terça-feira, 29 de julho de 2025

a consciência do consciente é elemento potente

a consciência do consciente é elemento potente
deve-se compartilhar consciência vinte quatro
horas por dia pois o ser inconsciente compartilha
inconsciencia nos detalhes nos resquícios nos atos
numa postura que vira descompostura até dentro
dum ônibus ou ao atravessar um automóvel numa
calçada o parachoque encostado na parede a traseira
no meio-fio sem deixar a mínima oportunidade
do pedestre transitar em segurança na calçada
no comportamento inconveniente em tudo que faz se
declara inconsciente na falta de educação de cultura de
ciência ao desprezar a soberania ao agredir a soberania
o elemento inconsciente se transforma num mau
elemento religioso do mais asqueroso se faz preconceituoso
não há nada que o faça voltar à realidade ao progressismo
ou ao modernismo pelo contrário se apega às trevas do
conservadorismo do armamentismo combate aos
direitos humanos civis sociais trabalhistas derrubada
da justiça faz pregação do estado mínimo devoção ao
imperialismo às oligarquias até ao colonialismo
a inconsciência faz o inconsciente voltar ao medievalismo
ao feudalismo ao ponto de combater vacinas faculdades
universidades até mesmo escolas do primeiro
estágio o inconsciente é um ser nocivo à nação
nefasto para a civilização ou à sociedade por mais que
algum método tenta resgatar o elemento inconsciente
da inconsciência a tarefa é infrutífera a fera é indomável
parece que a mente está numa caixa inviolável

BH, 0110702025; Publicado: BH, 0290702025.

decadente sempre até o dia no qual

decadente sempre até o dia no qual
chegar a minha hora fatal letal terminal
muita gente já foi à minha frente está à
espera de mim que vou assim que for
possível no findar da minha tarefa aqui que
não foi fácil pois foi mais difícil devido à
minha dificuldade em quebrar paradigmas
romper a lógica abalar paradoxos sempre
tive medo de quebrar a cara de abraçar a
rebeldia de fazer uma revolução perdia o dia
certo com medo de derrubar o conservadorismo
abater a burguesia exterminar a elite detonar
o status quo predar o stablisment pôr abaixo
o sistema a fazer com que o pelego deixe de
ser pelego ou que o trabalhador seja emancipado
num movimento de emancipação do proletariado
com o proletário revolucionário independente
livre das correntes do capitalismo do escravismo
do colonialismo principalmente do imperialismo
medieval neoliberal sei que é uma utopia sei
que é um onirismo também porém temos de
parar os que querem matar nossos sonhos
ou destruir nossa realidade do contrário
continuaremos cobaias ou capachos ou eternamente
explorados manipulados escravos dos escravos
boçais dos boçais sem luta melhor é dar adeus até nunca mais

BH, 0150702025; Publicado: BH, 0290702025.

CAETANO E CHICO: PARTIDO ALTO:

 


CAETANO E CHICO:


 

segunda-feira, 28 de julho de 2025

a cada dia que passa escrevo menos

a cada dia que passa escrevo menos
leio menos falo menos vejo menos vivo
menos como se fosse desaprender das coisas
desapegar das letras no apagar das palavras
ao enturvar dos pensamentos passo hora na
expectativa diante das linhas das paralelas
das passarelas às vezes até de madrugada
na esperança de ser honrado por algum ente
iluminado do universo que queira me
mandar um verso um soneto mesmo de pé
quebrado um raicai um rap do hip hop
qualquer coisa porém nada nado em vão no
vão da sacada nenhuma sílaba monosilaba
disilaba trisilaba quanto mais uma polisilaba
fiquei mudo o resto da vida perdi a língua o 
idioma as cordas vocais cardíacas pêniais o
pêndulo não oscila mais só meus ais ecoam
nas paredes ocas nuas que parecem muros
de cemitérios velhos abandonados com as
cruzes caídas para os lados esqueletos
encostados as caveiras tristes os ossos
quebrados nunca mais vi um cometa nem o
de halley ou uma estrela cadente sou só um
velho septuagenário doente à espera do
poente não mais serei um sol nascente

BH, 0150702025; Publicado: BH, 0280702025.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

universo pega essa mão que pega uma pena

universo pega essa mão que pega uma pena
passeia com essa mão por teus organismos
intestinos entranhas reentrâncias saliências
vales cânions montanhas picos cordilheiras
essa mão é cega mão de cego enxerga pelo
tato pela pele pelos buracos póros essa mão
é mão morta de morto nunca fez nada nunca
construiu ou edificou é mão de anão onã
mão de pagão procrista nunca plantou o
trigo amassou o pão é mão perdida no vào
da escada nas curvas das estradas no vácuo
da vida já agrediu muito não deu esmolas
nunca se postou em oração nunca fez um
carinho uma retribuição uma ternura um
gesto de positividade de paz de perdão de
amor é mão assassina arranca o bem pela
raiz perversa não escreve versos pelo
contrário mata a poesia latente destrói o
poema poente é mão de lenhador de quem
sabe manipular uma motosserra um
machado uma máquina que arrasta
correntão é mão de menino malino maligno
que abre ovo de passarinho no ninho é mão
que não serve para pergaminho nem fazer
manuscritos partituras escrituras linhas
presentes é mão calejada de cajado ralada de
vara machucada de varão aleijado por dentro
pelo mal causado pela religião do dito cristão

BH, 0150702025; Publicado: BH, 0230702025.

