Esqueças o meu nome de cor salteado na ponta da língua
Um nome só não faz a diferença nem a mais nem a menos
Esqueças o meu corpo em alguma encruzilhada assombrada
Um corpo sem alma não faz diferença nem a mais nem a menos
Não passa também duma assombração inanimada
O vento rola as águas fura as rochas descarna os cadáveres
Pulveriza os ossos mais ressequidos resistentes dos
Esqueletos das caveiras sorridentes de outrora gentes gentis
Do limbo gentis gentes cósmicas moradoras das matérias
Das moléculas dos átomos dos vestígios donde não há vestígios
Depois de morrerem as lembranças as memórias as recordações
As saudades os esquecidos morrerem nos esquecimentos
O vento não será mais chamado de vento nem o céu será
Chamado de céu nem o sol de sol ou a lua de lua
O universo de universo o que será chamado de o que será
Chamado será o que será chamado de o que será chamado
Quantos nomes padeceram para que um nome fosse chamado
De nome ao bendito todos os nomes que não sejam o meu
Meu nome não terá nome meu nome não derramou sangue
Meu nome não derramou lágrima por nenhum nome meu
Nome não é um nome próprio é um nome impróprio esqueças
O meu nome de cor salteado na ponta da serpente que foi
Engolida o rabo ficou de fora passou a ser chamado de língua
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