quarta-feira, 9 de julho de 2025

não leias as minhas coisas alheias não semelhante

não leias as minhas coisas alheias não semelhante
não vais gostar do que não é oração reza prece terço
nem rosário são cousas de ossuários dos assoalhos
dos sótãos são causos dos porões te farão mal teu coração
virgem não está acostumado com o ateu profano
procristo teu coração não é couraçado de leão é
coração de cordeiro ordeiro de carneiro preso no
espinheiro sem pele de lobo não chegará a bode velho
fornicador será semopre um coraçãozinho de cabra a
balir a fazer os outros rir de ti vais dormir no canto da
cama vieste da lama não tens fama só difamas os
nomes os sobrenomes dos homens se te pegarem não
balirás mais receberás muitas balas perdidas na cara de
rapaz aparecerás no jornal do noticiário diário com
tarjas nas vistas dos olhos arregalados de morto de
novo com face de recém-morrido de pouco tempo não
tentes o que não aguentes a vida é para outros que
não têm sentimentos não têm virtudes fazem as piores
coisas por quaisquer trintas dinheiros nem poderás
dizer o que demais reles um ser humano pode dizer
meu deus estou a fazer um poema meu deus estou a fazer
uma poesia tudo que sair da tua boca de boçal contaminará a
humanidade ou extinguirá a raça humana toma esse
cianureto por carraspana enfias no reto essa banana de
dinamite toma essa cicuta como se fosse uma cana vais
dormir a vida toda sem mudar a pele de escamas na tua cama

BH, 070702025; Publicado: BH, 090702025.

domingo, 6 de julho de 2025

o povo trabalhador brasileiro é pelego da extrema-direita

o povo trabalhador brasileiro é pelego da extrema-direita
não mais se sensibiliza com pautas da esquerda nem
com o povo trabalhador brasileiro proletário rebelde combativo
revolucionário libertador o povo trabalhador brasileiro
pelego prefere o ianque ao socialista prefere o império ao comunista
prefere pensar que é capitalista burguês da elite do que pensar
com a cabeça de trabalhador de proletário a abraçar o pensamento
trabalhista a estudar o trabalhismo a se encantar com o
comunismo facilmente se escancara ao consumismo do
mercado enganador se deixa levar pelas falsas propagandas
pelas ilusões que não acabam com as desilusões então
reverbera na inconsciência na inocência despreza a consciência
coloca em evidência políticos fisiológicos políticas de estado
mínimo abomina direitos humanos abre mãos de direitos
sociais aí políticos corruptos corruptores corrompidos com
suas corrupções deitam rolam com os votos do povo trabalhador
brasileiro pelego patronal defensor da extrema-direita
suas políticas fisiológicas extremas de fim de mundo de igrejas
comandadas por pastores picaretas que enchem as próprias
burras de dinheiro esvaziam a barriga do povo pagão proletário
brasileiro que envergonha a civilização em nome da religião faz
surgir o nazismo impede o fim do racismo ver renascer o
fascismo a fortalecer o liberalismo predador que empobrece
quaisquer corações dignos que empedra quaisquer corações
que pulsam com a ternura do amor

BH, 0170602025; Publicado: BH, 060702025.

OZZY OSBOURNE:


 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

cansei de viver sem ti cansei de viver

cansei de viver sem ti cansei de viver
agora o que me importa é não importar nem
mais com a hora a hora que for a hora será a
hora sem relógio sem ponteiros sem tic tac
sem tempo sem movimento rotatório sem
movimento translatório sem dias sem noites
sem meses sem anos sem sol sem lua sem ti
assim será tudo para mim todos tentam-me
trazer à vida não quero só quero ir à morte a
vida levaste me deixaste no azar sem sorte o
corte não fechou o talho escancarou a ponte
caiu o muro de arrimo ruiu a estrutura
desabou perdido perdi a liberdade sigo
preso acorrentado escavo escravo cativo
nativo o universo me abandonou depois que
lá chegaste o universo se renovou não é mais
o mesmo deixou as coisas velhas para atrás
o universo agora dá graças a ti a me matar
de inveja fico por aqui o vento faz de mim
qualquer cisco de jardim poeira de sótão
cheiro de porão bafio de ralo picumã de casa
velha sobrado arriado soleira sem beira
varanda onde ninguém anda varal sem vara
pastor sem cajado índio sem tacape cacique
sem borduna dedo sem dedal anel aliança
arco-íris sem cores me contento com as
marcas nas paredes dos teus antigos eventos

BH, 040602025; Publicado: BH, 030702025.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

cavar literatura em sepultura

cavar literatura em sepultura
igual a um morto do pântano cava
a morte em todos os cantos
espíritos nas encruzilhadas
putas pelos bares das quebradas
das madrugadas das estragadas travestis
nas esquinas marginais traficantes pretos
pedras brancos injetadas veias embotadas
lágrimas salgadas misturas químicas de sais
de cloros de bicarbonatos de sódios
que ódio a literatura não sobe ao pódio
é literatura de submundo
do rés-do-chão é literatura de ser imundo
espírito de porco do chiqueiro social
é literatura do lixo não é luxo
é osso quebrado sem cartilagem
sem meniscos sem tutanos
é fratura exposta sem anestesia
com nervos à mostra
coluna vertebral sem medula cervical
literatura formal pobre de metáfora
utopia sonho fala das periferias
fala dos céus suburbanos sombrios
balas perdidas nas cabeças das crianças
nas caras dos homens nas barrigas
grávidas das mulheres das favelas
a merda é que é sempre
com o pessoal da favela
extermínio genético
limpeza étnica
aporofobia com racismo
literatura do abismo do gueto da fossa
do lixão sanitário
do esgoto a inferno aberto com céu fechado
pontapé na porta do barraco ou do barracão
és o único culpado de tudo meu irmão
que vives sem literatura ou sem ganha-pão

BH, 0260502025; Publicado: BH, 0300502025.

