O homem tritura ferro
caga bosta de lama putrefata
deposita avaramente em feridas que cava
crava na terra macia e indefesa e fausta
como se a terra fosse sua fossa caca
crateras catedrais invertidas
invertem a singularidade da natureza
roubam dela a inocência a pureza
causam dores e tormento e medo
em troca de tantos dólares tonelada/peso
bosta que gera dólares
rola ladeira abaixo com sofreguidão
sorve corpos cães orquídeas vidas em vão
devolve cadáveres identificados com dor
sepulta sonhos latidos aromas leveza
fantasmas perdidos sem leito tristeza
em sua alquimia fria maligna insana
bosta transforma esperança em lembrança
que o tempo rapidamente esmaecerá
sem a referência da sepultura marcada
transforma em Hades a cloaca indesejada
um lago morto e sem história que o preserve
existirá indiferente para dizer de que serve
lago adquiri vida e vida mata
quando rompe à jusante e desce pela mata
natureza morta Guernica escatológica
ouro na bolsa de Nova York sua lógica
Tânatus anuncia a morte fim da jornada
ser desapiedado que tritura almas
lago sem vida que tira vidas
lago mais do que mar morto
mar sem enseada sem cais sem porto
e a lama que consome o Paraopeba
Aqueronte que Caronte navega
esconderá por cem anos os desafortunados
para estes não haverá paga suficiente
senão a bosta expulsa das vísceras da Vale
preço que paga por aquele acha que nada vale.
Dr. Medina, poeta.
ResponderExcluirUau! Dispensa comentários...
ResponderExcluir