Tua não infância
                Por que
buscar na lembrança  de criança
                 infância que não tiveste
                a que
tiveste não foi tua
                não
foram teus aqueles pés descalços
                descarnados
vestidos  dessas tuas ímpias ilusões
                aquelas
ruas sem nome nunca existiram
                embora
teimes em chamar de “minha rua”
                ruas em
que tuas pegadas apagadas não eram tuas
                ruas
nuas pegadas sem pés lembranças cruas
                somente
existes naquilo de que não te lembras
                não
insistas em repetir monocordiamente
                aquela
foi a casa chuva ecoava cava
                antigo
telhado abafava
                molhava
pensamentos que dizes pensavas
               buscas
ainda agora o elo que se perdeu
              elo não
havia engano teu
            não
eram teus os sons
chuva parecia ilusão ecoar
escoar nas paredes sem reboco
piso oco calçadas descalças
quanto vazia tua imaginação
vazavam pensamentos  se perdiam
amizades que proclamavas “são
minhas  e as mais caras”
aquelas andorinhas que dizes
no meio do ano surgiam
tocavam notas nos fios
fantasiados
pauta musical música não ouvias
como ousas dizer que as guarda
música ataviada não eram
andorinhas
não havia canto cantoria
nada havia perda melancolia
e dizes buscavas minhocas na
terra macia
a chuva esmaecia
espetavas malvada inocentemente
tanajuras
asas batiam
não eram lembranças
estas  não tinhas
nem sonho poderia ser fossem
não sonhavas então
sequer sabes se existias.
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