aí no meu quintal
ai se tivesse um quintal
uma praça
ou um jardim
ai de mim
malgrado meu
não ter nem ser
e a querer ter terreiros terrenos terráqueos
se toda propriedade é um roubo
e vai dar de contra o normal
querer algo tão anormal
e quero tudo que não posso ter
e quero tudo que não posso ser
e nem possuir possuído possesso de raiva
e ira de rancor sem amor
cólera ódio terror horror
e nada de ternura que perdi quando nasci
se nasci não sei se estou para nascer
é um sufoco no peito
uma asfixia mecânica no ar
um soluço ininterrupto de enfado
um suspiro de cansaço letárgico
um espirro de bilro sem birro
uma pressão atmosférica no crânio
como se estivesse fossilizado
em rocha vulcânica da idade da pedra lascada
da era da pré-história
onde foi perdido um dente do elo da corrente
e um aro do dinossáuro
e os de cromagnon
e de luzia que até hoje iluminam
e guiam o que será que viam
projetado nos paredões dos canions?
e nas linhas da circunferência
e numa coordenada dum plano cartesiano
ou tudo foi um engano que causou um dano
no caos do universo
e só me ficaram estes versos indefinidos
indiferentes sem sentidos
ignorados pelas gentes mais inteligentes
intelectuais exigentes
policiais a deter gentes inocentes
detergentes que não limpam os dentes
da catraca da coroa do pião
e emperra a pedalada pela estrada empoeirada
e que à noite não é mais iluminada
pelos pirilampos serelepes
ou pelos vagabundos notívagos vagalumes
nostálgicos que deixam saudades nas
antigas madrugadas que esqueceram os
madrigais ou as namoradas
que não voltam nunca mais
tais os beijos em frente às fontes fluídas nos horizontes
as casas com alpendres varandas sobrados
em cima dos montes
e lá longe no crepúsculo do arrebol o sol
BH, 050502023; Publicado: BH, 080502023.
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