segunda-feira, 10 de novembro de 2025

LLEWELLYN MEDINA, PASSA COMO TUDO O MAIS, (POEMA INÉDITO):

 Passa como tudo o mais       


O gavião ("esse pássaro mais crivel") mergulha 

agudo som de trompete acompanha 

"não é uma águia 

que vem guerreando"

o céu no espelho d'água se espelha

vem refrescar-se do calor abrasante

vem consolar seu carente  amante

dia estafante e de mistério 

o mistério de amar distante


passa como tudo o mais 

cicatrizes de serem lidas por cegos 

o silêncio varre o assoalho de meu coração 

alardeio a dor de viver sem amores

deserto pleno de cactos e falto de flores

como sobreviverá o colibri delicado 

nesse paraíso inventado 

"a vida realmente é diferente

a vida é sempre pior".

sábado, 8 de novembro de 2025

quando olho um passarinho jamais olho para uma pessoa

quando olho um passarinho jamais olho para uma pessoa
por mais que faça de tudo para me chamar à atenção quando
tudo está perdido penso que não terei mais salvação elevo
meu pensamento ao altíssimo agradeço por minha criação
por ser cria do universo por ser anfitrião das almas que os
passarinhos trazem aos seus ninhos bebo mais umas pingas
bebo mais umas cervejas o inferno está cheio de sóbrios
pego mais uma cerveja a amnésia já me faz esquecer a frase
que queira dizer até me deleito como se fosse a frase da
obra-prima da minha vida seca molho de lágrimas os meus
olhos embriagados sinto que não estou mais sóbrio bebo mais
pinga mais cerveja que me aleijam por dentro mais do que sinto-me
aleijado por fora sou as minhas obras-primas defeituosas que
ninguém quererá aperfeiçoar porém uma pessoa jamais me
chamará a atenção mais do que um singelo passarinho a 
construir seu ninho eis aí o resultado duma embriaguez

BH, 0801102025; Publicado: BH, 0801102025
Bêbado na Pracinha da Madona, Céu Azul. 

MARIA BETHANIA, OMD:


 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

URIAH HEEP, TBO:


 

não tive grandes amigos em vida também

não tive grandes amigos em vida também
pudera não era nenhum poço de genialidade
para agregar mentes iluminadas magnéticas
pelo contrário era limitado até demais fui mais
aluno de escola dominical do que educaciona 
que foi o meu mal nem gammar aos montões
dava jeito nem memoriol sem dosimetria me
fazia abrir a mente firmar a memória ativar as
lembranças acordar as recordações esquecia
de tudo que não podia esquecer não queria
nada que podia querer uma vizinha dizia esse
menino é sétimo filho cuidado sétimo filho é
sempre amaldiçoado é maldição pura a outra
vizinha dizia olha o olhar desse menino é olhar
de assassino olhar morto olhar árido de olho
seco olhar parado sem vida sem nada aí vinham
as histórias de assombrações de minhas avós
mães dos meus pais ou de minha madrinha que
levava-me de noite para jogar pós fazer rezas
duma nota só nas encruzilhadas preces sem
rimas orações com invocações noutras
ocasiões distraia-me a mostrar os luminosos
letreiros enquanto mijava de pernas abertas
com as saias afastadas a me encher as pernas
nas minhas calcas curtas de pingos de mijo que
pareciam-me de água de batismo ou água benta
que o padre lançava sobre os beatos nas
missas depois ensinava-me a fazer linguiça que
infelizmente nunca aprendi nem vou aprender

BH, 01401002035: Publicado: BH, 0701102025