I
Ao olho mostra a integridade
De uma coisa num bloco, um ovo.
Numa só matéria, unitária,
Maciçamente ovo, num todo.
Sem possuir um dentro e um fora,
Tal como as pedras, sem miolo:
E só miolo: o dentro e o fora
Integralmente no contorno.
No entanto, se ao olho se mostra
Unânime em si mesmo, um ovo,
A mão que o sopesa descobre
Que nele há algo suspeitoso:
Que seu peso não é o das pedras,
Inanimado, frio, goro;
Que o seu é um peso morno, túmido,
Um peso que é vivo e não morto.
De uma coisa num bloco, um ovo.
Numa só matéria, unitária,
Maciçamente ovo, num todo.
Sem possuir um dentro e um fora,
Tal como as pedras, sem miolo:
E só miolo: o dentro e o fora
Integralmente no contorno.
No entanto, se ao olho se mostra
Unânime em si mesmo, um ovo,
A mão que o sopesa descobre
Que nele há algo suspeitoso:
Que seu peso não é o das pedras,
Inanimado, frio, goro;
Que o seu é um peso morno, túmido,
Um peso que é vivo e não morto.
II
O ovo revela o acabamento
A toda mão que o acaricia,
Daquelas coisas torneadas
Num trabalho de toda a vida.
E que se encontra também noutras
Que entretanto mão não fabrica:
Nos corais, nos seixos rolados
E em tantas coisas esculpidas
Cujas formas simples são obra
De mil inacabáveis lixas
Usadas por mãos escultoras
Escondidas na água, na brisa.
No entretanto, o ovo, e apesar
Da pura forma concluída,
Não se situa no final:
Está no ponto de partida.
A toda mão que o acaricia,
Daquelas coisas torneadas
Num trabalho de toda a vida.
E que se encontra também noutras
Que entretanto mão não fabrica:
Nos corais, nos seixos rolados
E em tantas coisas esculpidas
Cujas formas simples são obra
De mil inacabáveis lixas
Usadas por mãos escultoras
Escondidas na água, na brisa.
No entretanto, o ovo, e apesar
Da pura forma concluída,
Não se situa no final:
Está no ponto de partida.
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