quarta-feira, 3 de julho de 2013

Estamos a subir e a cair em direção a um ponto escuro; BH, 0310102000; Publicado: BH, 030702013.

Estamos a subir e a cair em direção a um ponto escuro,
No extremo lado do universo e quanto mais subimos a cair, mais nos
Afastamos do ponto escuro e quanto mais nos afastamos na direção oposta a ele,
Maior ele fica; e quanto maior é a distância que nos afastamos ao irmos na
Direção dele, que parece se encontrar a bilhões de anos-luz de nós, sentimos perto;
E já até atravessamos a penumbra das sombras das trevas que os atros
Fazem refletir sobre nossos espectros a nos condenar de energia;
Passamos por planetas gasosos, sólidos, líquidos, telescópicos e imaginários,
Viajamos com o cima do cimo do pícaro do equilíbrio horizontal
Coincidente sobre todos os atros numa mesma planificação;
E visitamos estrelas inexistentes cujas luzes são as únicas provas,
São os únicos vestígios de sóis, luas, estrelas implodidas;
Vagueamos por mares de ondas hertzianas e desertos cobertos de poeiras cósmicas,
Dançamos na chuva ácida, e escalamos montanhas de gelos seculares,
Vislumbramos vulcões milenares, cometas extintos e cemitérios de asteroides,
De quasares esquecidos nas distâncias intermináveis de tempos infinitos;
Passamos pelo início da vida, pelo meio do destino e chegamos ao fim,
À zona de quinta dimensão, de onde o universo já teria
Envelhecido centenas, e centenas de vezes e a viagem
Jamais chegaria ao limite do expoente fatorial da existência;
E quem tentou abrir os olhos sentiu os globos oculares serem sugados
Pela velocidade do escape do ar na imensidão do vácuo eterno;
Todas as atmosferas resultaram-se numa molécula menor do que
A menor partícula que forma a menor molécula espacial;
Essa era a resultante da grandeza que tentava nos definir,
Tentávamos entender e compreender sem perder a razão,
Porém, reconhecemos toda a inutilidade e todo o futuro se tornou
Passado em nosso presente e o nosso presente se extinguiu ao nos anular, a
Nos deixar à mercê de nos encontrarmos e nos
Conhecermos e relacionarmos ao nos transformar em
Espíritos energizados, ectoplasmas iluminados capazes
De numa revolução inverter todas as leis e ocasiões,
Todos os ocasos, reações e cadeias de relatividades teóricas;
Desvendamos as teses, mistérios, milagres, manifestações cósmicas,
Pulsações não registradas em radares, satélites artificiais
E rastreadores dos mapas celestiais e dos recônditos onde se
Esconsdem as luas do desconhecido, de energia transformada
Pelo campo de gravidade do buraco negro de diâmetro
Milhares de vezes maior do que o próprio campo que o forma;
E um redemoinho de constelações, galáxias e conglomerados de estrelas,
Jamais esperados em ser encontrados, principalmente por
Pensamentos físicos e reais; mentes soberanas e colossais e seres
Onde a luz é a energia que compõe o soma e do outro lado,
A maioria tenta enxergar os fenômenos que acontecem,
E são despercebidos, pois todos estão sem olhos, já que o sol deles
Faz com que a necessidade não seja sentida por outros
Órgãos e sentidos: pele, cabelos, orelhas, pescoço e demais partes, pois
O sol é feito de neve, neve negra de piche e de breu;
As fotografias são em branco e preto e o arco-íris não precisa
Necessariamente ser explicado cientificamente, já que
Lá ele não existe, pois não existem as cores, não existe a luz;
E não parávamos de cair ao subir e também não parávamos
De subir ao cair, ora de cabeça para cima, ora para baixo
A deslocar à velocidade extrema da luz, sem ao menos
Conseguir sair do lugar; o planeta já não existia nem
