quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Llewellyn Medina, Tua não infância.

Tua não infância

                Por que buscar na lembrança  de criança
                 infância que não tiveste
                a que tiveste não foi tua
                não foram teus aqueles pés descalços
                descarnados vestidos  dessas tuas ímpias ilusões
                aquelas ruas sem nome nunca existiram
                embora teimes em chamar de “minha rua”
                ruas em que tuas pegadas apagadas não eram tuas
                ruas nuas pegadas sem pés lembranças cruas
                somente existes naquilo de que não te lembras

                não insistas em repetir monocordiamente
                aquela foi a casa chuva ecoava cava
                antigo telhado abafava
                molhava pensamentos que dizes pensavas
               
               buscas ainda agora o elo que se perdeu
              elo não havia engano teu
            não eram teus os sons
chuva parecia ilusão ecoar
escoar nas paredes sem reboco
piso oco calçadas descalças
quanto vazia tua imaginação
vazavam pensamentos  se perdiam
amizades que proclamavas “são minhas  e as mais caras”


aquelas andorinhas que dizes
no meio do ano surgiam
tocavam notas nos fios fantasiados
pauta musical música não ouvias
como ousas dizer que as guarda
música ataviada não eram andorinhas
não havia canto cantoria
nada havia perda melancolia

e dizes buscavas minhocas na terra macia
a chuva esmaecia
espetavas malvada inocentemente tanajuras
asas batiam
não eram lembranças
estas  não tinhas
nem sonho poderia ser fossem
não sonhavas então
sequer sabes se existias.

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