sexta-feira, 13 de abril de 2012

Carlos Drummond de Andrade, Ser; BH, 0130402012.


O filho que não fiz
Hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
Sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
Num encontro de
Nuvem.
Apoia em meu ombro
Seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
Objeto de ar:
Em que gruta ou
Concha
Quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
Responde-me o hálito,
Não me percebeste,
Contudo chamava-te

Como ainda te chamo
(Além, além do amor)
Onde nada, tudo
Aspira a criar-se.

O filho que não fiz
Fez-se por si mesmo.

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