segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Best Song of Elvis Presley Collection 📀 Greatest Hits Music Playlist 60s...

um dia vou andar pelos continentes

um dia vou andar pelos continentes
como se estivesse levantado do chão há muito tempo
como se deixasse de andar de quatro desde a pré-história
porém não tem nem tanto tempo assim que passei a andar ereto
só alguns milhões de anos ando pelos continentes então
os continentais melhorarão como uns semelhantes assemelhados 
não serei mais um que andava de rastos rastejava
que vivia no limo da lama no lodo do brejo no esgoto do pântano
os continentais me saudarão um estrangeiro sem fronteiras
um cidadão universal moldado de ideias solidificado de ideias
alicerces indestrutíveis alma de lava completo ser humano
repleto de humanismo pura raça humana mesmo sem ser puro
sangue arterial ariano olhos azuis miscigenado
por todos os cantos dos continentes a contar o viver experiente
de quem aprendeu a viver com a vida a erguer a cabeça
mesmo que o cérebro seja uma cabaça de cachaça
uma goteira que pinga aguardente nas feridas abertas da gente
a cicatrizar tatuagens na carne viva a cauterizar a pele enegrecida
como um pergaminho queimado deixado pelos caminhos

BH, 0301202024; Publicado: BH, 03001202024.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

silêncio quero silêncio no universo

silêncio quero silêncio no universo
nenhuma explosão de estrelas nem
nenhum galáxia a engolir outra
galáxia nem nenhum buraco negro
a engolir sóis nada de gritos de ais
pedidos de socorros cinturões
apertados com um gesto dessa
equação para toda qualquer
confusão com um jeito dessa
conjectura firmeza em toda estrutura
nada fora de lugar a criar revolução
a causar ebulição só quero o silêncio
da evolução a serenidade da
metamorfose sem caos bastam todos
esses pensamentos aí em harmonia
que maravilha vamos segui-los para
descobrir o esconderijo onde serão
depositados quero o mais lúcido o
mais racional quero o mais perceptivo
quero o mais intuitivo pensamentos
retrógrados nem pensar pensamentos
dos mais livres pensadores dos mais
leves com letras de palavras mágicas
que abrem meteoritos da matéria-prima
mais endurecida a cabeça do homem
moderno qual pensamento é capaz
de decifrar? qual pensamento é capaz
de brocar esse encefálico para o núcleo
ser arejado a partícula obtusa ser partida
a energia da luz liberada? esperamos
com fé a esperança é a última que morre
quando não morre fica azul a trazer esse
pensamento que precisamos

BH, 01701202024; Publicado: BH, 027001202024.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Beethoven - 5th Piano Concerto 'Emperor' (Zimerman, Bernstein, Wiener Ph...

não há mais nenhuma frase que de repente

não há mais nenhuma frase que de repente
pudesse dizer que foi feita por gente viva
semente sentença de oração que foi escrita
por quem não é demente quem se atreveu
a tal tento que qualquer um poderia dizer
não aguento o peso dessas letras nessa
prece não sustento as toneladas dessas
palavras nesse período que não é nem
neolítico é bem depois porém quebram
minha coluna cervical sugam minha
medula óssea chupam os tutanos dos meus
ossos absorvem minha seiva junto com
minhas energias deixam meus enganos não
livram-me duma vez por todas de mim males
maus ruins malditos malvados malvadezas
maldições deixam incertezas vísceras à
mostra inferno a céu aberto corpo descoberto
atlas tenho que carregar tudo do mundo no
cangote talos arrasto tudo no cacaio
quasímodo encho a corcunda dromedário
estufo ao corcova corcovado abro mais os
braços mesmo já sem as forças desmaio junho
julho agosto setembro outubro novembro
dezembro não me reanimo em janeiro me
sinto mais velho superado suplementado
acabado porém sou cabra da peste cobrado
por mim já nas últimas não me perdoo não me
abençoo não me salvo não quero me salvar sou
muito estúpido todo mundo sabe muito bem
disso mas preciso morrer para acabar com a
minha estupidez ou do contrário não serei feliz
nem depois de morto até a raiz

BH, 01701202024; Publicado: BH, 02301202024.

domingo, 22 de dezembro de 2024

POEMA AL EDUCADOR, Enrique Bernal Valdivia, do PCC,CU

 POEMA AL EDUCADOR

La palabra Educador es tan grande lo que encierra que no hay otra en la tierra que la supere en amor. Cultiva la tierna flor desde que el tallo la empina, desafiando cada espina que en ese empeño tropieza y no oculta la tristeza cuando un botón no germina.