já desisti da esperança do sonho da vda da realidade

já desisti da esperança do sonho da vida da realidade
já desisti até da morte se a morte quiser se contentar
comigo terá que ser assim do jeito que sou meu pai
não se contentou minha mãe não se alegrou todo mundo
se frustrou comigo porque que com a morte teria de ser
diferente? não será não arrumará nada comigo
ossos velhos enferrujados enfraquecidos vistas
turvas babas fartas corisas abundantes catarros
cor de ouro remelas amarelas cataratas de lágrimas
cachoeiras de lamentações carnes apodrecidas
moribundo sorumbático meditabundo vagabundo
vadio em vadiagens siderais cósmicas espaciais
universais corvo de pirata a grasnar no ombro nunca mais
já comeu um olho meu sou tudo que a morte vai encontrar
quando vier me levar caveira de corsário tatuagem
de bucaneiro nada a nadar na lama da cama porra
velho não honraste os pais o país honras pelo menos
tuas horas finais teus molambos de restos mortais
como carregarei essas mortalhas pelo infinito fora?
procuras uma urna para depositar essas descomposturas
que vergonha de cadáver terei que arrastar não me
submeterei a tal vexame fiques aí que se danes

BH, 0250402025; Publicado: BH, 0300602025.

domingo, 29 de junho de 2025

desculpa meu amigo mas é complicado

desculpa meu amigo mas é complicado
não posso provar nada ainda mais quando
todos querem que prove alguma coisa não
funciono sob pressão nem atmosférica não ajo
em caixa de alta tensão ou de ebulição não vou
segurar esse pepino ou descascar esse abacaxi
ai de mim malgrado meu desde que nasci
habito com os que odeiam a paz o amor o
perdão pois já estão em guerra há muito tempo
hoje sigo o princípio do meu mestre antônio
candeia filho ao afirmar que quem guerreia pela
paz a verdadeira paz nunca há de ter nunca há
de encontrar a guerra é criada pela burguesia
sustentada pela elite mantida pelos
plenipotenciários praticada pelos pobres levada
infinitamente pelos senhores das armas das
guerras do imperialismo os genocidas do
capitalismo os exploradores do colonialismo do
liberalismo nada de novo no front tudo a mesma
coisa desde que o homem é homem abriu mão
da civilização da irmandade da fraternidade da
liberdade do compartilhamento do mundo
abraçou o extermínio criou os flagelados gerou
os refugiados os campos de concentração
resultou os falidos as falências os famélicos
não há mais volta mais algumas voltas ao redor
do sol o planeta se apagará seguirá tição torrão
a fumegar a fumar fumo fumaça sem raça
humana todos que queriam tudo agora não têm
nada nem a si mesmos com o que se contentar
ecos de minha alma de meu ser de meu espírito
já perceberam que não eram nada mais disso
não evoluíram para tal almejo não ficarei de fora
também serei um réptil réprobo em rastejo na
direção do nada a nadar aflito para o infinito

BH, 0230402025: Publicado: BH, 0290602025

LED ZEPPELIN:


 

sábado, 28 de junho de 2025

CAETANO VELOSO:


 

a escrever meu epitáfio

a escrever meu epitáfio
para depois deixar meu testamento porém
não tenho lápide nem sepultura nem cova
nem campa nem canteiro ainda então terei
que ir para perus numa escavação rasa ser
enterrado igual indigente esqueci o epitáfio
é que não tenho um fio de mim para dizer
rasguei o testamento eram só letras malditas
palavras fúnebres réquiens enterro
clandestino exéquias pagãs também não fiz
por onde desde menino só juntei pedras
para pedreiras nenhumas preciosas só semis
meu destino só ajuntei grãos para dunas
nenhum era o alef todos eram ciscos de
poeiras o vento levou minhas dunas para os
montes das minhas costas de longe pareciam
leves a flutuar no ar agora pesam toneladas
curvam-me ao chão igual ao peso da
imensidão esmaga-me não tenho alavanca
não tenho ponto de apoio não poderei mover
o universo nem com os meus esfarrapados
versos só as pirâmides quéops quéfren
miquerinos que gaspar me mostrava quando
era menino agora são minhas corcovas
minhas corcundas são as minhas crateras
abertas donde retiravam as múmias outros
os meteoros que as galáxias pré-históricas
mandaram-me para sustentar minha história

BH, 0210502025; Publicado: BH, 0280602025.

terça-feira, 24 de junho de 2025

agora acabei de procurar uma letra duma palavra que fosse da hora

agora acabei de procurar uma letra duma palavra que fosse da hora
para fazer uma oração pois em oração quem ora precisa de letras de
palavras formadas quem reza já traz lá de trás decorado dentro de si a
reza aí quem ora necessita improvisar se faltar letras se faltar palavras
então não sai oração do coração sou ruim de letras pior ainda de
palavras não tenho palavra tudo que falo é necessário ser
confirmado em cartório com testemunhas firmas
reconhecidas carimbos mais assinaturas taxas pois sou analfabeto
só uso as impressões digitais desde as que deixavam as
paredes das casinhas impregnadas de assinaturas
rústicas vãs pagãs profanas proscritas se tivesse nascido
na pré-história teriam sido reconhecidas como pinturas rupestres
seriam valorizadas até expostas em museus com direito a
reconhecimento intelectual ou visitações públicas
de autoridades das várias áreas da sociedade do clero filosofia
da literatura até com indicações a algum prêmio nobel quiçá da
própria literatura ou doutro ramo qualquer sou monocórdio
falo mal mal a linguagem do animal ajo como um irracional
decadente doente de corpo alma espírito mente inconsciente
não há quem me aguente por isto quanto mais rezo quanto
mais oro quanto mais faço prece mais desprezado choro
lágrimas de sódio com cloro

BH, 0260502025; Publicado: BH, 0240602025.

domingo, 22 de junho de 2025

HUNGRIA, AS MELHORES, WORKOUT:


 

já mandei tanta gente para o inferno

já mandei tanta gente para o inferno
que o inferno deve estar cheio dessa gente
é que não tenho a paciência de jesus cristo de
querer morrer crucificado para ver o povo
do inferno livrado nem tenho a cara de pau
dos pastores picaretas que também querem
livrar o fiel do inferno porém só muito bem
pagos de todas as formas possíveis comigo
quem quiser ir já mando para o inferno de
graça não cobro nem indulgências nem
quero companhias deixo todo mundo com
malafaia edir macedo r r soares waldemiro
santiago que não livram ninguém do
inferno só do dinheiro dos próprios bens de
tudo que amam como convêm que o
restante fica sem a roer ossos unhas a
remoer nervos a comer farinha com açúcar
na água se tiver se não tiver a beber água
abençoada ou benta maná não cai mais do
céu do céu agora só bombas de israhell
mísseis drones tudo mais que mata nada
mais que dá vida só morte menos para os
apaniguados senhores das guerras donos das
armas das vidas espalhadores das mortes
ajuntadores de dinheiros causadores dos
nossos desesperos dissabores faltas de
esperanças que nunca mais precisaremos
mandar ao inferno os demais sempre os
deixaremos ir sozinhos sempre sem nós
enquanto voamos nas asas da imaginação
através dos horizontes pelos infinitos dos
universos que são as águas que fluem das fontes dos montes