TRANSCENDENTAL PIANO:


 

terça-feira, 22 de julho de 2025

CHICO BUARQUE: DVD:


 

CHICO BUARQUE:


 

quero mudar o universo porém houve quem

quero mudar o universo porém houve quem
mudou minha vida por dois mil dinheiros aí
meu universo nunca mais foi o mesmo então
minha vida nunca mais foi a mesma pedi me
perdi fui judas me vendi fui execrado fui até
humilhado me fiz serviçal cativo passivo o
servo aio mau guardador dos bens da patroa
que sempre clama deus te ama deus é amor
jesus te ama jesus te abençoa deus abençoe
porém faz de mim jaz refém sequestrado preso
escravo possuído com consciência pesada ou
sentimento culpa arrependimento infinitos o
réu indesejado o levado ao suplício ai ao ato
de sacrifício cruz nas costas cravos nos pés
nas mãos costelas perfuradas canelas rotas
quebradas coroa de espinhos joelhos ralados
tentado endemoniado mentecapto tudo por
não ter devolvido os dois mil dinheiros ralos
roubados o verdadeiro judas se suicidou por
trinta não tenho as mesmas disposições pagãs
coragem insana continuarei devedor nada mais
paga essa falta de amor que seca que defeca
que disseca o cadáver ainda fresco quisera
não ter cometido o erro que cometi porém o
cometi a filha foi cobrada a mulher foi abalada
a esfinge segue a destilar enigmas paga-me ou
devoro-te faço-te édipo como teus olhos cegos

BH, 0220702025; Publicado: BH, 0220702025.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

andei pelo vale escuro da sombra da morte sem saúde

andei pelo vale escuro da sombra da morte sem saúde
medicina diagnóstico sem alá maomé mesquita
passei por medina meca esfinges pirâmides cheguei
ao vale dos reis pelo mediterraneo nilo tigre eufrates
califa em camelos caravanas safaris africanas
savanassaara dunas movediças areias em tempestades
tendas odaliscas tâmaras carneiros danças do ventre
cavalos árabes puro sangue uma obra-prima da fauna
uma obra de arte da natureza sarças oliveiras
uma obra da bela arte da flora em flor que amor vi o
deserto engoli o sol a lua brotar da areia escura as
estrela a mostrar o caminho entre os grãos que
refletiam a luz na escuridão ventou frio acendi o
lampião o pavio da lamparina de azeite zênite a
via-láctea cheia de leite de cabra nobre tacho de cobre
nenhum inseto no ar um sapo ou uma rã a coachar
nem na miragem nem no oásis nem na fonte que
apareceu de repente detrás duma duna quando o
dia amanheceu os cães ladravam a caravana
passou
em ventania levou tesouros ouro prata mirra incenso
não se sabia para quem eram três reis numa estrebaria

BH, 0150702015; Publicado: BH, 0210702025.

minha avó que era lógica quebrava a lógica

minha avó que era lógica quebrava a lógica
não prende o pum não que  dá nó nas tripas
deixava minha mãe em saias curtas muitas
vezes a mim em alegria das coisas que fazia
sentada no quintal do barraco onde morava
ao me mandar à cozinha pegar na moringa
uma pinguinha todo mundo pensava que a
moringa era de água porém era de cachaça
acende meu cigarro na brasa do fogão para
mim aproveita leva a canequinha no fundo
já sabia que o restinho de pinga que deixava
era para mim para dar meus primeiros golinhos
ao mandar acender o cigarrinho de palha já
entendia também que era para dar meus primeiros
traguinhos quando as putas da rua francisco
sá iam lá para rezas preces orações ladainhas
terços da minha avó aí era uma alegria maior
nas brincadeira nas bolinaçoes nas pegações
nos correr das mão bobas daqui dali de cá de
lá nada de lógica nada de ética de maldade
de ruindade preconceito tudo tinha direito
era tudo da lei nas compras com a minha
mãe minha avó no descuido dos feirantes
levava de graça mais do que minha mãe
pagava ainda me presenteava com o que
conseguia levar das lojas da rua direita do
centro da cidade ai que saudades ai que alívio
dizia o padre quando acabava a procissão a
missa no altar com a minha avó a me levar
embora para casa seguro pela mão o padre
da paróquia de nossa senhora falava até um amém

BH, 0170702025; Publicado: BH, 0210702025.

CHET BAKER:


 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

quando penso nos líderes africanos que o capitalismo matou

quando penso nos líderes africanos que o capitalismo matou
ou o colonolialismo assassinou ou o imperialismo exterminou
ou o liberalismo dizimou meus pensamentos seriam muitos não
caberiam na minha cabeça minhas palavras bem mais do que
as dos dicionários enciclopédias bibliotecas minhas letras em
quantidades hiperbólicas maiores do que as de todos os alfabetos
desconhecidos ou conhecidos os nomes desses líderes com
todos os nomes que já existiram ou que existirão serão
lembrados tais os nomes de patrice lumumba vítima da covarde traição
que sofreu nunca deveriam ser esquecidos sempre pronunciados
como resistência idem thomás sankara ou kwame nkrumah
eduardo mondlane steve bico outros muitos outros meninos
meninas jovens mulheres homens que foram depredados
precocemente porém a áfrica continua a ser saqueada
ouro prata cobre diamantes cérebros cabe a nós a defendermos
aos líderes rebeldes revolucionários atuais igual ao de burquina
fasso Ibrahim traoré com seu primeiro-ministro jean emmanuel
ouédraogo que não podem ter o mesmo fim de
muammar gaddafi
outro líder revolucionário rebelde que só queria o bem do seu
próprio povo a áfrica é um continente só não deveria haver
fronteiras entre as nações nem irmãos contra irmãos com todos
a compartilhar pacificamente pois já doou à humanidade à
civilização sangue pele suor órgãos riquezas tal ao leopoldo ll
da bélgica tão cruel genocida agora basta deixai a áfrica ditar
teu próprio destino andar com as próprias pernas em 
harmonia irmandade liberdade fraternidade igualdade
sem interferência de quem quer que seja