Enseñar puede cualquiera pero educar solo concibo si eres Evangelio vivo defensor de esa trinchera. Del maestro hoy se espera toda la sabiduria, con el viene la alegría de tanto saber profundo al abrirse todo el mundo con su arte y fantasía.

El sentirse educador significa desprender la magia de poder saber cómo moldear el amor. Es como ser escultor cuando talla la figura que no deja una fisura al culminar el tallado porque al final ha logrado un ser lleno de cultura.

Enrique Bernal Valdivia

sábado, 21 de dezembro de 2024

vicejam nos campos as florezinhas dos campos

vicejam nos campos as florezinhas dos campos
nos vales os lírios dos vales nas montanhas as
orquídeas das montanhas nas alamedas os
choupos os álamos das alamedas meu coração
é um cemitério esquecido cheio de mistério
igual a um lago morto onde um solitário boia
ou um mar morto cujas ondas são restos mortais
carcaças de navios fantasmas sucatas de naus
veleiros caravelas barcos negreiros os baús dos
tesouros das ilhas já foram abertos moedas
podres papeis falsos dinheiro sujo que piratas
saquearam dos castelos medievais corsários
bucaneiros levaram todas as virgens as amas
as aias as mucamas só ficaram as velhas rainhas
decrépitas as drag queens as travestis com suas
perucas ensebadas seus esqueletos calcinados
suas caveiras abandonadas seus ossos
enferrujados tudo cercado de espinhos nas covas
das curvas dos caminhos cactos cardos cravos
limados limbo lama lodo pântano para transpor
até chegar ao paraíso foi para isso que a história
surgiu para contar o que ninguém viu fica velha
ultrapassada igual a civilização que não evoluiu que
não faz mais questão de existir o firmamento não será
mais admirado o azul do céu não terá mais sentido

BH. 01701202024/ Publicado: BH, 92191292924.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Marcelo D2 • OBRIGADO SAMBA [Videoclipe]

quando estavas por aqui me davas inspiração

quando estavas por aqui me davas inspiração
mesmo sem vontade em tua companhia
escrevia canção fazia poesia fábrica sem
tema fabricava poema lorde criava uma ode
não tão pessoal pessoana mas criava soneto a
camões carta a caminha porém estavas sempre
aqui admirava tua beleza uma obra-prima da
natureza com certeza louvava tudo em ti teus
ossos de marfim tua tez branca de mármore de
carrara pensava esse colosso nunca vai acabar
nada vai destruir essa obra de arte nada vai
superar essa bela arte no entanto não está mais
aqui não sei mais o que fazer como nunca soube
quem sabia o que fazer eras tu que fazias que
sabias eu era só um cadáver de defunto
dependente químico orgânico inorgânico físico
dependia de tudo de ti de repente não me vejo em
mais nada nem em mim mesmo não me vejo nem
mais no espelho ou na paisagem visagem ruela
passarela vila vela nada nunca imaginei que seria
tão parasita pária verme sanguessuga incapaz de
superar essa ausência que me tornou ausente
também não sirvo nem para miragem oásis
assombração até os meus fantasmas de estimação
expulsaram-me da congregação

BH, 01701202024; Publicado: BH, 02001202024.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

cantarei sim cantarei como cantava antigamente

cantarei sim cantarei como cantava antigamente
pois já não sei porém digo aos quatro cantos do
planeta às rodas à rosa dos ventos vagabundos
em vagabundagens que cantarei vadiarei em
vadiagem pelas galáxias orion andrômeda como
se fosse um rei do universo a unir versos com
agulhas imantadas linhas paralelas dos horizontes
linhas dos montes montanhas interplanetárias
exoplanetárias de todas as etárias cantarei silvarei
gorgojearei pássaro passarinho não passarão os
que não cabem num ninho pois o universo cabe
o universo é o ninho do passarinho glórias darei
rainha princesa minha musa difusa às vezes
confusa outras vezes filosófica em filosofia de
confúcio poesia pré-histórica letras da era da
pedra lascada palavras da idade do ferro do
tempo rupestre pele do primeiro homem que
perdeu a pela em pergaminho para que alguém
pudesse escrever para sobreviver a civilização é a
continuidade dessa sobrevivência mesmo com
sofrência para quem não sofreu com certeza não
viveu posso dizer que sofri posso dizer que vivi
pois confesso que te perdi te perder é sofrer é 
morrer quem te perde não quer mais saber de
viver só de navegar num mar de lágrimas salgadas

