A pena não tem pena de mim faz-me cumprir
Pena escraviza-me à mão algemada ao braço
Que corre loucamente de folha em folha de
Papel presa em toda sua margem em todas as
Suas linhas igual todo limão é azedo quero
Um soneto quem diz que aguento tal carga
É muito quebranto muito sarampo taquara
Poca nas queimadas inclementes da luz do sol
O rosário da minha avó jaz em contas sem
Contar as vezes que rezou-me para caxumba
Espinhela caída cobreiro dordói haja pinga
Para a sede sem fim da minha avó dentro de
Mim cigarro de palha rapé forte fumo do
Bom para mascar missa para assistir padre
Para perturbar dona Naninha está caída na
Calçada com um travesseiro debaixo da
Cabeça quantas vezes escutei a frase até
Nas horas de provas tua avó está no portão a
Esperar-te lá íamos nós minha avó eu
Pela Rua Francisco Sá a fora ela a cambalear
A querer tomar mais umas sem dinheiro algum
Tomava todas não sabíamos como arrumava
Dinheiro para beber tantas pingas eram das
Rezas das orações que fazia ao benzer as
Putas dos becos das estações as
Bolinava desde menino com as mãos cheias
De dedos em suas saliências quilometradas
Pelas estradas das gonorreias demais
Doenças venéreas não é qualquer menino
Que teve uma avó igual a que tive não
Só menino raro especial em caso não
Muito normal dava mais trabalho à minha
Mãe do que minha mãe à ela fez com
Que fosse um bom neto um filho
Muito mais trabalhoso do que os outros
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