onde nada do que é moderno nada onde nada do
que é novo reverbera no lago morto onde nado
abrirei meu coração esta esfera matéria-prima
de chumbo grosso derretido raio de descarga
de estrela já desaparecida corda de enforcado
tangente de renegado abrirei meu coração este
baú de trovão lava de vulcão mão de pilão pano
de chão contramão amor em vão naufrago sem
salvação nau à deriva no olho do furacão no
peito o abismo é a fossa mais profunda do
fundo de oceano de fundo escuro escondido no
arcabouço no louco calado calabouço pêndulo
fendido ponteiro enferrujado máquina parada
bateria descarregada fechado à visitação
pública este museu do absurdo as obras serão depositadas no sótão os despojos no porão
porém ninguém terá autorização para consultar
arquivo deste terror de tortura nem noutra
encarnação é que a carnadura perdeu a ternura
a sensação a emoção coração ao mar sem terra
à vista sem teto para morar sem trabalho para o
sustentar coração em situação de rua incapaz
sem marquise sem viaduto sem praia expulso da escola cívico-militar o chaveiro não conseguiu o cadeado destrancar
BH, 040602024; Publicado: BH, 0110902024.
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