BH, 0150702025; Publicado: BH, 0170702025.

a saúde mental melhora a cabeça da gente?

a saúde mental melhora a cabeça da gente?
minha mente está doente demente decadente
septuagenário decrépito enclausurado em cárcere
privado com carcereiro carniceiro acostumei-me
à pouca luz fotofóbico até a meia-luz ofusca-me a visão
de morcego marmota toupeira as crateras estão todas
entupidas as fossas a transbordar mucosas os póros
sebentos a expelir suores gordurentos os ares nojentos
os cheiros fedorentos não suporto nem aguento até
do ventilador o vento calorento a pele de papel velho
ensebado quer desgrudar da carne podre em pelancas a
cara de carranca a face falsa o rosto roto a boca arrota
desgostos quem se importa com fantasma que não
assusta nem criança? quem vê invisível em andança
pelos cantos a arrastar os pés acorrentados presos às
bolas do passado? preciso duma vacina de saúde mental
aos setenta é surreal marginal que a vida toda levou
vida de vagabundo de vadio de vagabundagem
de vadiagem a dar trabalhos de noite até de manhã cunhã
mucama poranga hoje durmo no pisador às vezes pisado
pela senhora pelo senhor dói para quem era feitor capitão
do mato hoje é só fedor sem paz sem amor sem perdão
só inconsciente com a consciência pesada mãos trêmulas
pés sem chão ausência de ar nos pulmões dor no peito
motivo dos defeitos pronto para um defunto perfeito
ou talvez o mais certo um cadáver fresco imperfeito

BH, 060502025; Publicado: BH, 0170702025.

domingo, 13 de julho de 2025

uma vez numa madrugada duma quebrada um cara me falou

uma vez numa madrugada duma quebrada um cara me falou
tens que buscar o fio da meada confesso que não entendi a
metáfora o cara continuou repetiu tens que encontrar o veio
da lavra confesso que também não entendi a metafísica de
batear de separar o joio do trigo ficava com a joia rara a pérola
negra branca da cor que for o ouro maciço para fazer o
feitiço acontecer mesmo que não sejas bruxo mago ou outra
coisa que queiras ser tens que decidir com ousadia com
audácia com coragem de enfrentar a aragem da madrugada
mais tenebrosa a brisa mais horrorosa a poesia não nasce
numa rosa ou num lírio ou num sorriso duma criança
poesia não é elite não é burguesia é maresia salgada o sal
da terra na pele na ferida aberta lombrei que cara doido
fala coisa por coisa palavras que não dizem nada letras que
não formam tesouros besouros espetados vivos em alfinetes
meninos queimados vivos meninas assadas em espetos de
defumadores não teve jeito perdi o fio da meada bati
cabeça a noite toda bebi mais do que deveria fui parar numa
delegacia os policiais tentaram me agredir me ameaçaram
de morte com arma em punho mostrei um livro que trazia
comigo que foi o meu escudo foi a minha proteção vi que
meti mais medo em toda guarnição fui liberado quando o
dia raiou sem nenhum arranhão sorte minha meu irmão

BH, 070702025; Publicado: BH, 0130702025.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

O MELHOR DE NINA SIMONE:


 

nada que escrevo me regata das trevas que nado

nada que escrevo me resgata das trevas que
nado
nem poesia como se soubesse o que é poesia onde
morro afogado nem poema como se também soubesse
o que é poema onde sufocado no vômito debato
nada salva-me das sombras onde estou crucificado
ou das penumbras onde latejo na escuridão nem luz
de farol nem luz da lua nem luz do sol nem luz da rua
nada devolve-me a alegria nem a ode à alegria 
as suítes
as cantatas as fugas para jesus a alegria dos homens
de bach nada me recupera do ostracismo já tentei
dum tudo virei um nada já nadei em mar aberto quase fui
parar no fundo já bebi todas mais algumas nas madrugadas
das garrafadas das goladas quebrei a cara nas quebradas
levei porradas dei porradas esporradas parei em delegacias
em hospitais fui botado para correr apanhei do forte descontei
no fraco tive medo dos valentões meti medo nos covardes
quo vadis não sei para onde vou não vou para o céu
vou para a zona tomar mais umas ou outras se não tiver
umas putas me alivio numas travestis o negócio
não é chorar
é sorrir chorar é para quem é infeliz sou feliz como uma
meretriz que recebeu um quinhão pelo bom trabalho
prestado a algum alheio coração estou bêbado
não nego
neu irmão bebi demais meu nego porém para quem
nunca teve nada perdeu tudo beber demais nunca é muito

BH, 070702025; Publicado: BH, 0110702025.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

não leias as minhas coisas alheias não semelhante

não leias as minhas coisas alheias não semelhante
não vais gostar do que não é oração reza prece terço
nem rosário são cousas de ossuários dos assoalhos
dos sótãos são causos dos porões te farão mal teu coração
virgem não está acostumado com o ateu profano
procristo teu coração não é couraçado de leão é
coração de cordeiro ordeiro de carneiro preso no
espinheiro sem pele de lobo não chegará a bode velho
fornicador será semopre um coraçãozinho de cabra a
balir a fazer os outros rir de ti vais dormir no canto da
cama vieste da lama não tens fama só difamas os
nomes os sobrenomes dos homens se te pegarem não
balirás mais receberás muitas balas perdidas na cara de
rapaz aparecerás no jornal do noticiário diário com
tarjas nas vistas dos olhos arregalados de morto de
novo com face de recém-morrido de pouco tempo não
tentes o que não aguentes a vida é para outros que
não têm sentimentos não têm virtudes fazem as piores
coisas por quaisquer trintas dinheiros nem poderás
dizer o que demais reles um ser humano pode dizer
meu deus estou a fazer um poema meu deus estou a fazer
uma poesia tudo que sair da tua boca de boçal contaminará a
humanidade ou extinguirá a raça humana toma esse
cianureto por carraspana enfias no reto essa banana de
dinamite toma essa cicuta como se fosse uma cana vais
dormir a vida toda sem mudar a pele de escamas na tua cama

