domingo, 22 de dezembro de 2024

POEMA AL EDUCADOR, Enrique Bernal Valdivia, do PCC,CU

 POEMA AL EDUCADOR

La palabra Educador es tan grande lo que encierra que no hay otra en la tierra que la supere en amor. Cultiva la tierna flor desde que el tallo la empina, desafiando cada espina que en ese empeño tropieza y no oculta la tristeza cuando un botón no germina.

Enseñar puede cualquiera pero educar solo concibo si eres Evangelio vivo defensor de esa trinchera. Del maestro hoy se espera toda la sabiduria, con el viene la alegría de tanto saber profundo al abrirse todo el mundo con su arte y fantasía.

El sentirse educador significa desprender la magia de poder saber cómo moldear el amor. Es como ser escultor cuando talla la figura que no deja una fisura al culminar el tallado porque al final ha logrado un ser lleno de cultura.

Enrique Bernal Valdivia

sábado, 21 de dezembro de 2024

vicejam nos campos as florezinhas dos campos

vicejam nos campos as florezinhas dos campos
nos vales os lírios dos vales nas montanhas as
orquídeas das montanhas nas alamedas os
choupos os álamos das alamedas meu coração
é um cemitério esquecido cheio de mistério
igual a um lago morto onde um solitário boia
ou um mar morto cujas ondas são restos mortais
carcaças de navios fantasmas sucatas de naus
veleiros caravelas barcos negreiros os baús dos
tesouros das ilhas já foram abertos moedas
podres papeis falsos dinheiro sujo que piratas
saquearam dos castelos medievais corsários
bucaneiros levaram todas as virgens as amas
as aias as mucamas só ficaram as velhas rainhas
decrépitas as drag queens as travestis com suas
perucas ensebadas seus esqueletos calcinados
suas caveiras abandonadas seus ossos
enferrujados tudo cercado de espinhos nas covas
das curvas dos caminhos cactos cardos cravos
limados limbo lama lodo pântano para transpor
até chegar ao paraíso foi para isso que a história
surgiu para contar o que ninguém viu fica velha
ultrapassada igual a civilização que não evoluiu que
não faz mais questão de existir o firmamento não será
mais admirado o azul do céu não terá mais sentido

BH. 01701202024/ Publicado: BH, 92191292924.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Marcelo D2 • OBRIGADO SAMBA [Videoclipe]

quando estavas por aqui me davas inspiração

quando estavas por aqui me davas inspiração
mesmo sem vontade em tua companhia
escrevia canção fazia poesia fábrica sem
tema fabricava poema lorde criava uma ode
não tão pessoal pessoana mas criava soneto a
camões carta a caminha porém estavas sempre
aqui admirava tua beleza uma obra-prima da
natureza com certeza louvava tudo em ti teus
ossos de marfim tua tez branca de mármore de
carrara pensava esse colosso nunca vai acabar
nada vai destruir essa obra de arte nada vai
superar essa bela arte no entanto não está mais
aqui não sei mais o que fazer como nunca soube
quem sabia o que fazer eras tu que fazias que
sabias eu era só um cadáver de defunto
dependente químico orgânico inorgânico físico
dependia de tudo de ti de repente não me vejo em
mais nada nem em mim mesmo não me vejo nem
mais no espelho ou na paisagem visagem ruela
passarela vila vela nada nunca imaginei que seria
tão parasita pária verme sanguessuga incapaz de
superar essa ausência que me tornou ausente
também não sirvo nem para miragem oásis
assombração até os meus fantasmas de estimação
expulsaram-me da congregação

BH, 01701202024; Publicado: BH, 02001202024.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

cantarei sim cantarei como cantava antigamente

cantarei sim cantarei como cantava antigamente
pois já não sei porém digo aos quatro cantos do
planeta às rodas à rosa dos ventos vagabundos
em vagabundagens que cantarei vadiarei em
vadiagem pelas galáxias orion andrômeda como
se fosse um rei do universo a unir versos com
agulhas imantadas linhas paralelas dos horizontes
linhas dos montes montanhas interplanetárias
exoplanetárias de todas as etárias cantarei silvarei
gorgojearei pássaro passarinho não passarão os
que não cabem num ninho pois o universo cabe
o universo é o ninho do passarinho glórias darei
rainha princesa minha musa difusa às vezes
confusa outras vezes filosófica em filosofia de
confúcio poesia pré-histórica letras da era da
pedra lascada palavras da idade do ferro do
tempo rupestre pele do primeiro homem que
perdeu a pela em pergaminho para que alguém
pudesse escrever para sobreviver a civilização é a
continuidade dessa sobrevivência mesmo com
sofrência para quem não sofreu com certeza não
viveu posso dizer que sofri posso dizer que vivi
pois confesso que te perdi te perder é sofrer é 
morrer quem te perde não quer mais saber de
viver só de navegar num mar de lágrimas salgadas

BH, 01401102024; Publicado: BH, 01601202024.

penso que vali a pena enquanto vivi

penso que vali a pena enquanto vivi
exerci meus sentidos escutei enxerguei
senti falei odiei amei tateei andei provei
em todos os estados da matéria em todos
os elementos da natureza penso até que
não tive a alma tão pequena vi livre a
metamorfose do sol nascer do alto do
monte num momento de liberdade que
todo ser humano deveria ter não tive
coração tão reto não tive espírito tão
inabalável vacilei acovardei cometi
injustiças coisas da raça humana falha
tal toda humanidade não honrei meus
ancestrais não cultuei meus antepassados
criminalizei meus antecedentes não
amei meus descendentes tudo que
é feito por todo mundo para não me
sentir culpado sozinho meti os pés
pelas mãos tropecei em tapetes me
intimidei ingênuo amador fingi fugi
ninguém me notou ninguém sentiu
falta de mim ninguém me procurou
também aprendi desprezar bem mais
não dei a volta por cima não levantei
quando caí bebi demais fumei idem
mais doente do que curado mais débil
do que sarado mais insano do que sano
sem saúde mental espiritual ou corporal
penso que vali a pena enquanto vivi

BH, 01601202024; Publicado: BH, 01601202024.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

totalmente possuído pelos espíritos da poesia

totalmente possuído pelos espíritos da poesia
completamente incorporado pelas almas do
poema o único exorcismo possível é orar em
inspiração de oração aos deuses conhecidos
aos deuses desconhecidos é rezar em ladainha
em reza brava em reza forte aos santos negros
às santas negras aos entes pretos às entidades
pretas com muita cachaça boa com muita pinga
de cabeça na cabaça de cuia com muito banho
de arruda de guiné em água de cheiro na bacia
para que o exorcista seja em obras-primas em
laudas de lirismos em odes nos pergaminhos
em sonetos nos manuscritos sagrados ou
talismãs de osso sacro nos patuás do santuário
em vez de ter o corpo fechado terei o corpo
aberto lavrado lavado lavourado exposto sem
desgosto morada de todas as ancestralidades
moradia de todos os antepassados povoado de
todos os antecedentes remanescentes criminais
que foram todos perdoados nos rituais tribais
sacrossantos pagãos batizados o universo é
aqui mesmo neste verso não tem reverso
converso com o universo em telepatia todo dia
a me mandar água benta na moringa ou água
abençoada no pote mel no favo leite na jarra
vinho no jarro quando o amor passar dum
certeiro bote trago o amor no trote no cangote

BH, 01401102024; Publicado: BH, 01301202024.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Meninos carvoeiros [Manuel Bandeira]

Os meninos carvoeiros

Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles…
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
— Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.

(Petrópolis, 1921)

[O ritmo dissoluto, 1924]

capitalismo nada mais é ou justamente é

capitalismo nada mais é ou justamente é
tudo que entra pelos nossos olhos ou
que adentra à nossa casa a nos causar
mal ou a nos fazer de mau miséria
pobreza violência racismo fascismo
nazismo armamentismo belicismo
religiões financistas desequilíbrios
sociais fim dos direitos humanos ou
sociais trabalhistas com o trabalho
escravo ou intermitente precarizado
salário mínimo defasado aluguel caro
luz gás água combustíveis os olhos
da cara tudo pela hora da morte com
o povo a pedir estado mínimo bandeiras
da extrema-direita privatizações
predatórias exportações com detrimento
ao capital nacional impostos sonegados
bilionários que pagam menos impostos
do que o povo miserável agronegócio
que destrói completamente ao meio
ambiente dizima a natureza extermina
nações indígenas ou os povos
quilombolas os restantes dos povos
naturais ou tradicionais capitalismo é
tudo que não presta ou algo mais é o 
que não fala nem no socialismo
equiparado ao de jesus cristo que foi
banido pelos pastores que só falam no
deus draconiano que mete medo não
fala no cristo que enfrentou a burguesia
bateu na elite abençoou o povo pobre
condenou o povo rico com seu capitalismo

BH, 0200802024; Publicado: BH, 01101202024.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

aqui a decifrar o que o universo tenta me ditar

aqui a decifrar o que o universo tenta me ditar
ao conferir sentido aos saberes escolares
escolásticos nada simples pois sabedoria não
se cria da noite para o dia religião é uma mão
de pilão apesar da luta contra a exclusão dos
saberes educacionais que acarreta o fracasso
acorrenta a educação que gera no futuro seres
humanos muitas vezes marginalizados que
não querem ouvir igual tento ouvir desde que
nasci o que o universo tenta me dizer mesmo
sem entender nada sem interpretar nada
invento finjo que entendo tudo interpreto tudo
que sou um gênio um saci-pererê um diabo
numa garrafa um anjo torto que caiu do céu
um gnomo ou ogro ou uma assombração ou
uma entidade ou um fantasma que não
conseguiu voltar ao limbo porém tenta evoluir
nessa escala universal a aprender as linguagens
angelicais ensinamentos celestiais palavras
divinais que fogem à velocidade da luz a nos
deixar pendidos no firmamento a pensar que
somos estrelas ou todos os outros astros
cósmicos quando não somos nem nós mesmos
sim o que os outros querem que sejamos por
estarmos aprisionados sem sabermos como
fugir dessas cadeias de ruminações infernais

BH, 0250902024; Publicado: BH, 0601202024.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

o sol já nasceu acordei de vez

o sol já nasceu acordei de vez
pois o sol já nasceu não posso
continuar a dormir infinitamente
como um cadáver indiferente
diante desse universo florescente
retumbante de luz celestial divinal
universal angelical alguém acorda
aí quem estiver a dormir vamos
sair do aquém viajar aceleradamente
para o além não teremos mais tempo
para viver aqui se ainda dormimos
demasiadamente mortos densamente
desacordados por alguns fenômenos
desconhecidos quem conhece alguma
verdade diz agora ou cale-se para
sempre verdade que anda em muitas
bocas vira mentira verdade tem que
ser dita uma vez só gravada em fogo
em aço inoxidável diamante lapidado
pedra preciosa rara fundida na
primeira explosão que deu início à
caminhada do universo pelo infinito
essa pedra ainda vem por aí imantada
energizada magnetizada a nos trazer
códigos secretos conjecturas
misteriosas reminiscências ocultas
reverberações enigmáticas pois o
átomo que forma essa pedra nunca
poderá ser partido numa pedrada
atômica nuclear numa fusão
exterminadora essa pedra é a molécula?
essa pedra é a partícula da luz de deus?

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

agora que já rompeu a aurora

agora que já rompeu a aurora
percebi em cima da hora que
o que se passava comigo era
sonho delírio utopia onirismo
que na verdade não vivia a
realidade só a virtual só a
artificial a superficial pois
fiz da vida um pesadelo
depois dormi além do tempo 
que me deixou para atrás
soprou o vento que me
açoitou com chibatas que
descapelavam escravos
agora escravo escrevo
escondido solitário na
solidão da solitária do meu
quarto escuro o que todo
ser que sofre de depressão
aí sabe fazer muito bem no
aquém no aqui ou no além
não importa também  pois
mesmo mandado por minha
mãe confesso que nunca fui
bom nem nunca fiz o bem
sem olhar a quem igual à
minha mãe gostava de dizer
sem parar dizia todo dia
como se fosse uma poesia 
sem dilema como se fosse
um poema que a gente tinha
que decorar salmo ou oração
pois uma coisa que a minha
mãe almejava mesmo
inconscientemente ou não
não sei se conscientemente
era a perfeição do jeito dela
minha mãe queria atingir a 
meta da perfeição em hinos
em coros em corinhos em
suma em surras em tacas em
pimentas esfregadas na cara
engolidas entre soluços choros
suspiros espirros outros esbirros

BH, 0100902024; Publicado: BH, 0301202024.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O MELHOR DE MARTINHO DA VILA:


 

uma obra-prima mesmo que seja a derradeira

uma obra-prima mesmo que seja a derradeira
que depois eu morra por uma vida inteira não
ressuscitarei nunca mais não nem me
reencarnarei no que quer que seja nem
nascerei outra vez que perca o espírito que
perca a alma o ente o ser até a entidade que o
que reste de mim seja apenas esta obra-prima
mesmo que muitos não a reconhecerão como
obra de arte ou um clássico duma bela arte
porém que seja meu vestígio principal que
seja meu detalhe que faça a diferença que
seja meu resquício que me faça igual que
marque minha presença como uma tatuagem
uma cicatriz um hematoma que não se remove
que incomode os acadêmicos o establishment
o status quo os intelectuais os imortais os
laureados com prêmios nobel de literatura a
inteligência os senhores das guerras os
inimigos da paz aqui juro nunca mais levantar
uma bandeira tomar um partido pegar numa
arma ser correligionário pintar um sangue
sobre tela duma natureza morta pois já espírito
ectoplasma fantasma assombração alienígena
qualquer tipo de anjo de demônio sossegarei
onde estiver simulacro sombra por ter deixado
aqui no meu lugar o que sempre persegui em
vida sem nunca alcançar porém tenho a certeza
pelo menos para mim que cumpri o que me foi
determinado por ser predestinado a representar
o universo onde estiver em penumbra de eclipse

BH, 0100902024; Publicado: BH, 02701102024.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

contundente se não for com contundência

contundente se não for com contundência
não quero nem pensar nem viver nem
existir se for para ser conivente
conveniente com a elite se for para ser
compassivo pacato com a burguesia um
passivo cidadão sem cidadania sem
dignidade sem soberania não ser um noam
chomsky ser cativo com o estado ovelha
de religiões capitalistas financistas prefiro
morrer sete vezes a ser carneirinho
cordeirinho coroinha nada de abaixar a
cabeça nada de abaixar as calças pescoço
ao cepo para o carrasco para o algoz nada
de dar a outra face para receber a outra
porrada outro soco outro murro outro tapa
ou vai ou racha ou dar ou desce nada de
aceitar esmolinhas em portas de igrejas
quem gosta de esmolas são pastores
aproveitadores nada de ser subjugado pela
sociedade escrota escória do capital
sociedade neoliberal fascista racista
nazista de extrema-direita sociedade
nefasta aporofobia exterminadora de
futuros nada sem luta de classes sem os
trabalhadores a colocar o trabalhador em
seu devido lugar nada sem poder para o
povo trabalhador brasileiro todo total poder
à nação trabalhadora brasileira todo total
poder ao povo trabalhador brasileiro o resto
é conversa fiada para boi dormir temos que
gritar mesmo a esgoelar trabalhadores do
brasil unamo-nos ou morramos abraçados

BH, 030902024; Publicado: BH, 02501102024.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

minha avó fazia uma oração como se mascasse fumo de rolo

minha avó fazia uma oração como se mascasse fumo de rolo
uma reza forte qualquer como se falasse em língua de pajé
uma benzeção de xamã feita com arruda de guiné curava-se
uma erisipela uma espinhela caída uma caxumba um
quebranto um cobreiro uma dordói até mesmo uma
gonorreia um cancro duro ou outra doença sexual
transmissível pelas putas da zona da rua francisco sá ou
das beiras da rio bahia ou da bahia minas minha avó era
rezadeira benzedeira penso que até feiticeira bruxa maga
não tinha mal que não curasse com as suas ladainhas
carpições enquanto a fama corria muita fumaça aspergia
muito fumo mascado cuspia muita pinga forte muita
cachaça da boa bebia ainda me ensinava as estrepolias só
não me ensinava as rezas as orações as ladainhas cantigas
cantos entre outras cantorias segredos de outrora até valia
à pena ir à igreja onde peidava sem parar na frente do pastor
ou incomodava bêbada a me apresentava na frente do padre
buzina que só faltava morrer de apoplexia do tanto que a
minha avó atrapalhava a missa porém era um tempo bom
não um tempo de ódio atual destilado do lado religioso junto
com militares torturadores ditadores policiais assassinos
cristãos armamentistas belicistas que pregam golpes contra a
democracia terrorismo contra o estado a sociedade
organizados não sinto nenhuma presença de amor ou de paz
no meio desses evangélicos ou católicos que com seus atos
descabidos só nos afastam da religião do seu deus do seu céu

BH, 090902024; Publicado: BH, 02101102024.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Luiz Gonzaga - 30 Grandes Sucessos - Melhores Músicas Baião de Luiz Gonzaga:

andrômeda me dá medo é do homem

andrômeda me dá medo é do homem
pois andrômeda lá na absurdidade
não me causa o que o homem me
causa aqui na barbaridade do
barbarismo fomes ódios preconceitos
guerras sedes andrômeda me tem no
pote na jarra na moringa na talha no
bojo no útero onde está andrômeda
estou inserido quase pendido mas não
tenho medo o medo chegou com o
homem seu maldito capitalismo seu
neoliberalismo selvagem fora disso
amo andrômeda incorrespondido pois
lá encontrarei o que amei o que amo o
que amarei minhas cobaias antepassadas
antecedentes ancestrais meu passado
meu presente meu futuro lá viajarei
pelos túneis tubulares dos tempos até
meus descendentes que agora sou
cobaia um dia contrastes miragens
oásis em andrômeda nossa placenta
nosso útero nossa bolsa amniótica
nossas membranas córions âmnions
nossos úberes nossas gestações
gamelares nossas tetas entumecidas
então seremos eternos infinitamente
eternos demasiadamente sobreviventes
das fenomenologias dos espíritos das
plenitudes brincaremos barquinhos nas
enxurradas cósmicas nas tempestades
de vendavais que duram uma eternidade
beijarei gota por gota o orvalho o sereno
de andrômeda a garoa a névoa a brisa a 
nos embalarmos nos soluços nos suspiros
nos miados dos regatos de andrômeda

BH, 0230802024; Publicado: BH, 01901101024.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

legal isso é a verdade

legal isso é a verdade
ilegal é o que faz a burguesia
ilegalmente é o que destila a elite
ao explorar a classe trabalhadora
brasileira ao exterminar a nação
trabalhadora brasileira ao oprimir
o povo trabalhador brasileiro ou
ao inibir através de forças da 
federação do estado do município
à emancipação do proletariado
brasileiro então o povo segue sem
poder então o pobre continua a ser
assassinado pelas forças militares
civis paramilitares mantidas pelos
próprios impostos do povo que
não pode amar nem ao seu povo
semelhante como a si mesmo aí
o povo odeia o povo faz justiça
com as próprias mãos o povo não
se une em torno dum só ideal o 
povo se perde na religião
manipulado por pastores
espertalhões a serviço do capital
financeiro a serviço do
imperialismo ianque covarde
assassino de mídia que
desinforma do pig partido da 
imprensa golpista aliada da
plutocracia comparsa da
cleptocracia que inebriam ao 
povo com demagogias novelas
sertanejos futebol pagodeiros aí
acabou-se a ideologia acabou-se
a luta de classes o sonho do
comunismo pregado por jesus o
sonho do socialismo idealizado 
por cristo impera só o capitalismo
selvagem predador gerido pelo
capeta administrado pelo demônio
a propaganda do satanás que satisfaz
o povo pacato com o consumismo
o cidadão levado ao abatedouro
para morrer sem razão

BH, 0100902024; Publicado: BH, 01301102024.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

tudo é igual quando é diferente

tudo é igual quando é diferente
tudo é diferente quando é igual
fulano faz revolução beltrano
faz coisa nova sicrano é uma
novidade a geração em evidência
em tecnologia que comandada
pela inteligência artificial guiará
os passos da humanidade adeus
tédio adeus depressão adeus 
solidão adeus infelicidade de
imperfeição que nunca deixou o
homem alcançar a perfeição
adeus oh adeus agora sou outro
o mesmo agora sou o mesmo
outro o centro do universo nada
mais é preciso nem navegar
viver já não é para nada mais
sim necessariamente ou não
necessariamente pois com isso
sem percebermos aconteceu-se
a água a natureza a fauna a flora
o planeta vai embora apagado
tição fumegante torrão de carvão
carvão de torrão planeta natureza
morta obra-prima que não é de 
picasso nem de dali nem de miró
nem de michelangelo nem de da
vince nem de van gohg nem de
ninguém os bilionários estão
felizes em suas cápsulas
protetoras protegidos livres do
céu livres do inferno não fizeram
o bem não fizeram o mal
personificaram nos seres maus
que em outro planeta novo
conservarão as maldades que lhes
garantirão a razão do existir só o 
compensado no dinheiro do mau

BH, 0100902024; Publicado: BH, 01101102024.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

o sal grosso do suor do meu corpo de ogro

o sal grosso do suor do meu corpo de ogro
abasteceu o mar morto que fico mais
morto ainda igual ao lago morto que se
transformou o meu coração couraçado
encouraçado que torpedo nenhum levou a 
pique o que já estava destroçado o sangue
salgado a carne seca charque carne de sol
defumada maturada tudo carne morta já de
muitos anos de pântano de brejo de lodo de
lama de areia movediça piche donde ao me
ver morto por cima d'água do mar morto
gritaram está a andar sobre as águas meu
fantasma sorriu meu leviatã levitou
gargalhou o fauno a névoa enganou o olhar
traidor não era orvalho não era neblina não
era garoa brisa maresia era fuligem de
queimadas treblinka eram bolas de mofo era
fogo-fatúo era gás de cadáveres era luz de 
estrela que morreu de lúcifer antes de ser 
expulso do céu agora o mundo acabou todos
os oceanos estão mortos todos os corações
salgados entupidos com sangues engordurados
sangue de sebos de bois de carneiros de bodes
agora acabou a aurora não se conta mais a hora
o tempo a demora frustradamente
demasiadamente densamente percebeu-se que
tudo era nada que nada era tudo quem ficou
satisfeito ficou quem não ficou satisfeito não ficou

BH, 0100902024; Publicado: BH, 9701102024.

em crise de existência de depressão o que fazer para existir?

em crise de existência de depressão o que fazer para existir?
o que fazer para ser humano? como se sentir da raça
humana? como se entregar se integrar ao humanismo da
humanidade? sem causar surpresa sem deixar outros
atônitos inusitados? ninguém mais se choca com a volta do
nazismo a extrema-direita assume o pior papel na história
moderna o genocídio o flagelo o refugiado são transmitidos
ao vivo nas mídias entre sorrisos queimadas devastam fauna
flora manancial bacia hidrográfica reservatórios pluvial
fluvial tudo justamente relativizado sustentado alimentado
pelos carniceiros sucateiros carcaçeiros do capitalismo
imperialista as hienas financistas do neoliberalismo pode-se
matar em nome da teocracia da plutocracia da cleptocracia
da imposição religiosa da falácia de combate ao comunismo
ou ao socialismo só não pode-se exercer a democracia pois
pastores padres se aliam a golpistas a terroristas fascistas
nefastos nazistas racistas nada mais incomoda às elites nada
mais ruboriza à burguesia só não se pode falar em reforma
agrária em moradias para sem tetos só não se pode falar em
direitos humanos sociais trabalhistas pagamentos de impostos
especiais pelos milionários ou bilionários nem no combate aos
sonegadores só não se pode pedir informação de verdade o 
povo trabalhador brasileiro vai atrás sem poder sem pudor o
povo da nação trabalhadora brasileira continua sem ser povo
sem ser referência continua a seguir generais ao cadafalso à
tortura à justiça pelas próprias mãos às guerras cegas à fome tudo
de mal que se pode observar gerado pelos donos dos poderes

BH, 090902024; Publicado: BH, 0701102024.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

penso que não vem mais nada de novo ao meu pensamento

penso que não vem mais nada de novo ao meu pensamento
o vento levou os restos mortais que o tempo matou
assoprou as cinzas que se assentaram nos ossos
envelhecidos nas cumeeiras das casas más assombradas
nos galhos das gameleiras nas folhas das tamarineiras nas
ramagens das amendoeiras o vento é implacável com quem
é poeira principalmente poeira de estradinha vicinal mineira
de caminhozinho de encosta de vereda de atalho que corta
riozinho de pinguela de bacia furada de gamela rachada de
mão de pilão quebrada no quintal no terreiro o vento chega
ligeiro a levantar ciscos a levar ao galinheiro que desespero
desse redemoinho joga dentes de alhos para a gente ver o 
romãozinho minha avó come primeiro menino um capitão
de arroz carne farinha feijão para não falar palavrão se
falar te dou pimenta malagueta olha o sabiá não espanta o
curió do teu tio acende meu cigarro de palha na brasa do
fogão de lenha traz um pouquinho de pinga na canequinha
para mim mas não bebe senão tua mãe vai brigar comigo
menino malino igual saci-pererê fumou meu cigarro de
palha todinho bebeu minha pinga comeu minha pimenta
assim ninguém te aguenta agora vai passar mal na igreja o
padre vei te colocar para fora da missa nunca vi isso na
minha vida o que foi minha avó? dá mais um pouquinho
de pinga aí dá mais um traguinho do teu cigarrinho aí

BH, 030902024; Publicado: BH, 0601102024.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

a extrema-direita quando chega ao poder

a extrema-direita quando chega ao poder
faz questão de dar jus ao nome extrema-direita
de pior qualidade justamente a que engloba
cristãos armas preconceitos ódios estado
mínimo fim dos direitos humanos fim dos
direitos sociais fim dos direitos trabalhistas
pois encontra no meio do próprio povo
trabalhador brasileiro ou da própria nação
trabalhadora brasileira infelizmente apoiadores
às suas causas às suas pautas destruidoras das
políticas populares negacionistas apátridas tais
cidadãos que são contra as faculdades as
universidades são contra à proteção ao meio
ambiente às reservas indígenas aos terreiros
aos terrenos quilombolas apoiam destruidores
da natureza garimpos ilegais incentivam
incêndios florestais exterminam à fauna à flora
porém a maioria do povo trabalhador brasileiro
não percebe o quanto é nociva o quanto é nefasta
o quanto é fascista o quanto é prejudicial à nossa
democracia a extrema-direita vira-lata entreguista
lesa-pátria pois parte da maioria do povo da 
nação trabalhadora brasileira ainda se identifica
com pastores que odeiam a democracia se identifica
com militares policiais milicianos paramilitares que
fazem justiça com as próprias mãos políticos
fisiológicos que dizem combater o comunismo ou
o socialismo a extrema-direita quando chega ao
poder é devastação total é atraso fatal porém o povo
demora perceber o inimigo que se tem que combater

BH, 050902024; Publicado: BH, 0501102024.

domingo, 3 de novembro de 2024

alô alô cristão armamentista bolsonarista

alô alô cristão armamentista bolsonarista
de deus pátria família que tem nas mãos
o racismo o fascismo até mesmo o
nazismo não tenho nada mas te combato
de peito aberto só coberto por minhas
obras-primas de matérias-primas outras
parentas melhores armas para se lutar
contra os inimigos da democracia da 
nação democrática trabalhadora brasileira
tenho a poesia tenho o poema à disposição
para te cacetar para te macetar tenho a
metáfora para te jogar no chão no limbo
no lixo não aguentas dois minutos de
peleja aqui o povo trabalhador brasileiro
não é pelego não é apolítico aqui o povo
não é omisso aqui o povo não é analfabeto
político aqui o povo não faz questão da
extrema-direita aqui o povo quer cultura
aqui o povo quer educação aqui o povo
não quer fascista nazista nefastos aqui o
povo quer de fato a liberdade aqui o povo
quer poder consciência cidadania dignidade
soberania supremacia aqui o povo quer
tudo que queres destruir porém não
conseguirás nós o povo trabalhador da
nação trabalhadora brasileira vamos te botar
para correr te colocar no cabresto vais
pastar noutro lugar aqui é revolução pura
aplicada nas veias aqui é irmandade
igualdade fraternidade nada de maldade
nada de ruindade nada de ódio nada de 
armas de destruição em massa aqui é 
paz amor respeito à natureza

BH, 050902024; Publicado: BH, 0301102024.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

OBRA-PRIMA DE ELTON MEDEIROS, MEU SAPATO JÁ FUROU:



Meu sapato já furou

Minha roupa já rasgouEu não tenho onde morar, onde morarMeu dinheiro acabouEu não sei pra onde vouComo é que eu vou ficar? Que eu vou ficar?Eu não sei nem mais sorrirMeu amor me abandonouSem motivo e sem razãoE pra melhorar minha situaçãoEu fiz promessa pra São Luís DurãoMeu sapato já furou
Quem me vê assimDeve até pensar que eu cheguei ao fimMas quando a minha vida melhorarEu vou zombar de quem sorriu de mimMeu sapato já furou

que queres tu meu jovem ancião

que queres tu meu jovem ancião
abobalhado de boca torta aberta
com essa caneta na mão que mais
parece uma varinha de condão? 
oh voz que clama no deserto que
virou o país oh voz rouca das ruas
enfumaçadas do brasil quero aqui
nesta folha de papel uma obra-prima
que caia do céu quero uma chuva
que mate o fogo que não mate o
povo que volte a fazer o país florir
que volte a fazer o brasil sorrir
olhemos através dos nossos olhos
vítreos a fauna exterminada a flora
dizimada o meio ambiente poluído
os mananciais contaminados oh
voz da musa divinal oh voz da
poesia celestial oh voz do poema
espiritual atendei a esse decrépito
septuagenário poeta decadente
sem dente sem mente demente 
só doente a implorar que a gente
pare de destruir o meio ambiente
neste poema cheio de dilema
amanhã será tarde demais não
teremos água amanhecerá deserto
não teremos ar não teremos mar
o que será de nós? oh voz feroz
ferina fina aquilina de morte azar
nos traga a sorte de sul a norte de
leste a oeste cabra da peste oh xente
tomara que o povo aguente esse
torrão quente esse tição na mão
povo do sertão indígena das florestas
oh vozes atendei a essa prece depressa

BH, 050902024; Publicado: BH, 03101002024.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

quando for morrer quero morrer do jeito que morreu

quando for morrer quero morrer do jeito que morreu
federico garcia lorca a declamar bravamente um
poema ou uma poesia de minha autoria se for em
frente dum pelotão de fuzilamento também fará mais
sentido será mais simbólico morrer em vão quando
for morrer é o que não quero não avisa lá por favor
quero morrer em paz quero morrer com amor em luta
contra o terror contra o horror poeta não sente dor
toda dor do ser poeta é dor fingida sente dor quem
não é poeta sente dor quem não é poesia sente dor
quem não é poema soneto sou neto bisneto trisneto
tataraneto de preto brigão de negro confusão não de
pai joão não de pai velho cagão que enfia o rabo entre
as pernas não sabe dizer não sou capoeirista firmo
firmado no arado na foice na enxada no machado
foi-se o dia que ria para a cara feia do feitor do senhor
feudal do capataz medieval do capitão do mato
tradicional agora sou o mato a moita de espinho
cansãnção urtiga se me passar no cu vai coçar vai
queimar até sangrar grito não no primeiro açoite tomo
a chibata na mão não não não comigo não bastião
quieta lá aqui é trovão tempestade furacão coração
fraco cai por terra coração encouraçado aqui é mão de
pilão bate estaca espada de são jorge santo guerreiro
foi-se o tempo agora é foice com martelo bigorna
alavanca cravo bitelo marreta de ferreiro

BH, 050902024; Publicado: BH, 02901002024.

sábado, 26 de outubro de 2024

não quero mais amar ao próximo nem como a mim mesmo

não quero mais amar ao próximo nem como a mim mesmo
pois o próximo não está tão próximo nem quer ser amado
pois bem não quero amar a ninguém nem a alguém repito
quanto mais amar a mim mesmo que não presto também
quero mais é juntar dinheiro igual a um pastor interesseiro
para ver se diminui o meu desespero ou se fico parecido
com alguém da elite ou da burguesia para acabar com a
minha agonia então vou entrar para uma igreja seguir uma
religião para ser chamado de irmão porém sou preto filho
de negro não terei aceitação só vão me olhar por demagogia
só vão me ver por fisiologia a pedir por pedagogia
higienização só vão fazer apologia de que sou ladrão não
vão se importar se vou estudar não vão querer saber se
tenho um diploma na mão um currículo vitae na vida se
diplomei em educação vão me baixar o cacete me mandar
para o fim da fila se bobear me mandam para um caixão
apesar de tudo não quero morrer agora não mesmo se
fazem questão de me matar por inanição vou jogar futebol
então virar cantor de pagode virar cantor sertanejo não
querer saber de mais nenhum irmão tenho dinheiro no bolso
fechei com falsos políticos fascistas que se foda a história
que se foda a escravidão agora sou burguês agora sou da
elite mudei de situação sou assim feliz tenho aceitação

BH, 030902024; Publicado: BH, 02601002024.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

doente continuo doente incurável

doente continuo doente incurável
de doença crônica porém não
quero a cura desta doença pois a
cura desta doença seria justamente
o fim do opressor explorador
exterminador a cura seria com
alegria o fim da burguesia
o pôr abaixo a elite desigual
sugadora de sangue vampira
vendedora de armas de bombas
de tudo que causa destruição em
massa doente continuo doente
adoecido contaminado contagiado
pela extrema-direita extremista
preconceituosa controladora de
bancos igrejas empresa mercados
tudo que abastece inimigos
declarados do povo trabalhador brasileiro
da nação trabalhadora brasileira que
enfrentam pelegos vira-latas
pesudo sindicalistas pelegos que são
contra a emancipação do proletariado
nacional doente vou morrer doente
desta gana insana hidrofóbica
canina caninana venenosa sem
soro antiofídico sem vacina anti
rábica porém enterrarei comigo minha
pandemia minha peste minhas
pragas se não conseguir destruir o
poder dos que destroem o povo
trabalhador brasileiro dos que destroem
a nação trabalhadora brasileira sem poder
doente prestes a morrer em delirum tremens
porém a gritar abaixo os sistemas capitalistas
imperialistas nacional ou internacional

BH, 0300802024; Publicado: BH, 02401002024.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

CARTA DE DESPEDIDA DE ANTÔNIO CÍCERO:

 


ninguém gosta do que escreves

ninguém gosta do que escreves
lógico que não não escrevo
para agradar pai joão não sou
feitor nem capitão do mato 
sou preto agricultor sou negro
trabalhador só com outros olhos
quem me vê é o senhor que quer
ser feudal medieval imperial
a prolongar para sempre o meu mal
estás sempre com as mesmas arengas
do passado a rebater os mesmos assuntos
a desenterrar ossadas esqueletos caveiras
o mundo mudou o mundo é outro modernizou
porém o homem é o mesmo senhor
se deixar quer ser inquisidor torturador se
deixar quer ser explorador a escravizar de
novo sem se envergonhar a deixar morrer
de fome a deixar morrer de sede a destruir
a natureza a exterminar a fauna a pulverizar
a flora então bastião da direita então
baluarte da burguesia então altar
das elites símbolo da hipocrisia
continuarei a escrever para ver se
um dia tenha a mesma alegria que
terei a mesma felicidade igualdade
liberdade fraternidade irmandade
continuarei a te ferir com a minha poesia
continuarei a te machucar com o meu poema
continuarei a ser o teu dilema
serei a pedra na tua chuteira
o cisco no teu olho a coceira no teu cu
que não podes coçar a pensar que
sejas um público em local público

BH, 030902024; Publicado: BH, 023001002024.

alô alô brasil preciso duma obra-prima

alô alô brasil preciso duma obra-prima
para ganhar um prêmio nobel de literatura
ou duma obra de arte literária ou duma
bela arte escrita ou duma sétima arte
poética ou qualquer arte lírica musa
da poesia um soneto bem temperado 
um poema bem acabado uma ode da 
melodia ou até mesmo uma elegia ou
qualquer outra manifestação de antologia
anjos que descem dos céus em escadas de
ouro anjos que falem a linguagem dos
homens ou que até briguem com os
homens ou um anjo que queira me
aleijar para que vire um anjo torto
também cansei de ser anjo certinho
arrumadinho engomadinho agora 
quero agitação cânticos angelicais alô
alô serafins querubins arcanjos tronos
dominações virtudes poderes principados
vamos brigar entrais em ações aí aqui por
mim em qualquer lugar deixais uma marca
uma tatuagem uma cicatriz um hematoma
um aleijão todo mundo vai saber o que
aconteceu ao meu coração toda sístole
toda diástole transformarei em poemas
laureados em raios de pétalas de girassol
preces ao arrebol só tenho setenta anos
penso que ainda estou muito jovem muito
menino malino para ser transformado num
anjo torto quintana com as asas na bunda
mas teimo para que este seja meu destino

BH, 030902024; Publicado: BH, 02301002024.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

alimento de sabedoria

alimento de sabedoria
de terra de ar de vento
de elemento de conhecimento
de discernimento só quero razão
pura depurada aplicada nas veias
nos labirintos para nunca mais
homem em nome da sabedoria
do progresso da ordem de deus
da religião da liberdade predador
exterminar natureza fauna
flora o que for alimento de
sabedoria toda noite todo dia 
para aprender a viver a fugir
da vida paliativa vegetativa  de
inteligência virtual artificial
ou superficial alimento de água
de molécula de átomo de
matéria-prima alimento
de rima de remo de rumo
de norte de sul alimento de 
firmamento de céu azul de sol de
nuvens de chuva de raios de
tempestades de trovões alimento
de furacões de vulcões para o
meu coração alimento de sangue
vampiro arterial pulsar quasar
andrômeda alimento de galáxia
constelação aglomerado de estrelas
alimento de universos diversos
de versos poesias poemas
alimento de alimento bom
ou mau elemento alimento o que sou

BH, 02101002024; Publicado: BH, 02201002024.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

como fazer poemas sem querer fazer poemas?

como fazer poemas sem querer fazer poemas?
como fazer poesias sem querer fazer poesias?
tantas gentes fazem tantas coisas mais importantes
fico inibido por fazer as mais insignificantes das coisas
de todas as coisas chamo tudo de todos os nomes
menos do nome certo mudo o roteiro a rota a órbita
que habita o universo não encontro resposta esperei
o vento esperei sozinho a sós só o sol não está no
meio da constelação não era um especialista no
assunto todos vodus me pensavam um defunto não
fala não ouve não vê o regente enfiou a batuta
noutro lugar o rei não sabia onde enfiar o cetro o
rei estava nu gritou alguém o espadachim longe
de mim o papel em branco o bêbado aos trancos
barrancos no espasmo na convulsão do epilético
na epilepsia nada acontecia nem de noite nem de
dia nem saúde nem alegria da ode o alegreto do
soneto bem feito sem defeito sem emenda sem pé
quebrado impossível continuar a viver sem um
poema de comer sem uma poesia de beber não sou
profissional meter sem tema um dilema um teorema 
só queria transpor aquela curva lá no azul do céu

BH, 01601002024; Publicado: BH, 01701002024.

domingo, 13 de outubro de 2024

ela me satisfaz dela me satisfaz nela me satisfaz

ela me satisfaz dela me satisfaz nela me satisfaz
minh'alma gozo ou paz que procurei tudo nela
encontrei para ela viverei ela me satisfaz dela me
satisfaz nela me satisfaz minh'alma estou feliz ao
lado dela ela está feliz ao meu lado nada mais
que precisamos tudo juntos executamos nós
nunca nos enganamos juntos nós levamos gozo
paz ou amor perdão nunca é preciso arrependimento
também não pois temos firmeza do coração vivemos
sem vacilação pois ela me dá a mão também dou
a mão a ela canto baixinho nos ouvidos dela esta
singela canção que só ela me satisfaz que só dela me
satisfaz que só nela me satisfaz minh'alma nunca me
vejo insatisfeito ela esconde meus defeitos realiza
meus desejos ela me satisfaz dela me satisfaz nela me
satisfaz minh'alma deita a cabeça no meu colo deito
a cabeça no colo dela o universo então para em
meditação ela está a sonhar ela está a gozar ela 
está feliz como quem diz ele me satisfaz dele me
satisfaz nele me satisfaz minh'alma gozo ou paz que
procurei tudo nele encontrei para ele viverei ele me
satisfaz dele me satisfaz nele me satisfaz minh'alma

BH, 01101002024; Publicado: BH, 01301002024.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

insisto sempre no mais do mesmo por covardia

insisto sempre no mais do mesmo por covardia
ou por medo o certo é que insisto sempre no
mais do mesmo não combato a burguesia como
deveria combatê-la não destruo as elites como
deveria destruí-las não ponho abaixo o sistema
como deveria pô-lo sigo a reverenciar o
capitalismo que sufoca o trabalhismo sigo a
admirar o neoliberalismo que sataniza o
comunismo desqualifica o socialismo qual um
trabalhador pelego ou um operário vira-lata ou
um proletário adesista aos patrões justifico as
ações do estado ou da sociedade contra os
trabalhadores ou contra os trabalhistas aplaudo
tudo que é colocado contra a emancipação do
proletariado forças armadas polícia federal
força nacional polícia militar polícia civil
guarda municipal milícia paramilitar que
assassina covardemente negros pretos pobres
das periferias das favelas dos guetos com as
mesmas argumentações de sempre que é tudo
bandido inveterado então não ne envergonho de
mim nem das minhas ações reacionárias
preconceituosas conservadoras estou aqui
serventuário pseudo plenipotenciário peripatético
mau boçal a rir do meu mal a relativizar o
imperialismo o genocídio indígena hiena sigo a
comer carniças que o mercado oferece sigo a
consumir carcaças sucatas a beber venenos a
respirar fumaças enxofres a ouvir aberrações de
todas as espécies espécimes em nome de deus

BH, 030902024; Publicado: BH, 01001002024.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

SUBLIME PERGAMINHO, UNIDOS DE LUCAS, MARTINHO DA VILA:


Quando o navio negreiro

Transportava negros africanos

Para o rincão brasileiro

Iludidos

Com quinquilharias

Os negros não sabiam

Que era apenas sedução

Pra serem armazenados

E vendidos como escravos

Na mais cruel traição

Formavam irmandades

Em grande união

Daí nasceram festejos

Que alimentavam o desejo

De libertação

Era grande o suplício

Pagavam com sacrifício

A insubordinação

E de repente

Uma lei surgiu

E os filhos dos escravos

Não seriam mais escravos

No Brasil

Mais tarde raiou a liberdade

Pra aqueles que completassem

Sessenta anos de idade

Ó sublime pergaminho

Libertação geral

A princesa chorou ao receber

A rosa de ouro papal

Uma chuva de flores cobriu o salão

E o negro jornalista

De joelhos beijou a sua mão

Uma voz na varanda do paço ecoou:

Meu Deus, meu Deus!

Está extinta a escravidão