BH, 0170602025; Publicado: BH, 0220602025.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

qualquer dia esqueço até dos dias que vivi

qualquer dia esqueço até dos dias que já vivi
um dia prometo até esquecer dos dias que por
ventura um dia irei viver não quererei saber
de mais nada nem de ninguém não quererei
saber nem de mim que já cheguei ao fim alforge
vazio bagagem esquecida na gare da estação capanga furada bolsos aos avessos algibeiras
rasgadas malas velhas abandonadas botas
esfarrapadas calças rotas paletós esfiapados
chego ao fim assim alguém se lembrará de mim?
não me lembrarei de ninguém já falei muitas
coisas esqueci muito antes de lembrar fui
injusto com os meus antepassados fui covarde
com os meus ancestrais me escondi dos meus
antecedentes não desvendei a pré-história
não honrei a história borrei os nomes que me
deram sobrenomes rupestre fiz barrela das
personalidades que me moldaram então coração
septuagenário carrega a tua cruz finca a tua
estaca no peito corta tuas cordas com tua espada
fura tuas aortas com o teu punhal tiveste todo
um peito para poder chamar de teu todo um
seio para acolher os teus secaste sozinho sem
abrigo sem abrigar não regaste agora nada de
chorar lamentações em vão sem amor sem paz
não fizeste jus para que te chamassem de coração
és um deserto és uma mão decepada és uma
pedra enterrada onde os sonhos envelhecem
encardidos onde a esperança morreu de véspera

BH, 0230502025; Publicado: BH, 0180602025.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

tudo que a gente ama vai embora da vida da gente

tudo que a gente ama vai embora da vida da gente
dum jeito ou doutro ou do mesmo jeito que também
fomos embora da vida de alguém que a gente
amava é a lei do retorno da mesma moeda do aqui
se faz aqui se paga nada fica impune por mais
que se possa parecer que fique porém na verdade
não fica pagamos dum modo ou doutro pagamos
com um abandono ao sermos também abandonados
pagamos os preços cobrados que temos de pagar
muitas vezes até maiores do que o preço que
devemos
é no silêncio do quarto com a cabeça enterrada
nos travesseiros que sofremos sozinhos penamos
na nossa depressão consciência pesada sentimento
de culpa desilusão vontade de morrer mas a morte
não vem Insônia alucinação melancolia não aparecem
as solicitações só enigmas mistérios pesadelos
como que vou consertar meus erros? sem respostas
o vento parou só tempestade ficou sem bonança
na atual idade cadê a esperança de quando era criança?
onde que estava com a cabeça? chegaram a guilhotina
o cepo o garrote vil chegaram o cadafalso a forca o
carrasco o algoz o verdugo o escravo no calabouço
do sistema que crime cometeu? combateu o capitalismo?
todos os crimes levam o cativo ao arcabouço da sociedade
sem piedade desce a espada separa a cabeça do corpo
louco ouço parece um morto que continua sorrir no poço

BH, 0130602025; Publicado: BH, 0160602025.

domingo, 15 de junho de 2025

ZZ TOP:


 

sem sentido sem direção sem destino

sem sentido sem direção sem destino
em suma sem vida se ainda soubesse
transformar um grito em milagre
saía do sepulcro a andar lázaro ao
ouvir o grito do infinito lázaro levanta
anda saia daí desse limbo doutro lado
da pedra na mesma hora lázaro saiu 
envolvido nos seus panos fúnebres
lençóis funestos despiu-se nu a vagar
pelas veredas sendas encostas até
morrer outra vez definitivamente mas
parece que não sou nem gente só nó
novelo novela mesmo quando finjo que
não sou indiferente porém que
diferença a alguém ser diferente ou
indiferente é só fingir que ninguém
sente ninguém nota a dor da gente
nem a dor de dente ou da mente
demente ou da demência do senil
decadente decrépito ser vil o castelo
ruiu a fortaleza virou ruína entulho
o que procuras nesse monturo?
meu corpo seu moço que não está
mais em mim estava aqui neste lixão
para irmão eram só ossos dos
esqueletos desovados pelos cemitérios
ossos limados bolorentos encardidos
de velhos de asilos suspeitos de sujeitos
com defeitos por dentro dos peitos não
dava para aproveitar nada nem o
ossobuco nem o osso sacro coluna
vertebral fêmur crânio pélvis cócix
nada desista dessa tua busca infrutífera
pareces até um ortopedista para que
queres tantos ossos sem carnes sem
tutanos? vais construir alguma igreja?
templo pagão? vais fazer algum ritual
satânico? não nunca só coleção
dependurada num cordão

BH, 0130602025; Publicado: BH, 0150602025.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

o capitalismo não acaba pois é fruto da estupidez humana

o capitalismo não acaba pois é fruto da estupidez humana
acaba-se a humanidade porém a estupidez não se a estupidez
não acaba só aumenta então o capitalismo também nunca se
acabará se perpetuará como o colonialismo o imperialismo a
burguesia a elite ou o sistema opressor da sociedade desigual
tudo que explora o pobre enriquece cada mais o rico ou o
capitalista que sabem aproveitar muito bem do trabalhador
pelego vira-lata entreguista do patrão que fazem do coitado
proletário inconsciente um eterno dependente preso
às correntes do sistema da plutocracia aí o trabalhador do
mundo não se une é contra o trabalhismo é contra o trabalhista
é contra o próprio trabalhador o que dificulta o fim do capitalismo
do que adora o capitalista o imperialista o colonizador ai aí é
impossível uma revolução com o apoio duma classe tão traíra
em ação que dizima o che que dizima os líderes insurgentes
d'áfrica doutros países que combateram combatem
combaterão o império mundial que contra-ataca infinitamente
até o seu fim real por isso que a máquina é usada para não
conscientizar o tal trabalhador que passa a abominar tudo que
diz respeito ao trabalho até mesmo os próprios direitos
trabalhistas ou sociais o que faz com que o estado seja susente
onde mais o povo trabalhador precisa dele com a difusão da
nefasta política enganadora do estado mínimo

BH, 0130602025; Publicado: BH, 0130602025.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

preciso escrever alguma coisa rapidamente antes de morrer

preciso escrever alguma coisa rapidamente antes de morrer
não importa o que seja o que tenha de escrever rapidamente
antes de morrer será sempre alguma coisa fútil de morto inútil
porém em vida não leguei nada legal ao além pelo menos
morto há a possibilidade de ser psicografado por alguém mais
morto do que sou com o dom da telepatia com o dom do
fingimento de se fingir de vivo pois vejo os porcos passar
mortos frescos diante do meu cadáver apodrecido
já em adiantado estado de putrefação fétida aqui em presença
de mim que nunca soube o que sou donde vim para onde
vou vejo que  não sou senhor de mim meus senhores são
o mercado o capitalismo o colonialismo o imperialismo
a burguesia a elite meus senhores são a religião as igrejas
as seitas que não as aceito herege agnóstico ateu incrédulo
iconoclasta rebelde revolucionário progressista de
vanguarda calai perante mim hipócritas deixai de lado as
orações preces rezas salmos deixai de lado amor perdão paz
nada mais dos ditos vivos me satisfaz então adeus até nunca mais

BH, 0120602025; Publicado: BH, 0120602025.

O MELHOR DOS NOVOS BAHIANOS:


 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

não estou bom sinto que nem estou bem

não estou bom sinto que nem estou bem
vejo israhell despedaçar os nenêns na sala
do meu barraco no barranco da entrada da
boca da favela quero desligar a antiga tv
que só serve para me mostrar ao vivo o
genocídio do povo palestino cometido pelo
estado terrorista de israhell porém não faço
nada sou passivo sou estuprado seviciado
em silêncio sou cativo só as bombas fazem
barulho meu coração parou o trapo humano
dos usa a sede da onu fazem vistas grossas
aos crimes que acontecem na faixa de gaza
aqui na hora do meu feijão com arroz
farinha carne não precisa já vejo as carnes
assadas das crianças palestinas de gaza
sinto até o cheiro de carne tenra defumada
em brasa viva que me deixa com a boca
cheia d'água não contesto mais o mundo o
nazismo o fascismo o capitalismo o total
imperialismo a extrema-direita o nocivo
bloqueio econômico a cuba nem as religiões
dos regimes globalizados não contesto mais
rússia china ucrânia já sou uma puta
velha septuagenária esquecida pela história
imagina pela pré-história nem choro mais
por nada que se foda essa porra toda não
consigo delendar a globo a vênus platinada do
partido da imprensa golpista safada que se
ferre o trabalhador pelego brasileiro que
pensa que trabalhismo é comunismo é
socialismo que se ferrem os trabalhadores
do mundo que não se uniram não haverá mais
líder trabalhista libertador revolucionário
acabou-se agora o mundo será curral da
extrema-direita o trabalhador confinado aos
guetos sem seus direitos

BH, 040602025; Publicado: BH, 0110602025.

terça-feira, 10 de junho de 2025

das últimas agora nas últimas

das últimas agora nas últimas
só me lembro de esquecer só
recordo de não recordar de não
ter memórias nenhumas nem
lembranças esqueço do de beber
esqueço do de comer esqueço do
de viver só não sei se esquecerei
do de morrer bem que gostaria
de esquecer do de morrer ou que
a morte também se esquecesse
do que é de mim pois não sou
digno de morrer assim sem
dignidade esquecido pelos
cantos feridos sem encanto sem
encontrar desencantado o canto
certo é que esqueço das coisas
dos casos das causas das gentes
dos vivos dos mortos dos amigos
dos inimigos ainda existe mulher
aí pelo vasto mundo meu amigo
raimundo? nem sei mais o que é
mulher esqueci de todas bem
antes de todas já terem se
esquecido de mim mulheres
mulheres mulheres quem as
entendia era o velho safado o
baco bêbado do osso buco o
charles chacal canibal
antropofágo afogado no álcool
curtido o couro desnudo ao sol
o bafo de onça o bafo de bode o
bogodo cheio de bolor a exalar
inhaca nem lembro mais de
nada se não lembro não fiz não
vivi não amei não sorri tinha até
feito um epitáfio não sei onde o
coloquei procurei não o encontrei
deixa para lá joga em qualquer lugar
sem identificação não tinha coração

BH, 030602025; Publicado: BH, 0100602025.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

sem saber o que fazer

sem saber o que fazer
tal qual um músico novo de jazz convidado
a tocar com monstros sagrados consagrados
tento adentrar ao santuário dos mestres da
literatura literalmente dos deuses da
inspiração numa tentativa de dar vida a este
combalido septuagenário coração falido
sem saber o que fazer
como um cafetão que tantas putas já deixou
na mão para correr atrás doutras mais novas
valiosas a render alguma remuneração o
trompete não empina mais igual o do dizzy
gillespie digo às meninas das madrugadas
nas quebradas arriba as saias vamos nus
embora pela madrugada fora encontrar fora
de hora uma felicidade agora na aurora
outrora nem sentia o peso das dificuldades
da insegurança da desconfiança incertezas
agruras da vida do destino cruel do azar que
carregamos do berço rezamos o terço o
político quer mais dum terço quando não
quer tudo a deixar as crianças morrer nos
guetos
s em saber o que fazer
não salvo ninguém com um soneto na
palestina em gaza as crianças são
despedaçadas queimadas vivas não há
literatura que resista resilente em
resiliência não há poesia ativista poema de
resistência teimosia israhell silencia
qualquer coração em agonia que pulsa nas
cinzas quentes por paz por amor por perdão

BH,  0210502025; Publicado: BH, 050602025. 

