarinhos 

na gaiola da vizinha

varanda silencia


na Austrália "brother"

é manhãzinha 

pensamentos vem de lá pra cá 

perdem-se seus pensamentos

pensamentos vão amanhã 

a vida continua nela mesma

(aliás a vida simplesmente continua)


assim as coisas são 

difícil é reconhecer a natureza delas.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

meu coração é um jardim suspenso da babilônia

meu coração é um jardim suspenso da babilônia
um colosso de rodhes um gigante de maratona
um crânio fossilizado de luzia com todas as
informações civilizatórias um teseu tesudo que
matou o minotauro um perseu espelhado que
matou a medusa que deixava tudo empedrado
meu coração é o conjunto de todas as obras as
maravilhas das eras dos mundos da ilíada da
odisseia dos lusíadas da mitologia grego
romana de andrômeda dos deuses do olimpo
dos clássicos do erudito do gregoriano é um
atlas é um talos um guerreiro espartano com
meu coração não me engano diáfano donde o
mal foi obliterado o sol inalterado a luz não
turva nas curvas as flores são colhidas frescas
envoltas em papéis de buquês de noivas nos
altares das plataformas elevadas dos patamares

BH, 0901202025; Publicado: BH, 0901202025

LUIZ GONZAGA, TBO: