quinta-feira, 18 de maio de 2017

O PROTAGONISMO AGORA É NOSSO! WADIH DAMOUS

A gravíssima notícia de que o Sr. Michel Temer teria sido gravado por Joesley Batista ao dar apoio a pagamentos feitos a Eduardo Cunha, para que este não delatasse ao ministério público o que sabia, sacode a Nação. A perplexidade do momento gera reações contraditórias. À euforia de uns mistura-se a revolta de outros. Até o momento em que escrevo este comentário, três pedidos de impeachment já foram protocolados e populares se manifestam ruidosamente nas ruas de quase todas as capitais.
A atitude da mídia golpista, entretanto, impõe-nos uma reflexão contida. Veja, Globo, Estadão e Folha, todas, indistintamente, abandonaram o barco de Temer. É importante lembrar, também, que a nova onda da crise coloca ministério público e judiciário no foco dos acontecimentos, logo eles que nada fizeram para impedir o golpe e trataram a brutalidade das iniciativas do governo golpista com extrema leniência. Certo ministro do STF até cultivou excessiva proximidade com o Sr. Temer com certo descaramento, apesar de se encontrar na iminência de ter que julgá-lo. Dar a esses atores o protagonismo do processo político de destituição dos golpistas é tudo menos conveniente para a democracia brasileira. Não são confiáveis e nem mostraram apreço pela democracia quando mais foi vilipendiada. Gostam dos holofotes e estão mais preocupados com a própria imagem do que com o destino da Nação. Provaram isso sacramentando a violência processual de um juiz de piso e permitindo que uma operação sem limites destruísse o parque industrial da construção civil no Brasil. Não merecem quaisquer honras neste dramático momento.
Precisamos proteger nossa Democracia e nossa Constituição. Quando as instituições do País não mais funcionam e são parte do processo de deterioração da governação, cabe ao povo retomar o que é seu: o poder constituinte originário, a soberania popular. Somos nós – e não o STF – os verdadeiros guardiões do Estado Democrático de Direito!
Mais do que nunca a Pátria exige brasileiras e brasileiros que amam o Brasil, que acreditem no seu destino de grande Nação e que repudiem os falsos heróis; que repudiem as forças externas que se aproveitaram do caos do golpe. Precisamos ter fé na nossa capacidade de reconstruir nosso tecido social esgarçado pelo ódio disseminado pela mídia dos vendilhões de nosso patrimônio nacional. Precisamos confiar em conseguir garantir direitos para todos, inclusão social que torne nossa sociedade mais justa, mais tolerante e mais humana.
Se ficarmos sentados em frente da televisão ou teclando em nossos celulares sem olhar para o outro, não vamos passar pelo teste de transformação que o País está a exigir. Correremos o risco de sermos engolidos pelos espertos da hora ou atropelados por uma aventura armada contra o Povo. Temos que ir para as ruas, ocupar as praças e exigir respeito, exigir eleições, exigir que as instituições, se quiserem sobreviver, se submetam ao poder popular e garantam a livre manifestação. O protagonismo, agora, é da sociedade. Nós podemos. Nós podemos força-los a respeitar a vontade popular e a convocar imediatamente eleições que nos pacifiquem e abram a perspectiva de um novo processo político, democrático, sem falsos moralismos e sem demagogias corporativas interesseiras.

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