terça-feira, 3 de junho de 2025

a porta está aberta não fechas a janela

a porta está aberta não fechas a janela
o sol precisa de espaço para espalhar os
raios de luz portas fechadas janelas fechadas
corações obscuros mentes obtusas sem
saúde mental acabou por levar à morte o
corpo ou até o espírito ou a impedir a
evolução da espécie que por final extermina
a espécime pois a evolução é como uma
revolução tem que ser conseguida todo dia
um único mínimo descuido lá se foram a
evolução a revolução a consciência a ciência
ou a civilização então passamos a agir como
bestas feras apocalípticas os mais fracos
viram policiais assassinos ou militares das
forças armadas ou políticos fisiológicos
inescrupulosos da extrema-direita ou até
mesmo pastores evangélicos que pregam por
dinheiros sujos tais judas quero abrir todas
as portas portões portais postais universais
quero escancarar todas as janelas as pernas
janelões botões quartos escuros encher
quartos vazios porões sótãos átrios
ventrículos câmaras principais sistóles
diástoles não quero ver mais ninguém
desaparecer na escuridão sem alguém não
quero ver mais ninguém desaparecer na
poeira sem alguém nem no breu da capoeira
nas brenhas do valão nas moitas do matão
haja luz haja luz no teu coração meu doce irmão

BH, 0130402025; Publicado: BH, 030602025.

antes de morrer vou parir uma obra-prima

antes de morrer vou parir uma obra-prima 
ou uma obra-irmã ou uma obra-filha não
interessa antes de morrer vou parir uma obra de
arte talvez até pior do que todas as obras de
pedro malabares antes de morrer vou dar à luz à uma poesia iluminada que clareie as clareiras
que aqueça as lareiras vou dar à luz a um
poema mesmo sujo de pus ou ainda coberto de
placenta vou arrebentar a bolsa na calçada 
deixar cair o rebento do soneto órfão que veio
da escuridão estatelou-se no chão todos
passarão por cima como se estivessem a voar
sem asas todos ignorarão tudo que for expelido
por mim gravetos espinhos seixos pedras
pregos ciscos lixos imagens invisíveis sons
inaudíveis matérias decompostas rimas
assassinadas iguais aos povos pretos pobres
das periferias iguais aos povos originários
expulsos por nós de suas terras iguais aos
quilombolas banidos dos seus terreiros
terrenos onde eram seus quilombos antes de
morrer darei à luz a uma frase luminosa em
praça pública em pleno meio-dia que ofuscará o
sol essa frase ainda não foi pensada por
nenhum livre pensador muito menos por um
pensador livre essa frase deuses demônios
anjos entidades universais espaciais doutras
dimensionais entes doutros elementos entrarão
em conflitos aflitos pela autoria dessa frase
luminosa que direi um dia em praça pública em
pleno meio-dia antes de morrer em agonia

BH, 0230402025; Publicado: BH, 030602025.

DVD, PAULINHO DA VIOLA, 80 ANOS:


 

DVD DO PAULINHO DA VIOLA:


 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

não tenho mais nada para dizer não

não tenho mais nada para dizer não
sim ninguém aqui tem mais nada para dizer
não nem em letras nem em palavras tudo já
foi dito por todos o tempo todo pois todos
já dissemos tudo mais duma vez agora
estamos todos mudos agora estamos todos
surdos agora também estamos todos cegos
para as coisas superiores dos universos
minhas avós sabiam rezar preces em
ladainhas que mais pareciam latim que
davam certo minha mãe com sapiência sabia
orações que desafiavam a ciência que até
hoje dão certo com todos nós nós cegos que
somos no entanto nossas orações não dão
certo em nada nem nos nossos corações
pois não temos o amor de mãe não temos o
amor de pai nem as bênçãos duma paz
celestial pastores oram por dinheiro em vão
bispos pregam evangelhos de conveniência
por dinheiro em vão padres rezam em vão o
papa reza em vão vivemos a postar nossas
mãos no chão frio não iluminamos nossos
corpos sombrios não aquecemos corações
solitários depositamos nossas almas nas
bacias dos aterros sanitários nos
transformamos todos em fogos-fátuos dos
gases dos lixões pois não aprendemos as
lições repetimos diversas vezes os mesmos
erros diversos que não nos deixam evoluir
nem fazemos com que deixemos de ser em
vão se um dia deixarmos de ser em vão
passarmos a ser conscientes a civilização só
agradecerá a gente

BH, 0130402025; Publicado: BH, 020602025.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

O MELHOR DE BOB DYLAN:


 

não me acompanhas que não sou enterro enterro

não me acompanhas que não sou enterro enterro
já enterrei até filho plantei em cova rasa de terra 
baixa que não era rara axé não me segues que não
sou novela novelo fio veio rio não me convides
para enterros pois só vou em enterro de quem
vai no meu não acho graça na desgraça
alheia
alheio a tudo nada me interessa não tenho
pressa
para chegar a lugar nenhum comum ogun
oxum
oxumaré mata o homem deixa a mulher
mais útil
menos fútil mais sagaz vive o amor a paz mais capaz
odeio capataz feitor senhor de engenho capitão
do mato senhor feudal burguês da mais fétida elite
medieval com práticas da inquisição fogueiras
torturas caça às bruxas genocídios extermínios
simonias indulgências santo graal santo sudário
tudo me faz mal capital capitalista capitalismo
imperialismo colonialismo bloqueio econômico
campos de refugiados flagelados famélicos famintos
do mundo uni-vos tomai a terra plantai o trigo fazei o
pão matai a fome de quem tem fome a 
sede de
quem tem sede amem amém aquém aqui no além

BH, 0290502025; Publicado: BH, 0290502025.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

O MELHOR DE METALLICA II:


 

O MELHOR DE METALLICA:


 

cheguei perto da clareira no coração

cheguei perto da clareira no coração
da floresta virgem fechada mais assombrada
do que sou com medo da natureza das
obras-primas da fauna das obras de arte da
flora nossa senhora a maior parte da vida foi
de obtusidade absurdidade sem claridade
sem luz nem de vela ou de farol de archote
só rochedos de pedreiras pela frente no front
sem sonho de gente só pesadelo de animal
sem sinal vital racional sem noção sem
razão sonhar custa caro principalmente para
quem o sonho não é realizado com a morte a
sondar a rondar já na expectativa de dar o
bote precisa de muita sorte quem só tem
azar precisa de muita vida quem só tem a
morte a oferecer por herança por esperança
porém não vem outro bem só desdém
também quem mandou se pensar um
senhor dotado dalgum dom dado quem
nasceu para ícaro não chega ao cairo não
sobrevoa as pirâmides as esfinges os vales
dos reis o deserto de saara o mar mediterrâneo o mar vermelho as múmias
dos faraós os tesouros das rainhas dos
príncipes dos sacerdotes pois despenca de
quaisquer alturas é engolido pelas areias
perde o sangue das veias nas arenas a seiva
da vida deixa escapar pelas escarpas os
suspiros os soluços as soluções os espirros os
esbirros se vira aos avessos quem olha não
percebe que era aquele que queria ser verbo
substantivo génesis a pairar sobre abismos

