em suma sem vida se ainda soubesse
transformar um grito em milagre
saía do sepulcro a andar lázaro ao
ouvir o grito do infinito lázaro levanta
anda saia daí desse limbo doutro lado
da pedra na mesma hora lázaro saiu
envolvido nos seus panos fúnebres
lençóis funestos despiu-se nu a vagar
pelas veredas sendas encostas até
morrer outra vez definitivamente mas
parece que não sou nem gente só nó
novelo novela mesmo quando finjo que
não sou indiferente porém que
diferença a alguém ser diferente ou
indiferente é só fingir que ninguém
sente ninguém nota a dor da gente
nem a dor de dente ou da mente
demente ou da demência do senil
decadente decrépito ser vil o castelo
ruiu a fortaleza virou ruína entulho
o que procuras nesse monturo?
meu corpo seu moço que não está
mais em mim estava aqui neste lixão
para irmão eram só ossos dos
esqueletos desovados pelos cemitérios
ossos limados bolorentos encardidos
de velhos de asilos suspeitos de sujeitos
com defeitos por dentro dos peitos não
dava para aproveitar nada nem o
ossobuco nem o osso sacro coluna
vertebral fêmur crânio pélvis cócix
nada desista dessa tua busca infrutífera
pareces até um ortopedista para que
queres tantos ossos sem carnes sem
tutanos? vais construir alguma igreja?
templo pagão? vais fazer algum ritual
satânico? não nunca só coleção
dependurada num cordão
BH, 0130602025; Publicado: BH, 0150602025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário