no vácuo vazia vadia vagabunda
não serve mais nem para moringa
ou moranga ou carregar potes
jarras jarros talhas trouxas tralhas
equilibrados na rudia tais
as negras malabaristas as putas
pobres equilibristas com cestas
cestos feixes feixos meninas meninos
no cangote como a morte no colo
no cacaio nas escadeiras na corcunda
nas corcovas no pescoço na nuca
onde dava aninhavam alguma coisa
que tinham que carregar lenhas
latas d'água amarrados de taquaras
que pocavam bambus que esouravam
com o calor varas que suspendiam os
varais onde quaravam as roupas brancas
mamãe tinha uma ninguém sabe donde
veio se tinha pai se tinha mãe se tinha
irmã se tinha irmão irmão parece que
teve um chamado adão ninguém sabe se
fazia aniversário não sabia falar não
sabia ler não sabia escrever tentamos
ensinar aprendia só outras coisas que não
devia aprender aí o irmão sumiu a coitada
continuou na servidão até o fim da vida
só servia para servir de noite ou de dia
nunca para ser servida mamãe a ensinou
lavar passar cozinhar a ajudou a criar a
filha que arrumou depois ajudou
mamãe criar os restantes dos filhos de
mamãe alguns netos aí sumiu também
já deve estar no além nunca
foi feita oração em sua homenagem um
agradecimento só sabíamos que se chamava
maria sem sobrenome sem documentos
BH, 01801102025; Publicado: BH, 0110502025.
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