domingo, 5 de fevereiro de 2023

e levantou de manhã como um vento em redemoinho

e levantou de manhã como um vento em redemoinho
e com um olhar de quando é no mar manhã
sondou o firmamento
e arfou o peito com profundeza de oceano azul
e auscultou o coração como se ausculta
os marulhos das ondas quebradas nas praias
e quando a maré vem em calma pé na estrada
e leu em cada fímbria do universo
as obras-primas da vida
e certificou-se das obras de arte que
compõem os desertos
e o dia já galopava à sua frente
e ainda fremia com a emoção da descoberta
que a percepção nossa de cada dia nos dá hoje
e a alegria da intuição encheu-lhe as pernas de pressa
e ânimo 
e quase a correr alcançou o dia a pular a linha do horizonte
e orou uma oração nunca orada
por um ser humano nenhum num monte
e era uma oração de fé
e de audácia
e de ousadia
e de rebeldia
e de revolução
e de evolução
e de coragem
que o astronauta precisa orar
ao enxergar o vácuo na imensidão do espaço
e viu no além o que é só a grandeza de deus
que de tão imenso se fazia invisível
e geria essa perfeição dessa máquina
milenar silenciosa
e não se sentiu sozinho ao ser abraçado
e ninado como criança
nos berçários das constelações
e dos aglomerados das galáxias sagradas
e saiu da nave como um novo adão
num novo jardim do éden suspenso
ao nascer de novo para criar uma nova criatura

BH,0290502019;Publicado:BH,050202023.

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