BH, 070702025; Publicado: BH, 090702025.

domingo, 6 de julho de 2025

o povo trabalhador brasileiro é pelego da extrema-direita

o povo trabalhador brasileiro é pelego da extrema-direita
não mais se sensibiliza com pautas da esquerda nem
com o povo trabalhador brasileiro proletário rebelde combativo
revolucionário libertador o povo trabalhador brasileiro
pelego prefere o ianque ao socialista prefere o império ao comunista
prefere pensar que é capitalista burguês da elite do que pensar
com a cabeça de trabalhador de proletário a abraçar o pensamento
trabalhista a estudar o trabalhismo a se encantar com o
comunismo facilmente se escancara ao consumismo do
mercado enganador se deixa levar pelas falsas propagandas
pelas ilusões que não acabam com as desilusões então
reverbera na inconsciência na inocência despreza a consciência
coloca em evidência políticos fisiológicos políticas de estado
mínimo abomina direitos humanos abre mãos de direitos
sociais aí políticos corruptos corruptores corrompidos com
suas corrupções deitam rolam com os votos do povo trabalhador
brasileiro pelego patronal defensor da extrema-direita
suas políticas fisiológicas extremas de fim de mundo de igrejas
comandadas por pastores picaretas que enchem as próprias
burras de dinheiro esvaziam a barriga do povo pagão proletário
brasileiro que envergonha a civilização em nome da religião faz
surgir o nazismo impede o fim do racismo ver renascer o
fascismo a fortalecer o liberalismo predador que empobrece
quaisquer corações dignos que empedra quaisquer corações
que pulsam com a ternura do amor

BH, 0170602025; Publicado: BH, 060702025.

OZZY OSBOURNE:


 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

cansei de viver sem ti cansei de viver

cansei de viver sem ti cansei de viver
agora o que me importa é não importar nem
mais com a hora a hora que for a hora será a
hora sem relógio sem ponteiros sem tic tac
sem tempo sem movimento rotatório sem
movimento translatório sem dias sem noites
sem meses sem anos sem sol sem lua sem ti
assim será tudo para mim todos tentam-me
trazer à vida não quero só quero ir à morte a
vida levaste me deixaste no azar sem sorte o
corte não fechou o talho escancarou a ponte
caiu o muro de arrimo ruiu a estrutura
desabou perdido perdi a liberdade sigo
preso acorrentado escavo escravo cativo
nativo o universo me abandonou depois que
lá chegaste o universo se renovou não é mais
o mesmo deixou as coisas velhas para atrás
o universo agora dá graças a ti a me matar
de inveja fico por aqui o vento faz de mim
qualquer cisco de jardim poeira de sótão
cheiro de porão bafio de ralo picumã de casa
velha sobrado arriado soleira sem beira
varanda onde ninguém anda varal sem vara
pastor sem cajado índio sem tacape cacique
sem borduna dedo sem dedal anel aliança
arco-íris sem cores me contento com as
marcas nas paredes dos teus antigos eventos

BH, 040602025; Publicado: BH, 030702025.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

cavar literatura em sepultura

cavar literatura em sepultura
igual a um morto do pântano cava
a morte em todos os cantos
espíritos nas encruzilhadas
putas pelos bares das quebradas
das madrugadas das estragadas travestis
nas esquinas marginais traficantes pretos
pedras brancos injetadas veias embotadas
lágrimas salgadas misturas químicas de sais
de cloros de bicarbonatos de sódios
que ódio a literatura não sobe ao pódio
é literatura de submundo
do rés-do-chão é literatura de ser imundo
espírito de porco do chiqueiro social
é literatura do lixo não é luxo
é osso quebrado sem cartilagem
sem meniscos sem tutanos
é fratura exposta sem anestesia
com nervos à mostra
coluna vertebral sem medula cervical
literatura formal pobre de metáfora
utopia sonho fala das periferias
fala dos céus suburbanos sombrios
balas perdidas nas cabeças das crianças
nas caras dos homens nas barrigas
grávidas das mulheres das favelas
a merda é que é sempre
com o pessoal da favela
extermínio genético
limpeza étnica
aporofobia com racismo
literatura do abismo do gueto da fossa
do lixão sanitário
do esgoto a inferno aberto com céu fechado
pontapé na porta do barraco ou do barracão
és o único culpado de tudo meu irmão
que vives sem literatura ou sem ganha-pão

BH, 0260502025; Publicado: BH, 0300502025.

já desisti da esperança do sonho da vda da realidade

já desisti da esperança do sonho da vida da realidade
já desisti até da morte se a morte quiser se contentar
comigo terá que ser assim do jeito que sou meu pai
não se contentou minha mãe não se alegrou todo mundo
se frustrou comigo porque que com a morte teria de ser
diferente? não será não arrumará nada comigo
ossos velhos enferrujados enfraquecidos vistas
turvas babas fartas corisas abundantes catarros
cor de ouro remelas amarelas cataratas de lágrimas
cachoeiras de lamentações carnes apodrecidas
moribundo sorumbático meditabundo vagabundo
vadio em vadiagens siderais cósmicas espaciais
universais corvo de pirata a grasnar no ombro nunca mais
já comeu um olho meu sou tudo que a morte vai encontrar
quando vier me levar caveira de corsário tatuagem
de bucaneiro nada a nadar na lama da cama porra
velho não honraste os pais o país honras pelo menos
tuas horas finais teus molambos de restos mortais
como carregarei essas mortalhas pelo infinito fora?
procuras uma urna para depositar essas descomposturas
que vergonha de cadáver terei que arrastar não me
submeterei a tal vexame fiques aí que se danes