BH, 0230402025; Publicado: BH, 0260502025.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

sei que não escrevo com a verdade dos fatos

sei que não escrevo com a verdade dos fatos
a verdade nunca esteve do meu lado
penso que ninguém escreve com a verdade dos fatos
por que terei de escrever com a verdade dos fatos?
mentirei igual a um papa
serei falso igual a um pastor
trairei igual a um político
matarei igual a um policial
fingirei que amo a pátria tal qual um militar inútil
das forças armadas
escreverei com os boatos
não me arrependerei nem ficarei com as faces rubras de vergonha
praticarei corrupção
serei corruptor corrupto corrompido todos são
porque não serei não?
serei também depois direi amém
as putas chupam ninhas porras 
a burguesia se der mole me come o rabo
a elite me suga o sangue
o mercado me bebe o suor
a igreja me toma as últimas merrecas
fico só com as remelas as melecas
não gritei eureka
não encontrei a saída de emergência
nem a válvula de escape
ou o fio da meada
ou o x da questão como se dizia antigamente
pois sou de antigamente
tudo que quero é querer o que queria antigamente
de comer de beber igual gente
respirar ar puro
ouvir música boa
ler literatura clássica
assistir bons filmes cults
sair de cena
fazer só o que vale a pena ou o que 
não deixa a alma da gente ser pequena
basta de efeitos especiais superficiais
realidades virtuais simulacros
inteligências artificiais
pensamentos banais
agora quero o mais do mesmo sempre mais

BH, 060502025; Publicado: BH, 0190502025.

terça-feira, 13 de maio de 2025

JERRY LEE LEWIS:


 

mau alimento-me mal alimentado

mau alimento-me mal alimentado
pela fajuta mídia pelo dalso mercado
a imprensa golpista tal a cadela do fascismo
no cio não informa-me nada nem a verdade
só a mentira pois todos querem manipular-me
todos querem enganar-me porém
sou vacinado não sou negacionista nem sou
terraplanista ou crente evangélico
pentecostal armamentista falsa testemunha
de jeová fanático não sou católico apostólico
romano ou brasileiro à espera do conclave
que escolherá o novo papa sou o papa novo
ou nova não importa a ocasião não caio
nessa da Lady gaga ou da madona nem sofro
racismo por dinheiro em campos de futebol
europeus sou preto gostoso brasileiro aqui
racismo é crime bem ou mal o racista vai
para a cadeia até rico com dinheiro ou pobre
que se pensa endinheirado comigo a
extrema-direita é bloque nas redes sociais
no corpo a corpo é soco na cara murro na
boca do estômago porrada no pau do nariz
chute no saco sou cidadão democrata
republicano raiz luto por direitos humanos
igualdade liberdade fraternidade cidadania
soberania autonomia aqui trump não apita
nem de noite nem de dia faço o que mais
detesta poemas poesias que são os antídotos
sou azia má digestão na elite na burguesia
não quero alkaseltzer nem sonrisal nem
açúcar nem sal comigo todo mundo sente
não
se resolve nada inconstitucionalissimamente

BH, 060502025; Publicado: BH, 0130502025.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

o mercado não está satisfeito comigo foda-se o mercado

o mercado não está satisfeito comigo foda-se o mercado
quer sempre muito mais de mim do que quero
vai à minha casa a me cobrar o que não devo ou finjo
não dever porém o mercado prefere alimentar a
burguesia a me matar de fome prefere saciar a elite
a me matar de sede acolhe os apaniguados a me jogar às
ruas debaixo de marquises de viadutos de pontes
em cima de morros recantos de muros becos guetos
aglomerados de favelas se reclamo o mercado me
dá um murro no meio do pau do nariz ou no pomo de
adão a polícia prestadora de serviços do mercado
não pode me ver sou suspeito de tudo de todos sem
suposição um atentado ao sistema um ultraje à
sociedade trajada a rigor tarjado com as minhas
vergonhas à mostra socorro caminha tenho que
sair de circulação escondo-me onde ninguém se esconde
no esconde-esconde até lá incomodo com a minha
invisibilidade o mercado é só maldade ruindade
não tenho algum que o mercado quer que o sistema
quer que a polícia quer que a sociedade quer então
não posso ficar de pé tenho que virar uma sombra
numa penumbra um gato pardo no escuro
sem viralizar
sem ser curtido sem ser compartilhado
sem ser
pesquisado banido pela inteligência artificial
só não posso é incomodar a tranquilidade social com
a minha presença antissocial que se torna uma ausência
porém sou um animal marginal subversivo rebelde
revolucionário dou um martelo com o calcanhar
na fronte do ordinário ponho-o por terra com um
rabo de arraia deixo-o no res-do-chão com um macaco
perfeito livro-me da cassetetada certeira no peito aí
incorporo negro firmo canelada cotovelada voadora
lá vou deixar o mercado de decúbito dorsal no sal
com os seus deuses de barro seus santos de pau-oco seus
anjos mórbidos mortos caídos das alturas dos céus

BH, 060502025; Publicado: BH, 0120502025.

domingo, 11 de maio de 2025

a cabaça de cuia está oca

a cabaça de cuia está oca
no vácuo vazia vadia vagabunda
não serve mais nem para moringa
ou moranga ou carregar potes
jarras jarros talhas trouxas tralhas
equilibrados na rudia tais
as negras malabaristas as putas
pobres equilibristas com cestas
cestos feixes feixos meninas meninos
no cangote como a morte no colo
no cacaio nas escadeiras na corcunda
nas corcovas no pescoço na nuca
onde dava aninhavam alguma coisa
que tinham que carregar lenhas
latas d'água amarrados de taquaras
que pocavam bambus que esouravam
com o calor varas que suspendiam os
varais onde quaravam as roupas brancas
mamãe tinha uma ninguém sabe donde
veio se tinha pai se tinha mãe se tinha
irmã se tinha irmão irmão parece que
teve um chamado adão ninguém sabe se
fazia aniversário não sabia falar não
sabia ler não sabia escrever tentamos
ensinar aprendia só outras coisas que não
devia aprender aí o irmão sumiu a coitada
continuou na servidão até o fim da vida
só servia para servir de noite ou de dia
nunca para ser servida mamãe a ensinou
lavar passar cozinhar a ajudou a criar a
filha que arrumou depois ajudou
mamãe criar os restantes dos filhos de
mamãe alguns netos aí sumiu também
já deve estar no além nunca
foi feita oração em sua homenagem um
agradecimento só sabíamos que se chamava
maria sem sobrenome sem documentos 

BH, 01801102025; Publicado: BH, 0110502025.