Na lembrança, a memória já havia se exterminado, o
Conhecimento ficou no plano do finito do saber limitado e a nossa
Sabedoria não teve mais utilidade adequada,
Não teve mais necessidade de comprovação e a nossa provação
Era a nossa queda no além do além do além do além do além
E nós vinhamos a subir do aquém do aquém do aquém do aquém;
Para encontrar uma saída ao espichar o pescoço para ver
Se conseguíamos transpor ao alongarmos o pescoço à nossa frente,
A distância maior entre um ponto e outro, a fresta
Por onde a esperança traria um facho de luz brilhante
Para ferir os nossos olhos sem retinas, sem íris,
Só as cavidades satisfaziam as nossas ansiedades;
Primávamos por algo mais complexo, elevado e nosso,
E o que estava em nós, não nos pertencia, só
Nos fazia levitar por cima das cinzas e das fumaças,
Tipo a névoa do fog londrino, só que mais densa,
E mais preocupante, mais abrasiva e mais torturante,
Que nos fazia padecer todas as nossas estruturas,
Todas as nossas entranhas e depósitos de espíritos,
Depósitos de almas e de legiões de pensamentos;
E nos fazia padecer nos nossos passos dados e nos que
Íamos dar e nos passos que damos nos eclipses sensoriais;
Torcemos para acabar a tristeza, torcemos pelo fim da agonia,
Torcemos para sairmos da angústia, torcemos e agora
Nos contorcemos, nos destorcemos e somos torcidos por
Potentes mãos, como se fôssemos panos de chãos, de onde
Escorriam águas com sabão, quando lavamos as
Nossas casas, suas salas, seus quartos e cômodos;
E ficamos igual a lama que fica no quintal,
Fica na rua depois da chuva, esquecida e pisada
Por pés de pernas apressadas e calçados por sapatos brutos,
Que chapeiam, contornam, arrastam e levam a lama
Para os gramados de palácios e de castelos de areia atômicas,
Transformadas em diamantes por desgaste entre os corpos,
Por fricção à alta temperatura de velocidade e combustão;
No peito não batia mais o coração, virou não sei o que e
Nas solas dos pés esmagamos todos os nossos medos e as nossas
Covardias, que sempre nos diminuem e sempre nos humilham;
Saímos do casulo da mentira  feitos borboletas para pousarmos
Na pétala da verdade da flor da liberdade e sonhamos,
Sonhamos com a realidade sem a dor da ilusão,
Sonhamos com sonhos sem pesadelos e não acordamos;
Nossos pés não estavam em gramas macias e sim em seixos,
Em espinhos e pedras pontudas e penetrantes que nos 
Magoavam as carnes alvas e tenras, a nos tirar gritos 
Lascivos de ais e choros que tentávamos esconder
No regaço da mulher que nos acompanhou,
Na nossa trajetória sem retorno e sem chegada;
Pena que depois de passar por nós toda a retrospectiva,
Verificamos que não sentíamos mais nada,
Parecíamos dormir e estávamos mortos;
Havíamos chegados ao seio da morte e fomos cair
Devagar, feito neve em noite de inverno, que cai
Silenciosa e serena, morta, a cobrir a superfície
E a matar a natureza e o que mais resiste;
E chegamos à nossa morte pura e simples, sem
Explicação e definição, sem conteúdo e valor;
Só nós víamos de longe, vultos parecidos com gentes,
Só nós víamos ao longe, gentes parecidas nossos parentes
E fomos envolvidos por outros espíritos em contato;
Estávamos cansados, a viagem parecia ter sido longa,
Tortuosa e exaustiva e apenas tinha-se passado,
Um milésimo de segundo e já éramos cadáveres;
Já éramos defuntos, antes de nos ter sidos espíritos,
Já éramos mortos, apodrecidos e nem chorados fomos;
Não tivemos tempo para mais nada e o tempo
Não queria mais nada conosco hoje,
Nos abandonou à nossa própria morte.(1)

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