BH, 0250402025; Publicado: BH, 0300602025.

domingo, 29 de junho de 2025

desculpa meu amigo mas é complicado

desculpa meu amigo mas é complicado
não posso provar nada ainda mais quando
todos querem que prove alguma coisa não
funciono sob pressão nem atmosférica não ajo
em caixa de alta tensão ou de ebulição não vou
segurar esse pepino ou descascar esse abacaxi
ai de mim malgrado meu desde que nasci
habito com os que odeiam a paz o amor o
perdão pois já estão em guerra há muito tempo
hoje sigo o princípio do meu mestre antônio
candeia filho ao afirmar que quem guerreia pela
paz a verdadeira paz nunca há de ter nunca há
de encontrar a guerra é criada pela burguesia
sustentada pela elite mantida pelos
plenipotenciários praticada pelos pobres levada
infinitamente pelos senhores das armas das
guerras do imperialismo os genocidas do
capitalismo os exploradores do colonialismo do
liberalismo nada de novo no front tudo a mesma
coisa desde que o homem é homem abriu mão
da civilização da irmandade da fraternidade da
liberdade do compartilhamento do mundo
abraçou o extermínio criou os flagelados gerou
os refugiados os campos de concentração
resultou os falidos as falências os famélicos
não há mais volta mais algumas voltas ao redor
do sol o planeta se apagará seguirá tição torrão
a fumegar a fumar fumo fumaça sem raça
humana todos que queriam tudo agora não têm
nada nem a si mesmos com o que se contentar
ecos de minha alma de meu ser de meu espírito
já perceberam que não eram nada mais disso
não evoluíram para tal almejo não ficarei de fora
também serei um réptil réprobo em rastejo na
direção do nada a nadar aflito para o infinito

BH, 0230402025: Publicado: BH, 0290602025

LED ZEPPELIN:


 

sábado, 28 de junho de 2025

CAETANO VELOSO:


 

a escrever meu epitáfio

a escrever meu epitáfio
para depois deixar meu testamento porém
não tenho lápide nem sepultura nem cova
nem campa nem canteiro ainda então terei
que ir para perus numa escavação rasa ser
enterrado igual indigente esqueci o epitáfio
é que não tenho um fio de mim para dizer
rasguei o testamento eram só letras malditas
palavras fúnebres réquiens enterro
clandestino exéquias pagãs também não fiz
por onde desde menino só juntei pedras
para pedreiras nenhumas preciosas só semis
meu destino só ajuntei grãos para dunas
nenhum era o alef todos eram ciscos de
poeiras o vento levou minhas dunas para os
montes das minhas costas de longe pareciam
leves a flutuar no ar agora pesam toneladas
curvam-me ao chão igual ao peso da
imensidão esmaga-me não tenho alavanca
não tenho ponto de apoio não poderei mover
o universo nem com os meus esfarrapados
versos só as pirâmides quéops quéfren
miquerinos que gaspar me mostrava quando
era menino agora são minhas corcovas
minhas corcundas são as minhas crateras
abertas donde retiravam as múmias outros
os meteoros que as galáxias pré-históricas
mandaram-me para sustentar minha história

BH, 0210502025; Publicado: BH, 0280602025.

terça-feira, 24 de junho de 2025

agora acabei de procurar uma letra duma palavra que fosse da hora

agora acabei de procurar uma letra duma palavra que fosse da hora
para fazer uma oração pois em oração quem ora precisa de letras de
palavras formadas quem reza já traz lá de trás decorado dentro de si a
reza aí quem ora necessita improvisar se faltar letras se faltar palavras
então não sai oração do coração sou ruim de letras pior ainda de
palavras não tenho palavra tudo que falo é necessário ser
confirmado em cartório com testemunhas firmas
reconhecidas carimbos mais assinaturas taxas pois sou analfabeto
só uso as impressões digitais desde as que deixavam as
paredes das casinhas impregnadas de assinaturas
rústicas vãs pagãs profanas proscritas se tivesse nascido
na pré-história teriam sido reconhecidas como pinturas rupestres
seriam valorizadas até expostas em museus com direito a
reconhecimento intelectual ou visitações públicas
de autoridades das várias áreas da sociedade do clero filosofia
da literatura até com indicações a algum prêmio nobel quiçá da
própria literatura ou doutro ramo qualquer sou monocórdio
falo mal mal a linguagem do animal ajo como um irracional
decadente doente de corpo alma espírito mente inconsciente
não há quem me aguente por isto quanto mais rezo quanto
mais oro quanto mais faço prece mais desprezado choro
lágrimas de sódio com cloro

BH, 0260502025; Publicado: BH, 0240602025.

domingo, 22 de junho de 2025

HUNGRIA, AS MELHORES, WORKOUT:


 

já mandei tanta gente para o inferno

já mandei tanta gente para o inferno
que o inferno deve estar cheio dessa gente
é que não tenho a paciência de jesus cristo de
querer morrer crucificado para ver o povo
do inferno livrado nem tenho a cara de pau
dos pastores picaretas que também querem
livrar o fiel do inferno porém só muito bem
pagos de todas as formas possíveis comigo
quem quiser ir já mando para o inferno de
graça não cobro nem indulgências nem
quero companhias deixo todo mundo com
malafaia edir macedo r r soares waldemiro
santiago que não livram ninguém do
inferno só do dinheiro dos próprios bens de
tudo que amam como convêm que o
restante fica sem a roer ossos unhas a
remoer nervos a comer farinha com açúcar
na água se tiver se não tiver a beber água
abençoada ou benta maná não cai mais do
céu do céu agora só bombas de israhell
mísseis drones tudo mais que mata nada
mais que dá vida só morte menos para os
apaniguados senhores das guerras donos das
armas das vidas espalhadores das mortes
ajuntadores de dinheiros causadores dos
nossos desesperos dissabores faltas de
esperanças que nunca mais precisaremos
mandar ao inferno os demais sempre os
deixaremos ir sozinhos sempre sem nós
enquanto voamos nas asas da imaginação
através dos horizontes pelos infinitos dos
universos que são as águas que fluem das fontes dos montes

BH, 0170602025; Publicado: BH, 0220602025.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

qualquer dia esqueço até dos dias que vivi

qualquer dia esqueço até dos dias que já vivi
um dia prometo até esquecer dos dias que por
ventura um dia irei viver não quererei saber
de mais nada nem de ninguém não quererei
saber nem de mim que já cheguei ao fim alforge
vazio bagagem esquecida na gare da estação capanga furada bolsos aos avessos algibeiras
rasgadas malas velhas abandonadas botas
esfarrapadas calças rotas paletós esfiapados
chego ao fim assim alguém se lembrará de mim?
não me lembrarei de ninguém já falei muitas
coisas esqueci muito antes de lembrar fui
injusto com os meus antepassados fui covarde
com os meus ancestrais me escondi dos meus
antecedentes não desvendei a pré-história
não honrei a história borrei os nomes que me
deram sobrenomes rupestre fiz barrela das
personalidades que me moldaram então coração
septuagenário carrega a tua cruz finca a tua
estaca no peito corta tuas cordas com tua espada
fura tuas aortas com o teu punhal tiveste todo
um peito para poder chamar de teu todo um
seio para acolher os teus secaste sozinho sem
abrigo sem abrigar não regaste agora nada de
chorar lamentações em vão sem amor sem paz
não fizeste jus para que te chamassem de coração
és um deserto és uma mão decepada és uma
pedra enterrada onde os sonhos envelhecem
encardidos onde a esperança morreu de véspera

BH, 0230502025; Publicado: BH, 0180602025.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

tudo que a gente ama vai embora da vida da gente

tudo que a gente ama vai embora da vida da gente
dum jeito ou doutro ou do mesmo jeito que também
fomos embora da vida de alguém que a gente
amava é a lei do retorno da mesma moeda do aqui
se faz aqui se paga nada fica impune por mais
que se possa parecer que fique porém na verdade
não fica pagamos dum modo ou doutro pagamos
com um abandono ao sermos também abandonados
pagamos os preços cobrados que temos de pagar
muitas vezes até maiores do que o preço que
devemos
é no silêncio do quarto com a cabeça enterrada
nos travesseiros que sofremos sozinhos penamos
na nossa depressão consciência pesada sentimento
de culpa desilusão vontade de morrer mas a morte
não vem Insônia alucinação melancolia não aparecem
as solicitações só enigmas mistérios pesadelos
como que vou consertar meus erros? sem respostas
o vento parou só tempestade ficou sem bonança
na atual idade cadê a esperança de quando era criança?
onde que estava com a cabeça? chegaram a guilhotina
o cepo o garrote vil chegaram o cadafalso a forca o
carrasco o algoz o verdugo o escravo no calabouço
do sistema que crime cometeu? combateu o capitalismo?
todos os crimes levam o cativo ao arcabouço da sociedade
sem piedade desce a espada separa a cabeça do corpo
louco ouço parece um morto que continua sorrir no poço

BH, 0130602025; Publicado: BH, 0160602025.

domingo, 15 de junho de 2025

ZZ TOP:


 

sem sentido sem direção sem destino

sem sentido sem direção sem destino
em suma sem vida se ainda soubesse
transformar um grito em milagre
saía do sepulcro a andar lázaro ao
ouvir o grito do infinito lázaro levanta
anda saia daí desse limbo doutro lado
da pedra na mesma hora lázaro saiu 
envolvido nos seus panos fúnebres
lençóis funestos despiu-se nu a vagar
pelas veredas sendas encostas até
morrer outra vez definitivamente mas
parece que não sou nem gente só nó
novelo novela mesmo quando finjo que
não sou indiferente porém que
diferença a alguém ser diferente ou
indiferente é só fingir que ninguém
sente ninguém nota a dor da gente
nem a dor de dente ou da mente
demente ou da demência do senil
decadente decrépito ser vil o castelo
ruiu a fortaleza virou ruína entulho
o que procuras nesse monturo?
meu corpo seu moço que não está
mais em mim estava aqui neste lixão
para irmão eram só ossos dos
esqueletos desovados pelos cemitérios
ossos limados bolorentos encardidos
de velhos de asilos suspeitos de sujeitos
com defeitos por dentro dos peitos não
dava para aproveitar nada nem o
ossobuco nem o osso sacro coluna
vertebral fêmur crânio pélvis cócix
nada desista dessa tua busca infrutífera
pareces até um ortopedista para que
queres tantos ossos sem carnes sem
tutanos? vais construir alguma igreja?
templo pagão? vais fazer algum ritual
satânico? não nunca só coleção
dependurada num cordão