O MELHOR DE DAVID BOWIE:


 

segunda-feira, 28 de abril de 2025

se pudesse fazer coleções de bons costumes a coligir elogios

se pudesse fazer coleções de bons costumes a coligir elogios
a colecionar qualidades não tanta coleciste não tanta
inflamação da vesícula biliar penso que seria mais
colega da disposição seria aquele que tem uma mesma profissão
doutrem exercem juntos irmãos a mesma função não um
desempregado nem companheiro de classe escolar indesejado
ou sou dividido pelo longo tempo que abandonei as salas
de aulas o azar é só o meu não soube aproveitar o tempo
quando o tempo esteve ao meu lado de colegial de aluno de
colégio não trago boas lembranças dos meus estabelecimentos de
ensino das corporações cujos membros têm a mesma dignidade
de reunião de pessoas para fins eleitorais fui até veementemente
criticado pela falta de coleguismo pela falta de espírito de
solidariedade com os colegas que nunca tive coleio agora então
com essa coleira apertada no pescoço pareço até um animal
amestrado de circo domesticado do lar com essa peça de couro
ou de metal vejo-me preso um coleiro triste mudo um pássaro
que pensei canoro da família dos fringílidas que esqueceu-se
de cantar o canto respeitável o canto venerável a coler
a colher o coleóptero inseto cujas asas superiores córneas
abrigam as inferiores na espécime de ordem dos coleópteros o
problema é sempre assim nunca sei por onde começar
por onde dar o começo quando pretendente a escrever ao
iniciar uma dissertação ao principiar alguma tese de princípio
no momento inicial dalguma coisa só cubro-me de dúvidas
desconheço a origem não faço um esboço não faço um
ensaio antes do começo acabo pôr transformar-me
numa comédia numa obra de representação teatral de caráter
cômico sátiro em plena luz do dia um fato ridículo que me
deixa encabulado com mistificação comediante um
ator de comédias um farsante um impostor coisas que não
sou ou jamais gostaria de ser penso que sou comedido
engano-me acho que sou prudente engano-me mais uma
vez ainda olho-me no espelho digo estou sóbrio outra
obra de comediógrafo quem está sóbrio? é a imagem refletida
no espelho continuo aí sem comedimento algum longe da
moderação preso à modéstia da falta de modéstia autor
dos mais torpes atos que impedem de comedir-me ou
tornar-me modelo do modo de falar de agir comedor sou
contumaz sou daquele que come muito bebedor sou
daquele que bebe muito todo dia é dia de comemoração
é dia de beber para comemorar não importa o que só nas
relações sexuais é que sou bem devagar para demorar não
sou de muitas rapidinhas no comedouro vou poucas vezes
não tantas quanto os animais selvagens no lugar onde
comem quando há um acontecimento uma data para
festejar passo o tempo todo a prestar homenagem
a cobrar de todo mundo o lembrar comemorativo
com mais um trago que comemora cobre o início duma
aporrinhação por isso perco a comenda como o herói
perde a distinção honorífico de caráter militar por um
ato falho perde a insígnia de comentador por não estar trjado
a rigor não ter na fisionomia a expressão ajustada o cunho
a marca a impressão traçada na índole da firmeza de
vontade individualidade moral feitio de profundidade
que impressiona o comensal cada um dos que comem
juntos habitualmente nas casas uns doutros guarda o que
olhar viu o ouvido escutou a boca falou para comensura
como se fosse para medir duas ou mais grandezas
com a mesma unidade comparar a personalidade a
proporcionar uma boa acolhida repleta de calorão humano
excessivo abrasador um calor comensurável que se pode medir
pela falta do comentador do que faz os comentários para
explicar a interpretar a anotar a observar não criticar com
malícia ao final do comentar é certa a análise o
esclarecimento da obra a disputa esportiva o competir a
ponderação sobre o fato não a crítica malévola com
o sabor de inveja a cobiça do comentarista que faz
o comentário mais ferido de orgulho representado
pelos sete pecados capitais 

BH, 01901102000; Publicado: BH, 0280402025.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

