nos vales os lírios dos vales nas montanhas as
orquídeas das montanhas nas alamedas os
choupos os álamos das alamedas meu coração
é um cemitério esquecido cheio de mistério
igual a um lago morto onde um solitário boia ou
um mar morto cujas ondas são restos mortais
carcaças de navios fantasmas sucatas de naus
veleiros caravelas barcos negreiros os baús dos
tesouros das ilhas já foram abertos moedas
podres papeis falsos dinheiro sujo que piratas
saquearam dos castelos medievais corsários
bucaneiros levaram todas as virgens as amas
as aias as mucamas só ficaram as velhas
rainhas decrépitas as drag queens as travestis
com suas perucas ensebadas seus esqueletos calcinados suas caveiras abandonadas seus
ossos enferrujados tudo cercado de espinhos
nas covas das curvas dos caminhos cactos
cardos cravos limados limbo lama lodo pântano
para transpor até chegar ao paraíso foi paraisso
que a história surgiu para contar o que ninguém
viu fica velha ultrapassada igual à civilização
que não evoluiu que não faz mais questão de
existir o firmamento não será mais admirado o
azul gentil do céu não terá mais sentido
BH. 01701202024/ Publicado: BH, 02101202024.
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