BH, 0130602025; Publicado: BH, 0150602025.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

o capitalismo não acaba pois é fruto da estupidez humana

o capitalismo não acaba pois é fruto da estupidez humana
acaba-se a humanidade porém a estupidez não se a estupidez
não acaba só aumenta então o capitalismo também nunca se
acabará se perpetuará como o colonialismo o imperialismo a
burguesia a elite ou o sistema opressor da sociedade desigual
tudo que explora o pobre enriquece cada vez mais o rico ou o
capitalista que sabem aproveitar muito bem do trabalhador
pelego vira-lata entreguista do patrão que fazem do coitado
proletário inconsciente um eterno dependente preso
às correntes do sistema da plutocracia aí o trabalhador do
mundo não se une é contra o trabalhismo é contra o trabalhista
é contra o próprio trabalhador o que dificulta o fim do capitalismo
do que adora o capitalista o imperialista o colonizador ai aí é
impossível uma revolução com o apoio duma classe tão traíra
em ação que dizima o che que dizima os líderes insurgentes
d'áfrica doutros países que combateram combatem
combaterão o império mundial que contra-ataca infinitamente
até o seu fim real por isso que a máquina é usada para não
conscientizar o tal trabalhador que passa a abominar tudo que
diz respeito ao trabalho até mesmo os próprios direitos
trabalhistas ou sociais o que faz com que o estado seja susente
onde mais o povo trabalhador precisa dele com a difusão da
nefasta política neoliberal enganadora do estado mínimo

BH, 0130602025; Publicado: BH, 0130602025.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

preciso escrever alguma coisa rapidamente antes de morrer

preciso escrever alguma coisa rapidamente antes de morrer
não importa o que seja o que tenha de escrever rapidamente
antes de morrer será sempre alguma coisa fútil de morto inútil
porém em vida não leguei nada legal ao além pelo menos
morto há a possibilidade de ser psicografado por alguém mais
morto do que sou com o dom da telepatia com o dom do
fingimento de se fingir de vivo pois vejo os porcos passar
mortos frescos diante do meu cadáver apodrecido
já em adiantado estado de putrefação fétida aqui em presença
de mim que nunca soube o que sou donde vim para onde
vou vejo que  não sou senhor de mim meus senhores são
o mercado o capitalismo o colonialismo o imperialismo
a burguesia a elite meus senhores são a religião as igrejas
as seitas que não as aceito herege agnóstico ateu incrédulo
iconoclasta rebelde revolucionário progressista de
vanguarda calai perante mim hipócritas deixai de lado as
orações preces rezas salmos deixai de lado amor perdão paz
nada mais dos ditos vivos me satisfaz então adeus até nunca mais

BH, 0120602025; Publicado: BH, 0120602025.

O MELHOR DOS NOVOS BAHIANOS:


 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

não estou bom sinto que nem estou bem

não estou bom sinto que nem estou bem
vejo israhell despedaçar os nenêns na sala
do meu barraco no barranco da entrada da
boca da favela quero desligar a antiga tv
que só serve para me mostrar ao vivo o
genocídio do povo palestino cometido pelo
estado terrorista de israhell porém não faço
nada sou passivo sou estuprado seviciado
em silêncio sou cativo só as bombas fazem
barulho meu coração parou o trapo humano
dos usa a sede da onu fazem vistas grossas
aos crimes que acontecem na faixa de gaza
aqui na hora do meu feijão com arroz
farinha carne não precisa já vejo as carnes
assadas das crianças palestinas de gaza
sinto até o cheiro de carne tenra defumada
em brasa viva que me deixa com a boca
cheia d'água não contesto mais o mundo o
nazismo o fascismo o capitalismo o total
imperialismo a extrema-direita o nocivo
bloqueio econômico a cuba nem as religiões
dos regimes globalizados não contesto mais
rússia china ucrânia já sou uma puta
velha septuagenária esquecida pela história
imagina pela pré-história nem choro mais
por nada que se foda essa porra toda não
consigo delendar a globo a vênus platinada do
partido da imprensa golpista safada que se
ferre o trabalhador pelego brasileiro que
pensa que trabalhismo é comunismo é
socialismo que se ferrem os trabalhadores
do mundo que não se uniram não haverá mais
líder trabalhista libertador revolucionário
acabou-se agora o mundo será curral da
extrema-direita o trabalhador confinado aos
guetos sem seus direitos

BH, 040602025; Publicado: BH, 0110602025.

terça-feira, 10 de junho de 2025

das últimas agora nas últimas

das últimas agora nas últimas
só me lembro de esquecer só
recordo de não recordar de não
ter memórias nenhumas nem
lembranças esqueço do de beber
esqueço do de comer esqueço do
de viver só não sei se esquecerei
do de morrer bem que gostaria
de esquecer do de morrer ou que
a morte também se esquecesse
do que é de mim pois não sou
digno de morrer assim sem
dignidade esquecido pelos
cantos feridos sem encanto sem
encontrar desencantado o canto
certo é que esqueço das coisas
dos casos das causas das gentes
dos vivos dos mortos dos amigos
dos inimigos ainda existe mulher
aí pelo vasto mundo meu amigo
raimundo? nem sei mais o que é
mulher esqueci de todas bem
antes de todas já terem se
esquecido de mim mulheres
mulheres mulheres quem as
entendia era o velho safado o
baco bêbado do osso buco o
charles chacal canibal
antropofágo afogado no álcool
curtido o couro desnudo ao sol
o bafo de onça o bafo de bode o
bogodo cheio de bolor a exalar
inhaca nem lembro mais de
nada se não lembro não fiz não
vivi não amei não sorri tinha até
feito um epitáfio não sei onde o
coloquei procurei não o encontrei
deixa para lá joga em qualquer lugar
sem identificação não tinha coração

BH, 030602025; Publicado: BH, 0100602025.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

sem saber o que fazer

sem saber o que fazer
tal qual um músico novo de jazz convidado
a tocar com monstros sagrados consagrados
tento adentrar ao santuário dos mestres da
literatura literalmente dos deuses da
inspiração numa tentativa de dar vida a este
combalido septuagenário coração falido
sem saber o que fazer
como um cafetão que tantas putas já deixou
na mão para correr atrás doutras mais novas
valiosas a render alguma remuneração o
trompete não empina mais igual o do dizzy
gillespie digo às meninas das madrugadas
nas quebradas arriba as saias vamos nus
embora pela madrugada fora encontrar fora
de hora uma felicidade agora na aurora
outrora nem sentia o peso das dificuldades
da insegurança da desconfiança incertezas
agruras da vida do destino cruel do azar que
carregamos do berço rezamos o terço o
político quer mais dum terço quando não
quer tudo a deixar as crianças morrer nos
guetos
s em saber o que fazer
não salvo ninguém com um soneto na
palestina em gaza as crianças são
despedaçadas queimadas vivas não há
literatura que resista resilente em
resiliência não há poesia ativista poema de
resistência teimosia israhell silencia
qualquer coração em agonia que pulsa nas
cinzas quentes por paz por amor por perdão

BH,  0210502025; Publicado: BH, 050602025. 

terça-feira, 3 de junho de 2025

a porta está aberta não fechas a janela

a porta está aberta não fechas a janela
o sol precisa de espaço para espalhar os
raios de luz portas fechadas janelas fechadas
corações obscuros mentes obtusas sem
saúde mental acabou por levar à morte o
corpo ou até o espírito ou a impedir a
evolução da espécie que por final extermina
a espécime pois a evolução é como uma
revolução tem que ser conseguida todo dia
um único mínimo descuido lá se foram a
evolução a revolução a consciência a ciência
ou a civilização então passamos a agir como
bestas feras apocalípticas os mais fracos
viram policiais assassinos ou militares das
forças armadas ou políticos fisiológicos
inescrupulosos da extrema-direita ou até
mesmo pastores evangélicos que pregam por
dinheiros sujos tais judas quero abrir todas
as portas portões portais postais universais
quero escancarar todas as janelas as pernas
janelões botões quartos escuros encher
quartos vazios porões sótãos átrios
ventrículos câmaras principais sistóles
diástoles não quero ver mais ninguém
desaparecer na escuridão sem alguém não
quero ver mais ninguém desaparecer na
poeira sem alguém nem no breu da capoeira
nas brenhas do valão nas moitas do matão
haja luz haja luz no teu coração meu doce irmão

BH, 0130402025; Publicado: BH, 030602025.

antes de morrer vou parir uma obra-prima

antes de morrer vou parir uma obra-prima 
ou uma obra-irmã ou uma obra-filha não
interessa antes de morrer vou parir uma obra de
arte talvez até pior do que todas as obras de
pedro malabares antes de morrer vou dar à luz à uma poesia iluminada que clareie as clareiras
que aqueça as lareiras vou dar à luz a um
poema mesmo sujo de pus ou ainda coberto de
placenta vou arrebentar a bolsa na calçada 
deixar cair o rebento do soneto órfão que veio
da escuridão estatelou-se no chão todos
passarão por cima como se estivessem a voar
sem asas todos ignorarão tudo que for expelido
por mim gravetos espinhos seixos pedras
pregos ciscos lixos imagens invisíveis sons
inaudíveis matérias decompostas rimas
assassinadas iguais aos povos pretos pobres
das periferias iguais aos povos originários
expulsos por nós de suas terras iguais aos
quilombolas banidos dos seus terreiros
terrenos onde eram seus quilombos antes de
morrer darei à luz a uma frase luminosa em
praça pública em pleno meio-dia que ofuscará o
sol essa frase ainda não foi pensada por
nenhum livre pensador muito menos por um
pensador livre essa frase deuses demônios
anjos entidades universais espaciais doutras
dimensionais entes doutros elementos entrarão
em conflitos aflitos pela autoria dessa frase
luminosa que direi um dia em praça pública em
pleno meio-dia antes de morrer em agonia

BH, 0230402025; Publicado: BH, 030602025.

DVD, PAULINHO DA VIOLA, 80 ANOS:


 

DVD DO PAULINHO DA VIOLA:


 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

não tenho mais nada para dizer não

não tenho mais nada para dizer não
sim ninguém aqui tem mais nada para dizer
não nem em letras nem em palavras tudo já
foi dito por todos o tempo todo pois todos
já dissemos tudo mais duma vez agora
estamos todos mudos agora estamos todos
surdos agora também estamos todos cegos
para as coisas superiores dos universos
minhas avós sabiam rezar preces em
ladainhas que mais pareciam latim que
davam certo minha mãe com sapiência sabia
orações que desafiavam a ciência que até
hoje dão certo com todos nós nós cegos que
somos no entanto nossas orações não dão
certo em nada nem nos nossos corações
pois não temos o amor de mãe não temos o
amor de pai nem as bênçãos duma paz
celestial pastores oram por dinheiro em vão
bispos pregam evangelhos de conveniência
por dinheiro em vão padres rezam em vão o
papa reza em vão vivemos a postar nossas
mãos no chão frio não iluminamos nossos
corpos sombrios não aquecemos corações
solitários depositamos nossas almas nas
bacias dos aterros sanitários nos
transformamos todos em fogos-fátuos dos
gases dos lixões pois não aprendemos as
lições repetimos diversas vezes os mesmos
erros diversos que não nos deixam evoluir
nem fazemos com que deixemos de ser em
vão se um dia deixarmos de ser em vão
passarmos a ser conscientes a civilização só
agradecerá a gente

BH, 0130402025; Publicado: BH, 020602025.