quando passares próximo a um hospital

quando passares próximo a um hospital
peças a deus em oração pelos pacientes
internados ali peças para curar todos os
doentes das enfermarias ctis utis por êxitos
em todas as operações aos que são terminais
não têm mais esperanças de vida que deus
dê uma morte tranquila serena segura boa
desempate assim o jogo ao desempatar a
marcar um gol a favor quando será teu
desempatador o que desempata ao entrares
num ônibus peças a deus por todas as
pessoas que viajam contigo os que vêm de
casa os que vão para casa os que estão a
trabalhar ou até mesmo a passear quando
vires uma criança faças a mesma coisa
peças a deus para que todas as doenças
males Sofrimentos possam desempastar das
vidas das crianças que os temores possam
delir diluir os horrores os terrores venham
liquefazer temores tumores tremores virar
fluídos a desemparelhar da vida delas
quando olhares para alguém peças também
para abençoar mesmo que não conheças ou
conheças a falar assim então senhor abençoa
todas as pessoas que não conheço todas que
conheço todas que vou conhecer todas que
não vou conhecer assim ninguém escapará
dos teus pedidos de bênçãos nada irá
separar deus de abençoar esses pessoas
diferençar desemparceirar abandonar
peças que faça desemparedar as almas de
todos os seres a libertar todos os entes
perdidos nas trevas quando deparares com
uma criança digas em pensamento que deus a
abençoe que deus lha dê muitos anos de
vida saúde paz amor felicidade que deus lha
dê inteligência sabedoria que só o bom com
o bem ande ao seu lado que só aconteça
virtude peças a deus para desempapelar a
vida de todas as crianças desembrulhar para
o futuro a tirar os papéis cruéis dos
caminhos as burocracias os revestimentos
ruins como duma parede velha desempalha
a alma que a alma não seja tal qual a palha
que qualquer vento leva que no desempacotamento
do destino não aconteçam surpresas vazias
que ao desempacotar para a vida o pacote
seja um tesouro de boas ações bons atos de
virtude lógica razão ética verdade liberdade
que seja um desempacho do medo num
desempachar da covardia que a coragem
seja o desobstruir para enfrentar fazer o
andar da carruagem o desemperrar dos
freios o desempenar dos eixos o desempacar
dos mecanismos dos organismos dos movimentos
dos elementos dos Estados das matérias dos
sentimentos dos sentidos dos discernimentos
quando olhares a humanidade digas deus
acelera o desaguar da raça humana apressa
o aperfeiçoar do ser humano o polir do brio
mostra o civilizar é preciso a instrução superior
venhas desembussar cada irmão que cada
um aprenda a relatar a realidade que cada
um tenha uma boa ação para contar quando
desabafar seja só a tristeza de não ter feito o
bem de não ter sido um bom que todos aprendamos
a confessar os nossos pecados as nossas falhas
os nossos erros as nossas faltas com real arrependimento
a descobrir o coração sem nada esconder
que o nosso desembuchar não seja uma
lama de sangue ossos renda de nervos de
veias trança de artérias entranhas medula
mas o mostrar-se o rosto mas o desembuçar
do mais puro amor que ajuda ao total desembrutecer
o mais importante educar no instruir da
alma ignorante ao transformá-la em algo
limpo claro sem clero bem como a ampliar
o desanuviar do espírito ao desembruscar
das trevas travas com esclarecimento elevado
com desembrulho de dialética a desembrenhar
do âmago a bruteza ao fazer sair a malvadeza
a tirar a ruindade arrancar das brenhas  toda
noção maléfica a debrear como a um motor
a limpar do breu do alcatrão os pulmões ao
desembrear o peito a domesticar a fera humana
acalmar o instinto da besta apocalíptica
amansar o burro velho bravo pré-histórico a
desembravecer o ser rústico rupestre caótico
é o nome do nume da mente nossa divindade
mitológica nosso gênio bom de boa inspiração
o tutelar que nos afasta dos pântanos com espírito
protetor às vezes nem sabemos o que é que nos
leva a agir assim como um objeto de intuição
abjeta de intelectual desprovido de todo atributo
fenomelógico pura ideia a que não corresponde
nenhum objeto de objetivo material a coisa em si
por oposição ao fenômeno que é a coisa tal como é
apreendida pelos sentidos segundo a filosofia
kantiana chamou de número quando sentires a
presença duma alma dum ser dum ente dum espírito
dum homem de dons peças a deus para desembramar
o mar que algum estiver a afogar-se digas deus
venha aqui desenroscar esse fôlego desenredar
essa saga desembaraçar esse suspiro desembraçar
esse corpo livrar a matéria libertar as moléculas
tornar cortante a língua a afiar a palavra a desembotar
a voz ao falar ao furar os tímpanos para desemboscar
o furor fazer sair do bosque a cólera a ira emboscadas
o que estava emborcado inerte de cara no chão de
vergonha voltar para cima para a luz a desemborcar
para receber na cara o ar não será nenhum prejuízo
fazer o bem o gasto do bom não será perdido a despesa
com o bem é um desmbolso que ajuda aliviar o
desembolar interior ajuda a correr livremente
o néctar o pólen o despear em terra firme na solidez
para que desaguar em choro? para que confluir
em lágrimas? para que deembocar em pranto
agudo? extremo? funesto? fúnebre?não irá tirar
birra do morto não irá deixar de estar embirrado
o cadáver depois que morre só irá desembirrar
ou no aquém ou no além jamais aqui outra vez
morrer não é desembezerrar não é o desamuar
do defunto é o desembestamento para o outto
lado é o voltar desmbestado o correr desemfreado
disparado ao pó despido à poeira no desembaular
dos simulacros no desemalar das nossas aflições
dos nossos anseios do baú da vida é o abrir do barril
o que contiver o melhor vinho será usufruído
guardado nos canais devidos é no desembarrilar
do líber o que jorrar mais puro límpido lâmpada luz
será o desembaraçador o primeiro primário princípio
é o conter é o emagrar cometido é o emagrecer
por comer só para viver não viver só para comer
para adelgaçar desembarrigar ai de quem se distrair
de quem não está alerta cai paga caro pela queda
não levanta nunca mais desembandeirar a distração
arriar a bandeira do descuido é a única salvação
o que se distrai não consegue nunca desembaciar
o ser limpar o sangue desempanar as vistas polir os brios
quem se distrae nunca irá desembaçar da escuridão
da escravidão explicar os fenômenos decifrar os
códigos esclarecer os princípios desemaranhar
das malhas da rede da corrupção desemalhar
da bagagem do pecado desemadeirar a cara de pau
tirar o madeiramento do rosto as complicações vêm
em maços resta-nos desfazer ou separar desemaçar
sem deselegância a falta de elegância a natural
não a vaidosa do desaforo da ambição não a vaidade
do ambicioso mórbido desejador que ainda não se
despiu da deseducação não desvestiu do próprio
embrutecimento só aumentar assim o asselvajamento
para dar maus exemplos não falta para desmoralizar
o réprobo não falta para desviar da moral ou da crença
religiosa escandalizar a sociedade não falta quem
esteja à altura de cometer tais delitos para desedificar
pregar a desedificação a desmoralização o escândalo
a turba é numerosa porém para ajudar não aparece
um sequer todos querem atirar a primeira pedra
todos querem o apedrejamento apedrejar o próximo
todos querem desdourar deslumbrar a verdade
manchar o sangue com o sangue desacreditar
a embaciar o desdobro doutro que quer como numa
serraria o corte das toras que fazem para a formação
de pranchões destes para a de tábuas vigas barrotes
de sustentação para a fortaleza a defesa contra
as procelas dos guardiões dos malfeitos dos malfeitores

BH, 0240250502001; Publicado: BH, 0250402025.