BH, 01401102024; Publicado: BH, 01601202024.

penso que vali a pena enquanto vivi

penso que vali a pena enquanto vivi
exerci meus sentidos escutei enxerguei
senti falei odiei amei tateei andei provei
em todos os estados da matéria em todos
os elementos da natureza penso até que
não tive a alma tão pequena vi livre a
metamorfose do sol nascer do alto do
monte num momento de liberdade que
todo ser humano deveria ter não tive
coração tão reto não tive espírito tão
inabalável vacilei acovardei cometi
injustiças coisas da raça humana falha
tal toda humanidade não honrei meus
ancestrais não cultuei meus antepassados
criminalizei meus antecedentes não
amei meus descendentes tudo que
é feito por todo mundo para não me
sentir culpado sozinho meti os pés
pelas mãos tropecei em tapetes me
intimidei ingênuo amador fingi fugi
ninguém me notou ninguém sentiu
falta de mim ninguém me procurou
também aprendi desprezar bem mais
não dei a volta por cima não levantei
quando caí bebi demais fumei idem
mais doente do que curado mais débil
do que sarado mais insano do que sano
sem saúde mental espiritual ou corporal
penso que vali a pena enquanto vivi

BH, 01601202024; Publicado: BH, 01601202024.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

totalmente possuído pelos espíritos da poesia

totalmente possuído pelos espíritos da poesia
completamente incorporado pelas almas do
poema o único exorcismo possível é orar em
inspiração de oração aos deuses conhecidos
aos deuses desconhecidos é rezar em ladainha
em reza brava em reza forte aos santos negros
às santas negras aos entes pretos às entidades
pretas com muita cachaça boa com muita pinga
de cabeça na cabaça de cuia com muito banho
de arruda de guiné em água de cheiro na bacia
para que o exorcista seja em obras-primas em
laudas de lirismos em odes nos pergaminhos
em sonetos nos manuscritos sagrados ou
talismãs de osso sacro nos patuás do santuário
em vez de ter o corpo fechado terei o corpo
aberto lavrado lavado lavourado exposto sem
desgosto morada de todas as ancestralidades
moradia de todos os antepassados povoado de
todos os antecedentes remanescentes criminais
que foram todos perdoados nos rituais tribais
sacrossantos pagãos batizados o universo é
aqui mesmo neste verso não tem reverso
converso com o universo em telepatia todo dia
a me mandar água benta na moringa ou água
abençoada no pote mel no favo leite na jarra
vinho no jarro quando o amor passar dum
certeiro bote trago o amor no trote no cangote

BH, 01401102024; Publicado: BH, 01301202024.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Meninos carvoeiros [Manuel Bandeira]

Os meninos carvoeiros

Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles…
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
— Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.

(Petrópolis, 1921)

[O ritmo dissoluto, 1924]

capitalismo nada mais é ou justamente é

capitalismo nada mais é ou justamente é
tudo que entra pelos nossos olhos ou
que adentra à nossa casa a nos causar
mal ou a nos fazer de mau miséria
pobreza violência racismo fascismo
nazismo armamentismo belicismo
religiões financistas desequilíbrios
sociais fim dos direitos humanos ou
sociais trabalhistas com o trabalho
escravo ou intermitente precarizado
salário mínimo defasado aluguel caro
luz gás água combustíveis os olhos
da cara tudo pela hora da morte com
o povo a pedir estado mínimo bandeiras
da extrema-direita privatizações
predatórias exportações com detrimento
ao capital nacional impostos sonegados
bilionários que pagam menos impostos
do que o povo miserável agronegócio
que destrói completamente ao meio
ambiente dizima a natureza extermina
nações indígenas ou os povos
quilombolas os restantes dos povos
naturais ou tradicionais capitalismo é
tudo que não presta ou algo mais é o 
que não fala nem no socialismo
equiparado ao de jesus cristo que foi
banido pelos pastores que só falam no
deus draconiano que mete medo não
fala no cristo que enfrentou a burguesia
bateu na elite abençoou o povo pobre
condenou o povo rico com seu capitalismo

BH, 0200802024; Publicado: BH, 01101202024.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

aqui a decifrar o que o universo tenta me ditar

aqui a decifrar o que o universo tenta me ditar
ao conferir sentido aos saberes escolares
escolásticos nada simples pois sabedoria não
se cria da noite para o dia religião é uma mão
de pilão apesar da luta contra a exclusão dos
saberes educacionais que acarreta o fracasso
acorrenta a educação que gera no futuro seres
humanos muitas vezes marginalizados que
não querem ouvir igual tento ouvir desde que
nasci o que o universo tenta me dizer mesmo
sem entender nada sem interpretar nada
invento finjo que entendo tudo interpreto tudo
que sou um gênio um saci-pererê um diabo
numa garrafa um anjo torto que caiu do céu
um gnomo ou ogro ou uma assombração ou
uma entidade ou um fantasma que não
conseguiu voltar ao limbo porém tenta evoluir
nessa escala universal a aprender as linguagens
angelicais ensinamentos celestiais palavras
divinais que fogem à velocidade da luz a nos
deixar pendidos no firmamento a pensar que
somos estrelas ou todos os outros astros
cósmicos quando não somos nem nós mesmos
sim o que os outros querem que sejamos por
estarmos aprisionados sem sabermos como
fugir dessas cadeias de ruminações infernais

BH, 0250902024; Publicado: BH, 0601202024.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

o sol já nasceu acordei de vez

o sol já nasceu acordei de vez
pois o sol já nasceu não posso
continuar a dormir infinitamente
como um cadáver indiferente
diante desse universo florescente
retumbante de luz celestial divinal
universal angelical alguém acorda
aí quem estiver a dormir vamos
sair do aquém viajar aceleradamente
para o além não teremos mais tempo
para viver aqui se ainda dormimos
demasiadamente mortos densamente
desacordados por alguns fenômenos
desconhecidos quem conhece alguma
verdade diz agora ou cale-se para
sempre verdade que anda em muitas
bocas vira mentira verdade tem que
ser dita uma vez só gravada em fogo
em aço inoxidável diamante lapidado
pedra preciosa rara fundida na
primeira explosão que deu início à
caminhada do universo pelo infinito
essa pedra ainda vem por aí imantada
energizada magnetizada a nos trazer
códigos secretos conjecturas
misteriosas reminiscências ocultas
reverberações enigmáticas pois o
átomo que forma essa pedra nunca
poderá ser partido numa pedrada
atômica nuclear numa fusão
exterminadora essa pedra é a molécula?
essa pedra é a partícula da luz de deus?

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

agora que já rompeu a aurora

agora que já rompeu a aurora
percebi em cima da hora que
o que se passava comigo era
sonho delírio utopia onirismo
que na verdade não vivia a
realidade só a virtual só a
artificial a superficial pois
fiz da vida um pesadelo
depois dormi além do tempo 
que me deixou para atrás
soprou o vento que me
açoitou com chibatas que
descapelavam escravos
agora escravo escrevo
escondido solitário na
solidão da solitária do meu
quarto escuro o que todo
ser que sofre de depressão
aí sabe fazer muito bem no
aquém no aqui ou no além
não importa também  pois
mesmo mandado por minha
mãe confesso que nunca fui
bom nem nunca fiz o bem
sem olhar a quem igual à
minha mãe gostava de dizer
sem parar dizia todo dia
como se fosse uma poesia 
sem dilema como se fosse
um poema que a gente tinha
que decorar salmo ou oração
pois uma coisa que a minha
mãe almejava mesmo
inconscientemente ou não
não sei se conscientemente
era a perfeição do jeito dela
minha mãe queria atingir a 
meta da perfeição em hinos
em coros em corinhos em
suma em surras em tacas em
pimentas esfregadas na cara
engolidas entre soluços choros
suspiros espirros outros esbirros

BH, 0100902024; Publicado: BH, 0301202024.